domingo, 25 de agosto de 2019

O Brasil está em perigo!

Levando em consideração os pródromos desta discussão nacional expostas por mim nos dois últimos artigos nós temos que pensar o Brasil distintamente dos partidos e dos governos e mais do que isto devemos tomar emprestado o juízo hipotético de Kant e trabalhar com a possibilidade destas queimadas terem sido induzidas pelo governo para provocar uma situação de descalabro na Amazônia e com isso justificar a intervenção das forças armadas,como ocorre agora.Isto é uma hipótese.Não tenho como provar isto,mas tenho direito de levantá-la,junto com Kant.Mas o fato é que com o governo Bolsonaro as queimadas aumentaram e isto gerou um ruído com o G8,que já está “discutindo” sobre o Brasil.O interesse do G8 é só nos tirar a Amazônia.
A minha interpretação destes fatos todos é a seguinte:o Brasil,que,como eu disse acima,ainda não é um país unificado,é como a Alemanha e a Itália no século XIX,um país por fazer e se insere,nesta qualidade,naquilo que Gramsci chamou de “ revolução passiva”.A unificação da Itália(e da Alemanha,digo eu)equivaleu,segundo Gramsci,a uma revolução,só que patrocinada e realizada pelas classes altas.
A oportunidade que as queimadas deram ao Presidente Bolsonaro de intervir é mais um ganho para a direita,para as classes altas e média ética do povo brasileiro, de defender e garantir,segundo o seu programa conservador,a soberania nacional.A esquerda perdeu de novo(a direita tá dando olé)e a possibilidade de uma revolução,de direita,passiva,se coloca claramente.
Muita gente me acusa de ser catastrofista ,principalmente nesta questão da Amazônia,mas como sou estudioso,recomendo a leitura de Jorge Caldeira e seu livro sobre o barão de Mauá para ver que as tentativas de tomar a Amazônia vêm desde o processo de independência,que começou em 1808 com a transmigração da família real portuguesa.Estou preparando um livro sobre esta questão.
Este ruído atual se insere neste processo longo,mas alguns elementos de seu contexto,que eu já ressaltei mais acima,lhe dão um significado diferente e mais perigoso para nós:como eu disse a crise com a Venezuela colocou as grandes potências em torno da Amazônia e os Estados Unidos,afinados até à promiscuidade com o governo Bolsonaro,saíram na frente,como “ garantidores” da soberania nacional,no que eu acho uma anedota de mau gosto,mas que é fato consumado.
Também me acusam de ser conspiracionista.Eu volto à hipótese acima:não tenho como provar se isto tudo foi de caso pensado,mas favoreceu o governo nos seus propósitos autoritários(para não dizer golpistas).Hoje,domingo,dia 25 de Agosto,o guru do Presidente afirma que Bolsonaro bate de frente demais com a midia e isto o enfraquece.Como não pensar que esta afirmação não encaixa bem no enfraquecimento do Presidente,que ,saindo,poria na cadeira presidencial um general?Que guru é este que atua contrariamente ao direito do Presidente de governar?Como não ser conspiracionista?O Presidente sempre foi um laranja.Por isto insisti tanto na campanha na improcedência de um vice militar reformado há tão pouco tempo.
O esquema fica claro:quem melhor para defender a amazônia do que um militar?O que impede,como eu já disse,a consecução deste projeto é a divisão entre os apoiadores do governo,as suas divisões internas.Só agora as pessoas estão percebendo o óbvio:que Moro é cria da Globo e não de Bolsonaro.A esquerda não impede o projeto não.A única coisa que diz é :”Lula Livre!”,por interesse partidário,exclusivista,mais importante do que o Brasil.Mamão com açúcar para a direita.O Brasil não é o Lula,o Brasil não é Bolsonaro,o Brasil é ele mesmo.

