Na última
semana vimos duas
noticias políticas antitéticas:o
expediente tolo de criar
um novo partido,por
parte do PT ,e
o acerto da escolha de
Renato Janine Ribeiro
para pasta da educação.
Neste último
caso é mais um
round entre Eduardo
Cunha e Dilma que desta vez, ela
ganhou.O professor Renato
Janine Ribeiro me
chamou a atenção há muitos atrás
com um livro sobre Stendhal e
a sua relação
com o pensamento de
Habermas ,exposto em
Conhecimento e Interesse.Aliás um bom
tema para colocar nos meus blogs.Citando
um famoso filme de
Orson Welles “O Terceiro
Homem”,o personagem vivido por
ele expõe um
conceito interessante:”a violência
e o conflito são importantes:veja
a Itália
renascentista,com séculos de
conflitos e muito sangue
produziu as mais
extraordinárias obras de
Ciência e Arte,enquanto que os
500 quinhentos anos de paz
da Suíça produziram
o ... relógio de
cuco”.
Este personagem,um
rematado criminoso,queria justificar
as suas ações
com este conceito,segundo o qual o progresso
depende em última instância
do crime,da transgressão.
Isto preocupava
Stendhal,que possuía uma
relação muito ambígua com o seu
herói,o personagem oculto
de “ O Vermelho e o Negro”:Napoleão Bonaparte.Alguém que
vinha para mudar
para melhor a humanidade,levando-a ao
progresso e que cometia crimes,aparentemente justificáveis.Para um
artista e pensador
como Stendhal esta contradição
o angustiava,como angustia
até hoje as
pessoas que acreditaram em Stalin e
depois viram o que ele
era...
O professor
Janine sempre analisou
estas questões radicais,algumas importantíssimas e pouco
conhecidas do grande público.Tratou das
relações de afeto
com a política,nos seus estudos
sobre totalitarismo.
Enfim ele tem as
qualidades para fazer um
bom trabalho,mas eu me
preocupo que a sua honestidade pessoal
e esta sua radicalidade batam
de frente com este cinismo político brasileiro e
ele não resista.Semana passada
no Jornal da TV Cultura
ele denunciava que o Judiciário
tinha privilégios iníquos como o
de possuir auxiliares só para puxar
a cadeira do
juízes-deuses.
Não sei
como ele vai conseguir
conciliar a sua radicalidade com
a necessidade de
fechar os olhos a estas
monstruosidades que quem vê
a política de
dentro encontra.Há que lembrar
que o problema do
mensalão começou no final
do primeiro governo
Lula quando este disse
que ia finalmente mexer na “
caixa preta do judiciário”.
A fundação
de um partido
Eu
tenho dito aqui
que a reforma política vai ter
que ser feita com a
fundação de novos partidos,para
sair deste confronto entre grupos sem programas e
propostas e esta tentativa
do PT, através mais uma
vez de Kassab ,de fazer
este desvio ,demonstra
que o desenho é este ,mas o conteúdo continua fugindo
à percepção de todos os políticos.Não se
trata de fazer
uma legenda e
colocar cupinchas ,mas de reformular a concepção da esquerda e fazer
um novo programa que ligue o
povo a
ele.