sábado, 27 de julho de 2013

O Papa Francisco


O Papa Francisco veio como político. Embora todo mundo diga que veio como pastor,veio como político,porque está havendo um enorme vazamento nas suas linhas. Levando em consideração que desde a visita do Papa João Paulo II à Nicarágua ,ele e seus sucessores vem tentando fortalecer a Igreja no sentido de obediência aos seus cânones e valores,esta viagem é política. É para dizer aos fiéis que é imperioso seguir os ditames da Igreja Católica. O Papa Bento XVI, a que já me referi em artigo anterior,orientou,depois de vir ao Brasil,uma Conferência na CNBB,em Aparecida do Norte,a dizer aos fiéis que quem quisesse ficar na Igreja deveria segui-la.
Os católicos brasileiros são diferentes. O Papa diz que não há reencarnação e eles acreditam em reencarnação;o Papa diz que o sexo é só para procriação e eles...bem ,nem preciso falar. O Papa tenta demonstrar que pune a pedofilia,o desvio de verba,tarefas que passaram para este Papa Francisco,mas ninguém acredita.
É por isto que os evangélicos,com suas saias até ao tornozelo(algumas),a sua visão anti-idolátrica ,ganham terreno.
È uma viagem exatamente porque aqueles que não seguem o Papa não são católicos e deveriam,por coerência sair,mas por necessidade de crescimento(político)o Papa vem instá-los a voltar para o rebanho. Dialéticamente esta atitude revela que aqueles que não seguem os preceitos da Igreja ficam nela,no Vaticano,por tutela,por busca de uma ajuda,que não se sabe bem qual é,mas que só pode ser pedida a um Estado ,não a uma religião. Os discursos ,portanto,são cheios de contradição e enviesados. Pedir que se ponha Cristo no coração não é propriamente o que aquele menino da comunidade de Manguinhos pediu. Ele queria que o Papa dissesse ao governador que limpasse as ruas sempre,não quando o Papa viesse. Talvez ele quisesse que o pai amado ficasse sempre...
Afirmar que descriminalizar as drogas não conduz à solução do tráfico não tem muito a ver com a eucaristia,porque este é um problema humano,que Cristo não tem como participar,a não ser motivando,sem dúvida. Ele não pode pensar por nós.
Então,por isso,esta viagem é para corrigir o vazamento e é para o Papa se tornar de vez um pastor e não um político,como tem sido desde a Nicarágua.


O termo médio

 Ainda discutindo as manifestações(na verdade não quero mais sair dela),o que falta no Brasil?Não acho que os países ditos evoluídos,do G-8,sejam modelo. Não acho que representem o progresso que eu desejo,que é a relação com o progresso material,mais o progresso espiritual.
Contudo,exceto,por um elemento,uma mediação,penso que eles representam uma forma de progresso,no sentido que eu pus acima:a mediação política.
Eu disse num outro artigo que esta mediação era a cidadania e fiquei de complementar a minha opinião. Porque o conceito republicano de cidadania é tão negligenciado no Brasil que eu o coloquei como necessário e ele continua como tal. Mas sendo ele um conceito demasiado genérico e abstrato tem imensa dificuldade de “ pegar no breu”,como se diz,quer dizer,imensa dificuldade de ser seguido pelas massas,pela soberania popular.
Deixando de lado,então,pelo menos pela metade,o vezo intelectual,nós faremos aqui uma análise histórica do que realmente “ pegou no breu” ao longo da história e realizou,por causa disto,progresso.
Os gregos conseguiram mudar a sua história com o conceito de democracia,que para eles,era o conceito altamente revolucionário da deliberação e da eleição,embora rudimentares.
As revoluções burguesas criaram o conceito de representação,aos poucos,até chegar ao de soberania popular,para englobar a todos.
Dentro das revoluções burguesas os Estados Unidos criaram o termo “ Igualdade de oportunidades”.
Porque coloco este termos?Porque como já disse em outro lugar o Brasil é o pais do cada um por si só,um experimento darwinista social em que cada um devora os outros e a condição de sobrevivência é esta,destruir o próximo. Falta-nos o termo médio. O elemento concreto que nos iguale e que nos faça respeitar o outro,como ser de direitos,de direito ao “ termo médio”.
Vitor Hugo em “Os Miseráveis”,insinuava que o mercado ,a luta pelo dinheiro colocava um vizinho contra o outro,mas nos Estados Unidos o patriotismo(que por princípio eu não sou defensor)é mantido pelo conceito de que todos devem ter direito à felicidade no mundo real.
Aqui no Brasil o termo médio mais importante é o de democracia racial,mas ele não é suficiente para acrescentar ao republicanismo as condições de coesão social e nacional exigíveis ao progresso de nosso país. Isto porque ele ainda se ressente deste conceito de direita de “identidade” nacional,que é algo sociologicamente impossível de realizar. Não há como afirmar que todos compartilhem de uma mesma tipicidade,os que morrem,os que nascem e os que ficam .Há descontinuidades que fazem parte da nação.
O que seria o termo médio para o Brasil?Um conceito de solidariedade,de despojamento próximo ao que preconiza a Igreja Católica?Quem pode afirmar que é possível construir um progresso material sem um mínimo de ambição e de desigualdade?