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sexta-feira, 23 de agosto de 2019

É a civilização que define o mercado não o contrário

Uma das razões porque digo que a direita e o marxismo são iguais ou semelhantes é que ambos reduzem tudo à economia,ao mercado.
Engels ,uma vez,no Anti-Durinhg,defendeu Marx de economicismo,diante da acusação de um certo Mihailov.Hoje eu concordo com Mihailov:para além da economia e associados a ela estão valores,comportamentos que possuem uma influência sobre a economia,não notada por Marx.Quem primeiro identificou este fato em Marx foi o neo-hegeliano Benedeto Croce,criticando o marxista italiano Antonio Labriola.
Para Croce não haveria(e não há)relação entre ciência e axiologia.Marx,segundo ele,encontra uma justificativa axiológica na ciência econômica,na exploração.Mas Croce afirma que a ciência é uma coisa e a axiologia outra.As categorias econômicas não exploram,mas o homem,as relações sociais e politicas.Se as relaçõe sociais e politcas são ,em certo momento,econômicas poder-se-ia pensar que Marx tem razão,mas o que está dito aqui é que ,como em toda axiologia,há uma hierarquia,em que ela precede e comanda a dialética,a relação entre supsotos termos iguais.
Parafraseando Croce digo que o que faz a junção em Marx é a dialética.Se a economia,como tudo,obedece à dialética ela expressa em si,como ciência, o processo de desenvolvimento histórico em direção ao comunismo.Como não há dialética então a economia é uma coisa ,as decisões dos homens outra.Não é que não haja exploração,injustiças,mas são duas mediações diferentes.
De outro lado a ciência,como a ciência econômica,sendo um saber social,não é dissociado da sociedade,da nação,dos valores e até da psicologia,que,como vemos todos os dias, influenciam-na.
A afirmação de Engels de que a economia só em ultima instância explica a sociedade não adianta nada se não se reconhecer que a sociedade é tudo isto ,é cultura, e que esta toca a economia,não o contrário.
Assim sendo é a sociedade que orienta e define a economia.A civilização a define,não o contrário.
O liberalismo econômico e o marxismo erram ao querer moldar a nação pela economia,quando é o contrário.As soluções da economia começam quando a nação se entende,quando os atores sociais são homogêneos e sabem o que querem.
Por isto tenho um grande respeito pela figura politica e profissional de Itamar Franco que submeteu a questão da inflação a um critério nacional e politico,que,afinal,acabou por diminuí-la.
Aqueles que leram o meu artigo “O que é o Brasil”,se lembram deste esquema abaixo:

Nele eu colocava em circulos e intersecções,resumidamente ,o que penso ser o Brasil.Agora posso complementar e acabar com este diagrama.



Só que desta vez um circulo cobre estes circulos e intersecções e se chama república/nação/sociedade.
A economia é apenas um pequeno pedaço do processo social todo.A harmonização democrática e consensual dos setores da sociedade,representados nos circulos interiores,é que serve de base para a solução dos problemas econômicos.


Quem manda no Brasil e na Amazônia é brasileiro,não estrangeiro

Agora um “ novo” cavalo de batalha aparece no Brasil:as queimadas na Amazônia.
Antes de continuar este artigo quero colocar os meus critérios éticos e metodológicos mais uma vez:o meu lema é o do Boppe,eu entro para matar e não para morrer.Eu não faço acusações sem prova,eu discuto conceitos que transcendam aos problemas imediatos(que é a função de todo transcendente).Afirmar coisas sem prova é morrer e não matar.Por isto discuto conceitos.
Queimada sempre houve na Amazônia,mas parece ter crescido com o governo Bolsonaro.Parece.Não tenho prova para atribuir ao governo esta responsabilidade,mas não me interessa isto.O que me interessa é o conceito:a Amazônia é do Brasil e como tenho dito há anos me preocupa(junto com Brizola)a presença de estrangeiros cuidando da Amazônia.Na hora H se o Brasil,no entender deles,não for capaz de cuidar de si mesmo,não há garantia de que estes países não apóiem os Estados Unidos na exigência de um mandato sobre a região.
A postura do Presidente Bolsonaro na condução do problema da Venezuela colocou as grandes potências,principalmente os Estados Unidos,no plano imediato do problema da Amazônia,mas com a cereja do bolo,a Rússia,que apóia a Venezuela.Foi uma postura entreguista .Os apoiadores de Bolsonaro insistem em dizer que ele representa integralmente o Brasil e que tirou o Brasil da guerra-fria porque ataca os comunistas,mas é exatamente o oposto:a sua radicalização(de direita) favoreceu o mesmo tipo de problema geopolitico da guerra-fria.Ele manteve o Brasil na guerra-fria tanto quanto Dilma.E mais,o Brasil,que possui intenções separatistas fortes,como já denunciei,no seu interior,ficou exposto à sanha das grandes potências.Nós que somos tradicionalmente neutros,como a Suécia,estamos entrando no concerto europeu totalmente desprotegidos,por causa do governo.
O presidente Getúlio afirmou certa vez,a respeito das riquezas minerais do Brasil e do solo,que se o país não fosse capaz de controlá-las(-lo)as(o)perderia para o estrangeiro.Osny Duarte Pereira fez uma intensa pesquisa sobre o ferro brasileiro para dar suporte ao presidente nesta área.
Então temos que ter escrúpulo e não analisar o Brasil partidariamente,dentro da polarização esquerda e direita.Quando eu era comunista separava bem o problema da Invasão do Afeganistão do caráter comunista do estado soviético,porque ,por trás disto havia a geopolitica da pressão sobre a Rússia,sobre o país,que subsistia,sobre o povo, e que ficaria exposto também.E no final foi a guerra(Real Politik) do Afeganistão que gerou Osama Bin Laden,que estava lá,apoiado pelos Estados Unidos.
Quem me lê deve ter a noção da complexidade dos problemas politicos e geopoliticos:não são simples não.Falo sobre estas coisas e jumentos aí vêm com estas besteiras “ ah você apóia Bolsonaro”,”Ah você é comunista”.Defender o Brasil não é coisa de comunista.Isto é invenção da direita para justificar ditadura(com ajuda dos radicais de esquerda).E quem manda no Brasil e na Amazônia é brasileiro,não estrangeiro.Este internacionalismo da esquerda,velho e ultrapassado,favorece a direita,que é internacionalista também ,favorecendo a G-8.


