quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Cuidado com a China! (e com a Venezuela e com os Estados Unidos...)

 

Eu ia escrever antes deste artigo um outro sobre a s impossibilidades da China alcançar o seu intento de crescimento do PIB,no âmbito do socialismo,mas algumas noticias recentes me levaram a adiantar as consequencias  que eu ia analisar neste artigo,que virá depois.

Ontem uma noticia deu conta de que a China queria construir uma cidade de 1 bilhão na Paraíba e hoje ,em O Globo ,uma manchete revela que a maior importação de carros elétricos  do Brasil vem da China,um mercado ainda incipiente,portanto sem concorrência.

A China não obteve o seu objetivo de alcançar o PIB dos Estados Unidos em 2022,para entrar numa competição com a primeira potência e atingir o “ socialismo desenvolvido”.Alguns projetos que ficaram famosos há algum tempo atrás,como o futebol,gorararm inapelavelmente e o país entrou num período recessivo.

Não há como chegar a isto sem liberdade,algo que não existe na China e em nenhum socialismo real.A única forma de criar uma alternativa é fazer como os países do ocidente,no passado:uma estratégia imperialista e neo-colonialista,sob que forma for.

O socialismo real,nacional,está neste período passado aí,porque ele tem as mesmas necessidades de expansão do estado\nação burguês de antes :não possuindo ainda capacidade produtiva para se erguer por seus próprios pés e mãos ,busca na rapina a forma (hobbesiana)mais fácil de ganhar capitais para o incremento de suas atividades internas.

As questões históricas não são assunto aqui,quer dizer,se dependendo do t empo e do lugar podia ser diferente.A tradição anglo-saxônica talvez pudesse ter aberto mão desta empresa,mas perderia na competição com as outras nações e mesmo com uma base social produtiva o incremento de matérias-primas e capital(metais preciosos)não vai ser dispensada,nesta mesma competição referida.

O núcleo da atividade chinesa falhou: a capacidade produtiva não cresceu apesar de toda a criatividade do governo “ comunista”.Assim há que buscar no exterior as forças para continuar no desidério de “acumulação socialista”.

Já há bastante tempo a China vem se colocando como potência com pretensões de hegemonia na nossa região e isto já é reconhecido pela doutrina militar brasileira.

Há muitos anos publiquei explicando que a postura dos chineses era igual a dos Estados Unidos frente à Inglaterra na primeira guerra mundial:investe nas empresas para depois retirar os investimentos e criar uma dependência.

Tais novas atitudes amplificam o significado desta estratégia ,mas desta vez o perigo é maior,pois já se fala em estados,unidades da federação,como num processo de “ tomada” de regiões culturais e politicas inteiras do Brasil.

Até agora os Estados Unidos eram o único que avançara neste propósito mais que hegemônico,na base de alcântara,mas a crise na guiana apresentou  um outro patamar,que ainda não acabou.E agora ,com a China ,se tornou uma tendência ,que um nacionalismo consequente e sem exaltação,deveria procurar barrar e reverter.

Contudo nós não temos um nacionalista  no governo,como Getúlio Vargas,mas uma esquerda pragmática que não vê muito longe além da ponta do nariz.

Mas este ultimo problema eu trato em outro artigo.

primeira palestra de retomada

sábado, 23 de dezembro de 2023

Pobre que quer ser rico é a mãe de quem falou

 

Quanto mais eu aprofundo as minhas visões,que são um rompimento definitivo com  este passado do socialismo real ,mais recebo pedradas.

Mas eu já esperava que quando chegasse o momento de explicitar os meus conceitos,após anos de crítica ao socialismo real,eu incorreria na ira destes cabeças duras renitentes.

Quando Marx se referiu à mais-valia(copiando Proudhon,sem dize-lo),não acabou com o conceito de utilidade da atividade profissional de quem quer que seja.

No tempo dele as coisas eram como no romance “Os Miseráveis” de Vitor Hugo:o capitalista ficava num escritório,em frente aos operários e decidia sobre tudo o que acontecia na vida deles.

O Direito servia a esta classe de proprietários,mas com o tempo,também,as coisas se tornaram mais complexas e se modificaram;o direito passa a ser um campo de luta das classes menos favorecidas e o capitalismo cresce  naturalmente,criando novas profissões  que têm utilidade,embora não produzam mais-valia.

Alguns apedeutas se aferram a este mundo do século XIX e não entendem estas mudanças.Na verdade é pela presunção estúpida de Marx de que a utopia acabaria com todas as profissões inúteis (que não produzem mais-valia),que ele julga o presente:de algo que ainda não existe ele dilui o que está  diante dele.

Como se pode pensar numa sociedade complexa como a nossa que o advogado não tem utilidade?E outras profissões liberais,autônomas,como o comércio?

No século XIX o direito já se movimentava para reverter a sua tendência de apoiar as classes altas.Assim como outras atividades.

Eu sou um cidadão\trabalhador.Entendam isto de uma vez por todas.Eu tenho uma microempresa e sou produtivo,não capitalista.Se eu ganho muito dinheiro é mérito.Não me caracteriza como alguém que amealhe dinheiro e o coloque à frente das pessoas(de algumas sim).Eu faço poupança.Como todo cidadão moderno e responsável devia fazer.

A solução dos problemas de um país passa pelo problema da poupança interna,mercado interno e poupança interna(Celso Furtado).

Logo:eu não sou um pequeno-burguês querendo enriquecer ,mas um trabalhador útil,que ganha dinheiro,paga imposto e não vê retorno nenhum.

É a mãe de quem falou.

 

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

O significado do momento atual Do Fluminense II

 

Senti necessidade de vir aqui aprofundar o que  dissera no primeiro artigo porque esqueci de tratar do estádio do Fluminense,que entendo que deva vir na esteira da continuidade do clube na arena internacional.

