quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Sr. Presidente:o senhor não governa

Mais uma polêmica,mais xingamentos,mais fake news e o governo fica sem governar,como eu pedi e exigi.Eu sou frequentemente acusado de delirar na maionese,de acreditar piamente em teorias conspiratórias ,mas não dá para não acreditar que tudo isto não seja de caso pensado para o presidente encontrar um motivo para renunciar e colocar os militares ou para ele mesmo ,se sentindo acuado,justificar um regime autoritário,como Eduardo Bolsonaro insinuou diante desta “nova” crise do porteiro.
Numa entrevista a Leda Nagle Eduardo ameaçou implantar um AI-5 através de plebiscito se a esquerda radicalizar,culpando o pai de tudo.Mas a esquerda,embora muito ruim,não tem nada a ver com isto,nada.
O governo chegou ao seu limite de tentativas de desestabilização para justificar uma solução de força,que foi este o objetivo desde o inicio.Pela primeira vez ficaram claros estes propósitos e a situação politica conjuntural geral se complica muito,como no tempo da transição.
Com a ameaça de Eduardo Bolsonaro,provocando uma confrontação ,a questão de se se deve aceitá-la torna-se fulcral,porque se houver confrontação a este ato de ataque à democracia,pode justificar a sua destruição por parte deste governo,cercado de militares.
Como tenho dito não há unidade na base social e civil do governo,mas a indiferença eventual do povo pode permitir a estes militares usar a força,apenas com um problema:se a caserna estará disposta,como parece não estar,de se lançar numa aventura anti-comunista,quando os comunistas cabem numa kombi.
Muito embora do ponto de vista legal os militares que estão no governo já estejam reformados e os demais ocupem postos institucionais, fica a dúvida se o contato com os quartéis é contagioso.
De outro lado a posição do atual presidente da Câmara,Rodrigo Maia, que propôs punição a Eduardo,fica igualmente ambígua porque não se sabe se esta postulação é para parar a marcha da força ou fomentá-la em proveito próprio.
Mas a situação que causa mais expectativa é a da esquerda mesmo,e eu repito aquilo que tenho dito estes anos todos:não confrontar é a palavra de ordem.Saber se conduzir agora,no estrito caminho da democracia e suas instituições,é fundamental para que ela continue.
Pelo menos na linguagem isto parece ser um compromisso da esquerda,mas o seu exclusivismo,resto da concepção tradicional da luta de classes,identificado com um setor só do país,a generalidade dos “pobres”,não é uma boa via de relacionamento com a democracia,porque pode espicaçar setores de classe média e o Brasil ,já dividido,pode entrar numa rota de colisão.
Neste momento a presença dos militares e o seu discurso mudarão para oferecer ao povo brasileiro ou a estes setores supostamente ameaçados ,uma proteção.
Repito o que tenho dito:se a esquerda não defender o país como um todo e induzir a mais divisões, o risco desta situação aparentemente pifia se descontrolar é grande.
Vamos acompanhar o desenrolar dos acontecimentos,mas antes do final,uma observação eu quero fazer:no meu entendimento esta é a última tentativa deste governo vacuoso de se manter no poder.Se não der certo esta estratégia o Presidente dificilmente permanecerá e aí o problema serão os militares:será que eles herdarão este vazio do Presidente ou serão algo diferente?Ou 64 de novo?
Em todo caso continua não havendo governo.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Uma defesa de Paulo Freire

