quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Definição de isentão


Ao fazer o artigo sobre a visibilidade dos rostos das vítimas da URSS,a direita(Blsonnaro inclusive)quiseram se aproveitar disto e atacar às minhas custas os chamados “ isentões” da esquerda(eu incluido).

Eu recebo pancada destes dois extremos o tempo todo,mas desta vez é diferente:nós entramos no fulcro da questão posta por mim há muitos anos,que é o de tentar superar este imbroglio da guerra-fria que aportou no Brasil.

Para mim o Brasil entrou de gaiato neste navio.Não somos um páis central na questão universal,a não ser pelo papel geopolitico que representa e que eu já expliquei.

Portanto,como eu preconizei no passado,já era hora de sairmos disto aí e nem deviamos ter entrado.

Os comunistas,grupo de que eu fazia parte ,analisaram 64 e tiraram a conclusão de que,após a redemocratização nós tinhamos que fazer a ligação com o desenvolvimentismo de esquerda, ceifado naquele ano.Retornar ao passado para avançar.

Naturalmente um desenvolvimento modernizado,mas ainda um desenvolvimentismo,que é,para mim,a senda necessária para a construção democrática dos países e que ainda está aí(Brics);mas precisa de mais radicalidade”(e que não é uma noção tão anti marxista assim).

Infelizmente,o propósito democrático dos comunistas e da esquerda em geral sucumbiu ao terror de direita,quanto aos “ perigos do comunismo”(em parte reais),não adiantando a profissão de fé democrática:não há como convencer o brasileiro da veracidade das afirmações comunistas se eles apóiam regimes construidos na base do sangue.Stalin (n-)os prejudicou.

Hoje nós podiamos fazer um desenvolvimentismo mais radical e com segurança,porque não há mais este problema universal ,pelo menos nos termos de confronto do passado.

Mas no Brasil este confronto persiste de maneira delirante e desproporcional ao nosso papel universal e aí que entram as minhas reflexões:a direita me usa para poder atacar quem ela diz que é isento e a esquerda(como eu esperava)que eu favoreço o outro lado criticando o marxismo.

Ora em primeiro lugar o marxismo não é a esquerda toda(.)Em segundo,lembrando Gramsci “só a verdade é revolucionária”.Só se muda uma realidade se se a encara como ela é,não imaginações,delirios,choradeira e assim por diante.

Sempre recordo a máxima de Epicteto que Prestes tinha como farol ético: “regozija-te pelo fato de as coisas ruins aparecerem diante de ti com são realmente” e acrescentando Borges: “Eu sofri muito com dores imginárias,mas deveria ter tido mais dores reais,porque aí não sofreria tanto”.

Estes pressupostos são essenciais a quem quer mudar a vida e a sociedade.Por isso não há “ ideologia cientifica”,mas saber sobre a realidade,ciência.O máximo de esforço para não cair na imginação é pouco para quem quer mudar.Sendo este um preceito até de terapia.

Todo o limite à mudança é superável desde que as pessoas queiram.Nem um lado nem o outro estão dispostos a ver o real como é realmente,e este real é o Brasil.

Os comunistas não aceitam o fim do internacionalismo proletário,mas não existe mais proletariado e não existe mais o proletariado.

A direita oportunisticamente usa a honestidade da esquerda em reconhecer os crimes de Stalin para destruí-la,no espirito do que fez sempre,com o mote do “ perigo comunista”.E a esquerda diz que ao fazer isto,ou seja,criticá-la,eu a enfraqueço e ajudo o outro lado quanto a este “ perigo”.

Não é bem assim.Dizer a verdade ,reconhecer os erros e se modificar aproxima a pessoa de bem(inclusive alguns comunistas e pessoas da direita[Nelson Rodrigues])da mudança.

O que eu proponho é isto:mudar a cara da esquerda para que ela não signifique mais um “ perigo” a ser explorado.

Mas não dá para fazer isto relativizando as ações do movimento,justificando os crimes de stalin pela especificidades de seu país.Quer dizer,aqui no ocidente democracia ,em outros lugares ditadura.

O comunismo e as correntes são universais,estão inscritas na comunidade universal e não há(como não havia no passado)como relativizar os fundamentos éticos da ação revolucionaria(em qualquer sentido desta palavra polissêmica).

Democracia é aqui e em qualquer lugar.Se a esquerda(inclusive a marxista)quiser ter futuro vai ter que ter um só caminho.