Se o Fluminense conseguir condições financeiras para se tornar um clube no mesmo patamar do Flamengo,que também está tentando,poderá fazer o seu estádio.

Há noticias de que o estádio das laranjeiras será remodelado(a exemplo do estádio de São Januário) e para julgar esta iniciativa temos que ver como vai ser.Em principio preferia que fosse um outro,mas sei que as condições atuais não permitem e agora com o sucesso internacional inicial há que  atualizar a infraestrutura do clube,porque ele vai ser muito visado pelo mundo todo.

Penso que o Fluminense  passaria à frente do Flamengo se pusesse uma área como a geral nesta recauchutagem de Álvaro Chaves.

Todo mundo que me lê sabe que venho discutindo o caráter discriminatório destas arenas ai pelo Brasil,mas não tem solução imediata senão reviver a geral.

O maracanã antigo possuía um aspecto de excludência dos mais pobres também,mas a visibilidade deles se  mantinha com a geral,onde eles expressavam os seus “conceitos” livremente.

Talvez uma geral um pouco mais alta servisse agora ao escopo de evitar esta excludência,que eu identifico ainda,como algo grave  e que o Fluminense solucionaria,pulando na frente de outros clubes,inclusive o Flamengo que está perdendo a sua identidade popular,na medida em que se coloca como clube europeu de elite.

Eram estas as considerações antes da final de amanhã.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Qual o significado do momento Atual do Fluminense

 

Nós estamos a dois dias da final do campeonato mundial,em que,pela primeira vez o Fluminense se habilita a ganhar e adquirir um novo status no futebol mundial.

Os tricolores estamos numa imensa ansiedade e para evitar eventuais infartos e sofrimento colocamos os pés no chão para poder assistir bem o jogo e aceitar o que acontecer.

O time adversário é bom,está na crista da onda,mas nós tivemos sorte na medida em que os seus maiores jogadores não estarão em campo.

Nós temos ampla condição de vencer ,mas temos que ter a maturidade de encarar um resultado adverso,perfeitamente normal.

E desde o inicio ou pelo menos desde a conquista da Libertadores,penso desta forma e o explicito agora:o mais importante em tudo isto é que o Fluminense dê um salto de qualidade na sua história(e na história do futebol brasileiro,que ele criou).

Ano passado,entre os tricolores,havia(e há)uma convicção d e que era hora do Fluminense readquirir o seu protagonismo:o Fluminense foi o clube que reconheceu a importância do futebol e portanto o trouxe para o  Brasil e o fez crescer.O Fluminense trouxe o profissionalismo em 1932 e renovou,junto com o Flamengo ,o futebol carioca,em 1975.

A vitória na Libertadores era e é necessária para iniciar uma nova era do Fluminense,um novo protagonismo.O mais importante,portanto,é que o Fluminense não sente nesta vitória e fique acomodado:ele tem que entender,que deve  se tornar um clube internacional,um clube permanentemente vencedor,com uma estrutura semelhante aos clubes  europeus,dando uma lição ao exclusivismo egoísta do Flamengo atual,que quer ficar sozinho.

Se perdermos sexta-feira ,vamos continuar nesta senda luminosa.Eu quero ganhar sem duvida,mas tudo pode acontecer.

A minha razão pessoal é que chegado à idade vetusta talvez esta seja a minha última chance de ver o Fluminense “ dominar” o mundo e por isto esta decisão se reveste de um caráter fundamental na minha vida,na minha apreciação do futebol,no papel que ele tem na minha vida.

O único momento em que eu e meu pai stalinista vivemos uma camaradagem feliz foi acompanhando o Fluminense,principalmente a máquina,75 e 76,embora depois ele tenha transformado este período em mera obrigação,já que eu quis continuar a vida toda indo com ele ao estádio,sendo recusado com  ...má-vontade e constrangimento.

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Em torno a Hegel I

 

Também faço textos sobre como se deve ler Hegel nos dias atuais e depois de tantas criticas ,nos últimos duzentos anos.

A rigor Hegel é 50% de direita e 50% de esquerda e na mesma proporção mau e bom.

E ele é assim dentro do espirito de sua época ,em que se igualava a figura do mal(do diabo) e do bem.Dar uma chance ao mal,ao diabo,dialogando com ele,era algo um tanto quanto generalizado e genérico.

Todo mundo sabe que não há como  explicar Hegel sem a reforma protestante,sem Lutero.E Lutero e o protestantismo modificam a relação do homem com o diabo,com o mal.

Mas a posição deles era de confrontação e superação.Em Hegel ,no amago da sua proposta de dialética total,há uma certa incorporação deste principio ao processo e tal atitude é consentânea com certos setores da reforma e do pensamento que deriva dela.

Nós pensamos na figura de John Milton ,em seu “Paradise Lost”,em que Lúcifer,o anjo decaído,tem que “ pedir permissão” a Deus para ficar na sua posição de “chefe” do inferno.Ele diz que “a vingança é minha” e Deus o permite como parte do livre-arbitrio humano ,como arte da necessária aprendizagem humana do mal:ouvir o canto de sereia de Lúcifer.

Aproximando-se o século XVIII a figura de Fausto,o alquimista que fez o pacto com o mal ,suprime e dilui o livre-arbitrio para estabelecer um diálogo diferente ,tornando-o inclusive produtivo,capaz de ajudar ao homem na sua luta por liberdade.

Hegel (me)parece ir nesta direção,porque na sua dialética(e na dialética posterior de outros pensadores)o principio do movimento  precede e desqualifica o livro-arbitrio e põe o mal como condição legitima e natural da evolução do Ser e do Homem.

domingo, 17 de dezembro de 2023

O dogma da liberdade igualitária I De como o conceito “crescer junto” É uma estupidez e uma enganação Agora eu descobri a similitude entre O socialismo real e o ocidente

 

Agora eu descobri a razão desta parecença entre o falecido socialismo real e algumas práticas (“democráticas”)do ocidente:todo mundo confunde a democracia com democratismo ,com ação entre amigos.

