Um
dos maiores desserviços de nossa época,pelos quais todos são culpados,ideologia,política,partidos
é separar a cultura deste mundo de barbárie,de miséria.
Os
arautos da continuidade desta situação repetem o pacto colonial,quando afirmam
esta vergonha,pois é justamente nos momentos de sofrimento e miséria que a
cultura tem um papel decisivo.
È
preciso lembrar que o último colonialismo a cair foi o português e a sua tática
foi não abrir escolas em lugar nenhum,não apostar na cultura em lugar nenhum.
A
colônia acabou,mas os seus resultados estão ai e isto não é desconhecido ,pelo
menos,pelas pessoas de bem.Este artigo é para acusar a falsidade dos poderes do
país,que,mesmo sabendo desta realidade,não só não fazem nada como,pior,atacam a
cultura.
Lembro-me
bem do escândalo que foi quando o Presidente Costa e Silva se orgulhava de não
ler mais livros.Hoje ninguém tem coragem de reptir isto,mas de vez em
quando,por ato falho,alguém revela as
suas verdadeiras intenções.
Quem
não se lembra do Presidente Lula afirmando que as professoras não precisavam de
leitura de jornais?Quem não vê que os partidos de esquerda têm absoluta ojeriza
dos intelectuais,escolhendo candidatos que nem sabem falar?
Substituiu
o pacto colonial,repressivo,o pacto demagógico,que falseia a exploração e cria
um outro tipo de repressão,consentida
pelos reprimidos.É normal na História da humanidade haver momentos de conciliação
de classe.Nas termas de Caracala ,patricios e plebeus usufruiam das benesses da
riqueza.No teatro shakespereano a Rainha e os peixeiros de Londres dividiam a
cena.Estes pactos momentosos(porque dava a hora os ricos iam para os palácios e
os pobres para a escassez),davam certos resultados,mas este esquema,que é ainda
usado nos estádios hoje,nos carnavais,adquiriu proporções delirantes de puro cinismo,principalmente
na política.
A
política hoje é feita segundo este esquema,mas em vez de se discutir
idéias,programas e valores,a população vota nos políticos lhes dando um ótimo
emprego e não recebem nada,a não ser a continuidade da sua miséria.Pelo menos
nas termas o plebeu podia eventualmente,segurar uma ...patricia e na época de Shakespeare o peixeiro tinha contato
com a cultura...
Não
que ele a usasse...Num período como o nosso em que há uma consciência social o
momento decisivo é exatamente este, o da possibilidade de obter um retorno dos
de cima,da parte de cima do pacto demagógico.E hoje é realmente,dentro de nosso
republicanismo,muito mais fácil adquirir conhecimento e cultura para
inviabilizar o esquema e os beneficiários.
À
república moderna clássica nunca foi estranha a idéia da associação necessária da cidadania
com o conhecimento e a cultura.mas por razões históricas isto se diluiu.O cidadão repubicano pleno é o
que detém cultura e conhecimento.
O
embrutecimento do povo é usado como argumento de que ele não deve ter
acesso,mas é óbvio que ele se embrutece por não o ter.Os que lideram não o
querem.
Nós
vemos que as grandes nações do mundo de hoje,as anglo-saxônicas,tiveram o seu
desenvolvimento industrial impulsionada por homens semi ou analfabetos.O filme “Lincoln”
que está em cartaz não fala que o
presidente americano foi analfabeto até aos 14 anos.Thomas Edison também e
ambos aprenderam a ler sozinhos,mas isto acontecia porque a cultura era algo
que todos buscavam,estando à disposição de quem quisesse lutar.
O
povo brasileiro introjetou a sua exploração ,pela rejeição da cultura(cultura
como erudição eu estou dizendo aqui)do conhecimento,acreditando que com ela não
é possível obter empregos,já que a miséria é um problema imediato,mas a verdade
é que no Brasil vai ser preciso ultrapassar esta barreira.Proponho que o povo
brasileiro seja convencido a buscar o conhcimento erudito e a ciência e o
conhecimento como expressão de sua liberdade e de seu direito,sem preocupações.Se
a nova geração,quer dizer,quem está hoje com 12 anos ,fizer um esforço neste
sentido não tenho dúvida de que em 10 ou quinze anos agitações vão irromper
neste mundo desolado em que tudo parece estar resolvido.
Não
sou contra a cultura popular,musical.A longo prazo ela vai mudar a
sociedade,mas o que eu quero é agitar agora,já,como na época das diretas em que
achávamos poder mudar o Brasil,fazendo uma ponte com o que acontecia antes de
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