sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

O problema do dólar

 

Quando os investidores se sentem inseguros com mudanças e principalmente  radicais(ou perto disto)eles tiram o seu dinheiro do Brasil ,quer dizer ,os seus dólares, e aí sobrevém a alta do dinheiro estadunidense,que põe em risco as economias mais fracas,com a diminuição do valor das suas moedas.

Isto pode levar para uma estagnação da economia,uma recessão, porque a inflação cresce e o poder de compra do dinheiro decresce.Uma bola de neve terrível,com consequências ainda mais desastrosas.

Eu digo e redigo:sem um pacto social e politico antes não tem como evitar este tipo de problema na hora de uma proposta mais qualitativa como esta do governo.

Sem este prévio entendimento é o que sempre ocorre no Brasil ao se tentar transformá-lo:uma reação dificulta e eventualmente paralisa.

Não haverá chance de modificar o Brasil sem um entendimento,sem um projeto nacional,sem a união entre as classes mais importantes,a média e a operária.

Se não s e souber até onde se quer chegar as classes que possuem o capital não vão despendê-lo para a realização do programa e dos objetivos.

Nem uma revolução do trabalho,por si mesma,prescinde deste entendimento.Não há saída.

Com o avanço da proposta de Haddad e as discussões chegando ao momento da verdade, o mercado se retraiu,ou melhor,os investidores.

Não cabe aqui jogar sobre eles a intenção de terror sobre o Brasil,embora objetivamente assim parece.A retirada do capital é uma consequencia logica da desconfiança e deveria ter sido prevista,já que estamos tratando de questões financeiras e econômicas,o fulcro do problema de qualquer nação.

Não descarto ,porém,uma intenção de acabar com o governo Lula,que,mais uma vez,ofereceu uma oportunidade de ouro à direita.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

A doença de Lula

 

A doença de Lula não é a sua doença,mas  a sua velhice,a passagem do tempo.

Todo mundo sabia que ,como todo mundo,Lula paga o preço da passagem do tempo e que isto tem efeitos no governo.

Em alguns casos,como no de Getúlio ,o ultimo governo está no mesmo patamar dos outros e até,do ponto de vista histórico ,foi o melhor.

No caso de Lula,este terceiro mandato não está cumprindo com as expectativas do povo,naturais para quem obtém uma “ terceira vitória”.

Volto a dizer:o problema de Lula,que a História vai reconhecer ,é que ele é um politico pragmático muito bom,mas  as esperanças depositadas num líder operário são muito maiores do que um tipo de politica assim oferece.

Embora o assistencialismo não seja ruim,a esquerda tem no inconsciente e no consciente o impulso da mudança e quando as coisas ficam quase do mesmo jeito a frustração é grande.

Para um politico não é obrigatória uma universidade.Às vezes um titulo destes atrapalha até...Mas ele tem que ter referências,conhecimentos além do pragmatismo e Lula não tem.

Por causa disto ele fica um pouco refém dos outros e dos setores mais radicais do PT,que são contra a classe média,por exemplo.

Como ele não tem estas referências ,não consegue debater com estes setores e formular uma politica para eles.

Agora,com esta doença e velhice,as condições pioram e a pressão já começou a atuar muito fortemente no intuito de  impedir a reeleição daqui a dois anos.

Se ele não mostrar um vigor excepcional vai prejudicar a si mesmo e ao PT ,se mantiver a intenção de continuar.

E tudo isto mostra como não há lideranças fortes na esquerda,porque Haddad ,Aécio,Marina,vão perder para a  direita,que está mais presente no proscênio do que todos eles juntos.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

A decisão de Macron VI

 

A Politica Francesa

A politica francesa,historicamente ,cai neste marasmo ,vira e mexe.

Eu nunca me enganei com Macron quando o vi pela primeira vez:um politico anódino,quer dizer ,sem muita referência ,num país em que tê-la é essencial.

A França não é uma nação que siga o caminho dentro dos limites da trivialidade.Ela tem responsabilidades universais e humanas ainda .

Já foi mais forte neste aspecto,mas ainda desponta como um dos seus papéis históricos e políticos a discussão dos grandes temas mundiais da humanidade.

Vamos dizer que os embates do socialismo acabaram:deveriam ser substituídos por uma plataforma climática,como parte do projeto  de direitos humanos.E nem uma coisa e nem outra.

Dentro do processo geopolítico geral  a França teve que aceitar o mercosul:o objetivo da França ,que se tornou o porta-voz dos interesses hegemônicos do g-8, era submeter o mercosul,fazendo prevalecer a  economia dos países centrais.

O fato de a França ter aceitado este acordo ,muito a contragosto,afunda ainda mais a politica francesa na acefalia e na anodinia.Embora para nós seja melhor.

No passado De Gaulle a reergueu ,mas agora quem tem como realizá-lo?

Eu gostaria que fosse a esquerda ,mas não vejo disposição e conteúdos para se chegar a uma renovação.

Mesmo uma eleição terá dificuldades,embora a  decisão do povo francês possa indicar um caminho novo.

Toda esta especulação revela a situação da politica francesa atual e o perigo que isto representa.

 


domingo, 8 de dezembro de 2024

A decisão de Macron IV

 

Estes artigos sobre Macron continuariam,porque eles resumem a chance que eu diviso para o renascimento da esquerda ,no local onde ele deve fazê-lo,que é a europa ocidental.

Infelizmente ainda não pude colocar os textos que explicam esta minha visão,mas em breve eu farei.

Na Europa Ocidental ainda há massa crítica para um renascimento da esquerda ,levando em consideração a necessidade de não cometer os erros e crimes recentes.

Por esta razão eu elegi esta questão da crise na França de Macron para expor o que eu acho certo e desejável.

