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domingo, 26 de janeiro de 2014
Os liberais ou Eu defendo o fuzilamento do Czar Nicolau
A trajetória histórica dos
liberais parece não ajudá-los neste discurso moralista ,segundo o qual eles são
os guardiões da democracia,contra a ditadura do proletariado.
Em primeiro lugar eu só admito
mudança,hoje,dentro das liberdades democráticas,mas não admito que a tradição
liberal use a esquerda para se promover como a única que defende isto,porque se
olharmos a história,veremos que o caminho da tradição liberal foi tão cheia de sangue
quanto a da esquerda.
Senão vejamos,a tradição liberal
começou em 1640,na primeira guerra civil inglesa.O que aconteceu nesta
ocasião?O Rei foi decapitado pelos puritanos,dentro de um princípio de
necessidade revolucionária que informava a atividade de um Guevara do mesmo jeito.Não havia princípio de reserva
legal(nulla poena,nullum crimen sine lege ante) que admitisse a decapitação do
Rei Carlos I Stuart,católico,pai de família,que a deixou numa situação muito
ruim ,no exílio.
Da mesma forma a tradição
liberal tem como um de seus fundamentos históricos a Revolução Francesa,mesmo
no seu período radical republicano,de 1792,com a jornada do IX de Agosto até
1794,quando o Rei Luiz XVI foi igualmente decapitado.Em que medida estes fatos
horrendos têm a ver com a democracia liberal de hoje?Ora a questão da
soberabnia popular explica.O Rei foi decapitado porque se colocou contra o
povo,que queria fazer uma monarquia parlamentar e não viu no Rei um interesse
senão de continuidade da monarquia absoluta.O rei se colocou contra a soberania popular e contra a nação.Para
defender a nação o executaram.
É lógico que existem mil formas
de defender a liberdade do cidadão Luiz Capeto,no plano político e jurídico,mas
a razão de executá-lo foi a mesma que Lênin usou para executar o Czar Nicolau
II e a família real.Porque a família real Stuart teve que ser exilada?Porque
seria um foco de contra-revolução.Alguém se lembra que o Rei Luiz XVII foi
mantido na prisão aos nove anos e lá morrreu de uma doença grave?Porque?Pelo
mesmo motivo.
Então porque esta choradeira em
torno da família real Romanov?O czar Nicolau foi o que deu a ordem para matar os russos no
domingo sangrento em 1905.
Em 1905,a situação social da
Rússia era a pior possível e os russos,liderados pelo padre Gapon ,foram até ao
palácio do Czar ,com santinhos e fotos dele,para pedir ao " paizinho"
que os ajudasse,quando foram repelidos a tiros pelso guardas.O Czar Nicolau II
estava pintando maus quadros e escreveu no diário que " naquele dia nada
tinha acontecido".
De novo ,repito,eu não defendo
violência de forma nenhuma,de lado nenhum,principalmenete do meu,mas não aceito
estas versões manipulatórias,que aparecem nos jornais e documentérios.No fundo
,no fundo, os governantes ocidentais gostam da presença destes erros
stalinistas e comunistas para justificar os seus atos autoritários ou cínicos.É
um drama de nossa época que toda a vez que se fala em mudança os governos jogam
o espantalho do comunismo para evitá-los.Espiroqueteiam os erros do passado
para imporem ,como natural,esta terrível desigualdade.
Eu já disse mais atrás que a grande
questão é fazer o povo ser governante ,não sendo mais esta,a questão idológica,
o divisor de águas e se vamos discutr crimes de políticos e figuras históricas
temos que discutir todos,inclusive os idolos de alguns liberais.
Dentro deste contexto,mesmo
sendo eu um pacifista atento e crítico,defenderia o execução do Czar Edai?
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Também não sou anticomunista ou petição de princípio II
Muita gente não entendeu o que
eu disse sobre os critérios do meu sitio e eu me sinto relativamente na
necessidade de explicar.
Embora tenha dito que não sou
mais comunista também não quis dizer que me tornei anticomunista.
O comunismo surgiu no século
XVIII.Na França já existiam pequenos grupos,chamados na época de seitas,porque
clandestinas.Existem autores que relacionam o comunismo da Europa com o
progresso do jesuitismo no Paraguai e aqui nos sete Povos das Missões.Existe um
autor, Pierre Hugon ,em " A Utopia Guarani",que faz esta
aproximação.Também o filme " A Missão" com Jeremy Irons e Robert De
Niro,faz referência a este momento histórico em que se gesta a utopia.
