quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Ivan/Ivana ou o fim da idade Média



Cada época histórica  carrega dentro de si partes das épocas passadas,principalmente as ruins.Embora se diga que vivemos numa época de liberdade,certos constrangimentos do passado medieval continuam aí.
Na Idade Média a aristocracia e a Igreja,por interesses econômicos e de poder, estabeleceram o empoderamento do sexo,ou seja, a relação entre as necessidades políticas e o amor,principalmente no que tange à tarefa dos filhos de dar continuidade ao projeto político e de propriedade dos pais.
Depois a burguesia copiou isto,sendo seguida,não raro,pela pequena-burguesia.Em todos estes casos o sonho dos pais é que os filhos continuem com o projeto passado.Depois ,porém,que a idade média acabou(?)a sua ideologia justificadora permanece.
O sonho em todos os períodos da humanidade é que os filhos nasçam e cumpram as tarefas dadas pelos pais:ter filhos,reproduzir o poder e a verdade dos mesmos.Isto se consegue com a atribuição de finalidades objetivas,genéticas,ao sexo,”dado” ao homem e aos animais pela natureza,onde Deus atua e faz estas determinações.Deus serve de biombo para ocultar os verdadeiros objetivos de  toda esta construção.
No século XVIII a idéia de “ busca da felicidade”,inscrita na “ Declaração de Independência dos Estados Unidos”,mas presente também na Declaração de Direitos da Revolução Francesa,rompe um pouco com isto,porque mesmo nos Estados Unidos a relação sexo/poder continua sendo base.Nem se fale na França,com os qüiproquós de Napoleão e Josefina.
O episódio novelístico Ivana/Ivan(abaixo)



Que tem causado furor em toda a cidade e que expressa uma nova concepção da sexualidade e da genética humana e natural (pois que não são assim como os dogmas religiosos dizem)é ,de fato,um elemento de rompimento definitivo com a Idade Média,na medida em que o fundamento da existência é a felicidade.
Este reconhecimento prévio do desejo de felicidade,que devia estar na raiz da decisão dos pais de conceber,é que moveria o mundo para a frente,rompendo com a relação ignóbil sexo/poder e a relação de poder entre pais e filhos,que é uma das grandes responsáveis  pelo sofrimento da humanidade.
O que interessa a quem concebe,num modelo arcaico,é que venha a ter netos,bisnetos(para suprir a vacuidade da velhice),tornando os filhos mero detalhe ou correia de transmissão de desejos que estão fora deles,objetalizando os filhos.
Há anos atrás o Senador Cristóvão Buarque quis que se colocasse no preâmbulo da constituição brasileira a finalidade básica da felicidade,mas até agora predominou,no Brasil ,como em todos os lugares, o empoderamento, a Idade Média,mas a Ivana/Ivan não pertence mais  a esta última.

domingo, 20 de agosto de 2017

Petição de princípio ou porque defendo os comunistas mesmo não estando entre eles



Eu vou desenvolver neste artigo idéias que eu iniciei num outro sobre Achille Ochetto,há muitos anos.Se não me falha a memória eu tinha dito que o marxismo ia ficar como bicho papão eterno da história.Quem se dispusesse a mudar a sociedade daqui por diante sempre seria atacado como comunista,associado aos (reais)crimes cometidos por certos setores do movimento e isto teria o efeito,para a reação(que sempre existe também),de arrefecer a necessidade  de transformação,que continua.
Estas pessoas,católicos integristas,” filósofos” auto-arrogados(ortografia certa),que estão por aí,defendendo formas de ditadura de direita usam o marxismo como espantalho,sob as mais variadas justificativas.
Mas eu disse antes e vou recapitular agora:só o movimento comunista é culpado de crimes?Qual foi o movimento que escapou desta situação?Vamos exemplificar com o catolicismo,com o cristianismo:se nós fossemos analisar ,na sua história,o que está errado seria muito mais ou,eu reconheço,igual ao que fez o comunismo,sob a forma de socialismo real.Tudo bem,os dois se equiparam,mas não importa isto para quem sofreu os males de ambos.
O cristianismo cometeu os mais variados crimes,manifestou contradições,com Papas pederastas e pedófilos.Aliás a pedofilia continua aí.
Qual o movimento não tem estes problemas?E a maioria deles não está aí?Não justificou a sua continuidade e continuou?Porque seria diferente com os comunistas?
Eu já disse que um movimento de  2000 anos não podia ser resumido num verbete,num conceito.Um movimento de 80 anos,também.O que existe de comum entre São Francisco de Assis e Torquemada?Será que uma pessoa como eu e como muitas não sabe esta diferença?E o que  existe de comum entre Stalin e Gramsci?
As ditaduras do leste europeu são mais deletérias do que a de 64 no Brasil?É possível fazer  uma medição favorável à última?
O problema decisivo do comunismo,na sua forma leninista,soviética,que se espraiou para muitos lugares,é que não respeitou os fundamentos textuais e lógicos da proposta comunista original.
Marx ,na “ Guerra Civil em França” ,afirma claramente que as condições para o comunismo têm que estar dadas previamente para que a abundância econômica própria do comunismo o garantisse.Para Marx e Engels,sempre,o comunismo só seria legitimo se o estado ,sempre de classe,acabasse.O estado soviético é uma contradição aos textos.Como saber se Marx  ia apoiar Lênin?Se apoiasse realmente ou seria oportunista ou psicótico.
No livro “O Estado e a Revolução” Lênin pescou os textos de Marx neste sentido.Porque “fez” uma revolução num país atrasado?A resposta valeu para a militância no século XX:todos esperavam  que a revolução mundial aconteceria e que o isolamento da URSS acabaria.O próprio Stalin pensava assim,por debaixo do seu conceito de fachada “ socialismo num só país”.
Mas vários setores do comunismo,Trostky,os austro-marxistas(ortografia certa),alguns italianos,militantes de várias origens,Guevara(como eu já mostrei aqui),sabiam que era preciso fazer uma transição para um outro regime.Esta proposta foi feita diuturnamente desde 1918 até 1933,conforme o texto de  Isaac Deutscher  sobre Trotsky e conforme as relações entre os italianos e os austríacos com Stalin.
Acaso este setores do comunismo possuem a mesma nemesis do “ socialismo real”?Os católicos de hoje são culpados da morte de Joana D´Arc?(eu não matei Joana D´Arc do Biquini Cavadão);dos crimes de Torquemada?
Nós precisamos ter responsabilidade com estas coisas porque elas visam justificar  repressão sobre todos,inclusive os que não são comunistas.Eu estou incluído nesta problemática:então porque fui comunista eu não sou,nunca mais,cidadão?
Isto é um oportunismo,muito perigoso,principalmente no Youtube,na internet,que é a salvação do covarde,daquele que não tem coragem de debater e por as suas convicções sob o escrutínio da sociedade,talvez porque saiba das suas insuficiências de opinião.

