domingo, 28 de novembro de 2021

Lula daria um bom ditador não?E um entreguista.

 

Vendo Lula de mãos dadas com Macron e reverberando as suas declarações ,comparando o governo de Merkel ao de Daniel Ortega,me vejo obrigado a fazer uma análise das características pessoais e politicas do ex-presidente Lula.

Não se há de negar as suas qualidades:um homem que saiu da condição de bóia-fria,numa família grande que passava fome,para chegar à Presidência ,não pode ser desconsiderado.

Contudo,nesta trajetória , Lula,que nunca foi comunista,absorveu e absorve,sem deixar de repetir,impasses desta tradição:uma incompreensão absoluta do significado real da democracia,quero dizer,a necessidade de respeito às suas formas,mas também aos seus fundamentos;uma incapacidade de sair deste personalismo,que caracteriza o culto à personalidade;e correspondentemente a isto falta de referências intelectuais.

Marta Suplicy,ao sair da luta pelo Governo de São Paulo,fez uma análise de Lula e usou uma imagem interessante que resume uma das habilidades que todos os bons politicos possuem:ele é uma antena,que absorve tudo que está em volta dele.Todos os bons politicos são assim.

Contudo ,para mim,um politico de esquerda,comprometido,por isto mesmo ,com a questão social,não pode se reduzir a estas aptidões.Isto eu já falei em outras ocasiões.

Hoje me detenho exatamente neste comportamento personalista e nesta falta de compreensão da formalidade democrática.Por um principio de vingança pessoal,Lula passa por cima das conveniências da diplomacia,indo à Europa e sendo recebido como o verdadeiro presidente da república.Ele já o era de fato com Dilma no Poder,agora ele pretende sê-lo de novo,fora do governo.

Quer dizer Lula se tornou uma espécie de Ayatolah,de pai da pátria turco ,além e acima da república.

Eu simplesmente detesto Bolsonnaro e o seu governo,mas é preciso ter cuidado com o enfraquecimento de um presidente em exercicio.Com um governo já fraco ,este enfraquecimento ajuda a que todas as piores tendências predominem,inclusive as de golpe.

Bolsonnaro jogou com o óbvio:considerou o aperto de mão com Macron uma provocação,afirmação que o auxilia no projeto de golpe.Como na época da ditadura e da redemocratização ,o radicalismo de Lula favorece a direita.E Lula enfraquece a cadeira de Presidente ao escolher Dilma e ao fazer isto agora.

Mas não para por aí não.Macron é a ponta de lança dos interesses do primeiro mundo sobre a Amazônia.Ao fazer isto, Lula deu força a ele e aos objetivos escusos dos mais ricos,seguindo este internacionalismo passadiço que ele deve ter lido em orelha de livro de Karl Marx,que só contempla o lado dele.

Deste jeito se amanhã Lula se eleger ,Macron e o G-8 se sentirão responsáveis ,mais até do que o processo politico interno do Brasil.O Brasil que já é tão dependente economicamente,se torna politicamente mais fraco ainda.

Do lado direito e do lado esquerdo,o Brasil no meio,o resultado é a situação mais desastrosa de nosso país.À acefalia sobrevém o personalismo.Só uma terceira via pode evitar isto aí.

Lula,da boca para fora vive falando em lei e em democracia,mas toda a hora elogia projetos ditatoriais,como o Maduro,de Evo Morales.A daquele chapelão bigodudo de Honduras.Agora Daniel Ortega.Todo nicaraguense entende o seu governo como ditatorial.Até hoje não se formou um exército nacional.Neste caso os comunistas não têm culpa porque desde a primeira eleição ,logo após a vitória da FLN,não apoiaram Ortega.

Cuba é o de sempre,nem se fala.E neste caso também os comunistas não têm culpa,porque eles não apoiaram Fidel Castro em 59.


segunda-feira, 22 de novembro de 2021

mais um trecho d e meu livro sobre demiurgia

 

O sofrimento de Cristo não é diferente do de ninguém.Uma religião que se fundamenta no sofrimento não tem o direito de se considerar,de principio,como especial,porque o sofrimento permeia a todos os homens.

