segunda-feira, 30 de outubro de 2017

A relação Lula/Dilma



Agora uma nova faceta da relação de completa subserviência de Dilma em relação a Lula aparece:a culpa do estado atual de coisas é dela ,de sua incompetência ,não de Lula.
Ainda me recordo,quando pequeno,que se dizia que o que acontecia de ruim no Brasil era culpa não dos presidentes,mas dos seus assessores.Isto era uma sobrevivência do período das monarquias,não  só aqui mas na Europa,em que a figura do imperador ou do rei não eram tocáveis,numa forma de salvacionismo,que,seguindo Foucault,permanece nas consciências,apesar do desaparecimento das formas de governo e de estado.
A culpa não é de Lula?Como?Foi ele  quem escolheu Dilma.Deveria como figura republicana, e não salvacionista, que é, saber das condições de seu sucessor.
O raciocínio é o mesmo com relação a  Temer:enquanto estava tudo bem a aliança com o PMDB e a  direita demonstrava que o PT tinha aprendido com os erros do passado e fazia alianças com a burguesia,a qual seria por ele controlada.O mesmo pensamento tiveram os políticos da República de Weimar com relação a  Hitler.. .
Tenho dito que todo o projeto petista fracassou,dividindo o país.O projeto deixou o Brasil dividido e o país ficou paralisado desde o primeiro governo Lula.As condições do Brasil se deterioram terrivelmente por conta desta aliança,que continua aí.Para esconder a responsabilidade,Lula ataca Dilma e esta aceita,de modo vergonhoso e intenta convencer a todos que ela e Temer nada têm a ver com o governo Lula/Dilma,o que não é verdade.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Catalunha de novo



Mas é justo efetivamente trocar cultura,tradição histórica, por  interesses materiais ?A pergunta é falsa,porque basta a autonomia para garantir um desenvolvimento justo da região.Região em que está um dos clubes mais ricos do mundo e que eu não sei se está envolvido ou não em todo este imbroglio.
Geralmente separatismos são  resultado de exclusivismo interno.Interesses de grupos que vêem diante de si a chance de enriquecerem rapidamente virando as costas aos outros.


Acorda esquerda!


Mas os  efeitos esperados desta tentativa catalã já se fazem sentir na Europa.Na Itália a “ Liga do Norte”,que atua desde os anos 90 realizou também um referendo e considera a independência uma questão de tempo.
Todos estes movimentos tendem preferencialmente para a direita e a esquerda,presa ao marxismo ortodoxo que  não compreende as razões do fracasso definitivo do socialismo e ficam cada vez mais para trás.
É sintomático que só fiquem festejando a “  Revolução Russa”,quando este crescimento da direita é a olhos vistos o problema mais sério.
É sempre assim, a esquerda sempre demora.O fato é aquilo que eu já venho analisando há anos:mudar para a esquerda é deixar de lado dogmas de vida e quando o dogma é deixado, a vida,pessoal ,dos militantes, some também e ninguém tem abnegação e respeito real com o futuro.O sentido real da palavra revolta,como voltar ao passado,cabe bem no que é a esquerda mundial hoje.
Há alguns anos a definitiva realização do ideal de uma Europa unida,que alavancaria um mundo integrado, está dando lugar a uma fragmentação, acompanhada ( e muito convenientemente)de projetos nacionais hegemônicos e de um retorno da confrontação falsa entre esquerda e direita.


quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Ponto para a Coréia do Norte!



Era inevitável.O Japão teria que se movimentar para adquirir independência de sua constituição,que atualmente é aquela imposta pelos EUA,depois da 2ª Guerra.Esta semana o primeiro ministro japonês Abe,fez um referendum para mudá-la ,obtendo aprovação,lógico.Tudo se encaminha para o fim da 2ª Guerra,mas ainda há um longo percurso diplomático para se chegar a isto.
Mas o fato desencadeador foi toda esta pressão da Coréia do Norte,jogando sobre as ilhas, mísseis e ameaçando,mais recentemente,a ilha de Guam.
Desde 1945 os japoneses têm lutado de toda a maneira para   reaver o seu antigo status de potência política,já que economicamente o é.
Aqueles episódios aparentemente anedóticos de soldados japoneses achados nas trincheiras na década de 70 não são mais do que evidências do anti-derrotismo japonês.Estes soldados solitários não admitiam a derrota.Aqui no Brasil,Fernando Morais escreveu um livro sobre um conflito na comunidade japonesa que emigrou para o Brasil.O livro é “ Corações Sujos” e o conflito se deu porque alguns queriam forçar a todos na comunidade a não introjetar psicologicamente a derrota.
Napoleão disse que a maior virtude do soldado não é a coragem,mas a capacidade de trabalho.Os japoneses acrescentaram a este conceito a idéia de perseverança.
Os antigos espartanos se militarizaram completamente e elaboraram um conceito militar semelhante:a morte de todos é obrigatória para tornar quase impossível o domínio da cidade pelo inimigo.Os antigos persas,que lutaram com os espartanos nas Termópilas ,tinham a legião imortal,que era tão populosa,que dizia-se infinita,pois os soldados que  eram mortos eram substituídos por outros indefinidamente.
Os espartanos ,que não tinham tanta população, perceberam claramente que a condição de evitar a subjugação de sua cidade era obrigar a todos ao sacrifício da morte,porque assim se tornava impossível (quase) eliminá-la,sendo também uma responsabilidade grave para quem o fizesse.Quando,posteriormente,na guerra do Peloponeso  Tebas quis arrasar Atenas,os espartanos,sabendo desta responsabilidade,se negaram a fazê-lo.
Os japoneses ,com o estatuto divino do Imperador,criaram um novo conceito.Por esta natureza o imperador podia exigir o sacrifício kamikase aos jovens.Logo que acabou a guerra ,a maioria dos americanos enviou cartas ao general McArthur pedindo a punição do Imperador Hiroito,mas ,igualmente,os japoneses,que não tinham gostado  da perda de divindade de seu Imperador,enviaram missivas ameaçando desordenar o país se ele fosse tocado mais uma vez.
O poeta Mishima fez um poema :
“como morrer pelo Imperador
Se ele não é divino?”
Este mesmo poeta,criador da sociedade de direita Tatenokay ,” Sociedade do Escudo”,associou este conceito à logica samurai do sepukku,o hara kiri,em 22 de Novembro de 1970,fato objeto de um filme de Paul Schrader.Este episódio bem pode ter sido uma tentativa de golpe fracassada.
Mas o que medeia todos estes acontecimentos é o desejo,legítimo,do Japão de não ser tutelado,após tantos anos passados da “derrota” na 2ª Guerra.
Mas cabe perguntar,eles admitiram a derrota?O Japão não se tornará revanchista?De direita?Imperialista,como o foi?São estas  as perguntas que precisarão ser respondidas se o país quiser atingir este escopo.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

