quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Análise de conjuntura

Sempre que os acontecimentos da politica se avolumam e precipitam não resisto a vir aqui fazer esta “ famosa” análise de conjuntura.
E me acostumei,acima de tudo,a notar certos fatos corriqueiros,que não chamam a atenção de ninguém ou parecem banais.
Dois fatos,neste sentido,avultam antes ,durante e depois do natal:o filmezinho mediocre da “ Porta dos Fundos” e os dois coquetéis molotov lançados sobre a produtora;e a tentativa do prefeito Crivella de ,no reveillon ,apresentar um show gospel,pedido denegado pelo tribunal de justiça do rio de janeiro,muito justamente,seguindo a constituição.
Vou começar por este último:ora,fica claro que este pedido se integra numa estratégia clara do prefeito evangélico de provocar uma reação mais do que esperada quanto a esta denegação:como não pode o prefeito envolver a sua condição pública num projeto pessoal que se coaduna com a sua escolha religiosa pessoal e não atacar os truques pelos quais os valores da rede globo,na sua promiscuidade com o estado que permitem a ela poder passar valores rejeitados pela maioria religiosa da população,como homoafetividade?
Dentro do princípio liberal que norteia os governos pró-bolsonaristas,quem não tem receptividade do mercado não deve usar o estado para reproduzir a sua mensagem e fazer um nicho.Ou,pelo menos,se isto vale para uma grande empresa televisiva,deve valer para o pequeno(como eu,por exemplo...).
Se não há direito de fazer um show gospel no reveillon a Rede Globo não tem o direito de passar o seu discurso,o tempo todo,só porque o estado o apóia.O estado,no sentido geral do termo:os contratos feitos pelos governos anteriores,que Bolsonaro quer cassar( e Crivella e Witzel).
O primeiro caso citado é semelhante:semanas atrás eu disse que que este filmezinho porcaria era uma provocação de dentro das hostes religiosas,mas não importa se eu estou errado ou certo em dizê-lo.Importa é que ele cumpriu o papel de provocar comoção nestas mesmas hostes.É mais uma tentativa de reunir o povo religioso em torno de uma causa que justifique um(o)golpe.
Nós estamos naquele momento de preparação da “ Marcha com Deus”.Se ela vier a ocorrer estamos fritos e é por isto que eu reitero ao centro,à centro esquerda ,à Ciro Gomes ,que preencha este vazio da democracia ,já que o PT e a esquerda radical,no seu bater de pézinhos,confronta Bolsonaro e o ajuda a criar o clima para o que ele quer.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Esclarecimentos sobre a minha concepção de nação