Se observarmos bem,os guaranis
da fronteira,lá mostrados no filme,têm uma vida tranquila,de produção
comunitária,que podia ser aumentada à estratosfera se eles tivessem uma
tecnologia e com um depósito comum de toda a tribo esta poderia diminuir o
tempo de trabalho e obter tempo livre.
O que os iluministas
alemães,neste mesmo século XVIII,perceberam,especialmente Lessing,um grande
escritor e filósofo,diante da revolução industrial na Inglaterra,é que o homem
moderno tinha condições de produzir bens infinitamente.A indústria mostrava que
esta posbilidade do passado era uma realidade factível.
A frase famosa,atribuída a Marx
" De cada um segundo a sua capacidade,a cada um segundo a sua
necessidade",é ,na verdade,de Lessing.Marx aderiu ao comunismo,perto de
1847 e escreveu na " Ideologia Alemã"aquilo que ele pensava deste
comunismo.Há passagens famosas em que ele se refere ao tempo livre.Ele diz que
com o tempo livre " o homem será capaz de ser amante de noite ,pescador à
tarde e cientista de manhã",porque terá bens ,à farta,que garantam a sua
ociosidade criativa.Quem pensa que o ócio criativo é uma invenção de Domenico
de Masi está enganado :Marx interpretou um conceito implícito no Renascimento e
no Iluminismo alemão e porque não dizer do "otium cum dignitate" ,do
mundo antigo que nós repudiamos porque só valia para os homens livres.Nós
queremos ócio criativo para todos.
É importante frisar que para
Marx o comunismo não era o igualar desiguais,mas,reconhecendo justeza no
pensamento de Locke,reconhecer a desigualdade natural dos homens
,apenas,evitando as desigualdades econômicas por uma sociedade produtiva e
solidária,que,sem escassez,poderia conviver com esta desigualdade sem o horror
da miséria para a maioria,como acontece no capitalismo.O capitalismo exacerba
esta desigualdade natural no afã selvagem do lucro.A superabundância de bens
evita esta " má desigualdade" se podemos usar este termo.
O reconhecimento por Marx,da desigualdade
natural dos homens,está demonstrado no texto " Crítica ao Programa de
Gotha",de 1875,em que ele faz críticas aos conceitos estabelecidos por um
congresso do partido social-democrata(ao qual ele pertencia),quanto ao problema
da desigualdade.Os social-democratas,querendo se desvincular dos liberais
acabaram por passar por cima deste fato evidente.Quando eu digo que Hannah
Arendt está certa ao vincular Marx à tradição liberal,em seu famoso livro
" A Condição Humana",todos reclamam ,mas é só lê-los.A " Crítica
ao programa de Gotha" pode ser encontrada em português no meu blog,no link
Internet Marxists Archive.
Assim sendo ,não penso ser
impossível constituir o comunismo,só não acho que estão dadas as condições
históricas,subjetivas e objetivas,postas por Marx ou numa perspectiva de curto prazo.Estas
condições são uma classe trabalhadora universalmente organizada e preparada ,na
luta, para fazer uma revolução comunista da maioria,contra uma minoria
exploradora.
Notem que eu não usei o termo
" classe operária",que Marx usava,porque esta não existe mais,como
diz Jaques Ellul em seu livro " Adeus ao proletariado".Notem que eu
nem toquei no problema da ditadura do proletariado,por isso e porque a
sociedade moderna em que predominam trabalhadores de diversos tipos,não admite
nem a ditadura da maioria sobre a minoria,se é que esta ditadura ,hoje,é
possível ou mesmo necessária.Marx não é um Deus,não é dois ,nem um dogma.Ele é
um teórico,o marxismo é uma teoria,um ativismo em torno desta teoria e um grupo
de pesquisadores e investigadores sociais.
Além do mais fica claro do que
sabemos da atividade de Marx e Engels e dos comunistas,no século XIX,que a
visão deles era irremediávelmente eurocêntrica.Vê-se isto na atitude que Marx
teve sempre com a América Latina(o artigo de Marx sobre Bolívar o
revela),frequentemente oscilando entre não dar importância e espezinhar.Dizem
que,no século XIX,um grupo pessoas no Brasil queria se aliar aos comunistas da
Europa e enviando uma carta para Engels,neste sentido,ele teria respondido:” o
barulho que este grupos fazem nestes lugares é inversamente proporcional à sua
importância”.