Agora um “ novo” cavalo de batalha aparece no Brasil:as queimadas na Amazônia.
Antes de continuar este artigo quero colocar os meus critérios éticos e metodológicos mais uma vez:o meu lema é o do Boppe,eu entro para matar e não para morrer.Eu não faço acusações sem prova,eu discuto conceitos que transcendam aos problemas imediatos(que é a função de todo transcendente).Afirmar coisas sem prova é morrer e não matar.Por isto discuto conceitos.
Queimada sempre houve na Amazônia,mas parece ter crescido com o governo Bolsonaro.Parece.Não tenho prova para atribuir ao governo esta responsabilidade,mas não me interessa isto.O que me interessa é o conceito:a Amazônia é do Brasil e como tenho dito há anos me preocupa(junto com Brizola)a presença de estrangeiros cuidando da Amazônia.Na hora H se o Brasil,no entender deles,não for capaz de cuidar de si mesmo,não há garantia de que estes países não apóiem os Estados Unidos na exigência de um mandato sobre a região.
A postura do Presidente Bolsonaro na condução do problema da Venezuela colocou as grandes potências,principalmente os Estados Unidos,no plano imediato do problema da Amazônia,mas com a cereja do bolo,a Rússia,que apóia a Venezuela.Foi uma postura entreguista .Os apoiadores de Bolsonaro insistem em dizer que ele representa integralmente o Brasil e que tirou o Brasil da guerra-fria porque ataca os comunistas,mas é exatamente o oposto:a sua radicalização(de direita) favoreceu o mesmo tipo de problema geopolitico da guerra-fria.Ele manteve o Brasil na guerra-fria tanto quanto Dilma.E mais,o Brasil,que possui intenções separatistas fortes,como já denunciei,no seu interior,ficou exposto à sanha das grandes potências.Nós que somos tradicionalmente neutros,como a Suécia,estamos entrando no concerto europeu totalmente desprotegidos,por causa do governo.
O presidente Getúlio afirmou certa vez,a respeito das riquezas minerais do Brasil e do solo,que se o país não fosse capaz de controlá-las(-lo)as(o)perderia para o estrangeiro.Osny Duarte Pereira fez uma intensa pesquisa sobre o ferro brasileiro para dar suporte ao presidente nesta área.
Então temos que ter escrúpulo e não analisar o Brasil partidariamente,dentro da polarização esquerda e direita.Quando eu era comunista separava bem o problema da Invasão do Afeganistão do caráter comunista do estado soviético,porque ,por trás disto havia a geopolitica da pressão sobre a Rússia,sobre o país,que subsistia,sobre o povo, e que ficaria exposto também.E no final foi a guerra(Real Politik) do Afeganistão que gerou Osama Bin Laden,que estava lá,apoiado pelos Estados Unidos.
Quem me lê deve ter a noção da complexidade dos problemas politicos e geopoliticos:não são simples não.Falo sobre estas coisas e jumentos aí vêm com estas besteiras “ ah você apóia Bolsonaro”,”Ah você é comunista”.Defender o Brasil não é coisa de comunista.Isto é invenção da direita para justificar ditadura(com ajuda dos radicais de esquerda).E quem manda no Brasil e na Amazônia é brasileiro,não estrangeiro.Este internacionalismo da esquerda,velho e ultrapassado,favorece a direita,que é internacionalista também ,favorecendo o G-8.

