quinta-feira, 3 de abril de 2014

O Golpe ou Jango foi o último reformista de fato



O Golpe
Estamos a relembrar(não comemorar)o golpe de 64 e de novo me sinto chamado a fazer comentários que eu considero importantes para um cidadão que opina e que é tocado pelos acontecimentos de seu país.
Coisas importantes já foram ditas sobre o significado desta data e eu mesmo já me referi a isto colocando a contraposição entre esquerda e direita como perigosamente capaz de fazer acontecer aquilo que Hegel e Marx chamavam de a “ história como farsa”.
Sobre esta base quero começar discutindo a idéia hoje tão repetida de que é preciso conhecer a história para não repeti-la ,máxima do filósofo estadunidense George Santayanna.
Isto é verdade sim,mas é preciso entender bem o conceito para não ficarmos presos a ele ,sem condições,portanto,de construir o futuro,que eu acho ser o mais decisivo nos dias de hoje.E de sempre,porque se anda é para frente.
Ficar no passado  também é repetir a história e se corre ,com isso, os riscos que os seus erros mal compreendidos venham a  causar novamente  danos  ao presente.No caso do Brasil,um golpe.
Há que mostras às novas gerações o que foi o golpe para evitar que elas sintam um desejo de ditadura,coisa que parece estar ocorrendo agora,mas também é preciso não super-dimensioná-lo para alcançar fins políticos atuais.
Não é legítimo usar o sofrimento destes cidadãos brasileiros para fins político-partidários.
Contudo é lógico,que seguindo este raciocínio de cidadania ,há sim o direito de reparação frente aos atos praticados pelo Estado.
Para os que ficaram aqui e os que voltaram do exílio conhecer o passado impõe,se quisermos encarar o problema da maneira certa,o dever de acabar com o entulho autoritário que ficou da ditadura,cujos exemplos são a  ausência de uma reforma agrária,um ensino básico ruim,o sistema político-eleitoral,criado no pacote de abril de 1977.
Ao mesmo tempo que constatar isto nos coloca diante do fato de que estamos ainda no dia 31 de março, mostra que a única forma de sair é enfrentar o problema,o que não acontece desde os idos de Sarney.
O sistema partidário,embora feito já no final da ditadura, consagra esta contradição terrível,esta fatalidade que todos os sistemas políticos e pessoas ,na sua vida individual,devem encarar para crescer e se não encaram ,desde Sarney é porque não querem e se não querem existe a possibilidade real de uma ditadura.
Se formos aos partidos brasileiros, veremos que a sua estrutura , oscila entre o fisiologismo e a ditadura e o autoritarismo,já que ambos se interpenetram criadoramente.
A tentativa de Fernando Henrique de acabar com o legado de Vargas,sem sucesso,demonstra que também em toda esta relação com o passado está a verdade de que não se quer a ruptura, porque o programa de Jango e de Vargas ainda são referências essenciais de uma política que se pretenda mudar realmente os fundamentos sociais do Brasil,porque isto é o fulcro da análise sincera de Jango e seu governo:ele foi o único que colocou,até mais do que Vargas e sem paralelo com Juscelino ou Geisel,o problema de rever os fundamentos do país,como nação.
Tem gente hoje que acha que liberar o crédito vai criar em definitivo uma classe,  a qual vai sustentar  o fim da pobreza  e a independência econômica do Brasil frente ao exterior,acabando de vez com a possibilidade de crise,mas isto tudo não passa de ilusão,porque a reforma agrária ,a educação,a mudança do sistema político são as condições reais para fazer uma reforma na sociedade.
O último reformista foi Jango.
Juscelino mudou o país,mas sem mexer nestas questões,porque trouxe a indústria do exterior,não criando a nossa.Modernizou as estradas,mas não criou um sistema produtivo interno capaz de justificar estas obras,como escoadouros essenciais do PIB.
A verdade é esta ,Jango foi o último que buscou mudar os alicerces estruturais do país e isto ainda é a tarefa de nosso tempo.
Associando inclusive o desenvolvimentismo coma questão social,posta na vida política,a partir de 1930.

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