A cidadania,este conceito nascido no Ocidente ,preconiza a igualdade de direitos entre os homens,mas vai até aí!Este conceito republicano ,como qualquer conceito da politica ,não é absoluto(se é que o absoluto existe).

Tem limitações essenciais para a sua sustentação.Se não é assim,o republicanismo  e a cidadania merecem a crítica do marquês de Sade,para quem estes conceitos são “proto-totalitários”(o termo é meu ,não  dele),porque submetem a vida pessoal(no caso dele a sexual)a uma mediação única,monolítica,sem levar em conta outros aspectos essenciais da vida humana(outra vez o sexo[a liberdade do sexo]).

Até certo ponto ele tem razão,mas desde a prolatação destes conceitos,que são da ordem burguesa ,mas dirigidos a todos,que há uma distinção entre aquilo que é público e o que é privado.

Quem define os limites entre o público e o privado é o estado de direito,evitando,como numa luta permanente a supressão  da liberdade individual.

Só assim a complexidade do ser humano é expressada e reconhecida.Só assim a sua inevitável e salutar desigualdade se expressa em criação e produção;só assim se torna crescimento,afirmação.

O termo “crescer junto” é regressivo e medieval e é prática de povos no ocidente e no socialismo real:todo mundo sobe juntamente ,como se fôramos macacos em árvores.Encadeados uns nos outros.

Hoje esta é a crença dominante no mundo e embora ela existisse antes de 1917,o socialismo real s e encarregou de dar-lhe uma força,cujo revérbero nos atinge até agora e não dá sinais de recuar.

Todo mundo vigia o outro para que não use a sua liberdade para crescer,o que deixaria o grupo e cada um para trás ,recalcando-se,ressentindo-se.

E na prática a desigualdade se manifesta,não raro,de maneira ilegítima,segundo necessidades escusas do grupo.O grupo define um critério que não o force a crescer,negligenciando exigências que a sociedade põe.E facilita para aquele que não tem nada mas consegue algumas benesses duvidosas,como só dinheiro.

Ano passado um ator famoso da globo,que já foi demitido,instado a defender a empresa,protagonizou um comercial dizendo que o seu patrão privilegiava o “crescer junto”,mas ele só subiu na medida em que era(não é mais)um galã suburbano,que agradava as meninas no portão.

Nada de qualidade técnica,de trabalho e cultura,mas só imagem que se reproduz e se transforma em dinheiro.

Andy Wharol lançou uma arte ao expor o rosto de Marilyn Monroe e ganhou dinheiro.Se você colocar a bunda mais bonita do Brasil a sua dona soluciona o s eu problema de sobrevivência sem trabalhar,só tirando as eventuais espinhas...

Em outros lugares o “esquema” se faz presente.No socialismo real não tem mercado ,mas os interesses políticos de reprodução do poder se sobrepõem igualmente ao trabalho,ao esforço,ao “paciente mérito”.

Aquele que é afeito realmente à ideologia  tem precedência.

Por isto a liberdade de Voltaire é uma conquista definitiva da humanidade.Nós todos somos iguais em direitos,mas diferentes em deveres e o termo igualdade,mediatizado pelo direito,considera a desigualade na hora de aplicar os direitos de cidadania.

De como o conceito “mexeu com uma mexeu com todas”é idealização,totalitarismo e manipulação II

 Senti necessidade de continuar o artigo de titulo idêntico porque esqueci de tratar de mais problemas relacionados ,especificamente a questão da redenção do homem.

Até os grandes genocidas recentes (e os do passado)acreditava piamente na redenção dos homens.

Alguns acham que quando alguém recebe um tapa na cara não tem mais redenção na vida,mas penso que  tal assertiva tem mais relação com o poder do que com os valores.

Assistindo o depoimento do torturador do movimento anti-comunista Malhães ,o animal emitiu este grunhido,dito ai em cima.A pessoa recebe um tapa na cara e não tem remissão do pecado.

Existe sim,a  meu ver,mas eu não vou tratar deste problema aqui.O que eu digo é que tirando o genocídio,a remição é sempre possível.

No caso do homem que bate na mulher,que pratica violência , tem o direito de se redimir,dependendo do grau de brutalidade.

A questão da violência contra a mulher é um problema moral,mas não só .

Ele tem uma causa psico-social no contexto de patriarcalismo católico,paulino,que por sua vez provém do Império Romano,da posição do pater-familias,que tinha todos os da casa ,inclusive a mulher,como escravos.

Hoje imagina-se que ter este papel de mando é natural à condição masculina.Mas ela é em grande imposta a ele.É ruim até para ele.

Quando este papel é questionado de alguma forma ele reage como foi ensinado a ser.Se ele perde esta condição ou não é respeitado,ele é isolado e outro entra no lugar.

Tal situação fere o orgulho do homem então ele pratica a violência,como esforço de recuperação do papel.

O problema é complexo:há mulheres que provocam a situação para se sentirem objeto de atenção(ainda que distorcida)do homem.É o fenômeno da “vitimologia”.

No mundo moderno,em que o homem e a mulher estão equiparados ,não há lugar para relações de poder,mas uma relação igualitária de amor.

Sei que dizê-lo hoje é escandaloso,mas me mantenho firme nos meus fundamentos.

A mulher é anti-patriarcal no seu direito,mas nos seus deveres  transfere tudo para o homem,porque é muito mais fácil do que assumir a responsabilidade por suas escolhas.     