E vai ter que agir no sentido de provar esta conexão com a democracia,como fizeram os comunistas italianos e de modo geral os ocidentais.

Se pessoas de esquerda,que não e stão isentas nunca,como baba Bolsonnaro,se dispueserem a aceitar este conceitos vai crescer novamente e a direita se diluirá na medida em que não se pereceber o tal “ perigo”.Não é escondendo este passado que se evita a direita,mas expondo-o com sinceridade e provando credibilidade e confiabilidade ao povo brasileiro.

Existe risco?Sim.Mas há que enfrentar agora o rpoblema,senão a esquerda vai desaparecer,o problema social vai desaparecer.

De novo Marilena Chauí O conhecimento é maior do que todos nós


Tendo feito críticas bem fundamentadas ao trabalho da Professora Marilena Chauí,um dos raros intelectuais que eu citei(fora as da Terra é Redonda[até porque não me citam]{numa postura elitista])pensei que ela e os garotos que estavam do lado dela(para mostrar que qualquer um deles era melhor do que eu[conheço bem este truque de desmoralizaçãoe repressão])tinham desaparecido.

Mas ela veio aqui nas minhas redes para mostrar o titulo de doutor honoris causa que ela vai receber(ou já recebeu).

Eu quero tecer algumas considerações sobre esta resposta da professora,a partir de fundamentos filosóficos ,éticos e profissionais.

O conhecimento é maior do que todos,e quando eu digo todos ,me refiro ao Ernesto,à Chauí,a Einstein,Newton e Galileu.Há certas coisas que transcendem às pessoas:a revolução,a ciência,o meu Fluminense,as nações.Como no leito de morte disse Camões: “morra eu,mas a pátria não”.

O conhecimento é assim porque ele é mutável também.Lembro-me que tomei conhecimento desta verdade acompanhando as polêmicas com o pensamento soviético,patrocinadas no Brasil por Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho.

Eu montei um curso para este último no sindicato dos professores em que ele tratou do livro de Lênin “Materialismo e Empiro-criticismo”(o livro filosófico mais anti-profissional da história)afirmando que lênin(a meu ver seguindo Hegel)paralisa o movimento inevitável do conhecimento,como de resto de todas as coisas.

Deste modo receber um titulo pelo conhecimento não tem cabimento,porque ele pode mudar no momento seguinte,pode deixar de ser importante de uma hora para outra e assim sucessivamente.

Dar um titulo por trabalhar formando gerações,durante muitos anos,com competência e eficiência tudo bem.Receber um titulo por um ato que modifica para melhor a vida da humanidade,ainda que simples ,tudo bem.

Mas pelo conhecimento não.Pouca gente sabe que Einstein não recebeu o prêmio Nobel por causa da relatividade,mas por causa do efeito fotoelétrico,que é mais simples e é uma descoberta um pouco “ lateral” em todo trabalho do cientista.

A relatividade é tão ampla,tratando de todo o Cosmos,que ninguém tem segurança de que ela vai valer sempre(u vale agora[quem sabe?]).Dizem que no final da vida Einstein afirmou que uma “ equação (como a dele[e=mc2])é para a eternidade.Se é verdade, revela um traço comum em cientistas e pensadores do século passado(entre os quais se inclui a senhora Chauí):que é considerar a eternidade(bem como o absoluto) como um conceito imutável,algo dado desde sempre,no que é uma contradição com o que dissemos acima(sobre o conhecimento).

Além disto tudo a postura dos intelectuais fica provada aí como sendo idêntica aos intelectuais tradicionais,da burguesia e de outras classes:só o interesse individual,profissional é que move estas pesssoas.

No inicio os radicais de esquerda abrem espaço para aqueles que não têm diploma,mas depois ,quando a estrutura de um lugar se faz necessária ,junto com o controle dos criadores ,quando o poder toma o lugar do saber,tudo se iguala ao antigo regime que era criticado.

Assim se deu na URSS e no socialismo real:no inicio qualquer pessoa de saber notório é recebida e reconhecida,mas depois ela tem que se enquadrar.

O caso mais típico foi o do fisico Landau:nos albores da revolução,a sua falta de diploma não o impediu de contribuir muito para a ciência soviética.

Quando necessário o controle foi torturado e preso cinco vezes!!até se enquadrar.

O mesmo se dá no mercado capitalista menos controlado:o produto é usado até dar lucro.Ao acabar de servir a este fim ele é jogado fora,como Elvis Presley et al.