Pois bem,outro dado desta questão apareceu nesta semana,coisa que eu não esperava sinceramente:caiu o primeiro-ministro de direita,nomeado pelo presidente.

O legislativo não deu apoio a este primeiro ministro,o que já significa um avanço da esquerda.

Eu não devia dizer isso mas quando eu estava na universidade o tempo estava à minha disposição.todo, para estudos. Hoje divido muito os meus interesses;não sei se a esquerda cresceu ou se movimentou para tirá-lo,mas o fato da sua queda prova sim que a “ conclusão” da crise foi totalmente ilegítima,com a hegemonia da direita,que Macron quis,depois de usar a esquerda, que se deixou usar.

Se a esquerda tivesse um projeto nacional e   uma visão  democrática ela não assustaria a média ética da sociedade francesa e seria escolhida para dirigir o legislativo,o governo francês.

Em que condições  esta nova crise,que atinge o próprio presidente ,se desataria com a esquerda no poder?A esquerda que é sempre rupturista?

É lógico que se houver um moderado tudo se dilui ,mas a democracia francesa se paralisa e entra novamente numa crise,que talvez só se decida com novas eleições.

sábado, 7 de dezembro de 2024

O centro é sempre fraquinho

 

A omissão

O caso de Aécio II

Nem bem eu falei em Aécio e ele aparece na Folha de São Paulo.As coisas que ele disse lá são muito boas,mas eu queria um aprofundamento.

Neste momento em que vivemos uma confrontação típica da guerra-fria,há que ter um discurso alternativo permanente,que marque uma posição em face deste mentira que é este embate,este pugilismo político.

Um pugilismo político, que deixa o Brasil em segundo plano ,que deixa a democracia em segundo plano.

Neste contexto é que o candidato Aécio podia aparecer mais frequentemente para pontuar as questões que eu distingo aqui como essenciais:uma visão de classe média;uma priorização do Brasil(sem xenofobia);uma visão nacional(sem exaltação nacionalista);a continuação e consolidação do estado de direito,como um passo à frente,que deixará para trás(assim espero)este problema das reparações.

A bem da verdade,com a morte do avô de Aécio a constituinte jogou para debaixo do tapete os critérios de reparação,construíveis dentro de um novo pacto político brasileiro.

Na minha opinião,a constituinte focou muito na questão social,esquecendo-se de algo que é fundamental na produção de constituições:um novo pacto social e  politico,que funde o presente e o futuro.

Foi assim por causa de Sarney,que para obter mais legitimação ressaltou o problema econômico e o das reparações se ocultou,até porque se viesse,como era desejável,o atingiria na condição de apoiador da ditadura.

Tancredo não teria como evitar esta pressão,mas tinha como controlar os efeitos deste ruido tenso na...Constituinte.

Quem sabe uma revisão constituinte não faria este pacto e não poria um fim na ditadura militar e suas consequências?

Outro fato importante para mim e mais pessoal é que eu não me sinto representado como integrante da classe média:a minha formação de comunista sempre me levou para a classe operária e os pobres,mas descobri na idade adulta e provecta ,que não há retorno da parte deles ,em relação a um cidadão de classe média.

Não sinto,por isto,ódio deles,mas fiquei com um pé atrás.


quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Conjuntura Nacional

 

Agora é hora de resumir alguns acontecimentos nacionais que venho observando e preciso comentá-los naturalmente.De outra parte os nefandos do MSN põem aqui figuras para repetirem aquilo que eu digo há dez anos,pelo menos:existe uma crise na esquerda,há trinta anos,pelo menos.

E também reapareceu no meu youtube a figura de Vladimir Safatle reafirmando aquilo que eu pontuo há uma década:que a direita faz toda esta agitação para se manter na crista da onda e se consolidar definitivamente.

É certo que eu não possuo um nome e não pertenço a nenhum esquema ou corporação com influência.Por isto todo mundo vem aqui dizer o mesmo que eu  e se rir do fato de que não adiantou nada eu falar(kkkkk).

Isto ajuda a me colocar “no meu lugar”,e me põe como uma espécie de louco,exibido ou pretensioso,que não tem repercussão nenhuma.

Eu conheço tudo isto aí.

Mas em primeiro lugar a minha condição de cidadão que vive aqui “embaixo”as agruras próprias oriundas da omissão destas corporações,me confere legitimidade para reclamar e protestar.

E em segundo e derivando desta premissa primeira,talvez e obrigatoriamente,se ouvissem este cidadão comum,como eu,na hora em que as referidas agruras acontecem,as chances de solucionar estes problemas imediatamente seriam maiores,dando eficiência à democracia  e credibilidade cada vez maior.

Estas corporações levam anos estudando os problemas para eventualmente solucioná-las e enquanto isto os problemas continuam e se avolumam.

É o lado ruim do trabalho intelectual(intelectualismo)e cientifico.

Mangabeira Unger surge no MSN dizendo que há uma crise na esquerda mundial.E daí?

A audibilidade permanente de pessoas comuns como eu é a condição de fazê-las parar de sofrer;é a chance de diluir os problemas com rapidez,porque quem sofre tem pressa.

As corporações,tanto na direita como na esquerda,acabam por cumprir um papel proto-fascista de  fingir preocupação social e não tratar daquilo que interessa,numa paralisia conveniente.

 

 

terça-feira, 26 de novembro de 2024

O centro é sempre fraquinho

 

A omissão

O caso de Aécio

O centro sempre demonstra uma certa fraqueza em lutar por ideais de democracia.Só na época da redemocratização ,que levou uma década e meia,os seus valores foram jogados à vista de todos e conseguiram obter o resultado desejado.

Aécio Neves é neto de um dos fautores da transição à democracia e como eu já pontuei em outro artigo,citando o deputado Luiz Henrique Lima,junto com Ulysses Guimarães ,Tancredo é aquele momento hegeliano em que a classe em si se torna “para si”:ele representa o nascimento da classe média brasileira ,com suas funções e papéis próprios.

