quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Salto de qualidade na Guerra da Ucrânia

 

Um mudança significativa nesta guerra me induz a vir aqui para analisá-la novamente.Até ontem a guerra da Ucrânia parecia ser aquela guerra providencial dos regimes totalitários ,para manter as massas sob seu controle.

Me preparava para escrever um artigo comparando-a àquela guerra do romance de George Orwell,1984:o inimigo externo  tinha um papel de tornar o Big Brother intocável.

Historicamente os reis do Despotismo Esclarecido foram criando esta figura de um chefe que se sacrifica pelo povo.O exemplo é o de Frederico o Grande da Prússia ,que Hitler gostava de usar como modelo para si mesmo,especialmente pouco antes de suicidar...

No entanto,as vitórias recentes da Ucrânia puseram a nu as fraquezas externas (e internas) deste projeto russo ditatorial,forçando o país a se voltar para ele próprio,procurando engajar o país todo.

Isto não me surpreende porque como eu analisei logo no inicio do conflito o que o desencadeou foi a evidente perda  de sustentação do regime por este mesmo povo russo.Putin inventou esta guerra para recuperar o projeto da grande rússia,que ,segundo ele ,reunificaria os setores conservadores internos e isolaria a dissidência.Pelo menos manter a guerra seria bom,mas tendo predominância por parte de Putin e da Rússia.

Desandado este projeto os problemas  se avolumam e Putin reage desta forma.A guerra da Ucrânia adquiriu novos contornos a serem retidos:Putin tem que reprimir mais ainda o povo russo e já o está fazendo com a exigência de conscrição geral.Quem não aceitar ser conscrito pega dez anos de prisão,segundo decreto de ontem;a ameaça nuclear,de seu uso tático,que parece ser um patamar um pouco acima de ameça ao ocidente,mas acima de tudo revela desespero,quiçá,pânico;possibilidade de golpe contra Putin.

Se de fato está próximo o fim politico de Putin e o surgimento de uma democracia moderna na Rússia,por outro a rearrumação geopolitica da Europa será o pior cenário possivel.

 

 

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Eleitor de Ciro:vamos ganhar esta eleição no primeiro turno,vamos?

 

Já que não adianta nada implorar o óbvio ao candidato Ciro Gomes, a quem eu recomendo começar a fazer análise,dirijo este artigo  ao eleitor de Ciro para que na hora de por o voto na urna pense no Brasil e na democracia.

O fato de  Ciro ter diminuido o seu eleitorado para 10%,indica que grande dos seus seguidores já se deslocou para Lula,porque é impossivel pensar que tenham se (des-)orientado para Bolsonnaro.

O eleitor de Ciro é de classe média,uma classe média republicana e que pode pender progressivamente para uma social-democracia.É a centro-esquerda.Aquela que inclui a nação em seus critérios,aceitando a questão social.

Pode eventualmente ser conservadora e não incluir as pautas como  a do movimento LGBTQA+,ou mesmo ser critica ao movimento negro e suas reinvindicações,mas ela é o substrato da recuperação do papel progressista da classe média,condição,como tenho dito,para unificar o país e fazê-lo se desenvolver.

Se olharmos a história dos paises mais prósperos,socialmente ,do mundo veremos que o entendimento entre as classes principais é a condição,no âmbito do capitalismo ,para construir uma nação progressista,ainda que dividida em classes.

Um chavão da esquerda ortodoxa dá conta de que os interesses da burguesia e os dos trabalhadores não são compossíveis,mas eu não estou me referindo à uma aliança com a burguesia,muito embora não aceite rupturas.

Falo de uma aliança entre os trabalhadores de classe média e os operários.Ainda que a classe burguesa esteja com a sua vida resolvida,em termos individuais,em termos de classes os seus problemas podem afetar o desempenho do coletivo nacional,o que respinga nos trabalhadores.

Quero dizer,dentro da minha concepção em momentos de crise nacional o sacrificio essencial das classes altas será decisivo para recolocar o país na linha,superando,inclusive o desemprego.

De modo que a pespectiva de luta de classes não determina necessariamente a utopia,o melhor para todos.Não digo que o bem-estar de todos seja o objetivo final,mas é possivel uma sociedade próspera se estes setores da sociedade puderem se entender.Comunismo é para depois.

Ciro parece usar conceitos da direita,da esquerda,enfim,ele mistura tudo numa caldeira que tende a explodir ou desandar,mas o seu eleitor há que entender a questão simples que está colocada diante do Brasil:repelir de vez 64 e suas consequencias,para ficarmos só com o Brasil.

 

 

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Diniz: os outros técnicos estão olhando

 

Eu sou fã da proposta do técnico Diniz do Fluminense:uma das coisas mais ridiculas e que eu odeio profundamente é quando um time tem a bola, não sabe o que fazer e o goleiro ou um zagueiro a rifa  e entrega para o adversário recomeçar o jogo.

