quarta-feira, 25 de setembro de 2019

A fala de Bolsonaro na ONU ou a reocupação da Amazônia

A fala de Bolsonaro adquiriu um significado decisivo na conjuntura em que vivemos,porque ela une os aspectos nacionais do mundo moderno com a inevitável rede internacional de relações que domina o mundo.
Ao longo da história existem discussões bizantinas,que só se sustentam dentro de esquemas imediatistas de poder:sexo dos anjos;igualitarismo e desigualitarismo;otimismo e pessimismo.Uma destas discussões falsas é entre internacional e nacional e ela une idiotas da esquerda e da direita.
Já me cansei de explicar isto aqui.As relações entre as diversas regiões do mundo é um processo que só tende a crescer e nem sei se este crescimento é bom(outra discussão).Da mesma forma a nação não acabou,não acabou.
Então estas afirmações da esquerda de internacionalismo e de Trump sobre os “ patriotas”,repercutindo o discurso de Bolsonaro na ONU,é tudo xixica.
Aliás o objetivo deste artigo é analisar este discurso,mas o leitor,como sempre,precisa ler os meus outros artigos para entender o que eu vou dizer aqui.Relembrando:Bolsonaro com sua retórica confrontacionista colocou todas as potências em torno da Amazônia.Ponto.A Rússia é aliada da Venezuela,a China já está se inserindo a partir do nordeste e o Estados Unidos,por decisão do presidente se tornou o fiador do Brasil,no caso da Amazônia.Quer dizer colocou a raposa para cuidar das galinhas.
O discurso de Bolsonaro é estarrecedor no sentido de que a direita é que está fazendo um ataque ao colonialismo da Europa e dos Estados Unidos ,um tema caro às esquerdas.Estas vendem a idéia de que não há problema nenhum com a Amazônia,que a soberania está garantida,fazendo coro com os sobas aqui do Brasil,que repetem:”o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.
O que ocorre hoje no Brasil é aquilo que Gramsci chamava de “ Revolução Passiva”,uma revolução feita pelas classes altas,pelo conservadorismo,fenômeno típico de países que se unificam,como a Itália do “ Risorgimento” e a Alemanha de Bismarck.
Eu já tnho dito também inúmeras vezes para ser repelido entre risos:o Brasil ainda corre o risco de ser desmembrado.Quem é bem intencionado e se informa constantemente sabe que houve ,desde a independência ,variados esforços para tirar a Amazônia de nós.
A princesa Leopoldina,consorte legal de Pedro I,financiou expedições à Amazônia:foi só por interesse científico?Os russos patrocinaram o mesmo para o pesquisador Langsdorf:idêntica pergunta é necessária.O filho de Pedro I expulsou Alexander von Humboldt da Amazônia:porquê?Todo mundo sabe(José Murilo de Carvalho já escreveu sobre isto)que se Dom João Vi não tivesse se evadido para o Brasil,Napoleão teria desmembrado o nosso país.Todas as revoltas republicanas do primeiro império,cabanagem,sabinada,Confederação do Equador,Farroupilha,eram separatistas,mais ligadas à América Hispânica republicana do que à Monarquia.
Theodore Roosevelt ,depois de sair da presidência ,acompanhou Rondon na região;Jacques Cousteau foi acusado de lançar esta informação ,errada,de que a “Amazônia é o pulmão do mundo”,para justificar a intervenção dos estrangeiros.Existem dados estatísticos,feitos pela policia no Sul do Brasil,que dão conta do crescimento do separatismo neo-nazista nesta região.
E Márcio Souza,pesquisador e escritor da Amazônia,afirma que a questão do mandato sobre ela está na ordem do dia no g8,também por causa da água,o grande problema dos próximos anos deste século.Evo Morales pulou da cadeira diante desta crise,exatamente porque a Bolivia descobriu um lençol de água potável de altíssima qualidade debaixo do país ,maior do que ele.E as aves de rapina já estão há anos em cima da Bolivia(ver “ Operação Skyfall”).Quem quiser saber de mais tentativas de intervenção leia a biografia do Barão de Mauá de Jorge Caldeira e quem conhece um mínimo de História sabe que o que o Presidente disse é verdade.Está certo,ele é de direita,é despreparado,quer que os militares entrem,mas tem razão e quem devia dizer sito aí era a esquerda,que não faz nada,não diz nada.
Aliás,seguindo a doutrina militar brasileira a intenção é ocupar a região,mas como no caso das upas,se não houver um projeto social e humano brasileiro ,repito brasileiro ,não vai adiantar.
A Amazônia está toda internacionalizada porque o Brasil não tem capital e só as nações do primeiro mundo ,através de suas instituições, têm condição de ,sob a premissa da defesa do clima global,cuidar dela.As implicações disto eu vou analisar em artigo próximo.Mas há que se perguntar,no finalmente:com tantas pessoas em desemprego no Brasil,porque só estrangeiros devem se ocupar naquele local?
To be continued...