Democracia,cidadania,estado de direito e assim sucessivamente.

Mas com a morte  de Tancredo a tarefa total da redemocratização não se cumpriu,porque o vice,ligado à ditadura suspendeu a plataforma de reivindicações provenientes dos anos de lutas,exceto no caso da constituinte,que acabou escondendo a questão das reparações aos crimes da ditadura.

Aécio teria condições(se quiser naturalmente)de completar esta obra e propor um projeto democrático de nação ,o que seria um anteparo para uma esquerda,que vive destas reinvindicações.

Eu já disse que não sou contra elas,mas tal já devia ter terminado e o Brasil devia estar continuando,no seu caminho de desenvolvimento e de democracia,tudo que está em perigo iminente hoje.

É uma omissão para mim,que um dos integrantes do centro não participe deste processo politico,oferecendo o tempo todo a alternativa decisiva,que é a democracia e o Brasil.


terça-feira, 19 de novembro de 2024

Temos,pelo menos, Dois anos difíceis Pela frente

 

O Brasil ganhou um papel mundialmente importante após a eleição de Trump,como nunca havia conhecido:se a direita vencer no Brasil,o fascismo terá vencido no mundo todo.

Uma segunda vitória desta direita vai legitimar um propósito de golpe,de ditadura ,com apoio da população e para que haja uma redemocratização,vai muito tempo.

A confirmação mundial da vitória de Trump passa por aqui e se isto vier,as chances de recuo ficarão mínimas,por muito tempo.

As iniciativas do governo Lula ,imediatamente ao ocorrido nos EUA,são promissoras:o fim da escala 6x1,abrindo chance de mais tempo livre,para o trabalhador, e pacto contra a fome fixada na agenda do G20,que ainda corre no Rio de Janeiro.

Eu acrescentaria um pacto para tirar as pessoas da rua,resolvendo o problema dos sem-teto.Sugiro para os próximos dias e meses atenção nesta questão.

De qualquer forma este ritmo de mudanças atinentes a ganhar a população e evitar uma derrota daqui a dois anos,me parece bom e deve continuar,levando em conta as necessidades táticas e estratégicas;quer dizer,sem atropelo.

Tal comportamento já era para ter começado logo depois da vitória de Lula em 2022,mas antes tarde do que nunca...

A responsabilidade mundial do Brasil voltou aos níveis do final da segunda-guerra ,em que o nosso país representava um futuro melhor,isto é,pacifico e  próspero.

Mas os significados hoje são mais profundos e graves:a humanidade parece esperar um cataclismo para haver mudanças,mas o Brasil ,e quem se aliar a ele, tem que empurrá-la para algo mais do que o simples diagnóstico das crises vividas atualmente.

Temos das difíceis pela frente,quero dizer:o Brasil.

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

O que está à nossa frente As consequências da eleição De Trump

Não é difícil para ninguém  saber o que pode acontecer  aqui no Brasil nas eleições presidenciais, até porque nós já tivemos um ensaio geral aqui e lá.

Uma nova ditadura ou o retorno de 64 em “novas” bases está à nossa frente.

O golpe foi deflagrado em 2022.Se o povo brasileiro votar na direita ela vai se sentir no direito de implantar um regime de força.E só faltaram 2 milhões de votos para isto acontecer.

Como diz Hélio Jaguaribe ,a História é consequencial, não havendo como fazer previsões absolutas já que cada passo modifica  o panorama analisado.

Contudo, tendências é possível identificar e aquilo que eu disse acima faz parte das tendências postas à nossa frente com o retorno de Trump.

E mais do que isto , a oscilação da esquerda entre a inércia e a incompetência marca firmemente a tendência à ditadura.

Se o final não podemos prever ,estes intercursos sim e o pior,o mais problemático é este:a esquerda.

Será que esta discussão 6x1 já não é uma tentativa?Não sei dizer agora.Mas espero que seja o inicio de iniciativas para barrar de vez o caminho da direita,coisa que já devia ter sido começada logo no inicio do governo Lula,como eu implorei inúmeras vezes.

Como as coisas se colocam neste então, não me parece  que o caminho da ditadura não seja fácil de prever.

Preconizo há anos que a esquerda incorpore a nação e a democracia,a classe operária e a classe média,mas não adianta.

Diante destes ouvidos moucos tudo o mais é remendo.


 


sábado, 9 de novembro de 2024

As consequências da vitória Do Ogro (Trump)

 

Há uma série de artigos que venho fazendo aqui que giram em torno desta tragédia que foi a eleição americana. Mas  se a vitória alcançasse Kamala giraria em torno dela igualmente.

A questão que unifica a concepção politica que quero propor aqui só tem como girar em torno do país mais forte do mundo,por cujas decisões as consequências atingem a todos.

A questão do centrismo,no mundo e no Brasil;o movimento social,a  questão social;a crise climática;a decisão de Macron ;a utopia.

Neste artigos eu pretendo expor o que eu penso sobre o futuro.Já falei muito do passado,das causas que nos levaram a esta situação,mas agora há que expor um pensamento para o futuro.

Devido à minha exiguidade de tempo, mas também por ser mais conveniente, junto com questões práticas estas minhas reflexões teóricas e aí tudo vai num caminho mais rápido e rítmico. O ritmo açula o desejo imediato de ação, mas já neste átimo, fundamentado, por um pensamento rigoroso e estudado, pelo menos.

A eleição do monstro tem efeitos devastadores em todos os temas que eu especifiquei acima. E em cada um deles eu vou tentar construir ,entre outros problemas, idéias para um debate essencial de renovação da esquerda.

Porque este é o problema fundamental,posto por esta eleição:se a esquerda continuar assim,a  direita vai prosseguir no seu olé universal sobre nós.