O homem e a mulheres se conquistam.Não é só o homem

que conquista como um leão que morde a nuca da leoa.                                                                                                    

sábado, 16 de dezembro de 2023

Em torno a Marx I

Depois de considerar a biografia de Isaiah Berlin como a melhor,achei casualmente uma que a supera:esta aí de cima de Gareth Jones,um jornalista dos anos 30 que denunciou diretamente a fome na Ucrânia e que misteriosamente despareceu ,provavelmente assassinado pelo fautores deste crime.

Esta biografia é interessante porque ela valoriza a infância e juventude de Marx,na medida em que é o período de formação do pensador.

Geralmente pulo a parte inicial das biografias,porque os biógrafos ressaltam o primeiro amor da pessoa,fatos pitorescos da infância e da puberdade,que não significam nada.

Mas nesta biografia o arcabouço formador de Marx é muito bem demonstrado,a sua contemporaneidade contextual,oferecendo com o seus contemporâneos,além do mais,uma possibilidade de pesquisa autônoma de época.

Neste contexto eu “ pesquei” uma situação que prova que nem tudo é andar para a frente ,como a s revoluções exigem:hoje em dia uma das propostas para recuperar  a falta de objetivo da juventude,que se perde em drogas e valoriza coisas discutíveis,é fazer o que já se fazia no passado e no tempo de Marx.

Na hora de terminar o curso médio eram feitos testes e provas para saber se o aluno fez a s suas escolhas e amadureceu.

E no caso de Marx isto parece ter sido enganoso porque embora ele tivesse iniciado a sua carreira de intelectual de pensador,nunca deixou de ser um incapaz nas relações com outros,com a família,a qual penou desde o principio,com uma miséria evitável, se ele trabalhasse e não vivesse às custas de seu grande amigo Engels.

Os psicólogos afirmam que as pessoas intelectuais,que representam demasiado o mundo acabam se perdendo nele,porque acham que o conhecem,mas não.

Contudo ,alguém com alta capacidade de compreensão,não tem como ter um insight ético para perceber o caráter duvidoso de toda esta situação?

E no final da vida chegar à conclusão de que  não devia ter filhos,pondo neles a culpa da situação toda e se eximindo de responsabilidade não é algo condenável?

Um sujeito,ao tomar uma decisão sem medir as consequencias é uma criança não é?Faz-me lembrar a frase de Kant; “o homem que sente saudades da infância jamais saiu dela”.

Marx não tinha saudade,mas eu desconfio que não saiu dela.

 

 

Racismo Reverso Aquilo que vale para você Vale para mim

 

Há dois anos atrás uma lei determinou que o não da mulher é uma vez só e que ela não tinha o dever de ser obrigada a se relacionar com quem não quisesse.

Algumas meninas entenderam esta lei como um salvo-conduto só para elas,quando uma lei é uma rua de duas mãos:o que vale para mim,vale para os outros.O que vai vem.

O homem tem o direito de recusar uma mulher sem ser  chamado de viado(ou será veado?). Algumas meninas não o compreendem porque são “educadas” dentro deste contexto patriarcal-católico(e comunista também),que elas deploram até certo ponto:quando lhe é conveniente transferir a responsabilidade de tudo para o patriarca aí ela se esquece da “ opressão patriarcal”.

Estes descaminhos causados pela incompreensão da natureza do estado de direito democrático se " casa” bem com a visão vulgar(e boçal)da esquerda da luta de classes,este conceito canhestro e mal fundamentado,que os radicais babam o tempo todo.

E justificam(no espirito da ideologia)uma das maiores e criminosas irracionalidades da politica,da politica de esquerda:o rompimento do principio de isonomia.

Na medida em que o explorado(às vezes não é)se sente como tal, ele cria um muro,tão vergonhoso como os que as classes altas erigem e reproduzem a violência geral ,num comportamento de luta de classes que não resultou em nada,senão em destruição.

A esquerda que vicejou no século XX é a reação termidoriana,a imitação das classes altas,da burguesia.Se aproveita de suas benesses,expondo um discurso de vitimização,mas que é igual ao dos exploradores,só que com um discurso enganador.

Então nós vemos integrantes do movimento negro,militantes ,que estabelecem diversos critérios de relacionamento,com quem não é negro;ou pessoas de comunidade que põem barreiras a quem não pertence a ela.

Milton Gonçalvez não permitia que ninguém o chamasse de “ crioulo”.No afã de evitar estas distorções,eu,como branco,em retorno,não admito que me chamem de viado(ou será veado?);não admito que me chamem de explorador,nem de privilegiado,porque eu passei fome dos 2 aos 4 anos ,porque meu pai comunista vadiava;e eu não tenho saudade nenhum deste tempo;muito menos o fato de eu ter saído desta situação justifica me chamar de privilegiado.

Privilegiado é mãe de quem falou.


 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Em torno a Hitler I

 

Na impossibilidade de fazer o segundo texto prometido sobre o perfil psicológico de Hitler eu o espalhei aqui neste novo “ escaninho” e trouxe outras reflexões sobre o personagem.

Mas parto daquilo que eu deixei assentado no primeiro,a fim de dar coerência à análise do “personagem”.Coerência e compreensão por parte do leitor.

Lá eu dissera que o elemento essencial da sua personalidade é o ressentimento ,que atinge outras figuras ao longo da História,não só do século XX:a consequência,no entanto,desta “ base” psíquica é o que define  a psicopatia subsequente,causadora de milhões de mortos.

A consequencia é considerar todas as pessoas culpadas do seu infortúnio,o qual ,o mais das vezes um tanto quando exagerado para que a pessoa justifique  uma agressão ,uma agressividade que já está dentro dela.

Eu já citei  Max Weber aqui,parafraseando-o: “quem se humilha quer ser exaltado” e eu “quem se vitimiza quer poder”.