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Mais considerações sobre a previdência

Aqui neste artigo eu pretendo aprofundar ,como havia prometido, a minha visão do estado previdenciário.
A solução possível para o problema social ,que ocupou e ocupa a humanidade desde o século XVIII,é o Welfare State.A sua origem é muito antiga:Babeuf tinha falado na necessidade de intervenção do estado para reduzir a miséria ,no interior mesmo da Revolução Francesa em curso.Rodbertus ,no seu socialismo de estado ,já falara na necessidade de sua intervenção para aplacar os efeitos da exploração da mais-valia.
Isto sem citar a contribuição de Bismark,que montou o primeiro sistema previdenciário,para diminuir o furor revolucionário da classe operária,na Alemanha da segunda metade do século XIX.
Como qualquer fato ao longo da história o welfare state não é algo criado repentinamente e nem é posse intelectual de ninguém,pertencendo à experiência e luta dos povos.
Ele se tornou inevitável na crise de 1929 ,mas já se falava de diversos modos na intervenção inelutável do estado,por volta do ano de 1910.
Tanto a direita quanto a esquerda discutiram o estado e lhe propuseram funções.Georges Sorel em sua “ Reflexões sobre Violência” preconizou o seu uso para impor mudanças sociais,idéia que prosperou muito no socialismo real e principalmente nas concepções de Mao Tsé Tung.
Mas a direita também bebeu desta fonte ,com outros objetivos e finalidades naturalmente.O fato é,no entanto,que a crise de 29,impõs a sua participação definitiva.
Desde então ,à direita e à esquerda, a previdência tem sido usada para finalidades e objetivos diferentes.Nós podemos,no entanto,dizer que a esquerda entende a previdência como um elemento aglutinador social,culturalmente encarregado de fomentar o solidarismo e a preocupação com a miséria.A direita ,no seu lado,entende que a sociedade,para ser solidária ,deve ser produtiva e a forma de torná-la é ajudar o capital a crescer:ora o mercado é fomentado;ora o capital mesmo é usado.
Ambas as posturas,a meu ver ,estão erradas:na esquerda o solidarismo se transforma em assistencialismo politico.Quer dizer os sindicatos,os partidos, ajudam as pessoas,atingidas por problemas sociais variados,que lhe dão apoio politico.É o vanguardismo de esquerda,uma forma de elitismo vermelho.O sub-produto mais comum desta atitude é travar a razão emancipatória,o processo de crescimento real da sociedade.Mas não só isso:cria um desinteresse de crescimento individual e o protegido pela previdência se torna um dependente do estado(como acontecia no socialismo real).No fundo ,no fundo, isto tem a ver também com a continuação do processo de exploração tipico do capitalismo autárquico(dependente do estado)brasileiro(mas não dele somente),o que iguala a esquerda com a direita,guardadas as devidas proporções.
A direita ,quando sai um pouco deste esqueminha,por razões imediatas e imediatistas(politicas[como agora])joga tudo para o mercado:melhorar o consumo ajuda a dinamizar o mercado,que favorece a arrecadação,que pode facilitar o investimento.Junto com isto a privatização,inclusive de empresas do estado,para fazer caixa.Não só a direita age assim,pois o governo “ social-democrata” de Fernando Henrique fez o mesmo que Collor e agora Bolsonaro.
Eu reitero:as duas posturas estão erradas.A direita e a esquerda jogam tudo numa mediação econômica,quando o que soluciona é a vinculação do trato econômico aos objetivos e necessidades da sociedade,da civilização.
De que adianta ter capital para investir se não se investe em educação?Porque falo em educação?O consumo brasileiro geral é baixo,porque o brasileiro ganha pouco e ganha pouco porque não tem oportunidades educacionais e não ascende a bons empregos,com bons salários.O investimento que as privatizações e o mercado aquecido proporcionam não duram uma década em seus parcos efeitos,porque o investimento tem que ser feito nos fundamentos nacionais e não na ajuda imediata a empresas ,instituições,agronegócio etc.Daqui a dez anos volta tudo.
De que adianta fomentar o solidarismo se as pessoas continuam na miséria?Se não progridem individual e coletivamente?O socialismo da miséria nunca foi a teoria de Marx.Há uma confusão permanente entre as concepções de Marx e o cristianismo,o que não tem nada a ver.
Eu vou continuar tratar disto no próximo artigo.