Não suporto mais este acuamento sem resposta, por parte dos setores progressistas,cujo pensamento ainda está no socialismo real.

 

 

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Outra catástrofe

Com a vitória, de novo, deste fascista, Trump, o cenário que eu rezei(e nem sou religioso)para que nunca mais retornasse ,ficou ainda pior ,com o inferno adentrando em nossas casas.

É como se o fascismo tivesse vencido por dentro,não pela guerra.Anos atrás havia um grande temor de que o fascismo vencesse por dentro da Rússia,mas a história percorreu outros caminhos cínicos  e não foi preciso um “foguete Nova York”,para colocar um neo-nazista no poder da nação mais forte do mundo.

Com ele vêm os defensores da recolonização da África,aqueles que seguem a “ curva do sino” e excluem os menos capacitados  e os neo-nazistas americanos,que são os mais fortes no mundo todo.

Digo isto porque não só as deportações típicas do fascismo irão acontecer,mas também abre-se o caminho para estas idéias nefandas adquirirem um peso no cotidiano daquele país,para,quem sabe,no futuro,vicejar.

Lá se foram os Estados Unidos liberais,os Estados Unidos das garantias constitucionais e do “ due process of law”(“o devido processo legal”) e ficaram os Estados Unidos da Guerra-Fria,da continuidade deste passado monstruoso de guerras,que a humanidade já devia ter ultrapassado.

E o pior: com a crise climática, o povo americano colocou alguém que não está nem

 aí para o problema e junto com a China,idem e a Russia,idem,está entornado o caldo para uma situação ecológica ainda pior.


 

sábado, 2 de novembro de 2024

Eleição americana A esquerda :entre a sorte e incompetência

 

Estamos próximos da eleição americana e Trump é novamente candidato, com altas possibilidades de ganhar. Só este fato já é suficiente para por em xeque a esquerda americana, que teve um tempão para eliminar de vez esta direita fascista dos Estados Unidos.

Este país, sede do liberalismo clássico, dos direitos civis, corre sério risco de se tornar fascista.

Kamala só lembrou disto , só o quis mostrar ao povo americano, quando do final da campanha, no momento em que já não era fácil jogar o ogro para o centro da terra, encadeado lá para sempre.

Disse aqui que o povo americano, tão cioso de si, deveria ser chamado à atenção quanto à verdade desta nação, que não se resume ao dinheiro e ao capital.

Muito embora Trump defenda este nacionalismo tão sedutor ao americano médio, redu-lo a simples presença do dinheiro, como viabilizador, jogando o passado fora, aquele passado em que os Estados Unidos ajudaram os povos a enfrentar a tirania nazista.

Numa coisa Trump tem razão e isto devia ser um conceito da esquerda, há já muito tempo: cada país tem que resolver os seus problemas.

A contradição terrível nesta ascensão da direita neonazista americana é que, pelo nacionalismo, Trump repele as intervenções impertinentes dos EUA, coisa comum a partir do fim da segunda guerra e no âmbito da guerra fria.

No fundo é isto mesmo: não há que criticar o imperialismo americano, se as nações se tornam dependentes dele. Cada país tem que resolver o problema da miséria e não transferi-lo para os EUA.

O imperialismo americano, ou seus efeitos, parece a síndrome de Estocolmo, que atinge tanto Israel: todo mundo critica, mas quer que os EUA solucionem tudo, quando cada nação tem que tomar esta iniciativa.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

A esquerda parou de lutar?

 

Não pude deixar de notar uma manchete na Folha de São Paulo, jornal que às vezes me causa tanto aborrecimento.
Mas o que ela cristaliza é o que eu estou dizendo há mais de dez anos.

Se você não vende o seu pensamento a algum poder, você não é ouvido. Eu vi numa parede aqui perto escrito por um mendigo: “quem não é visto, não é reconhecido, nem ouvido”. Naturalmente eu corrigi os erros de português dele.

Um ator de malhação é mais importante, hoje, do que anos de estudo de um professor, de um bom e bem sucedido professor ou pesquisador.

A Suzane Richthofen tem mais espaço na mídia do que um realizador ou alguém que faz um benefício para a humanidade.

Esta minha crítica à esquerda vem de muito longe, quando comecei minha pesquisa e meus blogs. Enquanto não se livrar deste passado gigantesco de fracassos essenciais, não vai ser possível uma renovação que a ponha novamente na linha de frente da luta.

Não é só lutar, é como lutar.

Em minha vida, discuti anos a fio, uma auto reforma da esquerda, semelhante àquelas de dentro do cristianismo. E chego à idade provecta, vendo que não surtiram efeitos estes debates: nada de democracia, de reforma, de direito, nada, nada.

As mesmas boçalidades, o mesmo cânon soviético, a presidir discursos e palavras vazias.

O mesmo que vi no final da URSS, quando li o livro de Gorbachev e ele jogava palavras lógicas, mas sem conteúdo.

Enquanto a esquerda não tomar para si o resultado dos antigos debates ficaremos nesta situação, ou em algo pior.

 

 

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Eu e a pornografia Esclarecimentos (de novo [outra vez] [novamente})

 

Novamente, outra vez, de novo ,eu tenho que me expor   neste “caso” “escandaloso” de usar a pornografia. Eu já falei que isto tem uma utilidade médica, para mim.

Mas dentro da necessidade, aprendi a usar a pornografia também, como laboratório de pesquisas sobre diversos assuntos: linguagens; racismo reverso; custo social da pornografia; política, poder, economia em torno dela; relações com a história(que eu já revelei aqui no caso de Maria Antonieta[e vou continuar fazendo]); antropologia, para discernir os caminhos do ser humano diante das impossibilidades; o problema da exploração; o problema especifico da mulher; a questão artística das emoções e sentimentos, bem como psicológicas(quando fiz aula de roteiro com José Louzeiro ele nos disse que deveríamos ver rostos nas revistas[eu tentei ver na Revista Caras e percebi que era tudo falso]{então vi nestas revistas eróticas pelo menos uma certa  margem de  verdade }).