Esta “vontade de poder”(não de potência,como Nietszche pontuou)estava em Hitler desde o inicio, ab ovo ,como s e depreende das análises psicológicas dos médicos militares que examinaram a sua biografia.

No seu contexto familiar ,as imposições de um pai autoritário conduzem o menino à exigência de sua confrontação,que na verdade,queira ele ou não,é uma “ vontade de poder”: estar no lugar do pai,coisa que ele não pode fazer e ninguém deve fazer.

Mas o mundo adulto uma criança que se forma do jeito que dá,às vezes ,e não raro,tendo que se haver com situações injustas como esta ,sendo obrigado a dar as respostas possíveis.

Então o problema do poder e da sua consequente agressividade(poder e politica são artes marciais)estão  in limine  na pessoa e o mundo real “ajuda” a desenvolver(Rousseau).

Mas para responder ao que eu disse acima,numa conjuntura traumática como esta o descortino,a discricionaridade,a lucidez não marcam presença e é melhor culpar e não s e “ cansar” com estas exigências.É melhor destruir .

Por isto no perfil que eu realizei eu separei a psicopatia da loucura,da loucura de Dom Quixote,que manifesta tirocínio e ainda demonstra coragem em enfrentar algo maior do que ele:os moinhos de vento.

 

De como o conceito “mexeu com uma ,mexeu com todas” É idealizador,totalitário e manipulatório

 

Não tem sentido fazer uma afirmação deste tipo porque ela padroniza um real que não pode ser padronizado.

Tal afirmação e conceituação passa por cima do fato de que nem toda a mulher é pessoa de bem.A mulher não é invulnerável,não é infensa a  erros e...crimes.

Quando se diz isto esta mulher sem valor,que tem em si o bem e o mal,como todo o homem,está legitimada,por um movimento que tem autenticidade e que  luta contra uma injustiça,que é a violência contra a mulher.

Estas posturas radicais da esquerda,como geralmente todas ,são tão paroxísticas,tão exageradas(e fruto também de uma certa preguiça em se aprofundar na análise da realidade)que se voltam para o seu contrário.É um tipo de fenômeno próprio de toda a atitude destrutiva,que se torna autodestrutiva e o substrato disto é a vacuidade,a falta de fundamento(falta de trabalho de pesquisa e investigação).

E como derivação destes vícios de origem tal concepção dá ao movimento feminista um caráter totalitário,de imposição de interesses políticos,eleitorais e favorece acima de tudo,a manipulação de todo o problema e das pessoas que passam por ele.

São três degenerescências que se “ fundamentam” na falsidade do conceito.

É claro que existem pessoas ingênuas no movimento,que também são manipuladas ,mas reproduzem por irresponsabilidade(e pela referida preguiça mental[que a companha a “ ingenuidade”])estes atropelos graves,que acabam por manter o problema da violência e não solucioná-lo.

Aquilo que está ruim pode piorar:no fundo,no fundo,muita gente(principalmente mulher,mas não só)entra no movimento feminista,esperando que ele permaneça ,para continuar a sua carreira politica,para obter dinheiro e outras patifarias “menores”,como é o caso de Camille Paglia,que ganhou a vida explorando choradeira.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Em torno a Napoleão II

 

Waterloo ! Waterloo ! Waterloo ! morne plaine !
Comme une onde qui bout dans une urne trop pleine,
Dans ton cirque de bois, de coteaux, de vallons,
La pâle mort mêlait les sombres bataillons.
D’un côté c’est l’Europe et de l’autre la France.
Choc sanglant ! des héros Dieu trompait l’espérance
Tu désertais, victoire, et le sort était las.
Ô Waterloo ! je pleure et je m’arrête, hélas !
Car ces derniers soldats de la dernière guerre
Furent grands ; ils avaient vaincu toute la terre,
Chassé vingt rois, passé les Alpes et le Rhin,
Et leur âme chantait dans les clairons d’airain !

Le soir tombait ; la lutte était ardente et noire.
Il avait l’offensive et presque la victoire ;
Il tenait Wellington acculé sur un bois.
Sa lunette à la main, il observait parfois
Le centre du combat, point obscur où tressaille
La mêlée, effroyable et vivante broussaille,
Et parfois l’horizon, sombre comme la mer.
Soudain, joyeux, il dit : Grouchy ! — C’était Blücher.
L’espoir changea de camp, le combat changea d’âme,
La mêlée en hurlant grandit comme une flamme.
La batterie anglaise écrasa nos carrés.
La plaine, où frissonnaient les drapeaux déchirés,
Ne fut plus, dans les cris des mourants qu’on égorge,
Qu’un gouffre flamboyant, rouge comme une forge ;
Gouffre où les régiments comme des pans de murs
Tombaient, où se couchaient comme des épis mûrs
Les hauts tambours-majors aux panaches énormes,
Où l’on entrevoyait des blessures difformes !
Carnage affreux ! moment fatal ! L’homme inquiet
Sentit que la bataille entre ses mains pliait.
Derrière un mamelon la garde était massée.
La garde, espoir suprême et suprême pensée !
« Allons ! faites donner la garde ! » cria-t-il.
Et, lanciers, grenadiers aux guêtres de coutil,
Dragons que Rome eût pris pour des légionnaires,
Cuirassiers, canonniers qui traînaient des tonnerres,
Portant le noir colback ou le casque poli,
Tous, ceux de Friedland et ceux de Rivoli,
Comprenant qu’ils allaient mourir dans cette fête,
Saluèrent leur dieu, debout dans la tempête.
Leur bouche, d’un seul cri, dit : vive l’empereur !
Puis, à pas lents, musique en tête, sans fureur,
Tranquille, souriant à la mitraille anglaise,
La garde impériale entra dans la fournaise.
Hélas ! Napoléon, sur sa garde penché,
Regardait, et, sitôt qu’ils avaient débouché
Sous les sombres canons crachant des jets de soufre,
Voyait, l’un après l’autre, en cet horrible gouffre,
Fondre ces régiments de granit et d’acier
Comme fond une cire au souffle d’un brasier.
Ils allaient, l’arme au bras, front haut, graves, stoïques.
Pas un ne recula. Dormez, morts héroïques !
Le reste de l’armée hésitait sur leurs corps
Et regardait mourir la garde. — C’est alors
Qu’élevant tout à coup sa voix désespérée,
La Déroute, géante à la face effarée
Qui, pâle, épouvantant les plus fiers bataillons,
Changeant subitement les drapeaux en haillons,
À de certains moments, spectre fait de fumées,
Se lève grandissante au milieu des armées,
La Déroute apparut au soldat qui s’émeut,
Et, se tordant les bras, cria : Sauve qui peut !
Sauve qui peut ! — affront ! horreur ! — toutes les bouches
Criaient ; à travers champs, fous, éperdus, farouches,
Comme si quelque souffle avait passé sur eux,
Parmi les lourds caissons et les fourgons poudreux,
Roulant dans les fossés, se cachant dans les seigles,
Jetant shakos, manteaux, fusils, jetant les aigles,
Sous les sabres prussiens, ces vétérans, ô deuil !
Tremblaient, hurlaient, pleuraient, couraient ! — En un clin d’œil,
Comme s’envole au vent une paille enflammée,
S’évanouit ce bruit qui fut la grande armée,
Et cette plaine, hélas, où l’on rêve aujourd’hui,
Vit fuir ceux devant qui l’univers avait fui !
Quarante ans sont passés, et ce coin de la terre,
Waterloo, ce plateau funèbre et solitaire,
Ce champ sinistre où Dieu mêla tant de néants,
Tremble encor d’avoir vu la fuite des géants !