O capitalismo cru é igual ao socialismo real.E o intelectual que põe barreiras aos outros é o mesmo da URSS:ele não quer ameaça ao seu prestigio adquirido e sacrifica o movimento do conhecimento. “ depois de mim o dilúvio”


sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Amazônia Aquilo que está ruim pode piorar

 


Novos fatos históricos pairam sobre a nossa Amazônia:agora a pressão vem de um país,a França,que quer nos forçar a explorar petróleo ,já que os franceses já fazem na guiana.

É como eu tenho dito:este macron,xoxo,só vai conseguir ter um nome mais forte fazendo o mesmo que seus antecessores ,se voltar para o neo-colonialismo e tentar tomar algo que não é dele.

Além do mais fica como uma liderança já que por trás dele existe a europa ocidental e...os Estados Unidos.

Tentativas sub-repticias de tomar pelas beiradas a Amazônia,como quem come um mingau,já foram feitas,mas esta é diferente:um país tenta pressionar o outro de uma maneira canhestra,já que o que um pais faz de melhor para si não o é necessariamente para outro.

É a revivescência da frase “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil” só que agora é “o que é bom para o g-8 é bom para Brasil”.Necas!!

Na década de 70 foi lançado o “projeto Jari”,do sr. Ludwig(esqueci o primeiro nome)que pretendia explorar extensas regiões da Amazônia.Era para forçar de vez a entrada destes páises centrais e garantir a necessidade de um mandato sobre a região,num procedimento clássico que eu já expliquei ,mas ao qual retornarei em breve.

Agora é um país que faz isto e é grave.Usando um argumento muito mal enjambrado,da guerra-fria,com toda a sua dose de estupidez,mas que lá no fundo acaba sempre se formando como conceito:a França produz petróleo e “ não tem sentido” o Brasil não produzir ,deixando os outros povos na mão.

É um escancaro:o interesse econômico se apresentou a nu.Não é a questão ambiental,de preservação,mas a do “ desenvolvimento sustentável”,para todos,isto é,” eles”.

Um conceito tão bonito como “ desenvolvimento sustentável” é usado tanto para bem como para o mal,como todo conhecimento.

A polêmica subsequente sobre a exploração do petróleo mostra como esta tática “ francesa” fez efeito:o Brasil teve que se posicionar e diante da ganância Lula agiu certo priorizando a preservação.

Ninguém é contra explorar a Amazônia,mas a prioridade é o povo brasileiro e enquanto a perspectiva de uma dominação do G-8 não for superada este impasse tático e estratégico tem que prosseguir.

Contudo a pura preservação nos mantém presos a ele e a tarefa próxima e futura é como desatar este nó.

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Os termos fundantes da ditadura militar brasileira

 

Ainda que eu discorde profundamente da luta armada,reconheço que do ponto de vista do direito individual de participação politica,a atitude dos militares em usurpar este direito justifica uma revolta,que,no final,tem a ver com o povo brasileiro,que o perdeu da mesma forma que estes grupos de esquerda.

Não que o povo os apoiasse,mas no fundo a luta era a mesma(se é que a maioria queria lutar).

Essas discussões sobre a definição de ditadura me parecem bizantinas.Havia ,no entanto,um compromisso do Mal Castelo de entregar o poder aos civis e à normalidade democrática logo em 64.Neste momento discute-se se havia ditadura ou não.

Para mim um governante auto-arrogado,sob que justificativa for,é ditatorial se se extende além daquele motivo que o fez tomar o poder.

A defesa de algo legitimo eventualmente justifica a permanência de alguém no poder,mas superada a razão a normalidade retorna obrigatoriamente.

No caso da ditadura militar a pura e simples extensão do mandato do Mal para 66 e depois para 67 é ilegitima,porque bastava ,no caso de 64, impeachment.

Tudo o mais é ditadura para mim.Mas houve um recrudescimento antes do “ segundo golpe” com o AI-5:a usurpação por parte dos militares do direito de participação politica do cidadão,quando a candidatura a suceder o Mal Castelo Branco foi a de um militar :Costa e Silva.

Não importa que Castelo Branco não o quisesse,porque o critério é objetivo:o povo brasileiro foi atingido e algumas pessoas se sentiram no direito de lutar contra esta usurpação dos militares,da soberania popular.

O conceito de usurpação foi trazido de volta ,entre outros,por Roland Corbisier,naquele periodo.Deriva da visão do escritor francês Benjamin Constant(não o nosso)que num livro famoso de Direito Constitucional o cunhou.