Como fazer uma revolução mundial
com países tão díspares,como Estados Unidos ,Brasil e China?Nesta pergunta está
colocada a minha postura diante da questão do comunismo.Buscar uma revolução
deste tipo agora pode significar deixar de lado a criação das condições
históricas supracitadas.Antes de qualquer coisa nós precisamos homogeneizar os
países e depois pensar em algo drástico.
A experiência fracassada do
leninismo nos ajuda a compreender o que eu digo.A falta das condições
subjetivas e objetivas levou o socialismo soviético ao totalitarismo,mais
afeito ao antigo regime do que ao comunismo.Quem tinha razão eram os
mencheviques.Os bolcheviques precipitaram as coisas.
Também nos ajuda ,analisar
outros conceitos discutíveis na época de Marx.Não é verdade que o motor da
história seja somente a luta de classes e a violência,que no dizer de
Engels,era a " parteira da História",frase que lemos no "
Anti-During".Existem exemplos de cooperação entre as classes,que movimenta
igualmente,para a frente,a História.Foi asim na lei das Doze Tábua,na Antiga
Roma;nas relações entre plebeus e aristocratas na Inglaterra e existem muitos
outros exemplos.Um radical me dirá:" mais isso não levou à utopia".Eu
respondo:mas criou ,igualmente, condições para tanto.
Para Marx,só o comunismo
evitaria,que,no processo de competição selvagem,em que os trabalhadores são
usados e excluídos,os bens seriam produzidos com o objetivo mesquinho do lucro
do capitalista e do seu sistema,que ficaria no nível da escassez.Se a
humanidade ultrapassasse este sistema,o objetivo seria só o trabalho e o
acúmulo de bens seria infinito em favor de todos.
Contudo,repito,fazer isto numa
sociedade muito mais complexa do que a do século XIX é algo irreal.
É possível desenvolver a
sociedade capitalista ,num sentido social,mesmo mantendo as classes,eliminando a
pobreza e deixar aos pósteros a tarefa de implantar o comunismo,para superar a
desigualdade que resta e fazer a superabundância,quiçá,sem violência.A
violência,sem estas precondições,atinge ao povo pobre e eu ,como militante e como pobre,tenho como cláusula pétrea,não
fazer nada que possa,o mais minimamente,produzir isto aí.
Tenho,também,muita dúvida,se do
ponto de vista da pluralidade psicológica do ser humano,um regime assim,com uma
natureza universal,possa agradar a todos.
Eu penso que a solução chinesa,de
dois regimes, pode,no futuro,ser construída,para garantir a pluralidade das
escolhas humanas.Não sei.
Ficou clara a minha
posição?Claro que eu voltarei ao tema.
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
Um modo especial de ver II
Completando o meu artigo sobre a
visão totalitária quero dizer que a visão moderna,progressista ,é a do outro,o
que destrói um pouco o binômio luta de classes.É certo que a expressão bem
comum não revela muito o que é a realidade dos governos,que exaltam,no final
das contas quem tem mais capital,mas a forma de solucionar os problemas
decorrentes destas enormes desigualdades não me parece que a história
demonstrou ser a dissensão e a ciência social propriamente dita,não uma
teoria,também demonstra que uma classe não é sozinha.
Todos os movimentos totalitários
modernos exaltam a dissensão como meio de propulsão das ideologias.Mesmo o nazismo
que lutava contra o conceito divisivo na Alemanha,construiu o seu pensamento a
partir de uma dissociação com os judeus.
É uma forma política de
espiroqueteação,uma maneira de usar o outro para crescer,escondendo o seu
demérito.A prática política baseada nestes critérios ,e porque não dizer ,a
prática social ,fomenta ou reproduz o preconceito ,que é uma barreira mental
tão difícil de superar e que ocasiona as piores guerras que conhecemos e no
final,ainda que alguns objetivos sejam
alcançados a destruição é maior e não pode ser escondida pelos progressistas
consequentes de esquerda de hoje.
Não admito que se possa falar
hoje numa guerra racial no Brasil,numa guerra de classes.Usar um terno parece ser
justificativa para o preconceito contra o explorador.Quem financia os bichos grelos são os engrvatados ora esta,mesmo os bailes
da vida.
