segunda-feira, 31 de maio de 2021

Apresentação do meu trabalho com o zoom

Fernando Henrique e Lula:uma esperança II

 

Tenho que voltar a este tema para explicar os meus critérios para alguns dos meus leitores,que não compreendem o meu raciocinio.

Para mim não é uma questão de votar em pessoas,neste ou naquele politico e se eu fosse considerar a honestidade eu não votaria em ninguém,coisa que eu não faço,porque quero ter o direito de cobrar depois.

Para mim o eleitor deve pensar como estadista.Todo politico deveria pensar e agir como tal.O que caracteriza a politica estadista?O estadismo é o procedimento politico pelo qual se identifica nas ações momentâneas,imediatas,o seu significado transtemporal,mediato e futuro.Quer dizer, é fazer politica não pensando na ponta do nariz,mas no tempo e no futuro,mediato e imediato.

Na vida politica isto se constrói conectando a representação do estado,da nação,com a administração politica ,governamental,coisa que o parlamentarismo faz muito bem.

Politica de governo sem conexão com politica de estado,sem estadismo não cria sentido,não tem significado.O estadismo ,a atividade que vê o mediato no imediato só subsiste nesta conexão e principalmente com a preeminência da representação do estado.

Isto vale para qualquer época ,mas nesta em que estamos vivendo ,é uma exigência.Nós temos que pensar,mais do que nunca,no que é melhor para o Brasil e o melhor é unir a classe média com a classe operária e tornar o Brasil de novo unido,após os governos desatinados de Dilma e Bolsonaro.

Lógico que muita gente vai me contestar dizendo que Lula é Dilma de novo,o que é parcialmente verdade.Mas não é apenas,como eu disse no artigo anterior ,as pessoas de Fernando Henrique e Lula:é um programa em volta deles,com o qual algumas coisas esseenciais para o Brasil deverão ser obtidas por um governo resultante desta união.

Mesmo que não resulte numa vitória no ano que vem,esta união tem um significado histórico decisivo para o nosso país.Eu vou discutir o programa e este papel histórico nos dois próximos artigos.


sábado, 22 de maio de 2021

Lula e Fernando Henrique:ainda há esperança

 

O encontro entre Lula e Fernando Henrique causou desconforto em alguns setores aí da politica.Há alguns anos eu critiquei o ex-presidente ,do psdb, por ter falado uma coisa que prejudicou a candidatura Aécio.Hoje eu posso me “redimir” ressaltando um ato extraordinário de compreensão politica,que ele parece que viu aqui nos meus artigos.

Eu sempre preferi uma terceira via,mas como os candidatos dela não se apresentam,como eu gostaria,há que trabalhar com outros planos,B e C.

Normalmente o açodamento de Lula em se precipitar seria atribuido ao seu desejo de vingança,ao seu desejo de redenção,mas também ao fato de que ele não poderia deixar para em cima da hora,porque não é tão forte eleitoralmente assim.

Essa assertiva pode significar um bem para ele no tempo da eleição,mas pode se diluir no tempo que a precede.Nisto pode haver uma fraqueza.

Não importa contudo que seja assim,porque o campo democrático,contra este resto de ditadura que está no poder,tem que montar cenários de unidade para vencer a próxima eleição.

Usei o termo campo democrático porque no meu modo de entender estamos numa fase semelhante àquela da redemocratização,lutando para tirar de vez a ditadura de nosso horizonte.

E neste contexto a decisão de Fernando Henrique de encontrar-se com o “ barbudo radical nos remete àquilo que é bom no passado.Mas como diz Shakespeare “ o passado é o prólogo” e como nossos professores nos ensinam “não existe criação sem imitação”sem mimesis.Quer dizer, em toda criação projetada,em todo o futuro ,há algo do passado e este algo deve ser uma base boa para um futuro melhor.

Como eu disse há muitos atrás,Tancredo afirmou pouco antes de ir para o Colégio Eleitoral que só haveria uma social-democracia real no Brasil quando se esgotasse o periodo getulista,o trabalhismo histórico.

Embora eu não ache que ele tenha se esgotado,as condições de uma social democracia real estão dadas nas figuras de Fernando Henrique e Lula:união de novo entre a classe média e o operariado.Por causa disto uma possível homogeneidade politica do povo brasileiro,que permitiria construir a mediania republicana que falta ao Brasil,qual seja o respeito à lei e à norma.