Napoléon les vit s’écouler comme un fleuve ;
Hommes, chevaux, tambours, drapeaux ; — et dans l’épreuve
Sentant confusément revenir son remords,
Levant les mains au ciel, il dit : « Mes soldats morts,
Moi vaincu ! mon empire est brisé comme verre.
Est-ce le châtiment cette fois, Dieu sévère ? »
Alors parmi les cris, les rumeurs, le canon,
Il entendit la voix qui lui répondait : Non !

Jersey, du 25 au 30 novembre 1852.

Este poema de Vitor Hugo,acima reproduzido dá azo a discutir a repercussão cultural de Napoleão que significou na História muitas coisas e tem um lugar importante,para o bem e\ou para o mal,porque carreia idéias revolucionárias,desejos de mudança que estão aí ainda hoje colocando caraminholas na cabeça de todos.

Problemas da época de Napoleão permanecem como referências para debates acalorados  sobre o destino da humanidade.

Por baixo da chamada Revolução Burguesa,que era o conceito impulsionador da atividade de Napoleão já socialistas,comunistas e pobres e miseráveis  mais do que espreitavam as possibilidades de participação no processo histórico.

O historiador marxista Christopher Hill,em seu excelente livro “O Mundo de Ponta à Cabeça”,que trata das Revoluções Inglesas,já indica a presença destes “ radicais” e chega mesmo a dizer que a ação deles poderia ter levado a uma revolução “proto-socialista”.

O setor da revolução de Cromwell,os “niveladores”(que criaram a frase “In God we trust”)ou “ cabeças redondas”,já possuía uma atitude comunista radical antes da Revolução Francesa e das Revoluções comunistas posteriores.

Bernstein ,amigo pessoal de Marx,escreveu um livro sobre esta Revolução de 1640,ressaltando as antecipações do movimento socialista e comunista.

A meu ver Hobsbawn quando começou a sua trajetória de historiador deveria ter iniciado com estas revoluções e não a partir só da Francesa. Se bem que em A “Era das Revoluções”ele faça menção a elas.Mas deveria ter aprofundado.

Vitor Hugo se situa entre aqueles que notaram a presença cada vez maior do povo mais desfavorecido que atuava já na Revolução e nas guerras Napoleônicas e acabou por cristalizar ideologicamente em “Os Miseráveis” todo um pensamento de esquerda que influenciaria inclusive a ortodoxia comunista,sendo ele um republicano de esquerda.”Somente”.

Mas ele associou claramente neste poema o périplo Napoleônico a esta senda de esquerda radical,o que é um certo exagero,visto que Napoleão não tinha nenhum apreço pelo que ele chama de a canalha .

Pouca gente sabe(e  também a historiografia oficial não mostra)que quando Napoleão retornou derrotado de Waterloo ,a cidade de Paris ficou em polvorosa e seu irmão Luciano,republicano,que já o tinha salvo da morte em 1799 no golpe de 18 brumário,lhe implorou a conscrição geral.

O próprio Napoleão barrou este movimento exatamente pela opinião que ele tinha do “povo”.Mas o fato é que neste momento,como no passado das revoluções inglesas,houve chance para uma antecipação histórica.

Os setores mais desfavorecidos da sociedade tiveram nele uma grande oportunidade perdida.

É neste contexto que se deve entender o poema,que estou traduzindo e que vou mostrar aqui.

O fim de uma esperança ,que se cultivou na Europa,de 1815 até 1848 e que terminou de novo com Napoleão III,com o “segundo brumário”,em 1852.

 


terça-feira, 12 de dezembro de 2023

3 guerrinhas II

 

Sempre aguardo os acontecimentos para comentar o que vai pela politica.Não me preocupo em nada em prever alguma coisa,mas influenciar e penso que esta atividade aqui resulta,porque  muitos políticos lêem os meus artigos  e estão aplicando certas idéias em suas atividades,inclusive o Presidente da República.

