Com o refluxo das revoluções e o fim
da utopia(e agora José?) sobraram algumas de suas falácias,mas também verdades:as
massas quiseram sair do sofrimento e isto é justo.Mas como não chegaram e ainda
distorceram o processo,ficaram alguns “truques” perversos da era das revoluções
,que já tinham sido propostos neste tempo,mas que permaneceram num outro período,que
é o nosso,de novas estradas abertas ao “paraíso”.
A maior destas sobrevivências foi o
igualitarismo:já que os ricos continuam lá com seus privilégios,nós aqui,pobres
não vamos reconhecer a sua humanidade.
Quero dizer,nós somos todos
iguais,mas os ricos não sofrem,por sua condição privilegiada.
O resultado deste “ raciocínio” é o
seguinte:só os pobres sofrem e se não houver reconhecimento total da necessidade
deles,eles não reconhecem o sofrimentos dos ricos.
Em principio até se admitiria um “
raciocinio” deste jaez,embora já fosse de plano, perverso(como é de fato):o
sofrimento de um pai rico é menor do que um pai pobre que vêm os seus filhos
sendo estuprados ou torturados?
Sei que algum radical(não
necessariamente boçal)vai me contestar com o argumento-chavão de sempre:mas os
ricos têm mais recursos para enfrentar o problema,os pobres não.É verdade e
isto põe o pobre ,ainda ,na prioridade universal da questão social,mas
na perspectiva individual não há como fazer uma “medição” assim.
O problema é quando esta
contraposição entre pobres e ricos serve a propósitos escusos patrocinados por
oportunistas,tanto da esquerda como da direita(como de todo lugar).
A igreja católica,desde a Idade
Média,jogou com a ambiguidade que é a noção de “ pecado”:certas coisas,que não
são morais ou imorais(como se masturbar)passam a ser pecados com uma dose de
terror,conveniente à manipulação da religião.
Foi preciso a ciência e o
conhecimento desmentirem estes conceitos(masturbação como pecado)para a religião diminuir o seu peso,depois de
sofrer uma pressão de fora para dentro.
Hoje setores de vanguarda utilizam as
mesmas técnicas de ambiguidade,exceto por um detalhe fundante:se as classes
desfovecidas,eu vanguarda ,defino quando e onde e como o seu sofrimento
de não-desfavorecido,vai valer.
Em principio se você “comer” na minha
mão tem grande chance de eventualmente ser reconhecido,mas se me obedecer eu o coloco entre os desfavorecidos e até
quando você não sofrer,sofrerá,se isto nos ajudar.
Ainda que você more numa comunidade e
tenha uma vida mais feliz do que muita gente de classe média,você sofre
o outro não.
Este é um dos mecanismos complexos da
inversão de valores em que vivemos hoje e eu continuarei analisando estes
problemas.