O meu leitor me vê com frequência trabalhando  índices de livros como laboratórios de pesquisa, em que busco relacionar os seus diversos itens e capítulos de modo a entender melhor os autores e tirar deles a compreensão do seu pensamento, bem como extrair ideias, conceitos e temas para discussão.

Mas em tudo isto, em todo este meu comportamento, existe sim uma weltanschaung libertária: o sexo, em si, permanece puro, apesar do em torno problemático.

E por indicação de meus terapeutas separar o erótico do pornográfico é uma depuração (olha aí o laboratório) necessária, para evitar os males viciantes de uma pornografia recorrente.

Aí ficam estas rádios e algumas outras pessoas destilando(laboratório)moralismo(tolo), tentando me ridicularizar, me chamando de covarde, frouxo, maricas, quando se trata de um problema médico e de pesquisa antropológica que eu sempre fiz, para além do prazer genuíno de ver estas coisas, mas de uma maneira crítica, criteriológica, que impede qualquer dependência.

É neste sentido que eu uso a pornografia, ou melhor, erotismo, como forma, inclusive, de arte, de eventual(eventual)estética e sensibilidade.

 

domingo, 20 de outubro de 2024

Lula: não dou à mão à palmatória.

 

Sabendo que   o PT em documento interno aprovou a eleição na Venezuela, logo percebi a jogada toda: o presidente da república faz um escarcéu democrático só para jogar areia nos olhos do público, mas o partido e ele jogam na continuidade e no desinteresse da opinião pública para manter as coisas como estão e apoiar a Venezuela.

Desde o episódio Moro, que condenou Lula e depois houve uma descondenação , que me sinto permanente enganado pelos poderes públicos, pelos jornais  e órgãos de comunicação.

Ora não dão informação correta, ora utilizam estas fakes e este truques que não são novos na história e na política, mas que ocupam um lugar malévolo na democracia.

Nós estamos entre a cruz e a caldeirinha.  Passei a concordar com aquele analista politico que diz que o Brasil está entre a ditadura de partido único e a ditadura militar do passado, rediviva.

Não há como pensar que o Presidente não   esteja dentro deste passado, só que do lado esquerdo.

Não tem o menor interesse na classe média, sonha em ser o PRI do México e tem uma atitude no mínimo ambígua em relação a estas ditaduras de esquerda falidas da América Latina.

Noticias aterradoras chegam do nordeste brasileiro: a direita está tomando posições do PT naquela região, que foi decisiva para a vitória do Presidente.

Tudo isto forma um quadro assustador para futuro próximo, em que nós só termos que “escolher” entre duas formas de imposição e como eu venho explicando, é mais provável que voltemos a 64, por causa da média ética do povo brasileiro, que rejeita o vermelho.

E também nós não podemos deixar de considerar o Presidente como um capitulacionista.

Contudo, aqui neste caso não temos como caracterizar da mesma forma os representantes do centro no Brasil, dos quais tratarei agora mais à frente.

domingo, 13 de outubro de 2024

Conjuntura

 

Eu vou continuar o artigo anterior, mas me sinto intimado a tratar um pouco de conjuntura, porque algumas decisões de Haddad e Lula têm extrema sincronização com o que venho falando aqui e gostaria de tecer alguns comentários.

A questão da luta contra a fome persiste; não vi nenhuma repercussão da questão da luta contra os sem-teto; e agora o problema da taxação dos ricos é recolocada de uma forma que nunca vi durar tanto.

Mas segundo os artigos que eu fiz anteriormente, sem um pacto social e político entre as classes produtivas, média e operária, as dificuldades para bancá-lo serão totais e aliás elas já se expõem nestes esforços de Lula e Haddad para emplacá-la.

É que tudo se resume na ordem política, mas a base social, o pacto social não se realizou. Para isto um programa fundado numa concepção moderna de esquerda é requerido.

Mas ele não existe, em meio à política pragmática.

Se, no futuro, a taxação é aceita, correrá risco de retrocesso permanentemente e inarredavelmente, porque sempre foi assim. E se a inevitabilidade se der, para voltar à pauta demorará uma década, como sempre.

Os fundamentos de uma política de esquerda moderna estão, ainda, faltando.

O princípio “revolucionário” da vontade resiste como um fóssil nas fileiras da esquerda. A ausência de mais fundamentos compromete o processo todo e torna-o suficientemente fraco para ser combatido, em futuro próximo, por esta direita aí, à espreita.

No momento em que uma reforma contundente balançar, pelos motivos supraditos, a direita fará o escarcéu de sempre, vai mentir como sempre, alegando o “perigo comunista” e tudo vai por água abaixo.

 

 

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

A direita continuará aí

 

Cansei de dizê-lo:não quero mais tratar desta conjuntura de crescimento cada vez maior da direita,no Brasil e no Mundo.A explicação é a mesma de sempre:esta  esquerda velha e anacrônica e presa aos dogmas do passado facilita as coisas para o outro lado.

O esquema histórico é o de sempre:assim como os nazistas cresceram em três anos vertiginosamente,a nossa direita,não muito diferentemente,o está realizando igualmente.

O pior de tudo:não vejo na esquerda nenhum ânimo de mudança quanto.Eu possuía uma esperança,mas tênue.E agora se desvaneceu.

Deste mato não vai sair cachorro e a perspectiva é esperar o pior.

Eu escrevo este artigo para dar um salto de qualidade nestas minhas reflexões:como disse, não pretendo diagnosticar as causas do problemão,mas agora quero apontar possibilidades de seu enfrentamento.