O Brasil pode ser o primeiro país a afirmar um termo médio absoluto,o mais próximo da utopia e da generosidade,que é o da inclusão de todos,o dever de todos ,de ajudar a todos a se incluir na vida social e política,sem divisões,sem conceitos divisivos. Voltarei a falar neste assunto.

Da Violência ou “ Da Moral Crítica” ou “ A Crítica Moralizante”

 Existe um discurso,muito recorrente diante das manifestações de rua,calcado no moralismo,segundo o qual a violência é uma atitude antiética,errada e que é contra a democracia. Vá lá,eu aceito parte desta assertiva,mas é preciso ter em conta que a violência está no dia a dia e que explodiu agora ;e quem conhece sociologia e a sociedade não pode vir apenas com este discurso abstrato e moralizante.
Os grupos de ação direta manifestam a sua contrariedade há muito tempo e quem anda de ònibus por aí,nestes péssimos ônibus, vê nos muros frases como “ está com fome,saqueie”.
Um historiador das mentalidades,Robert Darnton,escreveu em um livro intitulado “ O Grande Massacre de Gatos”,como certos acontecimentos aparentemente banais anunciam catástrofes e cita um grande massacre de cães e gatos,pertencentes aos aristocratas, na Paris de 1757,como exemplo disto.
Não chego a extremos de dizer que vai haver uma revolução por causa destes atos de violência,que não são banais,mas é evidente que a banalidade das frases dos muros da cidade não foi observada pelos políticos e representantes do povo(autoarrogados às vezes,como a mídia),que agora completam este descaso,com o discurso abstrato.
Ainda que a democracia não admita atos de vandalismo,falta de argumentos,é preciso admitir que certos atos têm significação,como o privilegiar a destruição de bancos. Cá entre nós deploramos a destruição do meio de vida de trabalhadores,mas concordamos com estes vândalos quanto ao caráter igualmente depredatório e desinteressado das necessidades populares,destes bancos que lucram estratosfericamente,às custas do governo,ou seja,do povo brasileiro,parte dele nas ruas.
Então o discurso moralista não pode obscurecer a exigência de analisar a violência como fenômeno social a ser considerado de forma séria. E também,como fenômeno moral que toda violência contém em si. A violência é uma tentativa pervertida de integração,de integração legítima do povo,no processo político(estamos no regime da soberania popular)e embora a destruição seja endereçada a alvos ilegítimos ela atinge a todos,inclusive aos que jogam pedras,numa postura pequena e suicida que não se deve aceitar,o subliminar desejo de integração tem que ser analisado e considerado,dentro de uma “ moral crítica” e não uma “ crítica moralizante”


domingo, 21 de julho de 2013

Curso de Ciência Política

apresento o meu curso de ciência política .interessados me contatar aqui.

O silêncio o esporro o precede

Esta frase de Marcelo yuka  indica que depois da alegria das manifestações vem um silêncio enganador.A bem da verdade eu queria que este processo de mudança fosse como uma “ revolução permanente” e que as discussões se multiplicassem.Embora isto não tenha ainda ocorrido é claro que estamos diante de um interregno,de um intervalo.Se os políticos não realizarem os objetivos do povo as manifestações continuarão.
As pessoas estão estabelecendo limites para o encerramento histórico das manifestações,talvez influenciados pela falta de um programa articulado,mas não há como se enganar diante do fato de que até agora a resposta indica que a intenção é continuar como está,apostando na passagem do tempo como meio de criar o esquecimento.
Não há justificativa para adiar modficações essenciais para depois de 2014.É agora que as coisas devem mudar.Haverá mudanças na saúde se os médicos estrangeiros vierem?Penso que isto cria outro,o de que os médicos brasileiros ficarão  esquecidos,reinvidicando melhor educação e melhores condições de trabalho.Aumentar o tempo de estudo,associando a residência com as comunidades carentes também resolverá?O problema das condições continuam:áreas violentas,falta de remédios,ambulâncias...
E na educação?Se o pré-sal não vai oferecer recursos agora,que propostas vão resolvê-lo?

