segunda-feira, 24 de março de 2014

Novo artigo



Esquerda droga


Nas últimas décadas se criou o dogma de que a esquerda tem como uma de suas características essenciais,que a vincularia ao povo,o uso de drogas,mas eu,como homem de esquerda,contesto esta ligação,embora não esteja dizendo também que o uso joga a pessoa na direita.Num aspecto a droga tem a  ver com a direita,porque foi ela que no final da década de sessenta ,diante da contestação da juventude espalhou este mal pelas comunidades pobres e pelos jovens.
O concerto de woodstock,aparentemente o cristalizador desta visão,carrega ,como todo aquele período,ambiguidades,que não podem ser escondidas.
Quem viu o filme “Easy Rider,percebe claramente numa das falas do personagem de Jack Nicholson o erro básico desta fase de experimentação libertária da humanidade,quando ele diz:”todo mundo fala em liberdade individual,mas quando saímos por aí a exercendo,todos ficam contra nós”.
Eu defendo todo o “ programa” daquele tempo:amor livre,liberdade para escolher,principalmente no amor,governos respeitando a liberdade,mas não há como substituir,pelo menos imediatamente, a sociedade atual por comunidades alternativas e nem se deve confundir liberdade com vontade,o fazer o que se quer.A liberdade implica na capacidade de se normatizar,de ter na sua consciência a norma,a capacidade de dar sentido à vida.
Se estivesse na genética do homem o direito natural de não ter governo não seria necessário organizar-se.mesmo em Woodstock,a festa teve uma certa organização.
A droga acaba sendo uma experimentação que destrói esta liberdade da juventude que contestava.
Depois do episódio dos panteras negras nas Olimpíadas do México,em 68,a direita estadunidense percebeu claramente que deveria fazer algo antes que o povo entrasse no stablishment,como tentara nos degraus do pentágono. Então espalhou a droga pelas comunidades pobres deixando àqueles que não têm trabalho somente esta alternativa do negócio,o qual justificaria pelo seu crescimento,a ação da polícia,a qual justificaria a produção e venda de armas,para reprimir o tráfico,  destruindo a vida dos consumidores acabando por diluir todo o esforço de elaboração contestatória em curso.
No plano do amor livre,do amor sem posse, o stablishment o transformou em pornografia ,em mercado altamente lucrativo.Usando o princípio da liberdade absoluta de consumo(Larry Flint),revistas inundaram o mundo objetalizando aquilo que era busca de amor verdadeiro.O autor central desta traição é este execrando e horrendo Rupert Murdoch,que só agora,depois de tantas falcatruas foi atingido(em termos).
Assim sendo droga e pornografia não são necessariamente itens do progresso,mas sim saúde e liberdade.

 

sábado, 15 de março de 2014

Ucrânia,ontem e hoje


 

Aqueles que estão acompanhando os acontecimentos na Ucrânia estão,na verdade,acompanhando a continuidade da guerra-fria,que começou no século passado,como decorrência de acontecimentos do  século XIX.

Temos que criticar,por causa disto,Hobsbawn, por ter dito que o século passado fora o mais breve,porque, na minha opinião ,ele continua aí e salvo outro,talvez se torne o mais longo.

Senão vejamos,como os fatos são análogos aos que aconteceram na Ucrânia no entre-guerras(14-18 e 39-45).

Foi na Ucrânia que ocorreu o maior dos crimes de Stálin,que já relatei em outro artigo,a “ coletivização forçada” ou “ coletivização pelo alto”.

Ela só foi possível,em grande parte,porque havia,na época,a mesma divisão de hoje ,entre pró-russos e anti-russos.

Na Segunda Guerra ,um dos episódios mais heróicos da defesa russa se deu na Criméia,mas antes,Stálin já tinha usado esta divisão a seu favor para cometer o supradito crime.

Ele alegou que a Ucrânia propriamente dita era constituida de kulaks ,camponeses ricos,que tinham sido beneficiados pelo Czar,desde o século XIX,e que estavam ,na ocasião,29-33,se colocando contra o poder soviético.Isto é um conjunto de meias-verdades.Se os kulaks eram “ ricos” não o eram na medida em que entendia Stálin.Não eram potentados,mas camponeses capazes de produzir para si próprios.Se é verdade que foram beneficiados pelo Czar não quer dizer que fossem responsáveis por algum crime contra o poder soviético.Havia sim o separatismo ,explorado de fora pelos emigrados.Bem e de qualquer forma e em qualquer época não se admite como processo político civilizado matar de fome uma população inteira,obrigada inclusive a praticar canibalismo.