Muitos artigos atrás disse que o patrono da educação brasileira era Anisio Teixeira,por abordar a questão nacional,e mantenho esta minha assertiva.
É discutível a postura educacional de Paulo Freire,de mediatizar a educação com a ideologia,pelo fato de favorecer o partidismo,em muitos casos passando por cima da escolha consciente do oprimido,mas em outro artigo tratarei do seu método.
O professor,por mais que queira ser isento,diante de certos fatos,não tem como não alertar os seus alunos.Tenho escrito artigos sobre o dia do professor,” comemorado” no dia 15 último e me reporto,muitas vezes,a experiências pessoais,comuns a todos os professores:uma destas experiências é a má qualidade do ensino,a excludência que incide sobre determinadas faculdades particulares,que atinge os alunos.Este último fenômeno era muito comum ,no passado(e ainda hoje),quanto à escola pública:o aluno de escola pública não saía preparado e não era priorizado na hora do primeiro emprego.Estudiosos afirmam que ,ainda que não se diga isto hoje,a prática,ocorre,porque o aluno de escolas particulares está mais preparado.
Diante de uma situação como esta um professor consciente tem que advertir os seus alunos,senão os estará enganando.A sala de aula não é dissociada da vida.Há um conceito pedagógico dando conta de que na hora do estudo o professor tem que induzir o aluno a gostar do que ele vê imediatamente,mas em certos contextos históricos e sociais uma blindagem deste tipo não é possível porque a realidade de fora da escola passa por cima dela inexoravelmente.
Quando era professor de faculdade particular,na área de direito,fiquei sabendo do absurdo de certos escritórios não aceitarem alunos oriundos de algumas delas,ato discriminatório pura e simples e preveni os meus aprendentes desta situação,não deixando de criticar a minha empregadora por não tratar do problema.Isto não é ideologizar,é dizer a verdade e cumprir com o dever de professor.
Mas duas coisas eu queria dizer a respeito de Paulo Freire:a primeira diz respeito à acusação da direita “ moderna” quanto à sua responsabilidade no analfabetismo funcional reinante hoje.Como já expliquei nos artigos anteriores não se falava em Paulo Freire na época da ditadura,porque isto dava cadeia.Foi a ditadura,usando Piaget(sem o consentimento dele),que acabou com a capacidade abstrativa do aluno,em favor da apreensão concreta da realidade,o que facilitava o projeto de inserir este “ novo aluno” numa prepocupação com as necessidades imediatas de sua vida,sem conectá-las com os problemas gerais,coletivos,nacionais,coisa que perdura até aos dias de hoje.
Pode-se objetar que o método Paulo Freire é assim e esta é outra discussão,mas ele não inseriu as suas propostas neste projeto de “ analfabetização” da sociedade.O objetivo dele era mais especifico.
A segunda coisa é que Paulo Freire é,a meu ver,um dos maiores críticos do stalinismo e do totalitarismo em geral.Quando eu já estava em crise com o stalinismo,o insight de Paulo Freire,em certo texto,foi decisivo para marcar a minha oposição a esta forma de violência politica de esquerda.Eu cito aqui a frase dele,mais ou menos,de memória:”o totalitarismo stalinista é completamente reacionário porque ele parte do pressuposto de que destruindo toda uma sociedade para colocar outra,melhor,no lugar,é possível construir a utopia.”
Quer dizer ,o rompimento violento com o passado é ilegítimo,por mais que o passado seja reacionário.Como um bom professor ele mostra que a atitude de ensino não é compatível com a violência,a destruição,mas com a construção.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Ciro Gomes III

É uma lástima na história do Brasil que a centro -esquerda queira sempre ser mais radical do que a esquerda propriamente dita.O medo de ficar no centro é cair na direita,então o centro-esquerda sempre pende para a esquerda radical,mas o lugar dele é na centro-esquerda mesmo.
O caso clássico que eu já analisei na história do Brasil é o de Brizola que,antes de Prestes entrar no PDT,era profundamente anti-comunista mas radicalizava para competir com os comunistas,inflando uma situação de perigo vermelho,da qual ele fazia parte.
Mas Ciro Gomes está repetindo estes erros do passado e de Brizola.O caminho do centro,da centro esquerda é não radicalizar,é se apoiar nas características médias do povo brasileiro para impulsionar o Brasil,dexiando de lado estes extremos que não ajudam em nada.O debate aqui no Brasil(e em muitos lugares)é esta gangorra mercado/estado,mas o que a equilibra é a nação.
Ciro fica fazendo elogios à politica externa do PT ,bem como a realizações de seu governo,esperando capitalizar setores do partido para si,numa lógica impossível,porque o petista não vai fazer isto e na hora de lutar por espaço,no plano de cima da politica, o choque é inevitável e ele,Ciro, perde.
Talvez o candidato não queira fazer a ligação direta com o pvo,que fez as manifestações,e com a média ética da sociedade brasileira,fiel à democracia dos partidos,mas a conexão é legítima e afinal não é verdade que ele não possa fazer alianças partidárias boas para seu projeto.
Mas aí ,como eu disse,o medo da direita,dos partidos da direita, faz o seu papel psiquico de translação para a ultra-esquerda e para o vocabulário compulsivo.
Ganhando o povo brasileiro,Ciro pode pressionar setores do PT e de outros partidos ,como PPS e PSB,para sua candidatura e evitar esta queda para a direita.
O que opera esta queda é ficar em cima do muro,sem proposta ou programa ou com um discurso truncado,que se revelou na eleição do ano passado.Vou tratar disto em outro artigo.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O professor é despesa,o aluno receita III

