quarta-feira, 15 de maio de 2024

A banalidade do Mal II Rio Grande do Sul

 

A tragédia do nosso querido estado do Rio Grande do Sul,mais uma do brejo nacional ,nos coloca diante daquilo que todos denunciam(inclusive eu),toda a hora sem repercussão nenhuma.Sem repercussão sobre os políticos que nos “ representam”.

Todas elas são fruto do desinteresse geral em prevenir .Não me venham com esta de que a ciência não tem condições de prever tais coisa,TEM SIM SENHOR.

Não só a ciência:a racionalidade humana ,por si mesma,já poderia se preparado para tais catástrofes.

Eu me lembro que no governo pezão ocorreu um deslizamento de um grupo de apartamentos que foram construídos numa encosta.A conclusão final é de que foi uma fatalidade,como o acidente que matou Ayrton Senna e destruiu o dirigível Hindenburg!

No fundo tudo isto é uma manifestação daquilo que Hannah Arendt chamou de “banalidade do mal”.Embora o conceito original dela não fosse propriamente o que temos diante dos olhos,é possível uma interpretação e um seu alrgamento:só quando estão envolvidos crimes é que a sociedade politica se movimenta.

Quando a questão envolve os governos e a  sociedade tudo é colocado para debaixo do tapete e é adiado indefinidamente,até que outra comoção ocorra.

O ninho do Urubu está nesta categoria e estas tragédias envolvendo a responsabilidade politica.

O que faz com que este desinteresse permaneça?A constatação vergonhosa e  preguiçosa de que não tem saida não é admissível.

Agora o governo está usando a questão climática para ver se impulsiona soluções,mas se não houvesse este problema mundial não haveria desculpa e em outras épocas sempre houve cataclismos previsíveis que não foram evitados,pelas mesmas razões que ponho aqui neste momento.

E nós podemos aprofundar estas razões citando o que está por trás,que compromete não só os políticos,mas a sociedade como um todo:ninguém para de jogar o lixo nas encostas;todos querem fazer obras na encosta para ganhar dinheiro e oferecer uma alternativa para quem está excluído;não há previsão destas catástrofes como a do RS porque se os problemas forem resolvidos não há mais condição de criar situações para  realizar  novas obras super ou sub-faturadas.

O principio geral de toda administração é construir e depois manter.Se não houver manutenção mais problemas aparecem e  as chances de ganhar dinheiro também,principalmente com a corrupção.

Eu tenho a impressão que  este esquema clássico cresceu tanto que ninguém está mais conseguindo evita-lo e às suas consequências correspondentemente maiores.

 

sábado, 11 de maio de 2024

A 3ª Guerra Mundial

 

Em alguns círculos políticos e militares do primeiro mundo já se fala na iminência de uma terceira guerra mundial.Eu continuo pensando que isto não passa de uma bravata com objetivos políticos.

A terceira guerra mundial,se ocorrer,será nuclear,ou seja,totalmente (auto-)destrutiva.No entanto,durante a semana,eu pensei num detalhe que poderia transformar estes conflitos atuais interligados numa guerra quase-mundial:numa guerra de primeiro mundo com ramificações com outro lugares.

A guerra dos trinta anos no século XVII foi estritamente européia,mas a primeira guerra só foi considerada como tal,depois da segunda.

E esta caracterização  só é possível depois de acurada análise:até mais ou menos a entrada dos EUA na guerra de 14-18,a “ grande guerra” não era senão uma guerra européia também.Mas ela poderia ser considerada só como uma guerra de primeiro mundo,porque ficaria restrita aos povos centrais,do capitalismo avançado.A influência deste conflito sobre o mundo a tornaria universal,mas outros detalhes fazem dela assim:o envolvimento de muitos países,como o Brasil e isto aconteceu também depois na segunda guerra.

Atualmente este conflito poderia ser generalizado ,mas se restringiria desta vez ao hemisfério norte.

O que está faltando neste meleé toda é o separatismo,de que eu falei lá no inicio.

Mas há alguns sinais de  que a chance de este novo elemento surpreender é real:terrorismo em países do leste europeu,em que as reinvindicações de autonomia são mais latentes.

Se tal viesse a acontecer,o conflito se generalizaria e aí nós teríamos quase uma guerra mundial,que pode vir e a ser e a única questão que a impede de sobrevir é a força nuclear.Mas haveria condições de uma guerra mundial convencional hoje?De alguma forma se poderia evitar esta iniciativa final?Ou ela seria inútil?