Diante deste encontro nós temos diante dos olhos a chance de tirar o Brasil da guerra-fria ,do radicalismo de direita e de esquerda e analisar e solucionar os seus problemas.

Deixa eu explicar a quem me lê(rádio também)que eu não sou nacionalista e não abandonei esta dicotomia:sou de esquerda porque nunca vi a direita se preocupar com a questão social.Não impeço a direita de se preocupar,mas até hoje quem se interessa por este fenômeno histórico real é a esquerda.

A partir daí posso discutir qualquer coisa.Para mim isto é cláusula pétrea.A social democracia nasceu com esta preocupação.Se ela eventualmente o esquece não invalida a sua senda histórica,que existe.

Desenvolvendo esta aliança até às eleições o surgimento de uma terceira via vai ser perigosa para esta unidade essencial que se apresenta.Mas não nos adiantemos,vamos ver se há esta progressão.

França(et al):a Amazônia é dos brasileiros

 

Nem preciso repetir o que tenho dito estes anos todos:o Brasil está em perigo!A Amazônia está em perigo!Tenho colocado carradas de argumentos e fatos politicos e históricos que eu não vou rememorar aqui:basta ir nos artigos anteriores.

Mas agora um fato novo e inserido em toda esta questão surgiu no noticiário desta semana:a França,através de seu presidente aguado Macron,afirmou que a Amazônia não é só dos brasileiros,naturalmente alegando ser isto é só uma metáfora e que os que alardeiam perigos como eu são meros catastrofistas e aproveitadores de escândalos.

Mas de metáfora em metáfora a história está cheia de exemplos de que de uma hora para outra ela pode se transformar em uma realidade infernal e triste para o nosso país,que seria ,provavelmente reduzido a escombros ,sendo desmembrado.

O Brasil não é ainda um país totalmente unificado.Quando disse isto há anos atrás no antigo PPS,fui repelido entre risos.

Mas um país unificado é aquele que tem uma população socialmente(não racialmente)homogênea.É um que tenha fundamentos sócio-politicos básicos aceitos pela média ética da população(por isso são fundamentos).É um país preparado para se defender,com uma doutrina de defesa sólida.

O Brasil é o país do cada um por si.Ele paga deveras pelo seu passado e padece da falta de uma sociedade civil organizada.

Ainda mais:com os dois últimos governos está totalmente dividido com a classe média e operária separados.

Ele está prontinho para perder a Amazônia e não ter unidade para lutar.

Em um artigo próximo passado eu disse que os chineses deveriam indenizar os povos por esta pandemia ,mas depois,pensando bem,aventei uma hipótese bastante perigosa para esta situação toda:de repente os chineses deixaram isto acontecer e estão esperando que alguém faça este tipo de acusação e reivindicação,para que eles,que já estão aqui no nordeste brasileiro,por principio de isonomia e reciprocidade,exijam a internacionalização da Amazônia.

Talvez a direita pense que a relação com os Estados Unidos seja um anteparo para esta “ invasão chinesa”.A presença de um democrata como Biden não põe em risco este alinhamento porque antes de qualquer coisa um presidente estadunidense vê o interesse do país dele.

E com a aliança da Rússia de Putin com a Venezuela,nós estamos cercados.Maduro fez o mesmo que Stalin na coletivização forçada:matou de fome um setor da sociedade(no caso dele a classe média)e para ganhar estabilidade, a obteve de uma superpotência que tem interesses na região.Um dia eu vou escrever um artigo sobre esta coletivização forçada.A da Venezuela e a da URSS.

A intervenção na Bolivia vai no caminho desta presença da Rússia nesta parte do mundo.

A doutrina militar brasileira está afinada com isto.Ela incorporou estes fatos,mas o que eu disse sobre a pandemia e a Amazônia é uma hipótese a ser pensada.

sábado, 15 de maio de 2021

O que é ser bom?

 

Porque eu sei que sou boa pessoa


Oscar Niemeyer considerava Nietzsche modesto,mas em sua(de Nietszche) autobiografia “Ecce Homo”,ele intitula alguns de seus capitulos assim:”porque sou tão inteligente”;”porque escrevo livros tão bons”.Tirante a ironia do filósofo,há um tipo de contradição entre as pessoas que se consideram boas e aquelas que não,porque qual o critério do bem?Do bom?