A polêmica dos museus



Com a ascensão dos evangélicos no Rio de Janeiro outro campo de confrontação entre esquerda ultrapassada e conservadorismo(sempre)velho se abriu.Eu já me referi a alguns critérios num artigo sobre Crivella.Eu não votei nele porque sabia que ia ser assim.Muita gente aí,pelo oportunismo eleitoral de sempre,por pragmatismo da política, votou,pensando que ia ser possível controlar o Prefeito ou que as suas ameaças conservadoras não iam passar da ideologia de gênero ,mas uma pletora de atitudes retrógradas está se abatendo sobre a fortaleza liberal que sempre foi o Rio de Janeiro,com repercussões no Brasil todo.É a mesma atitude dos alemães em 33,” deixem que ele entre,afaste os comunistas e depois nós o tiramos do poder”.
Uma delas foi esta repressão às performances ocorridas nos museus.É preciso ter muito cuidado em abordar estas questões apressadamente.Em primeiro lugar o direito de fazer,de expressar o pensamento é mais do que legítimo,mas existem tonalidades no problema que favorecem os conservadores não só no sentido ético.
Uma criança ser colocada diante de um adulto nu é problemático.É isto o que eu sempre digo:a esquerda sempre ajuda,com os seus erros.Hoje,para se entrar na esquerda,um sujeito como eu,por exemplo,que já sou quase vetusto,é  necessário “ dar um tapinha”.Esquerda significa usar drogas,financiar o tráfico e não lutar por saúde e eu já me referi a isto tempos atrás.
Será que é de esquerda permitir que um pênis adulto eventualmente ejacule pela presença de uma menor,diante dela,sob a justificativa de que isto é arte?Em segundo lugar isto não é arte,é performance e não tem sentido estético nenhum.
Em terceiro há um truque em tudo isto:foi a mãe a culpada por levar uma criança a um evento assim.Se eu conheço bem a esquerda,não descarto a intenção velada de epater .
Nós vivemos num período em que já passou a exigência política de escandalizar os conservadores e religiosos e isto é uma política ruim,porque ambos crescem quando são espicaçados ,pelas razões a que eu aludi no artigo sobre a eleição de Crivella .O sentido da História é a laicização real,a separação real da religião e do estado,que no Brasil,ainda não aconteceu.A esquerda,preocupada com as categorias econômicas esquece o papel da forma e das idéias e raciocina em termos de maioria.A questão não é a nação e a cidadania,mas quem tem maioria para impor o seu modelo.O socialista brasileiro pensa como Malafaia e nós não saímos deste circulo vicioso.
Não é o problema de existir um cassino,de ter uma vida noturna,de teatros radicais e transgressivos,o problema é o entorno:vícios,prostituição(exploração de mulheres e menores[sem oportunidade]),jogos,crimes.Qual é o pai ou a mãe que quer ver o seus filhos associados a drogas?
Ainda que os costumes de certos povos consagrem a nudez familiar,como no Japão ,em que todos tomam banho juntos,pelados,estas atitudes não são válidas de modo absoluto,pois ocorrem fenômenos de transgressão sexual,de manipulação indevida e assim sucessivamente.O Japão ,inclusive,foi o primeiro país a estabelecer uma legislação contra  o “ sarrinho” em ônibus,uma vez que isto se tornou uma prática abusiva comum.
Em princípio posturas liberais quanto ao sexo e à nudez diante de crianças não tem problema algum,mas pode acontecer perda de limites, e às vezes a esquerda,que tem a iniciativa da mudança,não só não sabe os limites,como propugna uma violação deles.A esquerda tem mania de intocabilidade,mas não é assim,ela é humana também.
Há anos  eu me posicionei contra a exibição de “ Caligula”às 20 horas,porque a exposição do sexo diante de uma criança ainda sem capacidade de compreensão e elaboração a prejudica,assim como a exposição diante da violência.
Quando a televisão e a mídia fazem isto  é para manipular comercial e espiritualmente,havendo pessoas e especialistas que estudam há anos o significado político e cultural desta ação.A criança é acostumada a comprar uma sandalinha de Carla Perez,em vez de comprar um livro.É ensinada a pensar que o mundo é uma grande aventura,esquecendo que existem pobres e miseráveis.Vejam bem eu não estou dizendo que ela não sabe que há estas coisas,mas é acostumada a desdenhá-las e a constituir a sua vida por critérios desordenados de consumo,que favorecem determinados grupos.
Então ninguém esta discutindo o direito de fazer,mas o modo de fazer conta também e não é medida nenhuma de liberdade o fato de uma menor apalpar eventualmente o pênis de um adulto estranho.