O povo não
vai às ruas exatamente por estar inserido numa das famosas antinomias
gramscianas,que os corifeus da esquerda brasileira citam,mas não passam para o
povo,com medo de perder a sua situação de vanguarda.
Sim porque isto acontece também no lado da
esquerda.Não é só a burguesia que mantém o povo na ignorância para melhor
manipulá-lo.A maioria do povo aceitou estas reformas,confiando que os “doutores”
sabem o que fazem.Esta é a verdade que não quer calar.
Qual seria a tarefa da esquerda?Eu ouço isto desde
pequeno:transferir a cultura,principalmente erudita,para o povo, através dos
partidos de esquerda.Gramsci dizia que o povo,mal informado, só via a ponta do
nariz,no que ele chamava de momento egoistico-passional.Todo o povo está
preocupado com o que ocorre só na sua imediação.Quando juntou a
copa do mundo,a olimpiada os 0,20 centavos
o show geral carreou a massa;agora,não tem show
nenhum,não tem festa,com churrasquinho na esquina e periguete rebolando.
Quem vai se interessar por complexos problemas
econômicos?Quem tem condições de abordá-los?Os partidos de esquerda deviam
preparar as pessoas,mas porque não o fazem?Porque militantes preparados podem
por em xeque as vanguardas dentro destes partidos,que “ raciocinam” como
burgueses e não como revolucionários/libertários.O trabalhador não é seu
companheiro,mas seu competidor e o que move as vanguardas não é a justiça das
relações econômicas,mas o aspecto “heróico”
das lideranças personalistas,que não querem perder esta “ identidade”.
A passagem do momento egoístico/passional para o
da universalização racional é uma exigência da esquerda bem fundamentada,mas
esta não existe aqui.Por isto não tem ninguém na rua para se opor a fatos muito
mais graves do que aqueles que aconteceram na época dos vinte centavos.