A questão dos sem teto,da fome,sempre estiveram na priorização da esquerda,mas agora ,com as minhas propostas e o meu encaminhamento,eles estão conduzindo tudo segundo o que ponho aqui. Encaminhamento e idéias que considero exigências de uma visão de esquerda moderna e democrática.

Penso,como já ficou claro,em contribuir para a superação da esquerda velha,do passado(naturalmente). Espero ,depois de ser tratado com quatro pedras na mão pelas organizações de esquerda,continuar militando e pressionando democraticamente para o progresso do Brasil e modestamente(mas com convicção)da humanidade(como cabe ao comunista fazer,já que sempre teve o referencial da humanidade em mente)é o meu escopo,neste escaninho.

A partir daí pretendo comentar rapidamente os desdobramentos da questão da Venezuela,que já abordei antes e que considero uma medida da insegurança daquele país quanto à continuidade deste governo continuísta.

Lula e o PT agem de modo ambíguo em relação à Venezuela porque muitos militantes a vêem como a continuidade do processo “heróico” da revolução,que vai voltar a partir da América latina e tal,etc.etc.etc.

Talvez o presidente se coloque numa perspectiva de mediação,mas sem atacar o país vizinho e sem ir mais fundo naquilo que seria mais decisivo no atual momento:acabar com esta guerra.

Lula mandou um representante que conseguiu ,em principio,evitar que o território seja usado ,mas até agora ,foi só isto.

Acho pouco.Para o PT e para o Brasil,que volta a ser cercado pela direita,era imprescindível mais do que handicaps partidários e eleitorais :era preciso que o Brasil saísse forte,para o presidente e seu partido saírem.

Mas não tem jeito.Com a última pesquisa,que colocou o Presidente no fio da navalha ,a reação dele foi exigir que o PT fosse ele mesmo,sem dizer uma palavra sobre o Brasil e o projeto nacional.Sempre uma postura exclusivista e egocêntrica,como no passado.

Tudo se encaminha para uma nova confrontação na próxima eleição,que pode favorecer de novo a direita,que voltou aqui perto.

O fato de Bolsonnaro não concorrer não só não quer dizer nada,como acho vantagem para a direita.

 

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Esclarecimentos II Os ricos são maus ,os pobres são bons

 


Completando o artigo anterior algumas coisas ainda devem ser ditas. Este milenarismo geral,tanto da esquerda quanto da direita, é pura demagogia,pura manipulação.E tal procedimento atinge também a sociedade civil.

Não há ninguém que não necessite de legitimação,de apoio e de ...dinheiro,da maioria das pessoas.A História,no entanto,já provou que para mudar a sociedade os remédios são amargos.Amargo quer dizer que há no conceito de mudança uma exigência de ruptura.

A experiência humana não se rompe.Mesmo nas revoluções uma coisa fica outra vai.Quero dizer,mesmo nas revoluções fica algo do passado,em meio à afirmação constante do presente,condição do futuro.

Talvez por isto Hegel tenha elaborado o conceito de aufhebung ,superação\assimilação,para designar aquilo que está na bandeira brasileira ordem e progresso .Mudar conservando.

Num determinado plano porém , a ruptura se não é total,tem que ser consistente:no plano psicológico,a qualquer custo e pena.

E as mudanças,com a revolução,se dão pelas convicções,não pela conveniência .

A busca de leitores por parte de um jornal o impede de dizer a verdade,mas de submeter o trabalho intelectual aos imperativos da vitimização.O intelectual,embora disto não dependam os seus ganhos,quer reconhecimento e prestigio(eventualmente poder) e não os obterá se não conseguir o apoio de todos.

Como eu disse no outro artigo o povo brasileiro é como todos os outros,tendo as mesmas qualidades e possibilidades,mas além daquelas faltas citadas,há uma outra decisiva:o ethos do trabalho que não é identificado com emprego,mas iniciativa individual,disciplina para realizar coisas a partir de si mesmo.

Há barreiras sim.Somos um país de capitalismo autárquico,dependente do estado(com exceção talvez de São Paulo),mas existem também aberturas ,as quais devem aproveitar aqueles que podem(principalmente se forem militantes de esquerda).

Não se justifica não agir assim,individualmente,por causa do medo de afirmar o capitalismo,numa visão idealizada deste modo-de-produção. Idealizada como é toda “rejeição religiosa do mundo”, no dizer de Max Weber.

O povo brasileiro é hedônico e  autoreferente. Gosta de festa o tempo todo,talvez para esquecer problemas...Não sou contra,até porque gosto de festa(embora na velhice já não possa).

Contudo ele tem características  que explicam o seu atraso:ele é em grande parte tutelado,como explica Gilberto Freyre,por influência da religião católica e como pontifica Rousseau no “Contrato Social”.

Mas igualmente  seguindo esta religião,por causa do paradigma da casa-grande e senzala,uma especificação da sociedade arcaica e hierarquizada em que vivemos.

 

Ele é imediatista porque não vê senão a realidade á sua volta.Não relacionas as suas escolhas com as necessidades gerais  e transcendentes de cidadania e de republica.

Se escolhe um modelo  e este modelo tem uma maioria é o que deve prevalecer,quando ,no plano coletivo da cidadania,há que se considerar os interesses dos outros.

Uma das razões da maturidade da humanidade,no plano geral e individual,segundo Kant, é o reconhecimento transcendente do outro,do outro de razão(de sentimento,de realidade e etc.)e o brasileiro ainda não chegou a esta “revolução racionalista”.

Apesar dos espaços conquistados de democracia e mobilidade social ascendente o que predomina hegemonicamente é esta velha estrutura.

Lembrando Foucault,as leis podem ter mudado,mas a s consciências e  a prática continuam no passado(Vigiar e Punir).