sábado, 14 de setembro de 2019

Fluminense:clube correia de transmissão

As noticias que vêm do Fluminense só apavoram os torcedores como eu.O que o Fluminense cria e produz passa para os outros,para suprir as sua necessidades.Agora,depois de muitos outros foi o Pedro.Agora o Fluminense perdeu para os dois times mais fracos do campeonato brasileiro e corre risco sério de rebaixamento de novo.
Dentro deste caldeirão nós temos que identificar os problemas,para por-lhes uma ordem necessaria ,se quisermos ajudar o clube a sair em definitivo desta situação.
Inicialmente o Fluminense,como outros clubes,tem uma história,à qual se ata e que o define:o Fluminense foi o primeiro grande clube a reconhecer a importância do futebol e foi fundado como clube de futebol.O fato de ser um clube do Rio de Janeiro,capital da república e caixa de ressonância do país,só acrescenta nesta verificação da importância histórica do Fluminense:o futebol brasileiro se fixou e cresceu a partir do Fluminense.O eixo de crescimento do futebol nacional é fluminense e flamengo,apesar do que os paulistas dizem.
Mas outras características são decisivas:como demonstrou uma pesquisa há muitos anos atrás o Fluminense é eminentemente um clube de classe média e muito ligado ao Rio de Janeiro.Existe torcida em outros lugares do país,mas é aqui a base do Fluminense.
O Fluminense há muitos anos me parece um clube correia de transmissão e não de ponta,como foi no momento da sua fundação e anos subsequentes(até a profissionalização do esporte,processo em que o clube teve liderança em 1932).Os técnicos em inicio de carreira e os que estão no fim atuam no clube;o mesmo acontece com jogadores e tudo parece uma concessão ao Fluminense.É como se fosse um processo de aposentadoria,em bom nível.
O São Paulo e o Bangu passaram por um processo semelhante no passado.Zizinho terminou a carreira no São Paulo e o Divino Mestre Ademir da Guia,no Bangu,mas o primeiro soube reverter esta situação ao longo de duas décadas.
É evidente que esta identificação do clube com o estado de São Paulo não prescindiu da mediação duvidosa da politica,mas isto não invalida o projeto de crescimento do clube.O São Paulo construiu o seu estadio e pode adquirir autonomia total em relação aos outros clubes e à prefeitura de São Paulo.
O Fluminense precisa entender que a modernização é o caminho e que cada época põe os limites que devem ser obedecidos.No tempo do São Paulo os campeonatos estaduais ainda eram importantes e fundamentais,hoje não.Gosto dos campeonatos estaduais e defendo a sua permanência no calendário,mas de outras formas.Atualmente a inserção no plano esportivo internacional é decisivo, o que prioriza ,no nosso país,o campeonato brasileiro e a copa do Brasil.
Então a dependência pura e simples do Fluminense de patrocinadores e mecenas só o põe em risco quanto mais o tempo passa.
Embora um clube forte o Fluminense não tem como se comparar com Vasco e Flamengo e talvez seja melhor construir o seu estádio,numa forma consentânea com seu potencial e adquirir,como o São Paulo,autonomia sobre as suas rendas e sobre a sua capacidade de investimento.Talvez seja melhor deixar o Maracanã para Vasco e Flamengo.
A tendência nas sociedades modernas é o crescimento da classe média.Havendo este crescimento,o Fluminense tendo uma marca atrativa e uma segurança financeira pode voltar a ter uma grande torcida e daí anagariar apoio em outras classes sociais.
Se o Fluminense ficar dependente de mecenas e de ajudas,vai seguir o caminho do Bangu referido e do América.
Eu não sou de fazer drama e ficar chorando porque o Fluminense ficou devendo uma ida à segunda divisão.A política dos clubes é assim mesmo.Mas do ponto de vista psicológico este fato parece ter dado uma falsa confiança ao Fluminense.Um dia a politica perde lugar ,devidamente,para a profissionalização e a seriedade de propósitos dos clubes ,que não podem ficar à mercê destes perigos e instabiliaddes constantes.
Entre o inicio de carreira e o seu final os jogadores e demais profissionais precisam entender o Fluminense como clube de ponta e não de correia de transmissão dos outros.