Na universidade pública existem problemas semelhantes a estes da universidade particular.Aí o problema mais sério é a questão da politica,dos grupos politicos que se imiscuem na atividade e progressão profissional dos mestres.
É uma lástima para um país que os universitários de muitas gerações não tivessem entrado em contato na sala de aula com Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro,que,por motivos politicos vários(à esquerda e à direita)não puderam atuar muito,como deveriam.Uma geração mais antiga e outra mais nova precisam estar em contato antes que a primeira se vá.
Mas também a ditadura ,acompanhada pela esquerda que voltou do exilio,incorporou o projeto americano de direita de “ profissionalizar” os professores,em detrimento do intelectual clássico interdisciplinar,muito comum,antes dos anos sessenta,como de corrência de toda uma época clássica.
Foi este intelectual que agitou os “sixties”,mas este abalo gerou uma reação igual e contrária da direita,que ,no plano educacional,criou as faculdades particulares,mais calcadas nas atividades com resultado econômico direto,ditas “ profissionais”(como se filosofia não fosse...),ganhando a maioria silenciosa para este projeto,mas não só:a esquerda ,voltando do exilio,aceitou esta “ profissionalização”,especializando-se de forma radical,porque este é o significado desta profissionalização,a especialização em lugar da interdisciplinaridade,tida e havida,a partir de agora,como “ diletantismo”.
Uma das medidas por que se pode avaliar os efeitos desta especialização profundamente radical e interessada,é o famoso “analfabetismo funcional”,que está sempre presente no discurso acusatório de Olavo de Carvalho,muito embora ele atribua esta situação a Paulo Freire,o que não faz sentido nenhum.
No passado os manuais(que duravam o curso todo)seguiam uma metodologia dissertativa simples,do simples para o complexo(Descartes) e resultava.
Agora,com a ditadura desta pós-graduação americana tudo são textos,reunidos sem muita conexão,para empanturrar alunos despreparados.E fingir que se está ensinando,sem falar no favorecimento dos grupos politicos que se enquistaram na pós,do mestrado até ao pós-doutorado.Eu me lembro que numa univercidade em que lecionava aí ,no inicio do ano,me deram 40 textos ,em latim,francês e inglês,para levar para Bangu,Campo Grande e outros lugares...
No passado,o último suspiro do pensamento clássico foi a constatação óbvia de que todo o texto tem um contexto.Se alfabetizar definitivamente era e é relacionar um texto com o seu contexto,que se percebe,se se tiver esta compreensão prévia do ato de ler,nas entrelinhas.
Com esta formação que tive,quando entrei nos mestrados pensei que ia ser assim,mas qual não foi a minha surpresa ao notar a proibição de abordar o contexto junto com o texto.
O aluno de faculdade particular tem de modo geral um analfabetismo que vem desde o ensino básico,mas o das faculdades públicas é algo mais “ sofisticado”:ele é treinado para reproduzir este esquema profissional,sem contestar coisa nenhuma e se adaptar aos esquemas politicos da graduação e da pós.Mas é analfabetismo sim,porque não se entende um texto sem contexto.Em próximo artigo eu vou dar exemplos disto.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

O carnaval e o socialismo

Persiste o problema do Carnaval do Rio de Janeiro,com a queda de braço entre Crivella e Witzel.Crivella ataca o carnaval para favorecer a religião, com seus valores,atingidos,no entender dele, pelos do Carnaval,extremamente sexualizado.
Witzel se aproveita disto(será que não é tudo armação,eu pergunto?)para angariar apoio do povo se oferecendo para dirigir a festa.Crivella aceita e com isto também obtém aprovação,mesmo do pessoal do carnaval(não será tudo de caso pensado,eu pergunto?).E tudo continua dantes no quartel de abrantes...
Este imbroglio atende a vários interesses(não será tudo de propósito,eu pergunto?):a religião,através do prefeito, arma um circo para tirar a rede globo do carnaval e favorecer a si própria,liberando a midia.Os seus valores majoritários vencem os da Globo,que fica dependente de outra ajuda(estado[witzel]),que,por seu lado,lhe impõe determinados limites,mas ganha também ,junto com a televisão,um capital considerável(Witzel).
Mas eu pergunto também se numa perspectiva socialista isto não poderia ser resolvido de maneira republicana ,como eu já sugeri no caso da zona oeste,artigos atrás:o pessoal do carnaval tem em volta de si muitos empregos que não podem ser extinguidos se a festa o for.E nem a religião pode obrigar estes trabalhadores a migrar para a área da religião,mudando a sua escolha existencial.
Então o direito do carnaval prosseguir é legitimo e tem que ser protegido pelo estado,o qual não tem o direito de só chupá-lo como a uma manga,mas devolvendo ,numa visão obrigatoriamente coletiva,ao povo em geral,algo do capital recebido para construir escolas,ajudar os mais pobres(no espirito de Cristo que veio à terra para priorizar os desvalidos)e acabar com a exclusão,porque dinheiro tem.
Ao se falar isto ,ao se defender esta postura claramente socialista de divisão do capital,todo mundo pula na cadeira “ comunismo”,ofensa à propriedade!(os comunistas criticam também chamado de traição..)Mas estes fundamentos provêem de Locke e seu “ Segundo Tratado do Governo Civil”,que muita gente anticomunista aí nas rádios não cita.Este livro é o fundamento da consituição dos Estados Unidos e de sua ideologia formadora.
No segundo capitulo “ Da propriedade” Locke usa o exemplo de um indio americano que quando tira uma fruta de uma árvore ,esta fruta é dele.O anticomunismo moderno entende este princípio como o direito de uma pessoa só de tomar tudo para si ,pelo esforço e com dinheiro,mas o que Locke diz é que todas as pessoas têm o direito de ter a sua propriedade se protegendo da predação dos outros.
Foi com este entendimento que o Presidente democrata Ted Roosevelt acabou com os monopólios nos EUA.
Assim sendo cada um tem o seu lugar ,guardando a evidência(descoberta também por Locke)da desigualdade natural dos homens:a religião tem o seu lugar,o carnaval também e o cidadão comum.Cada um ganha o seu quinhão e com os tributos(assunto do próximo artigo)é possível investir no social ,nas pessoas excluídas.Porque ninguém pensa assim?Em outro artigo responderei a esta pergunta.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Ciro Gomes II

