Um mudança significativa nesta guerra me induz a vir
aqui para analisá-la novamente.Até ontem a guerra da Ucrânia parecia ser aquela
guerra providencial dos regimes totalitários ,para manter as massas sob seu
controle.
Me preparava para escrever um artigo comparando-a
àquela guerra do romance de George Orwell,1984:o inimigo externo tinha um papel de tornar o Big Brother
intocável.
Historicamente os reis do Despotismo Esclarecido foram
criando esta figura de um chefe que se sacrifica pelo povo.O exemplo é o de
Frederico o Grande da Prússia ,que Hitler gostava de usar como modelo para si
mesmo,especialmente pouco antes de suicidar...
No entanto,as vitórias recentes da Ucrânia puseram a
nu as fraquezas externas (e internas) deste projeto russo ditatorial,forçando o
país a se voltar para ele próprio,procurando engajar o país todo.
Isto não me surpreende porque como eu analisei logo no
inicio do conflito o que o desencadeou foi a evidente perda de sustentação do regime por este mesmo povo
russo.Putin inventou esta guerra para recuperar o projeto da grande rússia,que
,segundo ele ,reunificaria os setores conservadores internos e isolaria a
dissidência.Pelo menos manter a guerra seria bom,mas tendo predominância por
parte de Putin e da Rússia.
Desandado este projeto os problemas se avolumam e Putin reage desta forma.A
guerra da Ucrânia adquiriu novos contornos a serem retidos:Putin tem que
reprimir mais ainda o povo russo e já o está fazendo com a exigência de
conscrição geral.Quem não aceitar ser conscrito pega dez anos de prisão,segundo
decreto de ontem;a ameaça nuclear,de seu uso tático,que parece ser um patamar
um pouco acima de ameça ao ocidente,mas acima de tudo revela
desespero,quiçá,pânico;possibilidade de golpe contra Putin.
Se de fato está próximo o fim politico de Putin e o
surgimento de uma democracia moderna na Rússia,por outro a rearrumação
geopolitica da Europa será o pior cenário possivel.