sábado, 12 de agosto de 2017

O distritão



E continua a direita na sua festinha,depois dos erros da esquerda.Agora resolveram impor o voto distrital sozinho,sem o arcabouço do parlamentarismo.Sem este arcabouço este distritão vai ampliar os poderes manipulatórios dos partidos nominais que nós temos no Brasil.Quer dizer,não os poderes dos partidos,mas dos grupos econômicos que os dominam.
A minha proposta sempre foi de voto distrital misto,preservando a parte referente a proporcionalidade,porque assim haveria um “diálogo” maior entre a soberania popular e os partidos.Além do mais esta forma seria mais transitória,consagraria  a experiência costumeira do povo brasileiro ao lado das inovações necessárias.
Mas sem partidos fortes,programáticos e baseados em valores esta proposta não vai ter outro destino senão o de afastar mais e mais o povo brasileiro da política ,que é o que a direita quer.A direita que foi guindada ao poder pelo PT,dentro de um compromisso político que era bom enquanto o PT podia fazer o que quisesse e passou a ser horrível quando não.

domingo, 6 de agosto de 2017

Macron o xoxo



Também podemos comentar o “ inicio” do governo Macron.Xoxo.Quais são as tarefas nacionais hoje?As de sempre:sociais.O núcleo das mudanças é a nação e existem diversos exemplos de como se pode mudar rapidamente uma estrutura social sem cataclismos.Estes exemplos históricos servem de base para discutirmos o que um governante preocupado com a (sua)nação deve fazer hoje.
Os meus critérios para abordar a nação e quem as governa são estes:existe uma tipologia das nações,que eu calco muito nas definições de Darcy Ribeiro.Existem as nações centrais,as metrópoles,entre as quais a França está.Existem as nações transplantadas destas metrópoles,como os Estados Unidos em relação à Inglaterra e o Canadá,à França.Existem as nações que por fora do imperialismo construíram o progresso sem cataclismos,como os países nórdicos e a Suíça.E existem os povos por fazer e atingidos pelo imperialismo,entre os quais figuram os da América Latina e os da África.
O Brasil está logicamente na AL,como país eternamente em desenvolvimento(para esconder o sub).
A França ,de Macron, está entre os causadores dos problemas dos outros povos,mas a tentativa,após o comunismo, de resolver o problema social(que é o problema das nações)se dá no âmbito do fracassado modelo da comunidade européia.
A razão para se escolher um nacionalista,no bom sentido,decorre deste fracasso e da eleição de Trump,então as tarefas do presidente da França se “ resumem” em atacar o problema social em seu país,com os acréscimos do problema imigratório ,e quem sabe lutar por um renascimento do Mercado.
Tem feito isto?Não.Macron não tem demonstrado nenhuma capacidade de elaboração de um programa que consagre estas necessidades.
O perigo disto aí é implodir de vez o Mercado Comum e  agravar a situação social na metrópole e no mundo todo e cair num chauvinismo,menos que gaullista,já que o Presidente De Gaulle tinha uma plataforma internacional,uma noção do papel da França,coisa que Macron parece não ter.
E nem Neynar vai dar jeito nisto.