Falta acrescentar ao problema
geral do racismo,a necessidade de luta em relação ao preconceito contra a
pessoa e o preconceito de classe,que é mais arraigado ,inclusive,lamentavelmente
nos setores de esquerda brasileira que ainda não s e modernizou quanto às bases
de um novo ativismo político progressista de esquerda.
Ouvir o outro,as reclamações do
outro,concordo,é um perigo,porque ficamos obrigados ,diante da justeza das reivindicações,a
fazer alguma coisa ou então sofrer uma angústia da frustração de não fazer ,como
disse no artigo anterior,mas isto é fundamental que se faça o mais rapidamete
possível para evitar uma explosão maior no futuro.
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Ônibus 174
Refletindo sobre o episódio
trágico do ônibus 174 com a repercussão em
muitos documentários e debates,há uma passagem do futuro
ministro de Direitos Humanos,Luiz Eduardo Greenhalg,que eu quero comentar e
analisar aqui.
Ele expressa um
discurso comum aos defensores de Direitos Humanos no
Brasil,segundo o qual as pessoas como Sandro são invisíveis
para a maioria da população,nos sinais,debaixo das pontes e nos
manicômios e hospitais.Isto é uma meia-verdade.Analisando
o discurso e a realidade com o rigor próprio do saber filosófico,que busca os
fundamentos dos conceitos e os toma como verdade,podemos dizer que
não é bem assim.
Uma parte expressiva
da sociedade quer que estas pessoas sejam invisíveis
definitivamente,porque defendem o seu extermínio.Uma outra é
indiferente e se enquadra na crítica do ministro.
Uma terceira,na qual me
incluo,vê estas pessoas e se angustia de não poder fazer nada e
levar uma culpa igual a que levam estes dois primeiros grupos.
Ora ,de que adianta
votar em políticos pelo Brasil todo se eles,sabendo do que
acontece,não fazem nada há anos?O sistema político brasileiro não é
representativo?Em que medida o cidadão,como eu,pode deixar a sua
labuta diária para tentar resolver um problema que os políticos e os
partidos não resolvem?Tirar do próprio bolso os recursos para
ajudar,é isso?Isto nós já fazemos,pagando os impostos.
Depois que os
pagamos anos a fio,os sinais de melhora são visíveis?
Será que o cidadão
deve entrar nos partidos?É fácil fazer isto sem dinheiro?Eu
mesmo tentei várias vezes e sofri até preconceito por
ser de classe média...
A verdade é que
,diferentemente do que diz o discurso do ministro a
invisibilidade é por parte daqueles que têm a responsabilidade de
resolver o problema.Não é que me sinta irresponsável diante de tudo
isto,mas dentro desta nossa democracia pobre existem os mecanismos
definidos para achar o caminho.Nos sinais eu me sinto como que
agredido ,não pelo menino que vende limões,mas pelo político e pelo
Estado,que me pedem votos em certas ocasiões e depois não me vêem
também.Eu também sou invisível.
Nestas horas eu
gostaria de ter mecanismos constitucionais para tirar o
meu representante e colocar outro no lugar ou então pedir de volta
o dinheiro dos impostos.Talvez eu mesmo devesse dizer
onde alocar o meu dinheiro,não o Estado.Em escolas e hospitais.
Quando vemos este episódio do Maranhão
e ficamos sabendo que desde 2008,pessoas, que não
se sabe que crimes cometeram,morriam com
uma semana de entrada no presídio e que
mulheres deviam já se prostituir para
que seus parceiros não fossem barbarizados nós vemos que vivemos numa
sociedade fascista que admite a morte dos invisíveis e só se escandaliza quando o fato dá
manchete ou quando oferece alternativa política para quem quer se opor ao governador do
Estado(que também deixou acontecer...).
Só se
fala em tolerância zero em pequenos furtos ou com os adeptos do “ tapinha”,mas este princípio
deveria valer para todo excluído em
qualquer momento que ficasse na
rua ou entrasse num presídio.
sábado, 11 de janeiro de 2014
Nota de esclarecimento
Venho até vocês agora para
fazer um rápido esclarecimento quanto à
inclusão de propaganda no meu blog,motivo de
crítica de algumas pessoas ligadas a mim e à
minha condição de militância de esquerda.