domingo, 18 de agosto de 2019

À propósito da “Mei” afirmar o capital

Um dos cavalos de batalha da esquerda velha do Brasil é a microempresa individual.Para ela a Mei “ afirma o capital”.
Vamos por partes:a esquerda precisa entender que Marx condicionava o surgimento do comunismo à quebra das barreiras tributárias e institucionais da Idade Média.O comunismo nascia dos intersticios do capitalismo na medida em que este quebrava estes entraves à produção capitalista,modo-de-produção mais afluente da História.
Ora ,diante desta premissa não há contradição entre esta capacidade produtiva e a produtividade,esperada,no e do comunismo.É uma mudança de grau,que dentro da dialética materialista,implicaria numa mudança qualitativa.
Naturalmente estas questões não têm importância agora aqui.Eu falo isto para mostrar como no desenvolvimento do marxismo estas noções foram esquecidas e como este movimento se tornou mais uma religião do que uma concepção teórica e científica.
Não se trata de reunir as pessoas em torno da esquerda,dentro de uma perspectiva de classe,de uma classe produtiva em detrimento de outras.Trata-se de compreender o real,as mudanças que o tempo apresenta e dar uma reposta compreensiva necessária aos problemas que nos atingem.
Todo mundo sabe que eu defendo que a mediação transformadora do movimento social é a nação,a unidade cultural e de cidadania.Neste sentido a postura do militante de esquerda deve ser diferente daquela que veio de Marx e de Lênin.Ele deve saber em que momento a nação e o povo têm que ser respeitados apesar das dissensões que ela tem com um eventual governo,como este,de direita,no Brasil atual.
É claro que existe por parte desta direita uma intenção golpista.Ela usa a nação para atingir este fim.Vários fatos têm apontado para isto:crises de governo artificialmente criadas;choques e ruídos entre governo e ministros,que são substituídos progressivamente por militares.
Mas nos últimos dias um outro fato demonstrou um significado mais complexo ,que deveria ter sido percebido pela esquerda:a medida provisória chamada de “mp da liberdade”.Esta medida amplifica as possibilidades da lei da microempresa individual,cuja lei não foi feita pela direita,mas pelo PT.Assim como Bolsonaro amplificou o bolsa família instituindo o seu 13o salário,agora realiza algo inserido na lei da Mei:diminuir as barreiras capitalistas,que favorecem o comunismo!Estas decisões são nacionais,não são só de classe.
É evidente que esta flexibilização capitalista que já vem sendo implantada no Brasil,como nos países centrais,tem como objetivo pulverizar a organização dos trabalhadores,dos sindicatos.No passado foi assim,no periodo em que Marx localizou como a da chamada “ acumulação primitiva do capital” e ,como numa gangorra,acontece de tempos em tempos e mesmo o tempo todo nos países capitalistas,principalmente os mais atrasados,como o Brasil,em que a rotatividade da mãode-obra é constante.Os trabalhadores ficam à mercê do mercado,pensando que isto os libera,os torna mais livres,mas perdendo a necessária proteção sindical que corrige as irracionalidades do capitalismo(desemprego).Já está mais do que provado que a pura hegemonia do mercado evita o desemprego.Há uma dinamização,mas a longo prazo os problemas continuarão.Não é coisa de comunista.
Mas a atitude da esquerda não é simplesmente atacar o governo,mas entender que ,eventualmente,o seu ataque pode prejudicar o povo e mesmo os trabalhadores.
Continua a direita dando olé na esquerda.A direita sabe que a esquerda vai agir egoisticamente e oferece soluções para a enorme crise de desemprego criada pelo governo Lula/Dilma,esperando a óbvia recusa de interação com a oposição,que já está muito chinfrim.Como a oposição de esquerda não pensa na nação e só nas vanguardas sindicais,a direita vai passar por cima...de nada.
Assim a esquerda fica entre aceitar o governo ou se colocar contra o povo,entre a cruz e a caldeirinha.Do nada ela vai ao nada (e volta).
Nos anos anteriores quantas vezes eu disse que era melhor a esquerda reconhecer a derrota e se modificar,se atualizar?A insistência em confrontação subjetiva e vazia,usando o slogan “ Lula livre” está pondo em risco a integridade do ex-presidente inclusive.
Ninguém se iluda de que este slogan é mais essencial para os que o cercam do que para ele.Se Lula desaparecer politicamente esta entourage vai também.É o fracasso do sindicalismo de vanguarda tradicional que está na base do “ Lula livre”.Mas eu disse há muitos anos que Lula não tem condições teóricas de orientar uma renovação de seu partido e os dois estão,a passos largos,agonizando.
O próprio PT,portanto,sem entender a politica em sua complexidade,acaba por se voltar contra a sua obra,preferindo a personalidade,no lugar do programa.
A MP da liberdade afirma o capitalismo até certo ponto e a esquerda deveria atuar no sentido de evitar o desbaratamento da organização mas aceitar aquilo que ela mesmo começou.
E o pior é que os erros não são só do PT ,mas de seus apoiadores.O Psol que lançou esta consigna de “ a microempresa afirma o capitalismo”apóia o PT, o solapando pelas costas,numa repetição do receituário estratégico politico leninista que todo radical decora:apoiar a revolução burguesa para depois pular em cima dela e fazer a “ verdadeira” revolução,comunista.
Ocorre,que nas distorções históricas citadas acima aparece aquela confusão entre a teoria e religião:não é o caso de favorecer o capitalismo na sua capacidade produtiva,mas de apostar na crise,no quanto pior melhor,para (seguindo Lênin),se aproveitando dela ,tomar o poder.
A esquerda votou contra esta MP(Jandira Feghali,Alessandro Molon)ou se omitiu(Freixo)perdendo a oportunidade de obter uma vantagem moral ajudando o Brasil e seus desempregados e a oportunidade de começar a reformular seus conceitos e erros ultrapassados.
Era o caso de propor uma forma de controle dos sindicatos e não simplesmente virar as costas.