No tempo deste autor francês a questão era relativa ao papel de Napoleão,que era visto como usurpador da coroa pelos legitimistas,após se declarar imperador em 1805.Aqui neste artigo eu não vou discutir isto não.Este é um tema para um livro.

Mas ele se encaixa no que os militares fizeram aqui no Brasil.

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Quem confiará na lei e no judiciário agora?


Após o que Moro fez e Toffolli, quem confiará no judicário e na lei no Brasil?Num país anômico,em que se luta permanentemente para que as leis funcionem e que o povo compreenda a necessidade fudamental de se normatizar para progredir ,o que estes juizes do supremo(do supremo)fizeram chega a ser uma volta à idade média ou à colônia.

A pura e simples manipulação politica substitui o referencial permanente que estabiliza as relações e favorece ao avanço.O predominio do poder de estado,ocupado por um grupo,no lugar da cidadania.A inversão de valores e de tarefas.

Cada um no seu quadrado é a regra formal da democracia e do estado de direito.

Pois Toffolli escarneceu diante desta regra e do povo brasileiro.Tudo o que aconteceu no passado ,a prisão de Lula,as horas de interrogatório,tudo,era o quê?Show,palhaçada,farsa ou tudo isto?Tudo isto por interesses politicos,que agora se sobrepõem aos fundamentos nacionais,os fundamentos juridicos nacionais.

Daqui para a frente as consequencias deste ato tresloucado se pereceberão ao longo do tempo.Aparentemente não haverá escândalo agora,mas subrepticiamente,desde que Moro “descobriu” o vicio no processo,a confiança do povo nas instituições,que já é pouca,acabou.

O guarda da esquina venceu.Quando o AI-5 foi decretado,o único que se colocou contra ele foi o vice-presidente de então,Pedro Aleixo.O Presidente Costa e Silva lhe perguntou se duvidava das mãos limpas do Presidente e ele disse : “das suas mãos limpas não,eu temo o guarda da esquina”.

Com esta decisão de Toffolli o guarda da esquina, o cotidiano anômico do Brasil ganhou,venceu.

As dificuldades de quem luta como eu,pelo direito,serão muito mairoes agora e o esforço do judiciário e das instituições também.

Como fazer com que as instituições se recuperam deste soco no baço?

É uma pergunta,que eu,como pesquisador,me coloco agora e conclamo outros a fazer e a tentar responder.


terça-feira, 5 de setembro de 2023

O caso Antony

 

O caso Antony expõe de uma vez todas as questões em volta do problema das agressões contra a mulher em geral.

Eu vou repetir:existe o fenômeno e deve ser combatido.É verdade sim,mas isto não autoriza a manipulação midiática contra o direito, que nós vemos aí.

Do ponto de vista legal o Antony não deveria ter sido cortado.Apenas por causa de uma acusação ainda não confirmada não há de se tirar o ganha-pão de uma pessoa,nem a chance de continuar o seu trabalho.

Mesmo a pessoa condenada não perde,na prisão,alguns de seus direitos.A lei brasileira ,penal,consagra,como toda a lei ,o principio da punibilidade ,mas também o da educação e ressocialização,paar evitar a reincidência do problema.

Quer me parecer que a midia e outros setores da sociedade,como o movimento feminista e outros de natureza politica ,acompanham a passionalidade da revolta feminina(até certo ponto justa),para obter lucros mercadológicos,eleitorais,de nome e assim por diante.

Existe por parte do genero feminino uma passionalidade idealista que fundamenta a exclusão definitiva da vida social do homem que comete violências.

O “ momento egoistico-passional”(gramsci)parece ter lugar aqui ,acompanhado por analistas ,inclusive de futebol,que não entendem nada de estado de direito.

É muito fácil ficar do “lado certo mundo”.Estes milenarismos que permeiam a sociedade são interesseiros,tanto na esquerda como na direita,sem distinção.

Do ponto de vista do acusado se ele provar que não fez nada,teria o direito de processar,inclusive e principalmente a cbf.Mas muitos jornalistas e outros setores da sociedade poderiam ser atingidos por uma ação reparadora de danos.

Não tem sentido perseguir uma pessoa depois de cumprir a sua dívida com a sociedade.Inviabilizar o retorno de uma pessoa.Isto é irredentismo,totalitarismo por parte da mulher.

Se cometeu crime pague,mas depois libere-se-o para prosseguir na vida.