A idéia de construir ao longo do campo e a partir do toque de bola vindo da grande área me seduz.

Mas isto depende de muito treinamento e de jogadores capazes  fazer o toque de bola(o que não é muito comum entre os goleiros[como o Fábio]{que não está bem}).

Num determinado momento Diniz aguentou-se como um saco de  pancadas e  sofreu os maiores ataques e vaticinios de fim de carreira que eu já vi um técnico sofrer.

Voltando ao Fluminense ,no entanto,houve um salto de qualidade (inesperado para mim) e o  “sistema” Diniz nasceu,aparentemente.

O jogo contra o Bragantino foi o auge deste sistema,com um gol trabalhado e feito  pelo meio da área.

Mas o que Diniz não entendeu até agora,aparentemente,é que os técnicos estão vendo esta evolução e alguns ,como Mano Menezes,já são bem escolados e dirigem times melhores do que o do Bragantino.

Fica evidente que é fácil barrar Diniz se vc colocar um monte de gente no meio de campo,uma espécie de quadrado,capaz de ir da sua garnde área até  mais ou menos a intermediária do Fluminense.Feita uma boa marcação neste quadrado, o Fluminense não consegue fazer mais nada.

Pior:o time fica tocando a bola sem efetividade,o tempo todo,o que o cansa afinal.No último jogo contra o corinthians ,25 minutos do segundo tempo o Fluminense arriou e se já estava dificil ficou quase impossivel.

Para uma iniciativa complexa e inovadora ,ou seja,o sucesso,há que ter consciência de que ela apresenta(-rá) problemas:de um lado o técnico tem que fazer variações e de outro e por causa disto tem que se prevenir a cada jogo,porque os outros se previnem e se preparam.

Então, na hora de montar este esquema Diniz devia  ter  sabido que os outros iriam se preparar e que ele,como um jogador de xadrez,tinha que ter se adiantado e buscado alternativas e respostas para estas dificuldades supervenientes.

O caso do Flamengo é à parte,porque o rubro-negro não joga na retranca.Não o fez em toda a sua existência ,porque não faz parte do dna do clube,a torcida não deixa fazer ferrolhos.

O Fluminense tem tido um padrão de jogo que se mostra capaz de vencer o Flamengo.

 

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

O coração de Dom Pedro

 

Todo mundo deu ptaco na questão do retorno do coração de Dom Pedro I ao Brasil.Eu também meterei a minha colher nisto aí,mostrando o problema geral em que estava inserida a independência.

Há um documento ,uma carta,de Dom Pedro para seu pai Dom João VI, em que ele diz que “o meu coração e a minha honra são maiores do que o Brasil inteiro”.O projeto de Dom Pedro e seu pai era simplesmente manter o império português,talvez com uma monarquia dual.Em que o Brasil teria papel menor.

É este o sentido daquilo que D. João disse ao filho ao voltar para a Europa:” Se algum aventureiro aparecer,tome a coroa,antes que ele lance mão dela”.Talvez tivesse passado pela cabeça do velho a situação de Napoleão.É uma hipótese.Mas tanto na cabeça deste último como na do filho, o que estava em jogo era manter o império português.

O que Dom Pedro disse na sacada do paço imperial não foram aquelas palavras lapidadas: “se é desejo do povo e felicidade geral da nação,diga a todos que fico”.Na verdade lá dentro do edifício disse que agiria conforme os desejos de meu pai,ficando no Brasil.Conecta-se o fico com a conversa de anos antes,dos dois.

Assim, tudo o que Dom Pedro fez até 1822 e daí para a frente foi sempre pensando nesta possibilidade.Mesmo quando saiu do Brasil,escorraçado,em 1831 e lutou pelo liberais em Portugal ,como D. Pedro IV,ainda havia o propósito de manutenção do projeto,porque no Brasil,ficou um partido ,durante a regência,dito Caramuru,que pregava a volta do Principe.Naturalmente a morte de D. Pedro em 1835,acabou de vez com estes planos,mas isto tudo revela que a nossa independência foi um processo politico,que levou mais tempo do que a pura e simples declaração de D. Pedro I,às margens do Ypiranga.

E mais ainda,a intenção do partido caramuru,presidido por José Bonifácio,era realizar esta monarquia,quiçá,dual.Quer dizer José Bonifácio,Patriarca da Independência,tinha em vista a mesma coisa que D.Pedro,muito embora este tenha atentado contra ele,certa vez.Mas Bonifácio tinha mais ligação com Portugal,onde se formou e era reconhecido como um dos grandes sábios da Europa,do que com o Brasil.

Dentro deste referido processo,o momentum crucis em que não havia mais possibilidade de retorno ou de encaixe no império,foi a morte de D.Pedro.Se quisermos analisar mais ainda,em 1831 não havia mais condições de retornar à dependência,mas nunca 1822,porque este ato foi apenas uma fachada para algo diferente do que os brasileiros comemoram em 7 de setembro.