sábado, 10 de agosto de 2019

A reforma da previdência

Falarei um pouco sobre a reforma da previdência por insistência de alguns,mas eu já me referi a isto em outro artigo.A começar pelo fato já explicado por mim do que vem a ser uma reforma:reforma é quando o fundamento de alguma instituição é mudado.
Quando houve,no primeiro governo Roosevelt o New Deal ,toda estrutura liberal dos Estados Unidos foi alterada,porque o estado passou a intervir na economia,algo impensável até então.Isto é uma reforma.
O Brasil ,até hoje,não conseguiu um welfare state real.Isto acontece porque um estado previdenciário no seu sentido próprio depende de uma estrutura produtiva bem estabelecida e consequentemente uma tributação bem organizada e que reverta para a sociedade o que foi arrecadado.Não que nos países centrais isto seja perfeito,claro que não.Existe o fenômeno da corrupção,a excludência,mas as sociedades destes países são mais distributivas de renda,as distâncias entre o mais rico e o mais pobre são menores e o controle governamental é maior.São sociedades homogêneas,mais homogêneas do que a nossa,cujos melindres nós conhecemos:a maior parte da população na pobreza e excluída da formalidade;um grau extremo de corrupção,de cima a baixo,de cabo a rabo,sem que o governo consiga resolver;esgarçamento desta mesma sociedade,ou seja,falta de homogeneidade,divisões internas ao nível da pulverização.Poderia citar mais problemas ,mas o básico é isto.
Conforme eu já disse isto não é uma reforma,mas mais uma atualização diante das mudanças econômicas e sociais do Brasil.O Brasil é o país da ficção:não há de fato república,não há de fato previdência,mas um projeto que em face dos problemas citados tem que ser atualizado de dez em dez anos,para que o estado,falido,se recupere um pouco.
A reforma tributária,que é mais exigivel como atualização também,passa por perrengues idênticos.Antes de qualquer coisa há que se construir os fundamentos do Brasil.
Nos debates da Câmara ficou claro que a esquerda já estava derrotada desde o impeachment e ela aprofundou a derrota defendendo num contexto impossível a construção destes fundamentos.
Sempre alguém se beneficia da economia de mercado ou da proteção estatal,conforme esteja no poder a esquerda ou a direita,mas dentro das possibilidades do Brasil o que ajudaria a formação definitiva de uma previdência para mais de dez anos futuros é uma real reforma tributária.Falarei disto no próximo artigo.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