“ Resolvido” o problema por Stálin,os ressentimentos ficaram e foram reconhecidos os desejos de separatismo logo que a URSS desapareceu.

De Yeltsin a Putin a política,russa agora,não mudou,no sentido de uma democracia moderna,mas no da continuidade das práticas autoritárias do passado.Então a separação da Ucrânia não foi bem vista pelo centralismo russo,que inclusive perdeu um dos motivos desta crise atual toda,o duto de gás,criado no período comunista.

Putin,que está se transformando num Czar,já vem interferindo na política da Ucrânia desde os anos noventa,inclusive tirando candidatos contra a Rússia e favorecendo os pró russos,nas eleições internas da Ucrânia.

Há inclusive denúncias de envenenamento de antigos opositores ucranianos desta manipulação.

A Rússia se sente diminuida na sua condição de potência e atribui a Putin muito desta responsabilidade,por isso ele precisa vender uma imagem,da mesma forma que os antigos czares,com seu império e os soviéticos,com sua zona de influência,de Grande Rússia e a anexação da Ucrânia cai muito bem neste propósito,somando-se a distribuição do gás em condições melhores,para os russos.

Se este nacionalismo grão-russo se estabelecer, os dois pólos da Segunda Guerra voltarão a existir,como pólos geopolíticos:a Alemanha e a Rússia.Mas eu não quero dizer que haverá uma nova guerra.Quero dizer que existe um grande perigo de a Rússia,dentro deste nacionalismo,abraçar formas fascistizantes de prática política,que dariam um tom de uma tragédia histórica,pois os fascistas teriam vencido os russos de dentro.

 

sexta-feira, 14 de março de 2014

Anúncio de Novo Artigo no Scribd

Amigos  eu publiquei um novo artigo sobre formação do estado nacional e tributação que vcs poem achar no scribd aqui do lado.Impressão é paga.Dêem uma olhada e façam as suas considerações.

Como a religião e o laicismo podem se tocar







Hoje em dia,mas em outras épocas muito mais,se costuma falar mal da religião,como se a culpa fosse toda dela e da crença,como fenômeno íntimo.Mas eu,como ateu,bem fundamentado ,acredito,que ,se é necessário e um dever fazer uma crítica das suas responsabilidades,é preciso,sem medo de se ser acusado de demagógico,ter escrúpulos na análise de seus valores e conceitos.
Eu ,por exemplo, não apóio o modo como a religião encara os diversos problemas do sexo,desde a virgindade,que não acho uma obrigação,até o problema do controle populacional,mas eu aceito o seu conceito anti-abortivo e entendo que apesar de tudo existe uma ética sexual que eu considero pedagógica e fundamental para as relações homem-mulher,homem-homem,mulher-mulher.
Não defendo o aborto porque eu acho que a mulher e  ninguém tem direito sobre uma outra vida e está provado que o aborto é agressivo para o corpo feminino e causa inclusive danos irreparáveis,senão fatais para ela.
Mas ao contrário defendo,contra o pensamento da igreja,o controle de natalidade e a associação da atividade sexual com a responsabilidade total e coletiva quanto ao ato de procriar.
Aliás eu entendo que o problema do aborto acaba por  esconder o verdadeiro problema da humanidade que é o controle de natalidade,sobre o qual falarei mais adiante.
Embora eu não seja um moralista,não sou amoralista e entendo que no ato físico,humano de procriar,existem valores a  ser seguidos.
Muitos ,depois de uma juventude sem regras ,(como Santo Agostinho)pensaram seriamente ,diante de paixões que se lhes apresentaram,em fazer alguns questionamentos no que tange a este problema,resumidos numa única pergunta:vale a pena trocar uma boa mulher,sexualmente contida,no entanto,por uma outra que goste das famosas transgressões sexuais que são corriqueiras e dominantes desde as décadas de sessenta e setenta?
Os psicólogos afirmam que na adolescência há que se focar o sexo ,a afeição e o amor,no abraço e no beijo,mas eu entendo que isto vale para todas as idades e para a vida.O fundamento inelutável do sexo com amor não é a transgressão mas o beijo e o abraço sinceros.Quando há isto,o resto vem para apimentar,mas não para substituir ,como sempre acontece.Aquilo que é decisivo nas relações amorosas,o sentimento de entrega sincera e com confiança no outro.
O sexo é meio,não é finalidade da vida.O sexo não é o todo,mas parte e o que vemos na sociedade moderna é a transgressão destas verdades.
A religião defende de modo geral a contenção e retirada a obrigação da virgindade,o resto pode unir religiosos e não religiosos.







sábado, 1 de março de 2014

A crise na univercidade e na Gama Filho


 

O  que acontece na Gama Filho e na Univercidade é o resultado do fim do modelo criado pela última real reforma do ensino,para pior,feita pelo então ministro da educação na época,1971,sr. Jarbas Passarinho,que instado pela “ doce figura” do Ditador de plantão,General Médici,a causar um impacto na juventude brasileira,resolveu tirá-la das preocupações críticas que o ensino antigo e muito influenciado,segundo eles,pela esquerda,desvirtuavam-na para caminhos indevidos.