Há momentos na História em que as elites ou pessoas responsáveis tomaram para si a tarefa de romper com esta demagogia:Lenin,que rompeu com os critérios da social-democracia;o czar Pedro I ,o Grande,que disse aos russos que ele os mudaria,num sentido ocidental;as revoluções inglesas e a francesa.Mas eu ressalto um único caso,proveniente da esquerda comunista,que,para mim,resume tudo o que eu estou dizendo aqui:o caso de Togliatti,nos anos 50 do século passado ,que se colocou contra os militantes do partido,que queriam tomar o poder,sendo impedidos por ele,pelas razões óbvias de que a quebra da democracia italiana traria mais prejuízos do que vantagens e era algo ilegítimo.

Chegou a hora de alguém não sucumbir ao vitimismo e à demagogia.

 

domingo, 10 de dezembro de 2023

Esclarecimentos sobre o meu artigo: Os ricos são maus,os pobres são bons.

 

Na verdade era o artigo(um deles)sobre o racismo reverso que está se formando no Brasil e que tem me incomodado pessoalmente agora e na vida inteira.

Um professor na folha de são Paulo veio me contestar indiretamente (naturalmente a folha e ele não vão reconhecer que fizeram o artigo sobre mim,que devo ser auto-referente e paranóico[não tenho diploma]).

No artigo anterior(ou num outro,não lembro)eu citei a anamnese feita pelo personagem principal de “O Mulato”,de Aluisio Azevedo,que no final do romance rememora certos fatos recentes e percebe que o que os motivou foi  racismo,contra a  sua condição  de Mulato.Um dos grandes momentos da literatura brasileira.

Ao longo da vida notava um certo ciderelismo de minha mãe cabocla ,que sempre contrapunha aos meus privilégios a luta de meninos mais pobres.Quando eu era atacado por frescuras,era com este discurso “educativo” que ela vinha.

Mas relembrando estes momentos eu notei que eram sempre “ex-adversos” negros e\ou pobres.Eu não vou entrar aqui nestas questões familiares.Elas servem só de exemplo para o que eu quero expor:

O que eu disse no artigo,que suscitou a critica dos dois entes de razão acima,é que ,conforme a minha evolução intelectual mostrada aqui nos últimos dez anos,passei  a considerar que os métodos aristotélicos e sociológicos formadores de padrões,descortinam no máximo(mas de maneira inarredável)tendências que nos ajudam a compreender os fenômenos sociais.

Mas sem a sociologia compreensiva e descritiva de ,entre outros,Max Weber,caímos no milenarismo marxista de que a responsabilidade pelos problemas sociais é só das classes altas e que os pobres são uns coitados que devem ser carregados pelos poderosos “culpados de tudo”.

Este discurso marxista parece meu pai stalinista:na mesa de jantar ele dizia(insinuava), “não sou Karl Marx II[a Missão]”por causa do capitalismo.Esta choradeira.

Há uma margem sim para os “ subalternos” atuarem  e crescerem,mas não o fazem  com medo de ,com o seu eventual sucesso,legitimar  a sociedade capitalista exploradora.

E de outro lado as vanguardas de esquerda crescem e se estabelecem neste milenarismo cinderelista marxóide:aquele que não cresce,mas cultiva a sua frustração, fica debaixo da proteção destas vanguardas e aí o movimento social fica num impasse e numa situação semelhante à da relação das classes altas com o povo em geral.Em uma manipulação.

A sociologia compreensiva provou algo que é essencial considerar na explicação das sociedades:por entre os padrões e tendências é possível identificar o movimento quase-individual dos grupos sociais e este mover-se é igualmente essencial para diagnosticar e preconizar uma solução.

No meu modo de entender é só esta sociologia que faz prognósticos.De Comte a Durkheim,passando por Marx,o que se obtém são diagnósticos e tendências.

Elas ajudam ,mas não são suficientes.A prognose é da sociologia do conhecimento.A meu ver ,o começo desta busca pelo individuo social ,associado a  tendências identificáveis,começa com Marx e o “concreto de pensamento”.

Abstrair o movimento do capitalismo até chegar naquele operário que está na fábrica,é ,quase,como esta visão compreensiva e descritiva de Max Weber ,Simmel et al.

Só que esta última consegue ir além da pura condição de trabalhador,de operário,que Marx destacara,mas que não é suficiente,já que o homem  não se reduz às necessidades e à sua condição de trabalhador.

Este trabalhador tem consciência ,valores e cultura e estes elementos se juntam para dar sentido às tendências de sua vida individual e coletiva:o trabalhador tem uma religião,tem conceitos e critérios que orientam a sua vida.

Foi neste sentido que eu critiquei os pobres no último artigo:o brasileiro é um povo como qualquer outro,mas ele tem problemas na sua formação cultural e histórica já conhecidos e analisados pelos pensadores brasileiros,todos.

Nós temos um desenvolvimento diferente dos povos centrais,que já possuem uma bagagem de séculos.É como uma pessoa de meia-idade  que perde o emprego:ela tem ainda uma bagagem que vai ajuda-la a se recolocar.Se a sociedade não o considera é outro problema,mas ela tem.

O Brasil não tem esta bagagem,pelo menos,diante dos desafios que se colocam diante de nós.O Brasil ainda é dependente e sofre as consequencias  da escravidão,principalmente na ausência de um mercado interno.

Todas  estas faltas não são propriamente culpas dos pobres e lhes dificultam a vida.Mas há uma margem sim de luta,individual e coletiva.

O  ethos do trabalho,conceito de Max Weber ,explica muito do brasileiro médio:o povo brasileiro entende o trabalho como emprego,não como iniciativa individual,capacidade criativa a partir de si mesmo.

Há um grande caminho que o povo pode trilhar para diminuir a exploração,diminuir a miséria.E ele não faz.

Foi isto o que eu quis dizer.