Mas o que distingue esta religião para nós é o fato de ela ser a origem da comunidade universal.Por intermédio do 11 º mandamento constrói-se a regra de ouro do cristianismo e da sociedade ,perpassando as épocas até a ONU.Até aos direitos humanos.

Então haveria um ponto de intersecção entre a racionalidade do homem de vitruvio e o cristo,um tanto quanto óbvia,mas e na questão da gnosiologia,a distinção entre o conhecimento e os valores,não haveria uma integração dialética(dir-se-ia)entre o conhecimento e a axiologia?


domingo, 21 de novembro de 2021

Lula:a esquerda deve analisar o que fez de errado

 

O presidente Lula e a esquerda em torno dele estão na crista da onda.Também é fácil com este jumento no poder,que ele e a Dilma puseram no poder.Mas depois dos inumeros quiproquos causados pela esquerda,o desejo de vingança s e sobrepõe à verdade dos fatos:agora Lula é perfeito,estava certo,não foi Dilma que causou o desemprego,mas Bolsonnaro ,etc,etc.

Pessoas sensatas,como eu,com memória e sabendo que esta memória é importante para não repetir os erros do passado,não vou permitir que se construa agora uma história maravilhosa ,uma redenção do PT.

Para construir uma politica que afinal coloque o Brasil no proscênio há que ter esta coragem de lembrar os problemas do passado.

Há muito tempo eu tinha preconizado que o PT e a esquerda reconhecessem os seus erros e apontassem para uma visão mais de centro,que viabilizaria um programa capaz de superar a polarização prejudicial ao Brasil que vemos hoje. E Lula tem jogado com isto,até buscando apoio de setores tradicionais no Brasil.

Mas eu não me engano:é a continuidade do que o partido fez nos 14 anos de poder.O desenho de sempre ,que conduziu ao que vemos hoje.

E ainda mais,ouvir do ex-presidente recentemente que o PT deve fazer aquilo que deixou de fazer quando esteve no poder,traz péssimos augúrios.

O PT deve entender sim que a esquerda tem que mudar o seu pensamento e já dentro desta nova perspectiva se colocar abaixo do Brasil:só mais um mandato para Lula e depois deixar que a alternância de poder prossiga como regra.Nada de querer transformar o Brasil num México ou num regime legitimado de partido único.

Ao se jogar na cara do PT e dos seus militantes que a ideia de partido único nada tem de democrática e macaqueia o leste europeu,eles respondem que há um regime monopartidário legitimo,que é o do Mèxico.Sem falar no de Cuba.Ambos legitimos.

Mas no primeiro caso a continuidade expressa a falta de vigor politico do país que aceita a situação por osmose.E no caso de Cuba é o mesmo...

Realmente, o Presidente,como venho dizendo,esteve e está bem abaixo dos desafios históricos do Brasil.Também o PT e os militantes,ao ouvir esta diatribe,reagem afirmando que o povo brasileiro não tem interesse em projetos nacionais ,uma mudança radical e é verdade.Contudo,a nação,fato histórico,geopolitico e social exige mais do que três refeições por dia ou várias formas de assistencialismo:exige propostas para que uma pessoa tenha emprego e não precise do governo para almoçar;exige propostas para proteger o Brasil dos interesses escusos que o cercam;exige propostas para acabar de fato com a miséria e não viver ás custas dela.


sábado, 20 de novembro de 2021

Marighella II

 

Quando Marighella e Lamarca morreram a luta armada foi dizimada facilmente.Os quadros mais experientes deste grupo que intentou derrubar a ditadura pelas armas,eram estes dois.

Não quer dizer que a luta armada e a luta dos comunistas brasileiros no século passado tenha sido estritamente profissional e bem fundamentada.

Quando eu era militante não sabia que em 1903 Lênin criara uma verdadeira faculdade de revolucionáiros,na qual se ensinava desde a teoria até como fazer bombas.Em principio este seria o começo certo,mas na prática,pelo menos aqui,as coisas se desenvolveram muito improvisadamente,a partir da adesão/imposição(pela III internacional) de Prestes em 1930/35.