Tenho sempre que voltar aos mesmos temas que reitero porque fica sempre alguma coisa sem compreensão de quem me lê.
Os que acompanham o processo de impeachment de Trump têm percebido que este presidente tem tudo para se salvar ,na medida em que se coloca ao lado do americano médio,que se sente esquecido pelas visões internacionalistas da esquerda.Aliás foi isto o que garantiu a eleição de Trump e eu já analisei o fato na época do pleito.
Mas agora as consequencias deste posicionamento de Trump criam outros problemas de compreensão quanto ao problema nacional e a minha visão.
Para mim é um falso problema colocar internacionalismo e nacional (não exaltação nacionalista)contrapostos.O internacionalismo dos comunistas e marxistas é que confundiu isto tudo.
Por causa da posição de Trump os imigrantes ficaram de fora ,excluídos,notadamente os latinos,que fizeram,inclusive uma marcha.
Porque não pode haver um entendimento mundial para que os povos mais ricos ajudem os mais pobres a sair da miséria e prover os seus nacionais da maneira certa?Existem muitas e muitas justificativas para não fazer,mas é tudo falso.
O modo como agem as grandes potências,eu já disse,regula com o seu passado colonial,imperialista.Muito embora não exista mais um imperialismo,como dominação militar ou civil sobre as colônias,a obra da colonialismo continua aí.
Joaquim Nabuco disse que a escravidão tinha acabado,mas que sua “ obra” continuaria por muito tempo.O mesmo se diz do colonialismo.
Florestan Fernandes explicou como funcionava o pacto colonial:a metrópole domina a colônia através de uma elite(chamada na américa latina de elite “ criolla”,” creóle).Isto acontece porque esta elite,além de dominar mais eficazmente a colônia serve de mercado para os produtos altamente valorizados da metrópole.Nós todos sabemos:a metrópole extrai as matérias-primas da colônia,leva para ela própria ,produz bens de qualidade,que são consumidos pela elite citada,capaz de comprá-los.Mas o povo autóctone não tem condições de fazê-lo,pois os seus salários são baixos,propositalmente baixos,para explorar a mão-obra destes lugares e ganhar com esta super-exploração.
O café brasileiro ainda vive no meio deste esqueminha.Repito:ainda que não haja mais imperialismo,a sua “ obra” continua aí.O mesmo se diz do futebol.
Todas estas crises envolvendo Alemanha e Grécia,Siria e Europa,pirataria no chifre da Àfrica, são a continuidade desta “ obra”.
As elites autóctones permanecem lá ,usufruindo do esqueminha.Quando ocorre algum tipo de descontinuidade,por qualquer motivo,este esquema se revela.Vejamos na Siria:quando o velho Assad foi substitutido pelo filho,certas alianças entre as elites locais e a Europa se esboroaram,enfraquecendo o governo.Isso permitiu a criação de uma oposição ,legitima,que sem conseguir o poder ,enfraqueceu todo o sistema politico,originando uma guerrra civil,a qual abriu um vácuo,ocupado por aproveitadores(Estado Islâmico).Até aí tudo nos conformes.Mas porquê as potências européias não invadiram a Siria para proteger a população indefesa?Porque os Estados Unidos não foram lá?Apesar de ser certo que a ONU deveria ter entrado,porque ninguém deu força a esta ideia óbvia?Porque os interesses dos EUA,da Europa,não permitiram.Não era possível no entender destes interesses se opor à Rússia,aliada da Siria.E a Rússia faz a aliança com esta ditadura para justamente não permitir que estes interesses hegemônicos,desde o neo-colonialismo,prosperem sozinhos,tranquilamente.
Se não fosse assim,no entanto,as potências entrariam e colocariam lá elites semelhantes para dar continuidade à inana.Algo parecido ocorreu na Libia.
Trump ,no seu furor nacionalista é um hipócrita porque ele sabe que os EUA e o G-7 precisam eventualmente desta mão-de-obra barata,a “ obra” do imperialismo prosseguindo.Se no passado esta mão-de-obra ficava no seu lugar ,hoje ela migra de acordo com as conveniências da metrópole.
Trump obteve dividendos eleitorais ,obteve ganhos mercadológicos,dinamismo econômico,mas ele sabe e todo mundo sabe que sem proposta não vai prescindir a longo do prazo do retorno destes trabalhadores de fora.A não ser que as nações se emancipem e se tornem auto-suficientes o problema vai continuar.E Trump só enxerga a ponta do nariz,não mais do que isto.
Quando aconteceu o 11 de setembro muita gente propõs um plano Marshal para o Orienvte de modo a acabar com a miséria destes países e terminar o ressentimento deles contra a metrópole.Eu e Maria da Conceição Tavares rimos muito disto aí:em primeiro lugar o oriente muçulmano apenas é quase quatro vezes maior que a Europa Ocidental;em segundo isto daria mais hegemonia às potências centrais,o que não seria aceito por ninguém,muito justamente.
O que tem que ocorrer,e eu acho que isto é o inicio de uma constituição jurídica de uma comunidade universal e politica de fato é a superação da “ obra” do pacto colonial,emancipando de fato as nações todas,individualmente e/ou por regiões,contando para isso com a ajuda de todos,dos mais ricos para os mais pobres.Os interesses reincidentes da colonialismo,no entanto,permanecem.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Rede Globo ,Sagrada Família e outros temas

Recebendo na rua um Jornal da Igreja da Graça,li uma matéria sobre as discrepâncias entre os patrocinadores da Globo e os valores correntes da emissora.Nunca pensei que fosse ver a Rede Globo correr os mesmos riscos que outras emissoras tiveram ao longo da minha vida:Tv Tupi,Manchete.Morrem os velhos e aí tudo se esboroa.
Com o crescimento das igrejas evangélicas ,que possuem uma caapcidade muito maior de cooptação sobre o povo brasileiro,o mercado das televisões mudou em seus valores.
A liberdade sexual ,o “ american way of life”,a juventude ,que fizeram a Rede Globo,estão sendo superados pelo conservadorismo cristão,já acantonados em outras emissoras.Estas,há muito tempo vêm tentando acabar com o monopólio da Globo,idéia muito justa,porque ninguém tem o direito de dominar totalmente o “espaço público”.Mas o que virá com a quebra deste monopólio será melhor?
Na última vez que tratei deste assunto revelei que somente agora percebi as intenções de Cândido Mendes,no passado,de fazer uma aliança cristã entre os evangélicos e os católicos:era para sedimentar os valores cristãos conservadores diante da “ modernidade”.A modernidade é representada pela Globo.Sendo uma televisão fundamentalmente católica ,não poderia propagar os valores supraditos.E é aí que reside o esforço de cooptação da Igreja Católica ,para deixar de apoiar a Globo:mostrar a ela a contradição em que vive.Este é um dos motes de Damares e se e quando isto ocorrer a base social para um eventual golpe estará dada.
Por incrível que pareça as hostes democráticas dependem da Globo e de seu epigono,Sergio Moro, para evitar esta catástrofe.Por isto entendo que o ataque pessoal de Lula e do PT a Moro e à Globo favorecem à direita e ao golpe.
Os patrocinadores da Globo querem uma mudança de valores e isto ,de um jeito ou de outro acabará com a “ antiga” Globo:se essa negar-se a mudar corre o rsico de desparecer;se mudar não será senão muito diferente da record,no mínimo.
O procedimento de fazer a Sagrada Família parecer uma família moderna com todos os problemas deplorados pelos cristãos,vem de dentro destas fileiras mesmo,para provocar comoção e reunir os cristãos numa reação,como já está ocorrendo.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

