sábado, 15 de fevereiro de 2014

Será que não aprendemos nada?


É chavão,eu sei,mas não tem como não aplicar na situação em que o Brasil vive hoje.Vamos lembrar,seguindo Hegel e Marx(não pude deixar de falar),que a História começa como tragédia e termina como farsa.Tudo o que está acontecendo no Brasil é o quê ,tragédia ou farsa?É claro que é farsa,é a repetição ,em miniatura e de forma ridícula ,do que aconteceu em 64.

Um resto de radicalismo,que comete erros em cima de erros e que justifica o aparecimento de uma direita,inclusive nova,mais associada à monarquia,que desde o mensalão ,no final do primeiro governo lula ,vem se articulando mais e mais.

Grupos de ação direta vêm tentando construir um " governo popular",colocando no bolso,fácil,fácil,o Estado, com suas complexidades.A ilusão permanente dos anarquistas.Como resposta,a tentativa de colocar a culpa na esquerda radical,ou seja,comunista e justificar um golpe salvador,para evitar a repetição do passado,com o Brasil na esfera soviética,se bem que não tem mais União Soviética...

Já disse aqui em outro artigo, a busca de reparação para os mortos e desaparecidos é justa,mas tem gente usando isto para fazer um crescimento da esquerda,às custas destes mortos,que queriam somente o bem do Brasil ,o fim da miséria,coisas que deviam ser prioritárias e não agredir e destruir,mesmo Bancos.Não se derruba a influência excludente dos Bancos desta forma.

Muito embora não acredite que o Deputado Marcelo Freixo tenha alguma coisa com isso,a fala da Fada Sininho foi muito contraditória e ele deveria demiti-la imediatamente.Uma hora disse que ligou para apoiar e depois disse que não conhecia ninguém.

Enfim...uma melèe que vai se formando aí e prejudicando o movimento das manifestações,que ainda tem muito o que pressionar para melhorar o Brasil ,no sentido que vale,que é o social(de fato,não obra ).

Me admira o governo petista dizer que isto tudo pode deslegitimar estas manifestações.Parece a manifestação de um desejo de um governo que se diz de esquerda e que não quer o povo na rua.

Como se o povo já não manifestou também a compreensão do que estes " boys" significam dentro do movimento,ou seja,nada,nenhuma representatividade.

O que pode acontecer e pode ser um desejo dos governos é que o medo de sair às ruas acabe por freiar  as manifestações.Se isto é um desejo dos governos,cujas polícias não oferecem segurança nenhuma(talvez de propósito),talvez estes" boys",quem sabe,não estão ligados a eles...

Vamos repetir os erros do passado,depois de tanta discussão e autocrítica,depois de tantos livros e filmes,vamos repetir os erros do passado,fazendo esta contraposição direita e esquerda e favorecer um governo autoritário eventual?

Isto prova que este sistema político-partidário brasileiro não está afinado com o futuro ,mas é a expressão de restos que não aceitando os erros da esquerda da qual participam ,insistem em impor os mesmos esquemas do passado,como se aquilo que ocorreu fosse apenas acidente.

Nós estamos no limiar de uma nova época e niguém quer construi-la.

 

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Black Block Go home


Não posso deixar de falar sobre as manifestações que anunciam as próximas ,perto da Copa do Mundo e que já estavam presentes nas do ano passado.Manifestações vandálicas capitaneadas por diversos grupos,mas o que mais se destaca é o black block.

Tais manifestações vandálicas e com o rosto escondido vão deslegitimar e desvirtuar o propósito que levou a soberania popular às ruas.

Convém examinar de onde vem isto realmente;se não há,como sempre acontece,interesse nesta deslegitimação e desvirtuação.

O cidadão consciente tem o direito de ir de cara limpa para protestar e exigir mudanças em seu país.No inicio eu pensei que esconder o rosto era uma forma de fugir da polícia,que estaria espeionando,investigando e prendendo abusivamente os manifestantes militantes,mas mesmo que isto fosse verdade o meio de enfrentar era outro,através do estado de direito e sempre de cara limpa.

A revolução não está nas ruas.Não se justifica,para mudar a vida dos pobres destruir a dos outros.Esta história de que todos são culpados é uma antecâmara de processo de formação de ditaduras totalitárias ,muito embora eu ache que as manifestações do black block sirvam mais à direita,a uma ditadura de direita.

Eu já disse isto aqui,nós estamos repetindo a tragédia de 64 como farsa.Os mesmos elementos estão começando a encorpar e adquirir condição de centelha de uma explosão que em nada vai contribuir para melhorar o Brasil.

Sou pela indenização dos atingidos pelo regime militar,mas não admito que esta questão seja mais importante do que o Brasil e da solução para a miséria.

Acho os políticos brasileiros,com raras exceções,horríveis,mas não quero uma meia-dúzia de horríveis ou um horrível para fingir que tem condições de solucionar estas questões em definitivo.

Esta soluções virão com o comprometimento real do povo todo.Isto é o novo  é o certo,o resto é risco e a pessoa de bem deve repudiar.

 

O papel da religião

Ficheiro:Dürer Melancholia I.jpg
Ufa!,Vou parar um pouco de falar de comunismo,esquerda e tratar de temas culturais que eu gosto.Há muito queria tratar novamente do papel da religião e me lembrei novamente de Albrecht Durer, o maior pintor do Renascimento Alemão e que eu aprecio muito e sobre o qual já fiz outro artigo.

Nesta gravura aí acima nós vemos o famoso " anjo melancólico".Se vocês repararem no olhar do anjo


vocês verão a sua tristeza,mas um tipo específico de tristeza,uma saudade do futuro,como disse um amigo meu,uma vez, no petisco da vida,ouvindo um samba.

A melancolia é um tipo de tristeza,não é igual à depressão,pois ele tem como seu desencadeador algo mais profundo,mais extenso psicologicamente do que a depressão.É lógico que a depressão,quando se torna igualmente extensa e sem motivo aparente se torna muito perigosa ,levando não raro à uma fatalidade.A melancolia pode levar à depressão e pode reproduzi-la em níveis estratosféricos.

Mas a melancolia não é doença,ela é parte do patrimônio emocional e sentimental do ser humano.Não existe nada absoluto na vida humana.Buscar uma vida de alegrias não é possível,pois tornaria o ser humano em psicopata,e os que o são o são por isso.

Ainda que vivêssemos em plena utopia,todos vivendo em paz,sem fome,de mãos dadas,haveria necessidade e direito de em alguns momentos se entristecer,mas por um motivo que transcende a sociedade e a história:a finitude temporal e espacial do ser humano,bem como de tudo o que vive.

Goethe,no seu " Fausto",põe estas palavras na boca do Diabo," tudo o que nasce merce perecer",mas a discussão sobre este merecimento é  que faz natureza específica do ser humano que não aceita de forma alguma a cessação da vida e nós podíamos elencar aqui carradas de motivos para esta não aceitação.

A religião é um problema social,tem uso político,mas a crença é diferente ,porque ela radica nesta finitude inevitável que nos foi imposta pela natureza e neste sentido o papel da religião transcende também as épocas e esta constatação deveria ser o fundamento da atitude de todos ,inclusive os ateus como eu que se orgulham da não crença e da iminência do nada.Eu não conheço ateu nenhum,inclusive eu,que lá no fundo não aja como este anjo de Durer,lá no seu recanto,no seu íntimo,ou seja,não fique melancólico.

Uma coisa  é  o ateísmo,outra  a laicização.Voltarei ao tema.