Nem bem publiquei o primeiro artigo sobre Ciro Gomes e vi uma noticia dando conta de Lula acenando para o cearense.O aceno teve um quê de ironia,porque na primeira campanha vitoriosa de Lula,este disse que quando Ciro não tem o que dizer o ataca e isto é uma avaliação correta da situação porque Ciro só bate no PT,sem entender a complexidade do processo politico ,que apresenta alternativas a explorar.
Não é bater o tempo todo no PT para angariar apoio.Isto na verdade só ajuda ao PT.O irmão de Ciro ,Cid,tentou mostrar ao PT os seus erros e o partido rejeitou,então a melhor forma de ganhar do PT(e o PT) é criar uma alternativa que leve setores da esquerda,inclusive do PT, para um caminho diferente,social e nacional,distinto do PT.
Hoje o governador do Ceará fez comentários semelhantes ao que faço agora,mas o que une tudo é a certeza de que não tem sentido ficar confrontando o Presidente Lula,mas buscar esta outra via.
Pode-se pensar em tentar cooptar setores do PT muito insatisfeitos com os rumos do Partido.Exemplo:aqui no Rio de Janeiro a candidatura de Marcia Tiburi foi imposta por São Paulo e eu já disse que esta insistência chata em “ Lula livre”,é para preservar os interesses em torno dele,que afinal são os do partido,já que o PT só susbsiste como tal por causa da classe operária de São Paulo,sindicalizada.
Não é o caso de destruir o PT,mas de mudá-lo.Destruir um partido de esquerda a esta altura implicaria num risco sério de continuar favorecendo a direita.
Sempre pensei em Ciro Gomes como alguém capaz de criar e viabilizar uma alternativa ,mas votei em Haddad em 2018,porque naquele momento em que Bolsonaro crescia só era possível contar com o ex-prefeito de São Paulo capital e a resistência de Ciro em apoiá-lo dividiu(mais uma vez)a esquerda,porque Ciro só tem 18% dos votos.A sua impulsividade personalista,o seu lado arcaico,predominou ,em um momento muito delicado do Brasil.
Agora,contudo,é diferente, porque há tempo para construir um eleitorado em torno de Ciro,se ele entender que deve carrear o que grande parte do povo brasileiro quer:a superação desta polarização anti-nacional entre uma esquerda ultrapassada e uma direita desqualificada como sempre,mas que,pela primeira vez cresceu de fato.
Desde as manifestações de 2013 este sentimento vem crescendo ,para além de Lula ou Dilma, e é preciso alguém para explorar este novo fenômeno sócio-político,que ainda está presente no cotidiano do brasileiro.
Bolsonaro tem tudo para ser só um acidente se um candidato mais antenado e com esta perspectiva,souber pensar mais em termos coletivos e nacionais do que em termos pessoais.
Ora ,ficar atacando Lula é o que o mesmo quer.Lula deve ser esvaziado,positivamente,democraticamente,ou seja, a partir da construção de um novo sentido da politica ,por dentro da politica e da sociedade.
Ciro tem a oportunidade histórica de não só acabar com esta polarização,mas também tirar o Brasil da guerra-fria,de 64 e retornando às bases da , garantir que a prioridade das discussões politicas nacionais,gire em torno do Brasil.
Não se trata de social-democracia ou trabalhismo,embora isto esteja aí rondando,mas de trazer o pensamento para a realidade e não ficar nestas ilusões à direita e à esquerda,nestes modelos velhos,para,pelo menos,diante do país,começar a abordá-lo.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

O aluno é receita o professor é despesa II

O problema da autoridade

Continuando o raciocinio do artigo anterior ,como manter a autoridade exigida do professor se ele é meramente um carimbador de diploma,pelo menos na área privada?
Esta pergunta é muito importante para mim porque ela mostra as contradições de nossa sociedade ,que tece loas aos professores,mas na hora H contribui para a diminuição do seu papel,para o seu desgaste.
Muita gente que comemorou a importância do mestre no dia 15 de outubro é aluna nas escolas e quando o professor exerce a sua autoridade,reprovando inclusive,ele vai até à diretoria pedir para ser aprovado e...consegue.
As universidades particulares ,mesmo as tradicionais ,não estão livres de interesses politicos e mercadológicos e neste sentido elas reproduzem ainda o pacto colonial e o sistema implantado pela ditadura que não é mais do que um aprofundamento disto daí.Mão-de-obra barata,que exporta para o exterior matérias -primas ,as quais são devolvidas de lá,em preços inacessíveis para quem as enviou(alienação).
Muita gente,inlcusive nas classes menos favorecidas,teve a oportunidade de estudar em faculdades,só depois de uma certa idade e estas faculdades lhe criaram muitas facilidades para isto.Só que estas pessoas,tendo que trabalhar muito cedo,adquirem condição econômica para realizar um sonho para o qual muitas vezes não estão preparadas.E também porque o objetivo é criar um profissional razoável apenas,para ganhar um dinheirinho e pagar impostos,o que muitas vezes não é o que a nação precisa.Este é o esquema básico da cooptação do aluno,pelas instituições e por mais que o aluno adore o professor,na hora H,repito não há admiração que o impeça de passar por cima de seu mestre(com a ajuda do dono da escola).E a maioria dos professores é obrigada a aceitar isto para garantir o seu emprego e o seu sonho de dar aula.
Isto é uma complexificação da acumulação primitiva,da rotatividade de mão-de-obra barata,porque de tempos em tempos os professores são demitidos paar reiniciar este processo ciclico de manipulação e exploração,que garante lucros escorchantes às instituições até que elas se dissolvam em corrupção,dividas e se desgastem com a má prestação de serviço,notada pelo governo,que as desqualifica.Mas o processo não termina.
Isto é um microcosmo da atitude geral do brasileiro que não reconhece a sua participação na questão geral da má educação,não cortando na sua própria carne se for preciso:se uma discussão sobre a qualidade do ensino for feita a maioria vai ser excluída e isto não vai ser aceito,mas ,um dia isto vai ter que acontecer e a perspectiva individual profissional,no mínimo,vai ter que se conectar com as exigências coletivas da nação.
Este governo que aí está mente sobre a questão da autoridade do professor ,propondo militarização das escolas,mas ajuda nesta mercadologia quando apóia a pura e simples afirmação do mercado,numa contradição que não reconhece e por isto não ataca.
Se não houver controle nacional do mercado,principalmente na educação,o efeito do colonialismo,que Bolsonaro critica na ONU,vai prossseguir no Brasil,com a ajuda dele.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