Os antigos eleatas se referiam ao bem e ao bom como um principio de justiça,que por sua vez tinha a ver com a harmonia perfeita do mundo.Para eles seguir este modelo de proporção e identidade era o caminho do bem.

Com o tempo fica claro que esta concepção é limitada e justificativa de certos interesses de poder.Porque o mundo é cheio de injustiças e imperfeições,que nenhuma concepção modelar pode evitar.Somentes os modelos comportamentais elaborados pelos homens têm como pretender modelar e ,pelo menos,diminuir estas imperfeições.Mas mesmo eles dependem de certos condicionantes.Como vemos, para manter o prumo na vida é como atravessar um pântano.

Contudo não há que se aceitar o relativismo moral e ético ao qual muita gente sucumbe .A luta para atravessar a areia movediça é algo que transcende este relativismo.Contudo o oposto,a ideia absoluta,a crença de que seu modelo é o único que vale,não tem lugar.

A passagem consciente por sobre as vicissitudes da vida é premeada também por valores,limites e conceitos importantíssimos para não afundar.

Algumas pessoas(aí pelas rádios)cismam que o seu modelo corresponde ao mundo todo,ao tempo passado,presente e futuro e se sentem no direito carimbar a bondade dos outros,de maldade,porque não encaixam.

Cristãos,comunistas(alguns),fanáticos,dogmáticos de toda ordem não entenderam até hoje,com todas as demonstrações em contrário, que não há como abracar o mundo com as mãos e que o mundo não é aquele que se apresenta diante da ponta do nariz.E nem ele gira em torno de nós,nos levando à tontura.

Anda tem gente ,em pleno século XXI,que acha que só é possível ser bom se seguir a Cristo ou a religião.Se seguir a ideologia ou outro modelo qualquer ,que esconde acima tudo,a ignorância(mas também mau caratismo de achar que só o que é seu é que tem valor) de quem o escolhe e segue(ou elabora).

A pessoa se vitimiza e s e torna invulnerável.Como encontra interesseiros ,que se juntam à sua vitimização, o alfa se reune para oprimir aquele que é bom,mas tem outro ponto de vista.

Que eu saiba tem dois sacerdotes no Brasil que seguem a Cristo e estão sofrendo processos ,um por corrupção outro por pedofilia,um no Mato Grosso, outro(emérito)em Salvador ,Bahia.

Ser bom significa lutar para encontrar os limites na vida que nos dão sentido.

Eu não estou abaixo de ninguém.Não sou melhor do que ninguém,mas não estou abaixo de ninguém.Mas estou acima de alguns(Hitler,Stalin,o Rei Leopoldo,Torquemada[seguidor de Cristo])porque vou para o cemitério sabendo a diferença entre jogar uma criança em forno crematório e tirá-la de lá.

Aliás eu ajudei pessoas ao longo da vida,nunca recebendo reconhecimento,pelo menos.Mas continuo sendo do bem(com Cristo inclusive).

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Jacarezinho

 

Quando eu lecionava ciência politica recomendava um texto em especial de Max Weber ,”Parlamento e governo numa Alemanha Reconstruida”,publicado ai nas bancas de jornais.Este texto é importante porque ajuda a compreender como a racionalidade politica é capaz de servir ao estado na sua tarefa de planejar uma mudança,ou uma reconstrução,como na Alemanha pós-primeira guerra,que foi quando Weber escreveu este trabalho(1919).

A ciência politica tem como certo que uma das condições essenciais para um país ,uma nação,progredir, é ter uma mediação organizadora da sociedade,que a torne cultural e subjetivamente homogênea,que é algo que deve se realizar igualmente no plano social(sendo uma outra questão se isto se dá de cima para baixo ou da sociedade para as consciências).

Nos Estados Unidos ,o principio de “ igualdade de oportunidades” ocupa este papel;na França, a República;na antiga Grécia a democracia.

Mas no Brasil existe um esgarçamento permanente,que só piora.O Brasil é como uma Alemanha pré-nazista permanente,ficando entre o autoritarismo e o caos,numa gangorra que não termina.Estamos na fase do autoritarismo...pelo menos da tentativa...

Neste contexto ,não há uma base homogênea para fazer um grande pacto de longo prazo para equacionar e solucionar o problema reiterado da violência.Contudo,não tem jeito,vai ter que ser assim.