Razão porque erros graves cometidos suscitaram repetidas autocriticas ,que resultaram no descrédito do movimento e na sua diluição completa.

Apesar de ser um personagem extraordinário, a ser lembrado e cantado como um mito,Marighella faz parte desta debacle.Talvez ele tenha lugar como uma lembrança de quanto ainda é importante lutar para superar os imensos problemas derivados da miséria em nosso país e em nosso mundo.Ele é no Brasil,o que é Guevara para o mundo.

Mas há que separar este mito,que se sustenta pelo seu auto-sacrificio(cristão?),das circuntâncias que lhe permitiram se formar.É muito importante para o futuro das esquerdas e da luta social que não se caia no argumento simples e fácil de que s e Marighella era assim ,seu projeto estava certo.

O movimento social e o comunista em particular orginam-se do cristianismo e desde os dois primeiros séculos da era cristã este diáologo e rompimento entre as lutas do cristianismo e as lutas sociais s e fazem presentes.

Agora há um diálogo,uma simbiose emocional entre a luta social e uma figura desta luta,numa clara cópia da hagiografia cristã.

Mas o movimento social não é igual à religião.Não basta simplesmente seguir os valores e os simbolos ,mas é preciso pensar,estudar,compreender a realidade que se quer mudar.A emocionalidade vem depois,mas não deve ocupar o espaço do pensamento permanente na busca da utopia.Ainda não vi o filme,mas vou vê-lo com estes paradigmas.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Sobre o filme de Marighella

 

Não assisti ao filme sobre Marighella ainda,mas acompanho esta figura histórica desde pequeno.Lembro-me de meu pai com expressão contrariada ouvindo o irmão dele tecendo elogios ao personagem.Meu pai seguia a linha do partido, contrária à Marighella.

Até hoje,embora com divergências figadais com meu pai,que cresceram ao longo do tempo e com o Partido ,o qual deixei há muito tempo,mantenho as análises feitas por eles no passado e as aplico nos tempos atuais.

Longe de mim pensar em proibir uma obra histórica,sobre um personagem que tem legitimidade histórica,mas ,levando em conta este tempo todo de análises pessoais devo dizer que o modo como Marighella é abordado é altamente prejudicial,à história,à politica e ao Brasil,porque sacraliza o erro que ele cometeu na época,que só ajudou a prolongar no tempo algo que não era desejado nem por quem se dizia anti-comunista.

Marighella e outros ofereceram uma justificativa para a ditadura apertar os cravelhos.Sem apoio do povo,sem armas e em total divisão era impossivel ganhar a parada e a criação de uma ambiente de confrontação,ainda que irreal,permitiu aos militares emitir o AI-5 e depois justificar a operação bandeirantes,jogando ao público e na cara dos empresários a falácia do perigo comunista.

Dilma já foi uma repetição deste erro.Ela dizer pura e simplesmente que defende a democracia não obscurece o fato de que sua cabeça tem uma “estrutura” igual àquela de quando militava na Polop.

Além do mais ,não analisando todas as faces do percurso de Marighella, o que fica é o culto à personalidade,evidente em todo este propósito claro de puxar o interesse de todos para a esquerda através dele.

Puxar o interesse acriticamente,para confrontar a direita no poder.Confrontando não com argumentos,mas com a mesma vacuidade do oponente:mera exaltação de uma figura politica,assim como é feito com Lula.

Não se trata de estudar a história ,mas de se chocar com a coxa do ex-presidente.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

trecho de meu livro sobre o manifesto comunista

 

Tomei a decisão de fazer este texto que inaugura um projeto ainda maior ,quando cheguei a certas conclusões sobre o marxismo.E estas conclusões começam com a análise do Manifesto Comunista,que não é o único livro fundante do marxismo,mas o é na intersecção necessária entre a teoria e a prática.

Pelo menos ele é o mais chamativo,o que trouxe mais discussões,mais até do que O Capital,até porque é fácil de entender.