Com tudo o que eu já disse aqui ,só me voltando para o centrismo de esquerda é que diviso chances de transformação desta realidade ominosa.

Mas a tendência do centrismo(às vezes social-democrático)no Brasil é ser de direita e o meu desejo é poder influenciá-lo no sentido que eu preconizo ser o melhor.

Começando a minha nova postura,eu digo que não aceito o silêncio omissivo de Marina,Ciro e porque não Aécio,diante dos perigos que esta polarização cria para o nosso país.

O golpe já foi deflagrado  e as tentativas de implantá-lo continuam e continuarão.

A vitória da direita nas eleições municipais faz parte sim do “projeto”.Só o fato de a direita crescer já é desastroso,porque a chance de uma ditadura paira no ar.

Mas aqui e agora esta chance é quase realidade,estando muito próxima.Não sei porque a esquerda ignora-o.Talvez irresponsabilidade ou triunfalismo,que andam juntos.

sábado, 5 de outubro de 2024

Ernesto,o aconselhador

 

Vejo cada vez mais as minhas idéias serem usadas e repercutidas por pessoas conhecidas da politica e da intelectualidade,sem me citarem!

Há muitos anos um jumento dirigente do PCB pegou uma idéia minha,de chamar uma figura que já faleceu,o reitor da UFRJ,para dar uma palestra e não teve a hombridade de me convidar para debater com ele.Coisa que eu já tinha feito na ABI.

Tudo indica que paira um preconceito sobre uma pessoa do povo,como eu ,que,não tendo certificação(mas notório saber)não é reconhecida,mas ,antes,manipulada,como alguém inferior,que não merece consideração.

A partir de agora,no entanto,eu vou exigir reconhecimento,como uma derivação clara do espirito democrático e do respeito republicano às qualidades do outro.

Tal exigência se imbrica na minha luta contra estas formas de totalitarismo,que ainda continuam aí,a me aborrecer inclusive.

Não me importa o que as pessoas pensam de mim,mas é duro toda a hora um babaca qualquer vir aqui jogar verde para colher maduro.

Ora um energúmeno aparece para dizer que outro já criou a idéia que eu estou apresentando,quando,quase sempre,eu sei de onde ela veio.

Nunca deixo de citar o que vem antes.Fazer o trabalho da sua vida e ficar cercado de todo tipo microcérebro,medíocre,tentando medir forças comigo,em torno de coisa nenhuma,sem apresentar conteúdo ou debate, é demais para mim.

E não tem esta de não me reconhecer de público.Não vai acontecer como “ ensina” a Igreja Católica:na hora da morte basta se arrepender para entrar lépido e fagueiro neste outro mundo que ninguém sabe se existe mesmo.

Quando chegar a minha hora não venham me reconhecer não.Se não reconhecer agora me esquece.

domingo, 29 de setembro de 2024

Ernesto,o Libertino

 

Esta expressão “ libertino” adquiriu ,ao longo da História,uma conotação sexual,mas desde o inicio ,quando foi criada,por Calvino,ela teve este significado primordial de repressão àquele que tem liberdade no sexo(e na vida).

Mas ela não se refere a isto,principalmente a isto:se destina àqueles que não se diluem nos coletivos,que são muito comuns na história.

É claro que tem um reflexo na sexualidade,mas a sua essência é a liberdade.E liberdade significa viver pela sua cabeça,por suas escolhas,fazendo o seu caminho e lutando para que todos tenham esta condição.

Os libertinos,que nasceram no século de Calvino,o XVI,mas que tiveram o seu ápice no XVIII,notadamente na Itália,representam uma primeira “ libertação” da religião:em vista das inovações cientificas da Idade Moderna ficou claro que era bastante difícil encontrar Deus nesta “ nova” natureza.Até um “ crente” como Pascal,criou o conceito de “Dieu Caché”,o “Deus absconso” ou... escondido,em algum lugar do Cosmos.

Sendo assim e estando claro para alguns a improbabilidade de encontrar a base do controle da religião,tomaram o caminho de priorizar a  sua consciência e não a consciência de todos,no coletivo.

O libertino é uma antecipação do “ ueber-mensch”,o “ além-do-homem” de Nietzsche,o “ transvalorador de Valores”.

Eu não sou isto,mas não ofendendo as ordens moral e jurídica da sociedade ,faço o que eu quero e luto para que todos tenham  esta liberdade.

Sei que não é fácil para outros extratos sociais ter esta liberdade,mas a luta é de cada um ,com a ajuda de outros libertinos como eu.

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Ernesto,o marginal

 




As fotos acima representam a figura de August Landssmeyer o homem que não fez a  saudação nazista.Evidente que olhando assim uma foto não dá para acreditar totalmente na sinceridade do homem.Mas no caso dele  sim,porque ele foi retaliado pelos nazistas,quando viram este foto.

Eu a uso aqui pois me sinto bastante identificado existencialmente,na minha maturidade,com este gesto de inconformismo.

Eu me tornei um “herói” marcusiano,filósofo que afirmou em 58, que diante destes totalitarismos que marcam a nossa época quem ficou como o portador da sinceridade,da verdade e da honestidade,foi o “individuo concreto vivo”(no dizer de Marx em “A ideologia Alemã”).

Esta é  a verdade:o que sobrou destes fracassos do século passado foi a ação de pessoas que mantiveram valores de coerência , “esquecidos” pelo movimento da história.

O cotidiano salvará a humanidade?É uma esperança pelo menos.O cidadão anônimo,correto.

Eu me incluo nesta trivialidade cotidiana individual.Eu sou sim um marginal,no sentido de que não me deixo diluir mais nos coletivos:ainda que na dúvida,eu fico com um pé atrás necessário em frente a estas “ propostas” tonitruantes de certos movimentos políticos.