O que este ministro fez foi,diante de uma sociedade de massas mais do que estabelecida,no final da década de sessenta,reprimir as universidades públicas,no espirito sanguinário do Ai-5,com cassações e acuamentos profissionais,impedindo a criação e livre circulação de idéias.

Mas a maior das contribuições foi mais sutil e é aí que entram universidades do tipo que estamos analisando agora.Foram feitas concessões para as chamadas universidades particulares,geridas,muitas vezes ,por militares.Estas univercidades explicitarm formas de organização que davam seguimento ao processo de ditadura.O sistema de créditos,que dilacerava as turmas,não permitindo que se formassem turmas combativas e solidárias;o impedimento de órgãos representativos dos estudantes;um tipo de organização departamental que impedia,pela divisão das matérias,que os professores se relacionassem e adquirissem homogeneidade,não só nas disciplinas,mas também,no plano da organização; e um tipo de hierarquia tipicamente militar,qual seja ,em cada unidade universitária há um chefe,um coordenador encarregado de evitar os problemas e de,à maneira de um capataz,mandar os professores recalcitrantes embora.

Com estas providências  e marcadamente esta última,os professores eram colocados uns contra os outros e contra os alunos.

Mas a principal mudança,consoante ao objetivo supradito de causar impacto,foi acabar com as humanidades e fazer cursos pagos,cujo objetivo era formar profissionais interessados em ganhar dinheiro tão somente.

Assim,parte da juventude parou de sonhar com as universidades públicas e com até então um serviço público de alto nível e se tornou feita de isopor,preocupada com o baile da noite de sexta-feira ou de sábado e o fato de pagar não só não atrapalhava este novo “ ideal” como ainda servia de elemento para carcaterizá-lo ,porque o ato de pagar era visto agora como investimento numa instituição privada,que justamente por isso tinha condições de oferecer um ensino profissional de qualidade.

Quem capitaneou esta aliança  foi exatamente a Gama Filho,mas as outras a seguiram neste propósito subliminar de destruir a consciência cultural da juventude brasileira e este pacto é o que dá origem a toda esta desorientação da juventude,sem referenciais  no passado e portanto sem condições de projetar o futuro.Mesmo com as manifestações isto não mudou de todo.Estamos apenas no comecinho.

Nos dias atuais,o sindicato dos professores não apresenta alternativas de recuperação desta situação,como seria de esperar.Pelo contrário,as esquerdas se aliam a este pacto demagógico da ditadura,aceitando outros elementos a que eu não me referi ,mas o faço agora:

Na sala de aula,o meio de garantir este tipo de juventude de isopor,é pressionar os professores para aprovar alunos desqualificados.A sociedade não vê que não é o professor que aprova o incapaz,mas a Instituição é que o obriga e mais do que isto ,no afã de ganhar dinheiro,qualquer um entra nos vestibulares das universidades particulares e depois é o professor que fica entre a cruz e a caldeirinha tendo que aprovar para não perder o emprego,mas,com isso,sacrificando o seu curriculum,porque quando o seu aluno ,no futuro,fizer uma besteira,não será culpa da Instituição,mas dele,que o aprovou.

Eu costumava dizer,quando dava aula,que o professor é despesa,o aluno receita.E vi ,muitas e muitas vezes,militantes ditos revolucionários aceitarem esta situação,alegando que o processo de seleção rigorosa serve aos propósitos da exploração da burguesia,quando é o contrário,o povo deve exigir formação  de qualidade para ter condições de contestar a ordem econômica excludente em que nós vivemos.Uma das atitudes mais revolucionárias é transmitir o conhecimento para todos,inclusive e principalmente para aquele que está oprimido.

A decadêncvia do modelo se dá,apesar desta conivência de muitos anos da esquerda,porque não é possível,com os indices educacionais que temos,manter as coisas como estão e aí ,novas formas  de avaliação,processos de melhoria,estão colocando os sistema abaixo,pelo menos no Rio de Janeiro,e também os alunos estão procurando uma nova qualidade de ensino e um novo propósito para  a educação.