Por causa destas coisas todas escolhi o Manifesto para dar inicio a um grande projeto que inclui outras ideias em marxismo e em outros temas.


domingo, 14 de novembro de 2021

Porque o ortodoxo de esquerda não me entende

 

A questão é filosófica e tem a ver com o problema do monismo.Como sempre todo materialista é monista e entende que existe uma adequação absoluta entre a linguagem a realidade e nesse sentido ele só vê o seu lado como aquele capaz de superar os problemas que a sociedade apresenta.Outro pensamento é sempre um risco e não uma contribuição ou um acréscimo e só o é neste último caso se confirmar aquilo que já está fundamentalmente no modelo presente na cabeça dele. É aquela visão que eu já demonstrei usando a Revolução Francesa e seus descaminhos.Com a derrota da Revolução,em termos, todos os movimentos sociais procuraram o modelo que fosse capaz de superar o vazio subsequente ao terror e à reação termidoriana.

A partir desse momento todos pensaram que um modelo único, só uma causa única encontrada pelo pensamento e pela ciência pudesse dar essa resposta definitiva,mas isto tudo são ilusões.

O marxismo,como o racismo e todos estes ismos dos últimos duzentos anos não foram capazes de dizer como a sociedade funciona e mudá-la para melhor.Esta luta,esta procura,prossegue e eu,aqui , dou a minha contribuição.

No meu modo de entender o que explica a sociedade é a sociologia,não o marxismo.

Eu não estou repetindo o erro dos meus críticos aí:eu não estou dizendo que o modelo explicativo da vez é a sociologia,mas que ela se formou como ciência,indo além da condição de teoria.

E no caso especifico da filosofia,de dizer que Marx não entendia muito bem de filosofia(seguindo Edmund Wilson e outros),não estou,com isto,dizendo que deve se colocar Heidegger no lugar de Marx.Estou dizendo que isto traz consequencias para o pensamento de Marx e o inviabiliza em grande parte.Ele pode ser recolocado,em outras bases,como propôs Habermas,mas tem estragos sim.

Os meus críticos não conseguem sair disto aí:não existe dialética objetiva,do Ser,não existe.Isto põe o Capital em xeque,a verdade é esta e o marxismo,de Marx e dos seus seguidores,está em dificuldades,no minimo.

É incrivel que no Brasil ainda não se tenha esta atualização.Estas coisas,estas discussões estão ultrapassadas na Europa há décadas.Se eu conseguisse atualizar o Brasil eu já ficaria feliz,mas pelo que vejo,vai demorar.


sexta-feira, 12 de novembro de 2021

trecho de meu livro sobre freud

 

Realmente ,verifica-se nas narrativas de casos de Freud uma certa exigência de solução rápida e efetiva das doenças.Ainda há em Freud uma proximidade com “ ciência” médica(se medicina o é[me parece mais definivel como “ tecné” no conceito de Aristóteles]).

Mas como na medicina na psicanálise as soluções são extensas e temporais,nunca imediatas.José Guilherme Merquior gostava de comparar este desejo de solução,como pensamento máico,o que depunha abaixo o sonho de Freud de se tornar um Galileu.

Mas esta deposição não é total.Freud tem ilusões,mas a psicanálise adquiriu outros significados e possibilidades de utilização efetiva,se deixar de lado estes desejos e pretensões iniciais,tipicos de uma época ainda bastante cientificista.

Os aconselhamentos no cotidiano ,acompanhados por outras medidas diárias no tempo,ainda mantêem uma certa efetividade terapêutica de Freud .

É verdade que Freud é presa do senso comum,deste cotidiano não raro vulgar e vulgarizador,mas depurando e condicionando a prática há resultados.

Elizabeth Roudinesco e outros freudianos diluem totalmente a prática e o caracterizam como um “descritor da natureza humana” porque o terapeuta aparentemente perdeu lugar neste senso comum cotidiano.


quinta-feira, 11 de novembro de 2021

debate mario soares e alvaro cunhal 1

passo a mostrar no meu site o debate entre mario soares e alvaro cunhal,que serve para entender as diferenças os social-democratas e os comunistas

um trecho de meu livro sobre demiurgia

 

Como limpar os estábulos de augias da ciência?Se no passado a identificação entre ética e ciência a legitimava ,hoje não é mais possível pensar pelo que falamos acima.

