domingo, 26 de março de 2017

Porque o povo não vai às ruas?



O povo não  vai às ruas exatamente por estar inserido numa das famosas antinomias gramscianas,que os corifeus da esquerda brasileira citam,mas não passam para o povo,com medo de perder a sua situação de vanguarda.
Sim porque isto acontece também no lado da esquerda.Não é só a burguesia que mantém o povo na ignorância para melhor manipulá-lo.A maioria do povo aceitou estas reformas,confiando que os “doutores” sabem o que fazem.Esta é a verdade que não quer calar.

Qual seria a tarefa da esquerda?Eu ouço isto desde pequeno:transferir a cultura,principalmente erudita,para o povo, através dos partidos de esquerda.Gramsci dizia que o povo,mal informado, só via a ponta do nariz,no que ele chamava de momento egoistico-passional.Todo o povo está preocupado com  o que  ocorre só na sua imediação.Quando juntou a copa do mundo,a olimpiada  os 0,20 centavos o show geral carreou a massa;agora,não tem show  nenhum,não tem festa,com churrasquinho na esquina e periguete rebolando.
Quem vai se interessar por complexos problemas econômicos?Quem tem condições de abordá-los?Os partidos de esquerda deviam preparar as pessoas,mas porque não o fazem?Porque militantes preparados podem por em xeque as vanguardas dentro destes partidos,que “ raciocinam” como burgueses e não como revolucionários/libertários.O trabalhador não é seu companheiro,mas seu competidor e o que move as vanguardas não é a justiça das relações econômicas,mas  o aspecto “heróico” das lideranças personalistas,que não querem perder esta “ identidade”.
A passagem do momento egoístico/passional para o da universalização racional é uma exigência da esquerda bem fundamentada,mas esta não existe aqui.Por isto não tem ninguém na rua para se opor a fatos muito mais graves do que aqueles que aconteceram na época dos vinte centavos.

sábado, 25 de março de 2017

O que significam a terceirização e o fim da justiça trabalhista?



Eu já tratei deste tema em outra ocasião mas como agora ele se tornou praticamente oficial sou obrigado a novamente abordá-lo.
Historicamente a terceirização é o máximo de “ liberação” das cadeias reguladoras “ medievais”(restos feudais[Nelson Werneck Sodré]{tocarei neste assunto proximamente})do capitalismo predatório e sem mercado interno brasileiro.
Todo capitalismo é assim:ele vai passando por cima de todas as amarras reguladoras de qualquer jaez e origem que possui.Isto está em Marx.É da sua natureza,na busca do poder.
Contudo,nos capitalismos tradicionais, isto vem acompanhado de uma sociedade civil forte,um mercado consumidor amplamente desenvolvido e que mantém o processo na base,nesta sociedade e não no Estado,que,se predominasse(como no Brasil) acabaria  por engessá-la.
O capitalismo autárquico brasileiro,que não foi modificado em nada por Dilma e Lula(apêndices politicos deste capitalismo predatório),não possui estas características essenciais.Essenciais para o quê?Para a construção de um regime democrático pelo menos mais expressivo desta sociedade civil e mais aberto a ela;para a uma distribuição de renda,que se não perfeita,maior;e para a construção de um sistema educacional e uma mobilidade social ascendente também maiores e que atinjam de fato extratos menos favorecidos em maior quantidade.
Neste último caso eu já tinha tocado no artigo que fiz logo que se falou na terceirização,inicio do governo Temer(que devia ter saído junto com Lula e Dilma).A terceirização baixa os custos dos salários porque a mão-de-obra é desqualificada e desobriga o Estado e a sociedade de qualificá-la(obrigando o aumento de salários).Na construção civil por exemplo,um engenheiro vai dirigir equipes de pessoas  contratadas sem nenhuma formação.O que ,pelos erros cometidos,fará com que as obras demorem e os custos aumentem,favorecendo as construtoras.
As disparidades de renda aumentam se não há qualificação.
Na ocasião do meu primeiro artigo  teve gente que me critcou porque entendia que havia vantagens na terceirização e eu digo :num capitalismo avançado,como Marx mostrou, a quebra das peias feudais ajuda no progresso material da sociedade.Mas num capitalismo dependente(e que se vai aprofundar mais ainda como tal  a partir de agora),colonial como o nosso,em que  ,em que não existe a formação de uma nação,este tipo de visão,que só vê um lado da questão,o seu,não encarna apenas uma visão egoística(-passional[Gramsci]),mas não joga na necessidade de  se construir um “coletivo” nacional que favoreça a todos os setores sociais,não só um.
Quando Getúlio Vargas criou os sistema de sindicatos,eivado de peleguismo,dentro da relatividade das coisas, havia um compromisso de proteção dos trabalhadores,coisa que agora os sindicatos terão que fazer de modo ainda mais firme.Neste momento os trabalhadores,na relação direta com os patrões, tendem a ficar desprotegidos,ao sabor das manipulações (politicas inclusive[eleitoreiras])dos patrões.É lógico que alguns vão se beneficiar(talvez a classe média esquecida por Lula –Dilma)mas há que se pensar em todos e na edificação da nação brasileira,onde a democracia se amplia e as possibilidades de ascensão social das classes menos favorecidas se torne maior.
E num país em que o cidadão não tem escola,esta é a razão pela qual não vai às ruas.Assunto para o próximo artigo.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Porque defendo o parlamentarismo



Eu já fiz artigos sobre este tema ,mas eu queria ressaltar uma mudança havida na concepção de todo parlamentarismo.No inicio só se falava em governo de união    nacional quando as instituições e o país estavam em perigo.
Com a questão social ,quando os trabalhadores em seus direitos o estão também,é preciso que o partidos esqueçam as suas plataformas para resolver aquilo que é mais urgente no plano social.
No Brasil hoje o mais urgente todo mundo sabe:o desemprego de 12 milhões de pessoas.
Uma das razões pelas quais um dos pouquíssimos dirigentes esportivos é admirado por mim,Márcio Braga,é que,há algum tempo atrás quando o Flamengo correu o risco de cair para a segunda divisão,a primeira coisa que ele fez foi unir todas as forças do clube,inclusive seus desafetos.Não foi o “ Papai Joel”(era final de ano)que salvou o Flamengo,foi a união de todos.
O que vai acabar com o desemprego não são planos econômicos elaborados pelo Meirelles(um dos culpados da crise),mas a união dos diversos setores da sociedade,pera num sacrificio em nome de seus irmãos,dar a  contribuição devida para superar a crise.
Se fosse no parlamentarismo era mais fácil demover as forças politicas de seus interesses pessoais em nome de algo que é sempre maior:a  nação ou o povo.