À tentação de resolver tudo da maneira mais fácil,oponho a razão,o cuidado,ainda que isto seja considerado como manifestação de indiferentismo face ao sofrimento atual de muita gente.

Mas  eu não vou trocar nunca mais a violência(do capitalismo?)por outra,qualquer que seja ela.E se depender de mim não vai acontecer no Brasil(bem como ,espero,em outros lugares).


 

 



quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Ernesto,o incorruptível

 

Eu sou inteiramente infenso a qualquer forma de corrupção.Como todo mundo,desde há 10 mil anos,sou um ser errante e como tal cometi e cometo muitos erros,mas o maior prejudicado destes erros fui sempre eu,não os outros.

Ouvi,de meu pai stalinista,que a corrupção tinha a ver fundamentalmente com a burguesia e o modo de produção capitalista,mas eu cansei de ver do “ nosso” lado também.

De modo que me enganar hoje ,com promessas vãs e repetidas não é mais possível e diante deste reconhecimento,isto é,do reconhecimento de que não há muita diferença entre os “ revolucionários” e os “ reacionários”,naquilo que é essencial,desconfio permanentemente destes heróis,que dizem uma coisa na sua frente e pelas costas fazem outra.

Também repudio estas ideias de que um incorruptível é alguém que não tem mulher ,que não vive a vida,como o Imperador Augusto e Robespierre.

No filme de Andrei Wajda sobre a Revolução Francesa é exposto um encontro que nunca aconteceu entre ele e o corrupto Danton,no qual este ultimo o acusa de ser um castradão,sem conhecimento da vida.

Como se houvesse uma relação real entre corrupção,desvio e vida.Só o há se nós aceitarmos o conceito de Nelson Rodrigues “ a vida como ela é”.

Só que para o revolucionário,para aquele que tem compromisso com a mudança e a emancipação da humanidade, a vida como ela é,é para ser mudada,transformada ,num processo de luta constante.

Não existe este critério de aceitar as coisas como são.Isto é uma reinterpretação de novo de Nelson,quando ele fala sobre o “idiota da objetividade”(Nelson era kantiano e não sabia):o revolucionário é movido mais e mais pelo realismo da vontade.Ainda que as chances de mudança não estejam dadas ele deve expressar o seu pensamento.

Tal postura perpetua o conceito final da vida de Darcy Ribeiro: “defendi os índios e perdi;defendi as mulheres e perdi;defendi os pobres e perdi,mas eu não queria estar no lugar de quem me venceu não”.

Esquerda é incorruptível.

domingo, 22 de setembro de 2024

Ernesto, o fundamentalista

 

Uma vez, um jumento dirigente comunista disse que eu era fundamentalista porque não admitia certos desvios que eu via já no PCB. Ele disse que eu era “muçulmano”.

Desde pequeno, eu aprendi de meu pai (stalinista) que corrupção era coisa da burguesia (ele também não era santo). Mas eu vi este “comportamento” nas hostes dos heróis da esquerda, sob alguma justificativa canhestra e sofisticada dessas aí.

Mas que expressava (e expressa) a covardia, fraqueza e desonestidade natural de não poucas lideranças da vanguarda vermelha.

O que eu aprendi(de meu pai stalinista) é que os socialistas se ajudavam (e ajudam) e evitam colaborar com estas“ práticas do antigo regime”.

Não obstante, não foi isto o que eu vi lá e por isto me retirei orgulhoso desta farandola.

Eu sou fundamentalista, não no sentido religioso (ouviu jumento), mas no filosófico, seguindo o pensamento essencial de Aristóteles, que os marxistas não leem (mas Marx sim) em função do seu cientificismo e abandono do pensamento filosófico.

Busco sempre a essência das coisas, a finalidade e a funcionalidade das coisas, segundo o sistema de Aristóteles, que faz uma classificação em sua “metafísica”.

E aí eu não me desvio deste fundamento, de modo algum.

Então, eu tinha que parar de jogar botão no chão da sala para ouvir da honestidade dos comunistas. Corria para ouvir guantanameira no rádio, para ouvir o verso “yo soy um hombre sincero” e eu continuo assim. Continuarei assim.

Sou fundamentalista filosófico. Cada pessoa tem um conceito que a define: o tímido, o esperto. O meu é este.

 

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

A decisão de Macron III

 

Aprofundando os dois artigos anteriores, faço-o porque vejo nestes acontecimentos na França, possibilidades novas de renascimento real do movimento social.

Depois de muito tempo, a esquerda volta a ser fiel da balança de um fato político importante e se habilita, de fato, a ser governo, como era o caso aqui. A explicação de por que não foi, eu já dei no artigo anterior.

Agora, prescrutar estas possibilidades é que cabe realizar.

Pois, há que se saber aproveitar este momento, tirar dele as lições segundo uma premissa de renascimento, ou seja, de voltar para o proscênio da política e da história, em meio a esta crise global, que caracterizo como de acefalia: ninguém se responsabiliza pelo planeta e não há propostas ou intenção de atacar os problemas.

Não sou saudosista e não vou cair nesta de sentir saudade do âmago da guerra-fria, mas naquele tempo, pelo menos, se discutia e alguém assumia a responsabilidade pelo que se passava diante dos olhos.

Como penso que ainda vivemos o rebotalho da guerra-fria, não serei nostálgico, mas houve mudança para pior depois da queda do socialismo e do muro.

A resignação é total e eu ponho este conceito à frente da falta de ideias porque  este vácuo é onde não há nenhum interesse em começar a se debruçar sobre os problemas e, a meu ver, isto ocorre em razão de se ater ainda aos modelos explicativos do passado.

As pessoas não entendem o que faço aqui nos meus blogs, no plano da política: estou há anos tentando convencer a todos de que a queda referida não foi falta de vontade ou esforço e sim em função de que a teoria não tinha base e precisa ser substituída por uma concepção nova.