O aluno é receita ,o professor é despesa

Reflexões sobre o professor no seu dia

Muito embora este artigo tenha sido para ser publicado no dia 15,o sobrecarrego de trabalho deste articulista modesto,não raro,o impede de cumprir as suas promessas,mas ele cumpre,como se pode ver agora.
Quando era professor em escolas particulares,predominantemente,eu costumava brincar com os alunos dizendo a frase acima,que intitula este artigo.
No que tange à faculdades particulares,isto corresponde,mutatis mutandi,mais complexificado,ao que Darcy Ribeiro dizia no passado:”nas faculdades particulares o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende”.
Mais complexificado quer dizer que a universidade particular no Brasil ,além de promover este tipo de falsificação da atividade de ensino/aprendizagem,representa o sistema de capitalismo atrasado e autárquico do Brasil,acrescido dos interesses mais escusos,” escondidos” sob a ditadura militar.
Ainda que seja só um setor da educação brasileira, faz parte do quadro de manipulação e exclusão do povo brasileiro da melhor educação,que lhe é devida,por ordem da constituição de 88.
Disse outras vezes e repito que o grande problema do Brasil é que o capitalismo nacional quer respostas rápidas para seus investimentos.Quer dizer ,a cada investimento,o lucro em retorno tem que ser imediato.
Não que isto não ocorra nos países centrais,mas lá,por razões históricas,a cultura está mais disseminada pelo povo,que não precisa ser formado para obter os resultados culturais necessários à nação,como aqui em nosso país.Nós somos um país por fazer.Não é que o povo brasileiro não seja capaz de produzir conhecimento,entendam bem,mas somos atrasados e dependentes dos outros países.”
Se queres ser universal,volta-te para tua aldeia”.O Brasil precisa produzir tendo como referência nossa “ aldeia”.Mas nós só temos como referência o que vem de fora.
E as universidades particulares vieram de fora,dentro do projeto americano de cooptar a juventude crítica dos anos sessenta para interesses financeiros e profissionais imediatos.
Neste sentido o aluno paga uma universidade para ter o carimbo do professor no seu diploma,que o fará ganhar dinheiro e devolver ao capitalismo o que ele quer:dinheiro,capital,num circulo vicioso permanente,em que o professor é mera peça de engrenagem,no processo de massificação alienada da juventude.
Isto não foi feito por Paulo Freire ,como dizem alguns idiotas aí da direita,pelo youtube,mas pela ditadura,usando Piaget(sem o perguntar,que analisava crianças).Tudo tem como referência o imediato,a ponta do nariz:o professor tem que viabilizar o ganho imediato do dinheirinho do aluno,que vai sair da instituição,evitando que ele perca tempo com questões humanas e transcendentes,politicas e culturais.
Assim sendo qualquer professor pode ser substituido por outro ,semestralmente,num processo de acumulação primitiva,porque qualquer um sabe carimbar um diploma.
A rotatividade semestral da mão-de-obra,do professor,garante lucros extorsivos neste processo perverso ,que se alimenta permanentemente,sem que este lucro seja reinvestido em educação.
Uma pessoa leva anos paras e formar e a melhor formação é aquela que não espera ,de imediato,o lucro.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Ciro Gomes