Em primeiro
lugar eu não sou de fato mais comunista.Não
sou anticomunista tampouco.Me considero,como já disse,um social-democrata,no
sentido real desta expressão,criada por Karl Marx e outros no
século XIX.
Dentro desta premissa eu não
considero a necessidade de ganhar dinheiro como
algo contrário à utopia.A superação do dinheiro,bem como de
outras sobrevivências do passado,não é algo que se
obtém da noite para o dia e atemporalmente falando é
também um conceito discutível,que eu discutirei mais para frente.
Como trabalhador eu tenho
que encontrar meios legítimos de sobrevivência e foi o que eu fiz.
Da mesma forma
àqueles incautos que me criticam por tomar esta atitude
supostamente contrária ao lema do blog "o
conhecimento é de todos ",informo que nunca proibi
o acesso livre às minhas pesquisas,mas a sua utilização profissional,por
impressão ou cópia completa do meu trabalho,não pode
ser,seguindo a lei,lei que entendo ser absolutamente necessária para
evitar os arroubos autoritários de quem quer que seja e não raro da
esquerda,que não está acima do bem e do mal.
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
Um modo especial de ver
Vendo o extraordinário documentário
sobre o nazismo," Arquitetura da Destruição",tive um insight
sobre este mundo em que nós vivemos hoje em dia,que não é muito diferente
daquele que gerou o movimento,um chavão que ainda,a meu vê,r serve.
Trata-se de um determinado momento do
filme em que se narra o modo muito peculiar,dito lá "
bizarro",de Hitler (e os fascistas em geral)de ver o mundo,a partir
de sua óptica,sem considerar o outro.
Hitler gostava de um autor ,que eu já citei por
aí,Karl May,o qual escrevera livros juvenis de aventuras em lugares
exóticos,que o autor não conhecia.
Hitler entendia que o vencedor,o
"superior",se impunha aos outros por suas qualidades,que o tornavam
invencível e que o reconhecimento,pelo povo alemão e demais congêneres arianos
,bastaria para garantir a vitória.O povo alemão perdeu a guerra por não
reconhecer esta verdade.Karl May provava
que sem ir nos locais e sem considerar outros povos bastava para o povo
superior vencer o outro,de vez que o fator decisivo estava nele mesmo,na sua
capacidade inata.
O capítulo mais importante do livro demoníaco de
Hitler," Mein Kampf",intitula-se " O Homem Forte é mais forte
quando está só".
Todos nós aprendemos de nossos pais que
o vencedor é aquele que vence o outro de forma ética,dentro da lei,da norma,da
moralidade.Hitler perverte este princípio afirmando neste capítulo que a força
do superior se mede e se confirma pela pura e simples supressão do
outro.Ele abre a porta do inferno,que todos os imperialistas tinham vergonha de
abrir,afirmando que a condição de manutenção de qualquer império é
destruir ou de algum modo inutilizar o dominado,que tem a mania de não
querer ser dominado.De suprimir o outro.estar
só torna-o o vencedor.
A verdade é que o mecanismo desta perversão está no
cientificismo do século XIX,em qualquer de suas modalidades.Seja a
concepção da raça ariana,seja a da dialética marxista.Segundo os
seus teóricos,a libertação está no fato do reconhecimento destas verdades
científicas,porque " objetivas" e traduzíveis em leis imutáveis.
O cientificismo do século XIX e seus respectivos
totalitarismos,são como aquele pai ou mentor que diz ao filho ou
tutelado:" se você seguir o que a ciência diz e que eu trouxe para você
conseguirá tudo e eu serei o responsável pelo seu sucesso,você me
deve.Mas se não será um fracassado e a culpa é toda sua."
Existem duas frases que ilustram este
comportamento perverso tanto do nazismo quanto do
stalinismo.Respectivamente:"[no final da guerra diz Hitler]o povo alemão
não está à altura do que eu fiz por ele";"quando o socialismo
soviético faz sucesso o mérito é dele,mas quando fracassa é porque houve
sabotagem"(tirado do livro “A grande conspiração”).
Hoje em dia vivemos na mesma mediania perversa e
boçal quando as relações se constituem do dia para a noite ou se desfazem no
mesmo ritmo e quando o preconceito contra pessoas se faz presente em letras
ofensivas à raça branca ,identificada com playboys e assim por diante.
O totalitarismo ainda não foi superado.
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