 

terça-feira, 7 de maio de 2024

Repercussões do meu artigo Sobre a matemática de O Capital

 

O meu artigo da semana passada sobre a matemática de O Capital teve repercussões como sempre injustas de parte principalmente,como era natural, da esquerda.

Aí aparecem pessoas que diante das minhas realizações intelectuais jogam na minha cara que isto não tem importância e que eu estou vadiando.

Eles estão certos em fazer caridade,em trabalhar em prol do povo e eu fico aqui sem fazer nada.A mentalidade do comunista ortodoxo é a mesma dos nazistas e do rei Leopoldo da Bélgica:só aquilo que os interessa é que tem utilidade.

Lembro-me de uma cena da “ A lista de Schindler”em que um dos judeus do gueto se mostra como professor de literatura e  o nazista de plantão afirma ser ele “inessencial”(pronto para a câmara de gás).Mutatis mutandi,do lado esquerdo grassa algo parecido:literatura,filosofia, são divertissements (divertimentos)apenas,para a humanidade.Um interregno entre um trabalho e outro(sem direito à preguiça no meio).

A primeira coisa que Guevara fez em Cuba ,nas universidades do país ,foi acabar com estas disciplinas “inessenciais”,no que é o sonho do todo tubarão de ensino aqui no Brasil...

Quando exponho  uma palestra o deputado Chico Alencar vem no meu face e apresenta as suas intervenções na Alerj,como se eu tivesse desdenhado do seu trabalho.

Agora,diante do artigo matemático,a sra Jandira Feghalli inunda os meus emails apresentando os seus trabalhos,como a dizer o mesmo que o deputado.

E supostamente me chamando de inútil e vagabundo como sempre ouvi destas hostes vermelhas ortodoxas,derivadas do socialismo real.

Só que eles não dizem ao povo que são caudatários de um marxismo distorcido que só serve para justificar as ações voluntaristas e frequentemente violentas que eles escondem sob a caridade,em que eles aparentemente não acreditam,porque estão sempre esperando uma revolução que resolva tudo.

Eu não sou contra caridade não.Já enviei a minha ajuda ao extraordinário Rio Grande.Contudo o marxismo defende uma razão emancipatória e ao invés  de esconder esta base deveria esta vanguarda(já bem combalida)explicitá-la,fazendo o que eu faço,o que lhes mostraria os furos e problemas que ela tem.

Permanecer na caridade é como gostava de criticar o meu pai stalinista: “administrar bem o capitalismo”,manter a exploração em dia(aliás era o stalin que dizia).

Porque a vanguarda não pressiona os políticos a prevenir estes cataclimos?Porque não exerce uma pressão continuada para ,usando a ciência,evitar que estes problemas aconteçam às pessoas?Preguiça?Falta de estudo?

Eu acho interesse pessoal e eleitoreiro,tal qual se vê na pior burguesia.Luckacs gostava de babar que “o pior socialismo é melhor do que o melhor capitalismo”,ou seja a Albânia era e sempre foi melhor do que a Suiça.Eu digo: “o socialismo real é igual ao pior capitalismo”.

Como estão paralisados diante da realidade,esta enxundia usa um truque bem vagabundo e hobbesiano de acusar certos setores sociais de serem culpados  da situação e de serem beneficiários do sacrifício da classe operária:advogados,literatos,músicos(menos aqueles que defendem o socialismo real)e outras profissões “receptadoras de mais-valia”.

Contudo tem operário aí que ganha por mês mais do que eu ganho como advogado.Eu sei quem está por trás desta imagem que se faz de mim.

Há um outro grupo ,radiofônico,que reagiu a este artigo,mas eu falo depois.

 

 

A família ideal é a junção da Família comunista com a republicana

 

A família comunista é como a comunidade dos dois primeiros séculos de nossa era: “ de cada um segundo a sua capacidade ,a cada segundo sua necessidade”.

Este conceito foi emitido por aquelas comunidades “  rebeldes” do império romano.Ela marca uma diferença fundamental com as comunidades ancestrais porque estabelece um principio de solidariedade absoluta com todos,o que nem sempre acontecia nas outras.

Em algumas comunidades ancestrais o velho era abandonado e às vezes a criança também,mesmo a  recém -nascida(aqui no Brasil alguns índios têm ainda este costume).

A comunidade cristã do antigo e primeiro cristianismo acabou com isto e introduziu,pelo menos conceitualmente,este “ valor” humanitário,que persiste até hoje e o deve  secula/seculorum .