Andei um tempo parado,por problemas pessoais,mas agora retorno ás discussões políticas deste espaço.Continuo esperando a resposta de todos os que estão lendo as minhas postagens.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Eu queria ou atenção ruas!



Eu queria,como cidadão que participou dos protestos,opinar e delinear os critérios básicos da reforma política,porque os políticos não a fizeram até agora e não apresentaram nenhuma proposta há dez anos.
Como eu disse anteriormente, atenção ruas!Os políticos que estão aí não querem compreender o programa que saiu das manifestações.Que existe uma necessidade de mudança geracional;que é necessário perguntar ao povo que tipo de reforma política ele quer;que é preciso mudar agora o sistema de saúde e a educação-AGORA,não é depois,é AGORA!;que é preciso melhorar a educação para garantir que médicos brasileiros possam ir ao interior ganhando bons salários(é um absurdo que políticos colocados por nós no Congresso não ajudem aos profissionais de medicina,criando melhorias deste tipo,em vez de chamar médicos de fora;chamar médicos de fora é reconhecer a derrota do modelo de administração da saúde);que os políticos não devem ficar encastelados no poder,mas devem dar chance aos mais jovens;que o judiciário é ruim,totalmente dominado por uma caixa-preta,que ninguém abre;que os partidos não devem ser dominados por grupos,mas pelo movimento e que não é o dinheiro que deve conseguir a indicação para as candidaturas,mas as propostas e a honestidade comprovada do candidato.
Isto tudo não vai ser resolvido só com os pontos postos para apreciação do Congresso,pela Presidente Dilma,é preciso mais.Tudo indica que pelos próximos decênios teremos que ir regularemnte às ruas para impulsionar os políticos e os poderes da República quanto ao que é seu dever.
Quando o congresso vai oferecer uma reforma política?Como vai discuti-la com o povo?Sou contra o Referendum,porque isto é inverter o processo decisório no Brasil,é ofender a Constituição,no seu artigo 1º ,p. 1º(“ Todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido”,chama-se a isto de soberania popular).O referendum é uma cartada para ,no entender de quem o propõe,desmontar o ímpeto das ruas.Uma proposta de referendum que não for  aceita pelo povo não obrigará o Congresso a se modificar e aí tudo cairá no vácuo.
O certo é o povo ter condições de mostrar aos seus representantes a sua insatisfação,num conjunto de critérios,que fundamentem um novo programa básico do povo a informar os diversos partidos.
Se os partidos e os políticos não cortarem na sua carne nós cortaremos.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Viver com medo