A carne e os chineses

As noticias da alta da carne,por causa dos chineses,confirma o que eu disse semanas atrás:o jumento presidente trouxe para dentro do Brasil,através da Amazônia,o conflito sino-americano e ele começa atingir o Brasil.
De um lado Trump resolve taxar produtos brasileiros,de outro os chineses competem com o Brasil e o prejudicam.
Não consigo entender a doutrina diplomática brasileira,talvez militar,que justifique ter feito isto.Pedir aos Estados Unidos que apóiem o Brasil é ruim de toda a maneira,mas pelo menos é coerente com o que este governo pensa(se é que pensa).
Trazer estes dois países seria talvez algo bom se fosse para jogar um contra o outro e daí tirar vantagens para o Brasil,mas não dá para pensar assim diante do que ocorre.Estes dois países estão agredindo e forçando o Brasil,não o ajudando.
Não consigo ver como o Brasil vai obter algum tipo de ganho diante destas duas forçações de barra destes gigantes econômicos que ensaiam para 2012 um embate histórico decisivo,quando a China atingir o PIB dos Estados Unidos.
E logicamente ,o pior de tudo é que a Amazônia fica ameaçada,não protegida.Estados Unidos e China(bem como a Rússia)têm interesse na água e não só da Amazônia,mas da Bolivia.A crise que retirou Evo Morales derivou do fortalecimento da direita em seu país.A Bolivia tem um lençol de água em seu subterrâneo que aguça a cobiça destas potências.
È um jogo perigoso e irresponsável deste governo trazer para o interior da politica brasileira estas potências,que não se preocupam senão com elas próprias.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Mulher militante não é mulher,é militante

Tenho feito aqui ao longo dos anos críticas ao movimento feminista.Este artigo prossegue estes meus “ estudos”.Se efetivamente como justamente a mulher exige total igualdade social e psicológica com o homem ,em nenhum momento da vida pode ser utilizada a condição de gênero para obter vantagens,principalmente na politica.Mas não só:a política segue a vida.Se a mulher é igual ao homem ela pode fazer tudo o que o homem faz.Se não pode deve haver uma justificativa muito boa e muito bem fundamentada ,que evite em última instância a justificativa de gênero para não fazer.
Se não houver critérios deste tipo a mulher se presta a um tipo de manipulação muito antiga,que vem da Mesopotâmia e do Egito,mas adquiriu uma roupagem moderna no cristianismo.
No plano da politica e do mercado a mulher serve de biombo para interesses masculinos,que estão por trás dela.Apresentar a mulher como vítima e como problema especifico tem uma repercusssão politica e mercadológica que não ocorre com o homem,se este for,como acontece, vítima de alguma injustiça também.É a mulher que reproduz o esquema do capital,inclusive baixando o nível do produto vendido:qualquer corpo sarado chama mais atenção do que o “ paciente mérito”;qualquer fofoca ou tons de cinza tem passagem com a mulher ,que compra estas porcarias.
Na politica a mesma coisa:não é que o problema feminino,como repressão,desigualdade no tratamento,inclusive no trabalho,não exista,existe sim.Mas mesmo o movimento feminista,no afã de controlar setores feministas,eleitoralmente,não impulsiona a emancipação definitiva e geral da mulher,porque isto inviabilizaria e terminaria(com sucesso)o movimento.
A mulher não criou o patriarcado,longe disto,mas ela o reproduz ,através do machismo,exigindo do homem ,como condição inevitável de seu gênero,uma postura de mando,que só vale socialmente,mas não no mundo privado ,onde ela manipula este poder em seu proveito.Esta é a matriz da violência doméstica.
A mulher não criou o machismo,mas o reproduz na medida em que manipula também ,muitas vezes,como defesa ,o mundo masculino a seu favor,perdendo junto com ele,os elementos de amor e afeição necessários para uma vida saudável.O complexo de cinderela é bastante elucidativo quanto a isto:a contraposição do homem da casa ao amante e vice-versa mantém o interesse egoistico da mulher.Neste caso o contexto repressivo masculino justifica a prática em grande parte,mas ,não raro,a mulher usa de forma manipulatória ,o que configura uma forma de preconceito em relação ao homem.Partindo do principio de que todo homem é machista e violento a mulher se previne com este complexo,manipulando a situação e unindo,tanto quanto o homem,o amor com o poder.
Se os partidos e os movimentos têm uma responsabilidade educativa no processo emancipatório da mulher devem obrigatoriamente dar o exemplo,exigindo um comportamento estritamente igualitário da mulher em relação ao homem e se não for possível usar as exceções supracitadas,não o gênero.