Na demiurgia,quer dizer,na construção do homem não há comos separar vitruvio de cristo,todos nós sabemos,mas não há como evitar o risco s empre existente do fazer a ciência,porque este fazer pode trazer descobertas e realizações perigosas para a humanidade.

Além das minhas conclusões sobre o caráter às vezes ideológico da ciência ela constitui sempre um perigo para os homens e isto pode ser extendido ao saber em geral.

Quer dizer o conhecimento é sempre um problema para a teoria dos valores porque ele se impõe como verdade a ser seguida,contra a inocuidade do valor,como algo individual/individualista ,a sacrificar diante das necessidades coletivas,que supostamente se identificam com a verdade.

A verdade individual parece ser só da individualidade,mas como diz Cristo,o isolamento grita às vezes.


sábado, 6 de novembro de 2021

Euzinho,direitos autorais e outros assuntos

 

Quanto mais o meu trabalho cresce mais é imitado e não recebe crédito.Chato isto.Mas eu preciso falar algumas coisas sobre direitos autorais que não me são pagos por ideias e realizações e explicar mais uma vez o “euzinho”.

Uma das razões ela quais abandonei certas formas politicas de coletivismo é exatamente por diluir a individualidade.Há um marxista polonês que eu gosto muito,Adam Shaft,que trata deste problema no marxismo.

O coletivismo nada mais é do que uma abstração:o indivíduo é real.Sociedade,nação,estado tudo são abstrações.Contudo a abstração serve para extrair,desvelar os elementos concretos próprios às coisas.

Então quando se diz humanidade ,coletivo,o que se está fazendo é se referir à caracteristicas de uma espécie constituida de indivíduos concretos vivos.

Mas a abstração,ao fazer isto,nos remete,por princípio,a estas características reais das coisas.A abstração não existe objetivamente sem isso.Ao não se provar esta conexão a abstração é vazia,não tendo correspondente no real.

É como neste exemplo clássico:o leitor nunca verá por aí uma árvore de fruta ou um pé de fruta,mas verá maçã,banana etc.

O mesmo ocorre com a humanidade:nunca ninguém viu a humanidade,porque o que existe são os indivíduos.

As propostas coletivistas ,todas elas, impõem um ideal geral sobre estes indivíduos,vendendo uam ideia rousseauista de que a pessoa individual só encontra a sua realização neste coletivo.Um resquicio da concepção cristã de comunhão universal,transmudada em democracia direta ,que é a única(para ele) capaz de não distorcer ou embarreirar a vontade dos cidadãos.

Num certo aspecto esta visão tem valor enquanto reconhece a condição de cidadania a todos os indivíduos,em principio.Mas por outro lado não entrevê as diferenças entre eles.

Se de um lado a cidadania é generosa,por por a todos sob suas asas,por outro tem que ir além deste reconhecimento.

Um indivíduo não é melhor do que outro por que é proletário ou porque é mulher ou porque pertence a um país.São cidadãos.Mas evidentemente a situação deles não é a mesma,não sendo o reconhecimento da cidadania suficiente para garantir justiça e bem-estar.

A solução da direita é dizer:”É assim mesmo”.A da esquerda é impor um coletivo.Mas eu penso que a resposta é a passagem entre este coletivo e a individualidade e kantianamente falando,com a preeminência (formal e axiológica)do indivíduo ,do sujeito(muito embora a autonomia do sujeito tenha sido adquirida no processo histórico-temporal coletivo).

Este equilibrio é que busco mostrar ao me denominar “ euzinho”,manifestando um protestto contra o totalitarismo e o indiferentismo do capitalismo.

