Mais
uma polêmica,mais xingamentos,mais fake news e o governo fica sem
governar,como eu pedi e exigi.Eu sou frequentemente acusado de
delirar na maionese,de acreditar piamente em teorias conspiratórias
,mas não dá para não acreditar que tudo isto não seja de caso
pensado para o presidente encontrar um motivo para renunciar e
colocar os militares ou para ele mesmo ,se sentindo acuado,justificar
um regime autoritário,como Eduardo Bolsonaro insinuou diante desta
“nova” crise do porteiro.
Numa
entrevista a Leda Nagle Eduardo ameaçou implantar um AI-5 através
de plebiscito se a esquerda radicalizar,culpando o pai de tudo.Mas a
esquerda,embora muito ruim,não tem nada a ver com isto,nada.
O
governo chegou ao seu limite de tentativas de desestabilização para
justificar uma solução de força,que foi este o objetivo desde o
inicio.Pela primeira vez ficaram claros estes propósitos e a
situação politica conjuntural geral se complica muito,como no tempo
da transição.
Com
a ameaça de Eduardo Bolsonaro,provocando uma confrontação ,a
questão de se se deve aceitá-la torna-se fulcral,porque se houver
confrontação a este ato de ataque à democracia,pode justificar a
sua destruição por parte deste governo,cercado de militares.
Como
tenho dito não há unidade na base social e civil do governo,mas a
indiferença eventual do povo pode permitir a estes militares usar a
força,apenas com um problema:se a caserna estará disposta,como
parece não estar,de se lançar numa aventura anti-comunista,quando
os comunistas cabem numa kombi.
Muito
embora do ponto de vista legal os militares que estão no governo já
estejam reformados e os demais ocupem postos institucionais, fica a
dúvida se o contato com os quartéis é contagioso.
De
outro lado a posição do atual presidente da Câmara,Rodrigo Maia,
que propôs punição a Eduardo,fica igualmente ambígua porque não
se sabe se esta postulação é para parar a marcha da força ou
fomentá-la em proveito próprio.
Mas
a situação que causa mais expectativa é a da esquerda mesmo,e eu
repito aquilo que tenho dito estes anos todos:não confrontar é a
palavra de ordem.Saber se conduzir agora,no estrito caminho da
democracia e suas instituições,é fundamental para que ela
continue.
Pelo
menos na linguagem isto parece ser um compromisso da esquerda,mas o
seu exclusivismo,resto da concepção tradicional da luta de
classes,identificado com um setor só do país,a generalidade dos
“pobres”,não é uma boa via de relacionamento com a
democracia,porque pode espicaçar setores de classe média e o Brasil
,já dividido,pode entrar numa rota de colisão.
Neste
momento a presença dos militares e o seu discurso mudarão para
oferecer ao povo brasileiro ou a estes setores supostamente ameaçados
,uma proteção.
Repito
o que tenho dito:se a esquerda não defender o país como um todo e
induzir a mais divisões, o risco desta situação aparentemente
pifia se descontrolar é grande.
Vamos
acompanhar o desenrolar dos acontecimentos,mas antes do final,uma
observação eu quero fazer:no meu entendimento esta é a última
tentativa deste governo vacuoso de se manter no poder.Se não der
certo esta estratégia o Presidente dificilmente permanecerá e aí o
problema serão os militares:será que eles herdarão este vazio do
Presidente ou serão algo diferente?Ou 64 de novo?
Em
todo caso continua não havendo governo.