A zona oeste

Há muito tempo atrás disse que havia uma articulação entre Bolsonaro e a direita com a freguesia-jacarepaguá e a zona oeste.Houve sempre um interesse em emancipar a barra da tijuca ,em outras épocas, e a dificuldade de se conseguir isto era causada pela baixa infra-estrutura deste bairro e que para resolver este problema era incluir a freguesia-jacarepaguá,que é mais forte economicamente e que pode ajudar no projeto,por isto mesmo.
A zona oeste e principalmente a freguesia,maior colégio eleitoral do Brasil,tem crescido e tem sido o lugar onde as eleições são decididas ,nos últimos 8 anos.Tanto que os candidatos ,nos últimos comícios,vêm encerrar as suas campanhas neste bairro.
Ora,com a eleição de Bolsonaro,morador da barra da tijuca,este projeto ganhou novo alento e isto se prova com o que aconteceu na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro na sexta-feira passada:os vereadores ,ou alguns deles ,propuseram uma separação entre uma suposta zona oeste do sul e outra do norte(por oposição lógica).No primeiro caso estariam a Barra ,o Recreio e a Freguesia e no segundo Campo Grande ,Bangu e Santa Cruz.Os três primeiros sub-bairros seriam a parte “ rica da zona oeste” e os outros, a parte “ pobre”.Esta proposta foi derrotada por um voto apenas e eu vaticino que ele voltará e será provavelmente aprovado,porque isto foi um balão de ensaio para ver as reações subsequentes a esta separação.
Aqui se vê a diferença entre uma postura social(sob que denominação estiver,socialista,social-democrata ou comunista)e a da direita:neste último caso a questão é simples,a solução para enriquecer uma área já mais forte e poderosa economicamente é esquecer pura e simplesmente os que não acompanham o seu ritmo.Assim funcionava a cabeça de Hitler:para melhorar a economia alemã,depois de 1929,bastava abrir espaço,jogando porta-fora,os judeus,que eram produtivos,não sem antes tirar-lhes as posses.
Não é estranho à esquerda defender a responsabilidade individual,como base do progresso.Eu,por meu lado,incluo setores liberais no campo progressista e democrático,mas um dos elementos distintivos do liberalismo democrático e aquele que pende para a direita(e até para o nazismo)é exatamente não ter a perspectiva de diferenciar o indivíduo ,nos seus direitos,e a vida social,nacional e coletiva.
No plano individual é normal defender a si próprio e ,embora não sendo indiferente ao sofrimento dos outros,se situar no seu local público.Isto porque o cidadão não tem como solucionar todos os problemas e,ora,porque ele paga impostos para que o estado o faça.
No plano público,na mediação coletiva da nação,este tipo de raciocinio não é admissível,porque deixar os outros prejudica esta mediação.
Ainda que seja legítimo que um determinado setor da sociedade,mais produtivo e mais forte,queira progredir,não tem sentido não ajudar outros setores,inclusive ligados a esta região.Ora,será que a parte “pobre” da zona oeste,os cidadãos que vêm de lá para trabalhar na barra não são um pouco responsáveis por seu progresso?
É lógico que fazer divisões territoriais é perfeitamente constitucional e factualmente real,mas ,no plano nacional,não pensar no outro é mais que canalhice,é burrice e descaso com a nação,com o estado.
O caso mais semelhante a este é o da fusão do estado do rio com a guanabara,no âmbito da politica do regime militar,que desejava diluir o furor oposicionista da cidade-estado.
Anos depois quis se fazer a desfusão,que eu,particularmente apoiei:num espirito federativo os recursos da guanabara,mais produtiva do que o interior do estado,a beneficiaria,mas hoje,entendo que a desfusão só seria justa se oferecesse vantagesn também para o estado todo.Diante de uma situação imediata de fato,é preciso ter sensibilidade,para dizer o mínimo.
A postura democrática e social diante da zona oeste é desenvolvê-la,criando as condições para ela superar os seus maiores problemas:degradação dos serviços,atuação das milicias,empobrecimento,desde 2001,da população(nunca tinha visto tanta criança abandonada nas ruas da freguesia-jacarepaguá),incremento da vida cultural,que é pequena,incremento das possibilidades educacionais.Eu propus,há muitos anos,a fundação de uma universidade.
Depois,eventualmente fazer a separação,por outros motivos,não egoistas.