Uma vez o advogado Sobral Pinto fez uma crítica a Juscelino Kubistchek e este o convidou para fazer parte do seu governo. .Sobral se recusou alegando que fizera a crítica apenas pelo seu direito de cidadão,não para obter vantagens.
Neste artigo eu cito diretamente um politico conhecido dentro deste espirito do doutor Sobral:não é cavadinha,é o meu direito.
O futuro candidato à presidência em 2022 é a chance do centrismo voltar ao Brasil e acabar com esta polarização idiota que está aí.
O candidato concedeu uma entrevista à Folha de São Paulo,com cujos principais pontos eu estou de acordo,evidentemente de maneira crítica.E é esta maneira crítica que me induz a fazer este artigo.
Ciro Gomes é um politico que tem um pezinho no arcaico,mas potencialidade para expressar uma esquerda moderna se assim quiser.
Na entrevista à Folha de São Paulo,Ciro demonstra uma preocupação arcaica com Lula e o PT que até certo ponto é justa,no seu lugar.Mas é personalismo focar somente nestas questões,em torno do ex-presidente.
Ciro só tem 18 % dos votos,como na última eleição.Não há indicios de que ele tenha crescido.Se ele se candidatar em 2022 com chances,desta vez,terá que aumentar este eleitorado,pois se a polarização destes anos se repetir tudo ficará entre Bolsonaro e Haddad.
Note o leitor que eu não estou me referindo às minhas preocupações pessoais,quanto à fundação de uma nova esquerda,mais moderna,mais nacional,genuinamente social-democrata,mas alguns destes temas terão que ser abordados pelo candidato centrista se quiser angariar apoio maior ,de modo a superar o PT.
É um consenso entre o povo que esta polarização é ruim e as expectativas são as do cotidiano,desemprego,carestia,coisas corriqueiras,mas que se aprofundaram de Dilma para cá.
Se fixar na crítica aos fatos da politica diária,em Lula,Moro não vai ser suficiente para Ciro crescer e ter chance de ganhar a eleição.Terá que dividir este discurso,com um programático,com soluções mais firmes e esperadas.
É o que eu quero saber e,sem pretensão,o que o povo quer.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

O robozinho e o elefante

Quando eu digo que a direita e a esquerda são iguais ou se parecem muito ninguém acredita,principalmente elas.O que eu faço aqui como pesquisador e articulista,no âmbito das redes sociais não é coisa de comunista ou ex-comunista,é alguém que usa o mercado dentro de suas possibilidades fundamentais:o mercado,segundo a filosofia liberal do atual governo é a solução mágica dos problemas do Brasil e é assim que pensam os seus apoiadores aí em outras midias.
Mas ao aparecer alguém que não comunga daquilo que os dominadores hegemônicos do mercado querem,eles abandonam o conceito liberal que tanto os agrada para começar a reprimir,a questionar.
O mercado,por definição do próprio liberalismo tem que ser de todos.Assim como os comunistas controlam e suprimem o mercado,o capitalismo e principalmente o capitalismo autárquico brasileiro,busca manter as suas conquistas,dos principais grupos,para sempre ,reprimindo aqueles que,individualmente tentam o seu lugar,como de direito,e a partir dos fundamentos do liberalismo.
Mas a vida não é assim:capitalismo e comunismo às vezes se igualam por uma palavra simples,controle ,à qual poderíamos acrescentar uma outra:poder.Quando se consolida um determinado poder,ninguém quer abrir espaço para outrem,considerando a nova iniciativa como ameaça.
O youtube e as redes em geral são ocupadas por peguetes,crianças,futeboleiros,radios,televisões que querem encontrar um novo espaço e obter mais fatias do mercado da mídia,em meio à crise por que passam as formas midiológicas tradicionais.
Porque cargas d´água um professor de filosofia não pode obter o seu nicho de mercado,em meio à crise também ?As pessoas dizem que isto não interessa à maioria e eu concordo,mas não são todos que não gostam de filosofia,cultura,arte.Existe um público sim.
Ainda que eu não obtenha ganhos é importante,por um princípio de democracia que certos liberais insistem em conectar indissoluvelmente com o mercado,que eu possa vender o meu peixe nas minhas midias escolhidas em paz.
Mas tanto a esquerda anacrônica como a direita de sempre,numa simbiose perversa querem o controle,não a liberdade.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Que história é esta de “ isentão”?

Agora apareceu por aí um carimbo para colar nas pessoas,que,como eu,querer ficar no “ centro”.
A expressão que uso para me caracterizar como “ centrista” vem do socialismo,do socialismo da II Internacional.
Ao longo dos tempos porém,este termo tomou múltiplos significados,inclusive de centrão conservador,aqui no Brasil.
É um termo quase placebo,anódino,mas ele é importante para designar pessoas como eu que repudiam os extremismos que,em nome de valores dogmáticos ou cientificistas,exigem adesão.
Os fundamentos de meu posicionamento já foram expostos em outros artigos,mas eu vou resumir aqui:a verdadeira ciência da sociedade não é o marxismo,é a sociologia,mas tanto um como outro saber não dão conta do mundo todo e só as sociedades organizadas em nações ou em outras formas de grupos sociais podem assumir a responsabilidade por elas próprias.O dia que houver uma comunidade internacional,uma nação universal(assunto para outro artigo),aí sim nós poderemos falar num internacionalismo consequente,efetivo,respeitando as particularidades regionais e os valores de cada país,cada classe,cada grupo ou etnia.
Enquanto não(infelizmente ainda não)só a partir desta mediação e de outros recursos intelectuais,como a geopolitica,nós podemos pensar em termos universais.
Ditas estas coisas,o centrista,como eu,está preocupado em interferir,como já interfere,votando e pagando imposto,na sua regionalidade.
Tanto a direita como a esquerda ficam tentando identificar os seus modelos explicativos com a nação,sempre a repudiando ou manipulando.
Através de Carlos Bolsonaro( o pitt bull da família)se atribui aos centristas a apelido pejorativo de “isentão”,que ,no fundo,para ele,é interação com o comunismo e com o PT( e com LGBT,etc.),num assomo de grosseira má compreensão do processo politico.Carlos pretende vender a ideia de que as suas posições se identificam com a nação brasileira,por ela ser predominantemente crente em Deus,mas o Brasil é uma república,onde quem predomina não é o católico,o umbandista,o direitista ou o esquerdista,mas o cidadão.