E entendo que, como já disse, tal renitência, empedernimento é devido ao egocentrismo da esquerda, que não admite os erros e as derrotas.

Aliás, mais as derrotas do que os erros. Os erros são sempre relativizados e as derrotas não admitidas, a partir de uma premissa falsa de que ela tem a verdade científica definitiva e que, portanto, é só se atualizar, quando, na verdade, ela perdeu a batalha da História, da Política e da Teoria e necessita, como qualquer movimento, se renovar.


 

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

A decisão de Macron II O futuro da esquerda Começa no passado

 

Continuando a análise da decisão de Macron(de escolher um representante da direita[apesar de a esquerda o ter ajudado e ter maioria]),se nós observarmos bem,o Presidente usou  a esquerda:vendo que ia ficar acuado(pela direita)e sabendo da força da esquerda,que não podia ficar acuada também por um governo de direita,marcou as eleições.Quando o perigo de perder açulou a esquerda,ela se mobilizou na bacia das almas e garantiu um avanço do Presidente.Mais do que isto,lhe garantiu a continuidade do poder.

Quando era hora de Macron retribuir ele volta-se para a  direita.É o esquema de sempre,desde 1930:a direita se vale dos erros da esquerda para poder chegar e ficar no poder.

Mas desta vez os erros da esquerda apontam possibilidades para o futuro,porque têm a ver com erros do passado,que podiam ter sido evitados,garantindo a subida da esquerda ao poder.

Qual foi este erro?É uma questão de fundo:a sociedade francesa,a mesma que votou na esquerda,para o legislativo,não faz nada para impedir a direita,porque embora reconheça o papel histórico da esquerda ,a sua média ética é mais próxima da centro direita e não raro da direita,que cola com ela.

É semelhante às razões a que aludi que impediram o sorpasso  italiano:a sociedade como um todo não abraçou o comunismo democrático italiano do PCI,para não isolar o Papa e o Vaticano.

Na França é diferente,mas ,de outro lado,é igual,porque a sociedade não encampa os radicais,a menos que eles demonstrem apego permanente à democracia,admitam sempre a alternância de poder e mantenham,depois do processo de mudança ter iniciado,os valores da sociedade democrática,quais sejam:respeito à propriedade e às liberdades humanas universais.

O caminho está aberto para um renascimento da esquerda,na Europa Ocidental,se estes valores forem incorporados  comprovadamente ao campo “ progressista”.


 

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

A decisão de Macron

 

A decisão do presidente da França de nomear alguém da direita para o cargo de primeiro ministro,apesar da vitória da esquerda não me surpreende de forma alguma.

A opção histórica de escolher a esquerda é sempre radical.Se esta escolha não s e apresenta de uma maneira bem fundamentada não adianta porque o absurdo de escanteá-la não vai chocar ninguém.

Historicamente, a esquerda existe para mudar ,mas este processo não se faz de uma hora para outra e quando não fica claro para o eleitor que esta mudança virá ,ele prefere deixar a esquerda onde ela sempre  esteve :como auxiliar das mudanças;como um peso a favor da democracia ,nos momentos de perigo.

A esquerda,ao longo do tempo,funciona como Trump no partido republicano:é(era)só para manter o elefante à direita.A esquerda é só para manter a democracia ,mas para chegar no poder e mudar é uma dificuldade,que nem os melhores comunistas italianos conseguiram fazer.

A esquerda ou cai na voragem do tempo e admite que só s e pode mudar aos poucos,dentro da alternância de poder, ou ela vai ficar neste impasse ad infinitum .

Quando ainda existia o PCI,a idéia de alternância de poder foi considerada como algo a se incorporar na tradição democrática comunista,mas havia pessoas que se preocupavam  com a descaracterização do Partido,isto é,com sua radicalidade .

No meu modo de entender ,porém,não tem saída:ou se mantém a radicalidade no movimento politico na alternância (criada pelos liberas)ou não há como a  esquerda  ganhar confiança por parte do eleitorado.

As minhas razões para explicar porque os comunistas italianos não deram o sorpasso  eu vou tratar em outro texto,mas  de modo geral ,o padrão do fracasso é este,é esta moldura explicativa aí.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Dou a mão à palmatória II

 

Os procedimentos que o governo brasileiro tem feito contra a Venezuela me deixaram mais tranquilo,porque se o Brasil não agisse assim,a direita cresceria novamente.

Noticias alvissareiras dão conta de que há divisões do outro lado.

Se houvesse ambiguidade no caso do país vizinho era possível a ela encontrar um meio de união,novamente acusando a esquerda de querer uma ditadura.

Penso que não deveria haver reconhecimento do governo Maduro e o Brasil deveria continuar as relações com a Venezuela,dentro das necessidades dos dois povos:comerciais,culturais e assim sucessivamente,mas a pressão deve prosseguir indefinidamente para que a democracia se restabeleça naquele país.

Talvez desencadear um processo de  transição,a partir da constatação de que a eleição de Maduro não tem base.

Mas mesmo que esta prova não seja feita ,o discurso tem que permanecer,no sentido de uma recuperação geral do papel moderno da democracia.

Esta á a luta que a esquerda tem que iniciar agora,porque esta é a tendência da História e principalmente para construir um caminho de emancipação real do povo.

O poder para o povo,como dizia Marighella,não é dar-lhe armas,mas insistir em propostas fundamentais,hoje esquecidas,como a  educação.

Depois que Brizola e Darcy morreram não se fala mais neste item fundamental de uma plataforma de esquerda.

Alias com esta polarização,nem o Brasil mais é objeto da politica,mas um dos lados ou os dois lados ,que são considerados por cada lado ,nesta disputa inócua(mas perigosa) e  que atrasa.