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

E a esquerda hein?

É urgente um partido novo de esquerda no Brasil.Diante desta catástrofe que é o crescimento da direita não podia ser pior a falta de uma oposição mais forte.Muita gente diz que na hora da próxima eleição nada indica que Bolsonaro permaneça,mas só a direita se movimenta.E mesmo que ele seja derrotado o fato histórico é que a direita se consolidou.
O PT é apenas um pálido reflexo do getulismo.É uma vanguarda em torno de uma liderança personalista(como Stalin),sem projeto nacional e que tonitroa esganiçadamente o “ Lula Livre”,porque se seu lider desaparecer ela desaparece(junto com os privilégios).
No entanto ele é como o MDB no tempo de Tancredo:ele é que possui a massa de trabalhadores organizada capaz de aliada à classe média,retomar o projeto nacional.Para isto,é preciso que ,de fora e dentro se faça a modificação do seu receituário politico,a partir do reconhecimento dos erros fatais cometidos.
Tanto quanto na reforma politica é dificil os politicos cortarem na própria carne(por isso defendo referendum como Dilma propusera),na esquerda sempre foi dificil reconhecer os erros,porque,como nos outros partidos,se houvesse autocritica,uma autocritica real,não relativizada(como Prestes fazia)as vanguardas da esquerda perderiam o seu lugar.O vanguardismo vermehlo do PT impede que ele evolua.Ele prefere o culto à personalidade de Lula,que fenece a cada dia,mas é mantido a todo custo,por interesse pessoal,deixando o Brasil de lado,como já reiterei inúmeras vezes.
Nós estamos sem oposição.A esquerda não existe e não se renova.Ela está lá presa com Lula e resiste a propor novas ideias,jogando tudo numa possível eleição de Haddad,como se isto fosse suficiente.E Haddad disse que queria ganhar a eleição para o Presidente Lula.O Brasil que se dane.O desemprego que se dane.Na verdade vou repetir:todo mundo deixa de lado esta tragédia do desemprego,paar criar uma situação de comoção e só depois de obter o poder atacá-lo.O poder está na frente do dever.Bolsonaro não faz nada,a esquerda não tem proposta.
Falar nisto ,eu fiz análises ( e faço ainda)ouvidas aí pelas rádios,que têm se mostardo premonitórias quanto a estes acontecimentos politicos.Já disse:não pretendo originalidade,mas as pessoas que me lêem têm o dever de me citar,de me dar oportunidade de falar,mesmo sem diploma.Tem uma radio aí no Rio de Janeiro,que eu já citei,que vive me lendo,mas não me reconhece.A esquerda e a direita têm uma relação simbiótica,eles repetem isto.Eu ouvi isto aí numa mesa de bar,é um consenso de parte do povo brasileiro,mas me lendo aqui tem que reconhecer.
A ideia de uma politica de estado,que dirija a de governo foi lançada pela primeira vez por Cesar Maia,mas eu tenho incrementado e insistido aqui.O parlamentarismo é defendido por muita gente há muito tempo no Brasil,mas eu tenho acrescentado algumas ideias,como a de equilibrar o plano geral do politico com as competências individuais.A esquerda e a direita se alimentam,aparece nos debates populares(menos eu),bem como a consigna de “ fora extremistas”que eu lancei.
É preciso ter lealdade intelectual,apanágio de toda democracia.