domingo, 6 de outubro de 2019

Os conselhos tutelares:uma nova frente da politica

Aqui na zona oeste,onde moro,se fala muito nas eleições deste domingo para os conselhos tutelares.Nunca houve tanta agitação para estas eleições,que estão mobilizando como se fossem eleições regulares.
Contudo,se é bom que tenha crescido a importância desta atividade,ela já nasce com os vicios de origem próprios e costumeiros do Brasil e ,especificamente,do Rio de Janeiro: a influência da politica,no seu pior sentido.Grupos de interesses escusos estão tentando ocupar este espaço ,que deveria ser o de ampliação dos direitos do povo menos favorecido e de sua proteção.
Aqui onde resido se fala muito que há candidatos apoiados pela milicia,nem mais nem menos!Seria uma contradição escandalosa,que,para cuidar de crianças em situação de vulnerabilidade,alguns dos responsáveis por esta situação fossem indicados para a função.
Vem à minha lembrança um episódio da vida de Al Capone,em que o bandido ajudou a comunidade a achar uma criança sequestrada,fato corriqueiro na história do banditismo em que,face à miséria e ao sofrimento,os marginais ocupam uma função heróica,diante de um estado que fica entre a omissão e a opressão.
O imenso oceano da miséria aceita ,não raro,posturas ambiguas,porque a lei e o estado não atuam nele,sendo esta uma das contradições do movimento social(tema para outro artigo).
Mas o movimento social,diante deste nova tragédia,que é crianças “ protegidas” por bandidos,deve repeli-la firmemente e é uma oportunidade para realizar esta desambiguação.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Nelson Rodrigues e as esquerdas brasileiras

Muita gente na esquerda brasileira,como já expliquei alhures,usa Nelson Rodrigues para ,mesmo sendo ele,de direita,expressar valores da esquerda.Mas a crítica de Nelson vale por ele ser de direita e não de esquerda.
Este truque luckacsiano,baseado no despotismo esclarecido não engana.
Em 68 Nelson fez um artigo sobre a passeata dos cem mil,atingindo o coração da ideologia,ao afirmar que,nela,só se falava sobre Cuba ,Rússia,China,mas “ nenhuma palavra sobre o Brasil”.
Como expliquei alhures,na hora H em que Nelson atinge com ferro e fogo as contradições da esquerda,ninguém se refere à suas palavras ou as aprofunda.
A esquerda brasileira importa modelos de todos os lugares,porque não estuda o Brasil e não o faz porque tem uma visão elitista do nosso país.
Ela é tão pequena,não só em termos numéricos,mas também,em termos culturais,que ,dissociada,como sempre,do povo,prefere construir um nome a partir de aplicação de conceitos,valores e programas de outras revoluções “ bem sucedidas”.
Nisto há uma pá de problemas:covardia de enfrentar a possibilidade de derrota;preferência por viver num mundo idilico,de certezas não comprovadas e...elitismo mesmo,incapacidade de encarar os valores legitimos do povo,talvez por medo de encarar a si mesmo,de ver nele a si mesmo.
A esquerda brasileira cria um biombo ficcional para si própria,para viver numa redoma satisfatória,hedônica e livre de críticas.Ela é hiresensível demais para adimitir o seus erros e lutar no cotidiano sem esperar vitórias fáceis.
Ora um grupo no PT e nas esquerdas em geral,é “ melhorista”, de origem italiana,sem explicar o que melhorar no Brasil.Ora outro é maoista,sem entender que o campo brasileiro nada tem a ver com o da China.
Cuba e Rússia são exemplos piores de resistência em plena decadência:é mais individualismo personalista do que partido ou movimento.
Na minha opinião estas escolhas servem a interesses pessoais de construção de nomes do que interesse na utopia.
O Brasil não tem nada a ver com o problema judeu-palestino mas tem esquerdista no Brasil,que calca sua atividade nesta luta,para ,simplesmente,aparecer,em nome de um internacionalismo que esconde aquele medo e desinteresse acima referido de encarar o Brasil.Eu mudei a minha posição diante deste problema,por causa disto:o Brasil tem que ajudar aos dois,sem se comprometer,porque ele,repito nada tem a ver com este conflito.A não ser do ponto de vista humano,de lutar para que nada de mal aconteça.
Isto já se vê na profusão de correntes teóricas no marxismo:ela ocorre porque determinados grupos querem aparecer e obter poder e nome,mesmo que depois suas teorias sejam desmentidas.Ou nunca testadas.
O individualismo da esquerda compete com o individualismo possessivo ou antes ,eles se igualam.
Hoje o que a esquerda devia fazer era seguir o conselho de Nelson,de quem ela tanto gosta,sem entender e romper com esta barreira e se tornar nacional,não -xenófoba,mas prioritariamente nacional.