Uma das coisas terríveis da história é que quando acontecem os cataclismos eles ficam na   mente das pessoas como um trauma o qual não deve  ser tratado, mas evitado para que não volte.
Basta um torcedor italiano ou alemão levantar o braço para o medo do nazismo retornar e aí ninguém faz nada,para não mexer na ferida e ela explodir.
No Brasil acontece a mesma coisa.É óbvio que o Congresso quer ouvir as ruas e tem a precedência da iniciativa das mudanças exigidas,mas,como eu já disse em artigo anterior, a questão é que a atitude dos  políticos e dos partidos tem que  mudar senão... a população quer,no mínimo,tirá-los.Esta é a verdade das ruas e é a minha também que estava lá como os outros,enquanto cidadão.
Agora porque eu ,dentro desta baliza,apóio a constituinte e um plebiscito,sou traidor,chavista,quero o golpe.Ora ,quando na Constituinte de 88 se colocou o plebiscito isto era tido como um extraordinário mecanismo de democracia direta.Agora só porque o plebiscito foi usado por Chávez  ele é instrumento de golpe...O medo e o trauma criam psicoses e amnésias nas pessoas,todo mundo perde o rumo na falta de coerência,de lógica.
É óbvio que o povo quer dirigir a reforma política,ele tem que ser consultado.Se a presidente,a quem eu nunca considerei estadista,mas parte de um esquemão,e em quem não votei(por isso eu tenho autoridade para criticá-la ou apoiá-la eventualmente),convoca um plebiscito, é golpe.Se não convocasse era omissa.Que garantias teremos de que o Congresso vai agir de acordo com as ruas,se modificando?Tudo me parece o viver com medo,o uso do medo,o medo de ter medo,do Presidente Roosevelt.O que o Congresso está dizendo é que todo mundo quer passar por cima dele porque há interesses escusos por trás da senhora Dilma.O PMDB é contra o plebiscito.Mas quem colocou a Dilma lá?Quem é o sustentáculo?O Congresso está usando estes medos para chantagear a sociedade e não fazer nada.
Todo mundo sabe que eu sou parlamentarista.Se isto  tivesse acontecido num país parlamentarista,como a Itália,o presidente convocaria novas eleições e ninguém ia dizer que era golpe.Foi o que aconteceu na Itália.O povo foi para a rua e o governo caiu.Houve golpe?
O Brasil é diferente da Itália porque existe uma crise geral da representação.Buscam-se os fundamentos da política na soberania popular.Só isso.A culpa deste medo todo são 30 anos, no mínimo, de conchavo.Quando que o Congresso pensou em fazer isto?Se tivesse feito as ruas não teriam ficado cheias.O que o Congresso pretende fazer com esta chantagem é usar os mesmos métodos para cooptar quem veio das ruas,quem quer entrar na política.Cabe a quem esteve nas manifestações recusar este tipo de cooptação e manipulação.Atenção ruas!
Com este presidencialismo ultrapassado a substituição de um político parece um drama de novela das oito,que termina com morte às vezes.Mas o político é só um servidor,é só um funcionário,só isso.Se ele não faz o que a soberania popular manda é só colocar outro,só isso.Vamos acabar com este salvacionismo,com este medo.É a hora.Para haver progresso político,a partir da representação é preciso alternância de poder em todos os níveis.Simples assim.Algus políticos já deram o que tinham que dar.Vão para casa.
Mas não,ficam aterrorizando a população.Lula mudou mas ele  continua tendo razão e não me venham dizer que as ruas não concordam com ele que há ainda 300 picaretas no Congresso.Quem anda na rua sabe que o povo pensa assim há muitos anos.
Se não houver o plebiscito prevejo uma situação que frustrará o povo brasileiro,com consequencias imprevisíveis e mais:se isto acontecer aí sim haverá perigo de golpe,porque o povo pedirá a um salvador,provavelmente Lula,  que faça as mudanças sem o Congresso.


segunda-feira, 1 de julho de 2013

Barbeiragem



A propalada barbeiragem de Dilma,no entender de Lula,é relativa.Ninguém tenha ilusões quanto ao fato,que eu já disse anteriormente,de que vai ser absolutamente necessário substituir estes politicos atuais.É óbvio que  a proposta de constituinte foi um tapa na cara do congresso,que ficou amuado,mas o tapa veio das ruas.Não há porque negar isto.A percepção verdadeira do povo  brasileiro é de que a maioria dos politicos é corrupta ou incompetente e que é preciso tirá-los para que as coisas andem.
Ainda que não fosse  assim,diretamente,as consequencias são inevitáveis porque esta situação só chegou a este ponto por causa dos partidos e dos políticos que estão aí há anos.
Está bem,a constituinte é um pouco demais,mas se não se fizer o plebiscito que garantias teremos,as terão,de que os atuais representantes do povo vão realmente ouvir a voz das manifestações?
Estes políticos e partidos que deixaram esta situação  acontecer já demonstram não estar entendendo (ou sabem e fingem não saber...),quando propõem acabar com a reeleição só para atingir vingativamente a presidente Dilma,por causa da “ barbeiragem”.
Senhores políticos,é hora de discutir fundamentos,de rediscutir o contrato social e não pensar eleitoralmente.É hora de pensar novos valores para o Brasil e com base neles novos programas,para novos partidos.
Se eles não se modificarem,proponho candidatos avulsos ,sem partido,nas próximas eleições,porque só assim desalojaremos  este staus quo ultrapassado.
Quanto destes jovens não querem fazer política já?Os que estão aí vão deixar?