E entendo que se usam este termo,este meu modo de escrever,este bordão deveriam me dar direitos autorais:vinte reais.


quarta-feira, 3 de novembro de 2021

O novo e único internacionalismo

 

Ao longo da História sempre foram feitas propostas de internacionalismo.A bem verdade ,com o cristianismo e a sua comunidade universal o problema do internacionalismo se coloca e se mantém até hoje.È um elemento,inlcusive,da Utopia e se pode explicar a história da humanidade por este conceito universalista.

A preocupação “ internacionalista” seguiu a humanidade cristã do fim do império romano(que era uma forma de internacionalismo)até ao advento do estado nação.

No entanto,mesmo com a construção do estado nação se procurou uni-las num conceito de universalismo cristão,o qual não foi mais possível de manter:a nação ,por razões práticas e ideológicas exigiu mais e mais prioridade para si.Quando o cardeal Richelieu ,católico,esqueceu a comunidade universal para defender a França somente a nação venceu.

As razões de estado ocuparam cada vez mais lugar.No fundo a reforma protestante,de Lutero,já punha em xeque o universalismo cristão católico,mas progressivamente a nação abriu espaço no universalismo,que deixou de ser só cristão,mas humano,geral ,republicano.

Uma das mediações que opunham,no passado,a monarquia à república era o tipo de humanidade que se pretendia edificar.Com exceções,as monarquias mantinham a utopia cristã,mas com o passar do tempo e especificamente com a revolução francesa e os direitos do homem do cidadão, ganhou esta visão geral a-religiosa que nós vemos predominar hoje na ONU.

Contudo há uma dissidência nesta hegemonia republicana geral:o marxismo que ignorou a realidade nacional,opondo a ela a do internacionalismo proletário,que repete um pouco(sem admitir)a visão cristã de outrora.

Nos dias atuais a esquerda não consegue sair deste impasse,de considerar a nação como um instrumento burguês de dominação de classe.

Todos os desmentidos da história não servem para convencê-la de que a nação vai ter que ser considerada e a visão de classes de Marx superada.

E o que é pior: este não reconhecimento cria distorções que prejudicam ela própria,com contradições que já lhe causaram inúmeros estragos e que são responsáveis pelo estado em que se encontra.

A progressive internacional tece loas à onu e à democracia,mas inclui a Venezuela e Evo Morales,cujos governos reproduzem estratégias da esquerda identificada com o socialismo real.O que Maduro fez e faz no seu páis é mutatis mutandi o que Stalin fez na Ucrânia,Mao na China e Pol Pot no Cambodja:para garantir apoio de uma parte da população culpa a classe média.Dependendo da força desta última a reação contém diversos graus de violência:Stalin matou de fome a Ucrânia;Maduro matou de fome a classe média;Mao matou,torturou e prendeu artistas tradicionais e Pol Pot praticou o que vinha sendo preparado:um democidio geral,que devia ter o mesmo clamor dos genocidios étnicos ou raciais.

No Brasil nós tivemos um exemplo pálido ,mas de se considerar,por perigoso ,numa escala histórica geral: o rolezinho opôs as classes menos favorecidas à classe média e eu nunca tinha visto tanta manifestação de preconceito contra profissões de classe média como no Governo da senhora Dilma,principalmente quando ela largou de mão o problema profissional dos médicos brasileiros,para cuidar do dos médicos cubanos.

Em minha rede as médicas brasileiras foram chamadas de barbies,de se comportarem como garotas de programa,enfim,fiquei chocado.

E para reiterar(até a esquerda entender)já mostrei que a história desmentiu Marx,quando este disse:”proletário não tem pátria”.Não ficou claro que tem,na Polônia,na Hungria e em outros lugares?A China,dita comunista,não vive exaltando o seu país,acima de tudo?Nós não vimos exaltação deste tipo nos países do leste?Em Cuba?

Então não me venham repetir o que Stalin disse,seguindo Marx,que a nação é um conceito burguês.Algumas leis nacionais são feitas pela classe operária e é por aí que a luta continua.

O internacionalismo representado pela ONU inclui as nações e é ele que serve de local no qual se vai construir a utopia.

A única coisa que falta(ab initio)é construir uma cidadania universal,que não necessariamente dilui a das nações,mas que vai ser importante no futuro.