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Análise de conjuntura ou o mesmo de sempre.

É sempre importante acompanhar os movimentos do real.E da politica mais ainda porque ela é naturalmente muito mutante.E no Brasil os acontecimentos se precipitam todos os dias diante desta terrível polarização em que ficou envolvido o país.
Fico com medo de me repetir.O esforço diante da página é de encontrar algo novo no panorama a se analisar.
Acontecimentos últimos como a fala golpista de Carlos Bolsonaro,o discurso do pai na ONU(de que já falei),o esvaziamento do welafre state tentado pela direita,os confrontos fabricados por fake news ,tudo isto compõe o mesmo quadro de sempre:os lados radicais no Brasil prosseguem o seu embate,em nome de seus projetos politicos,enquanto as condições de vida do povo brasileiro pioram,não é preciso falar,porque todos sabem:por causa do desemprego.
Quando analisei o PT no governo e o PT propriamente dito afirmei a sua tendência confirmada para a acefalia,dentro da agremiação e no governo,em que Dilma e Lula governavam ,sem que o segundo estivesse eleito.Truques politicos comuns nos últimos tempos,a demonstrar a incapacidade dos partidos de formar novas lideranças.
Posso citar a última afirmação do PT ,de que a democracia brasileira depende da libertação de Lula e eu já me referi aos perigos deste salvacionismo,em quem deveria defender o socialismo e não personalidades providenciais.
As discussões do passado quanto à crítica do stalinismo não resultaram em nada nas novas gerações que repetem os erros antigos ,conduzindo o Brasil para a paralisia ou algo pior.
Não existe dinamismo no Brasil hoje,mas obsessão por imposições e vinganças ficando o marisco,quer dizer,o povo,na espera do desate do nó.
Eu só vou falar de politica se houver algo novo.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Sobre o Fluminense(e sobre o Cruzeiro,o Vasco,o Botafogo...)

Continuando as minhas reflexões de torcedor sobre o meu Fluminense quero escrever este artigo que se divide em duas partes:a primeira trata do Fluminense mesmo e os acontecimentos terríveis da semana que passou e a segunda trata da situação do Fluminense que é similar a de outros.
Primeira parte:
O que aconteceu na semana passada,os fatos que culminaram com a demissão do técnico Oswaldo de Oliveira,demonstram o desmoronamento total da cadeia de comando do clube e a solução encontrada só aumentou o problema.Um clube sem planejamento.
Os dois que protagonizaram diante de todo mundo aquele espetáculo vergonhoso deviam ter sido expulsos do clube,mas ao invés, Ganso foi premiado:quer dizer,desde os tempos de Fred o jogador é mais importante do que o Presidente do clube.
Já fizera há uns dois anos atrás uma crítica ao então vice-presidente de futebol ,atual presidente do clube,que estragou o time do Fluminense,que estava começando a encaixar ao comprar Ronaldinho Gaúcho,por pura ambição e desejo de suceder o Presidente Pieter Siemsen.
Agora acrescente-se a presença de Celso Barros,que não ajudou ,no passado ,o Fluminense a construir o seu estádio e agora mostra novamente usar o clube para interesses pessoais.
A situação é de acefalia ,isto numa hora decisiva em que se deve evitar a queda para a segunda divisão.Muitos dizem que isto não importa,mas eu discordo.Numa situação de crise financeira ,cair significa agravá-la ainda mais de forma imediata,como de forma ,mediata,o desgaste do clube que vai demorar mais ainda ,no futuro,para recuperar a credibilidade.
Aliás este tema me coloca no fulcro da segunda parte do artigo.
Segunda parte
Esta segunda parte trata dos problemas similares aos do Fluminense ,nos outros clubes.O Cruzeiro,por exemplo,está na mesma situação que a do Fluminense se isto é possível.Mas é porque existe uma acusação direta sobre a diretoria que pode,inclusive ,ser presa.
O fato é que os clubes se tornaram meras correias de transmissão de interesses econômicos,deixando de ser produtivos de jogadores e de cultura esportiva,no seu mais amplo sentido.
Os clubes são massacrados por uma roda da fortuna e com a ajuda de dirigentes-soba que só pensam em dinheiro.
Sazonalmente os clubes vivem numa gangorra,ora caindo,ora subindo finaceiramente,para depois voltar ao vai vem.
É a minha profecia:isto tudo é de caso pensado.Interesses externos querem controlar o povo brasileiro na sua manifestação mais universal e as migalhas do que se ganha lá fora são o que legitima,com a ajuda referida dos sobas este estado de coisas.
O Brasil vive ainda os efeitos do neo-colonialismo em muitas áreas,mas no futebol é já o colonialismo mesmo.