E como tais comunidades eram pequenas ,como numa família,tais princípios valem para ela,mas acrescidos de valores republicanos modernos e sempre atualizados de tolerância religiosa e respeito à vida privada.

Na comunidade primitiva isto era um problema(proto-totalitário?)mas foi o mesmo cristianismo ,combinado com a burguesia, que criou o conceito essencial de “vida privada”(dentro do qual o intimo está presente,está contido).

Na família republicana aquilo que é comum a todos deve ser exercido por todos e garantido por todos,mas há que ser reconhecido o caminho de cada um.

A religião costuma dizer que assim se separam as pessoas,mas o que as separa são elas próprias.Esta suposta barreira entre as necessidades reais da família e as suas divisões formais e jurídicas não existe.Antes ela põe as balizas de um equilíbrio fundamental,inclusive amoroso.

 

 

Pais e filhos O mito da intocabilidade dos pais

 

Em nossa sociedade de mediania católica os pais são considerados intocáveis e esta é uma das razões  pelas quais não se aborda a causa sócio-psicológica das violências recorrentes dos pais contra os filhos.

Quando estes crimes hediondos aparecem nos jornais todos têm um  discurso pronto que é o de colocar a responsabilidade no fato singular.Nas pessoas que os cometem.É só uma questão moral individual.

No entanto só aquelas pessoas de um nível social maior surgem nos noticiários.

Existem crimes ainda piores do que estes nos setores sociais menos favorecidos que não chegam a ter visibilidade,caracterizando-os como fenômenos socio-psicológicos.

Sócio-psicológico quer dizer que para ocorrer um fato horrendo como este,há que existir na sociedade fenômenos recorrentes mais ou menos graves para que ele se apresente.

Estas violências que espoucam aqui e ali são o resultado de uma continua prática,inclusive familiar,de brutalidade,inclusive e principalmente contra crianças(mas não só).

A alavanca moral e sócio-psicológica que move a reprodução do problema é a intocabilidade dos pais,uma crença supersticiosa católica que serve aos propósitos de poder e que coloca sobre eles um poder  “ sagrado”,que serve aos interesses manipulatórios da igreja.

É lógico que os pais não podem ser dirigidos pelos filhos ,mas quando estes se tornam adultos,só a diferença de experiência os diferencia,ainda colocando uma preeminência dos progenitores,a qual vai s e diluindo com o tempo.

 

 

sábado, 4 de maio de 2024

Porque devo ser reconhecido Como intelectual independente

 

Afirmei em certa ocasião que se não houvesse a revolução russa ,a social-democracia,de inspiração marxista também ,poderia ter tido sucesso ,principalmente na Alemanha,coração do problema europeu e ,de certo modo,do mundo.

Onde ela atuou criou um progresso duradouro.

E Colleti ,nos 200 anos da Revolução Russa ,escreveu um artigo intitulado “quando a revolução faz falta”,mostrando como a falta de proteção dos direitos do homem ajudou o nazismo a ascender.Ele se referia ,naturalmente,à revolução francesa...

Uma das inovações da República social-democrática de Weimar foi a aceitação de candidaturas independentes no processo politico/eleitoral.

O que Colleti pontuava e que está de acordo com esta possibilidade é que a melhor maneira de evitar o corporativismo que leva ao fascismo e que é seu fundamento doutrinário e prático ,é o reconhecimento do cidadão,da pessoa individualizada que contribui para a sociedade e cuja contribuição deve ser reconhecida pela sociedade,pela nação.

Costuma-se falar,notadamente no Brasil,mas em países em desenvolvimento politico,que falta a eles uma sociedade civil organizada,setores destacados e representativos que permitam à democracia progredir e realizar os seus objetivos.

Sem isto não há como manter um estado de direito e o esgarçamento ocorrido na Alemanha,por causa da inflação,entre outras causas,gerou o nazismo.

Mas se observarmos isto tudo com mais acuidade,nos veremos que depois da reconstrução politica da Alemanha estas mesmas instituições abraçaram o movimento.

As corporações da sociedade servem à democracia,mas também aos regimes totalitários.

O que marca uma diferença essencial impeditiva desta ambiguidade é a presença firme e reconhecida deste cidadão que produz.

Defender e reconhecer a iniciativa individual produtiva é uma das formas mais eficazes de garantir a democracia.

Voltarei ao tema.