Os regimes parlamentares expressam a racionalidade politica colocando o problema desta maneira:se a sociedade está em perigo o governo é realizado a partir de uma coalizão capaz de atacar as ameaças ao corpo social.É assim no tempo das guerras:Winston Churchill governou o Reino Unido num gabinete de coalizão.

Todas as forças politicas se unem para defender a sociedade,o corpo politico.Esta é a natureza do estadismo e da racionalidade politica:responder sempre da maneira certa,da mais lógica e própria.Max Weber,vendo a Alemanha esgarçada,destruida,buscou os meios de explicar quais os papéis do governo e do parlamento diante dos perigos provindos do Tratado de Versalhes.

Aqui os perigos são estes conhecidos todos os dias.No plano nacional acho muito dificil obter uma coalizão,ainda mais com este governo assassino aí.

Mas nas grandes cidades uma coalizão para enfrentar a violência é mais do que urgente:os partidos deviam fazer um pacto de alternacia de poder e pegar o melhor da inteligência ocupada com a questão da violência há vários anos,para elaborar uma politica de estado(não de governo)de longo prazo ,para manter esta politica aplicada durante os próximos anos,de modo que ela faça(como fará)efeito.


segunda-feira, 3 de maio de 2021

O virus como viabilizador do preconceito

 

Nos idos dos anos oitenta lembro-me bem de uma tristemente famosa enchente no sul do Brasil que mobilizou a solidariedade do país inteiro.

De lá para cá o paradigma da solidariedade do povo brasileiro ficou firmado como parte essencial da característica moral nacional.Mas de lá para cá também a constatação sociológica da violência do povo brasileiro tem desmontado um pouco aquele antigo padrão.

Isto parece aquelas discussões antigas sobre otimismo e pessimismo,chorar ou rir.Mas do ponto de vista sociológico é um problema complexo que só pode ser definido em termos de tendências e não há como não incluir o paradoxo de o povo ser solidario e ao mesmo tempo preconceituso,já que o brasileiro vota numa guerrilheira comunista e depois no seu oposto,no seu perseguidor.

A meu ver a resposta a este paradoxo é a visão abstrata que o brasileiro tem do significado de nação e que ele associa com os seus interesses pessoais.Se algo vai mal com a nação ele participa do seu jeito.Sem conexão com uma explicação geral,cientifica,teórica.Gramscianos diriam:o momento egoistico passional contraposto ao de universalização.

Ocorre um fenômeno oposto hoje com a presença do virus no território nacional:a falta de empatia de uns com os outros é patente ,a por em xeque a propalada solidariedade do povo brasileiro.

Do ponto de vista sociológico é claro que haverá uma explicação.Mas o paradoxo continua.E a mediação posta acima parece ser decisiva.Contudo ,diante desta visão abstrata que o povo brasileiro tem ,o virus serviu de gatilho não para solidariedade, mas para justificar o descaso de uns com o os outros.

A única forma de explicar o paradoxo é entender que o critério de solidarização do povo brasileiro ocorre quando ele de fato está vitimizado,não no cotidiano.

Quando o povo brasileiro se sente ameaçado,correndo o risco de ser atingido por um cataclismo ele se solidariza.Em casos tidos como não reveladores desta verdade,não acontece nada.

A proporção de mortes por coronavirus é pequena:a cada 10 pessoas duas ou três morrem.A maioria não.

E aí diante deste critério, a real natureza ,digamos assim,da média ética da sociedade brasileira,aflora:o virus se torna uma mediação justificadora de intencionalidades agressivas,pelo menos,em pensamento,culturalmente.

Um deseja se omitir das obrigações de recolhimento,de quarentena,por não considerar o outro digno disto;outro cospe no um para transmitir o virus;outro ,religioso,deseja que o “ lá de cima”,Cristo,mate alguém que pense diferentemente dele(pensamento preconceituoso[pelas rádios]{RG}).”O homem lá de cima quer fazer uma arrumação”.

Todos vêem no virus(como viram na aids)algum significado lógico que dá sentido e justificação aos seus preconceitos.

O virus é uma mediação,pois,desveladora do que o povo brasileiro médio,é :não vê a relação entre liberdade e norma;não vê,apesar do seu cristianismo,conexão entre o sofrimento de quem está intubado com o sofrimento de Cristo;apesar de ter piedade(valor cristão)se um rico morre nestas codições,mereceu.Tudo na média,evidentemente.


axiologia 1