segunda-feira, 27 de maio de 2013

A piração da Marilena



A fala da última semana da professora(não filósofa,porque filósofo é aquele que tem um pensamento original)Marilena Chauí,segundo a qual o crescimento da classe média,como quer o seu partido,o PT,favorece o fascismo,porque a classe média é fascista nos revela como atrasados e superados estão os velhos esquemas da esquerda,sobre os quais eu falei no último artigo do blog,” Prestes não sabia nada”.
Este  artigo é uma continuação.Desde quando tirar o trabalhador,operário,que ela ainda acha que existe,é favorecer o fascismo?A associação entre classe média e fascismo foi um fato determinado,momentoso da história,porque em outras épocas a classe média sustentou o liberalismo(que ela acha que é de direita),o republicanismo clássico(que ela acha de direita),que eu disse ser melhor do que estalinismo(que ela deve achar de esquerda democrática).
Será que ela não leu Jacques Ellul,com o seu “ O adeus ao proletariado”,no qual ele diz ou fundamenta que existe um trabalhador de classe média e que o operário deixou de existir há muito tempo tempo,na época dele já há 50 anos,agora há 100?Que isto fuundamenta o partido dos trabalhadores e os partidos em geral,como o psdb(que ela considera de direita)?
Construir uma classe média não é um erro do PT.Sou muito crítico em relação a este partido,mas neste caso o sentido da História não aponta para a visão dela,que sabemos que é a de defender a hegemonia do “ proletariado”,numa sociedade capitalista”,em direção à utopia.
Na sociedade atual,o que é possível fazer é criar duas classes,uma alta e outra média.Média ,média.Como acontece em alguns países,nórdicos e outros.É possível transformar todas as profissões em nível de classe,economicamente e na capacidade de consumo.Lembro-me do sindicato dos caminhoneiros dos Estados Unidos,que começou como um sindicato de classe proletária e se transformou em um de classe média.
Ela precisa sair de seu mundo,do passado e pensar no futuro.


domingo, 26 de maio de 2013

Prestes não sabia de nada



Prestes ,como muitos comunistas brasileiros,não sabia nada de marximo e até hoje a maioria não sabe nada ainda(e não se esforça para saber).O que ele e os comunistas “ aprenderam” foi a versão russa-soviética do marxismo,que nada tem  a ver com este último.
O marxismo  afirmava que a revolução deveria ser internacional,internacional e social e o período inicial,de ditadura necessária do proletariado,rápido,e que se encerra com o fim do Estado e a implantação do comunismo.
Muitos comunistas afirmam que Marx se referiu ao zenstvos russos,formas de produção camponesa,como gérmens de comunismo,mas isso não autoriza ninguém a dizer que ele concordaria com a teoria do elo mais fraco de Lênin.
Para Marx o comunismo implicava numa sociedade industrial previamente desenvolvida(condições objetivas)e um proletariado consciente,majoritário na sociedade,preparado na luta(condições subjetivas).Na Rússia tais condições não existiam.O que havia de classe operária no sentido que Marx usava morreu na guerra civil e na guerra contra os brancos e o que sobrou foram extratos ligados ao antigo regime  e isto impôs a necessidade,não realizada, de preparar nova base social para a revolução.
Assim sendo afirmar que  a  Revolução Russa comprovou a teoria e tornou  o materialismo histórico e o dialético a ciência do desenvolvimento e transformação da sociedade é falso,sem fundamento.
A postura da militância em geral do marxismo,pelo menos no Brasil,é  a mesma daquele sultão que queimou a biblioteca de Alexandria,alegando que se os livros contidos nela confirmavam o corão eles não eram necessários e se fossem contra,menos ainda ,ou seja,em qualquer caso deviam ser queimados.O marxismo não queima livros,mas queima a atitude científica,que impõe que aquele que lê admita ser mudado,ser transformado.Não tem sentido ler um livro já tendo uma posição.Não adianta saber dos crimes de Stálin se ,no final das contas,o militante considere isto como necessário.
O militante entende que o povo,o pobre,tem o direito de revolucionar e que nada pode contraditar esta verdade dogmática,tida como “ científica”,esquecendo que a ciência é uma coisa e a ética outra.Embora não contraditórias,são distintas.Esta distinção crispa-o e o militante  se horroriza diante disto e passa a acreditar que é preciso a qualquer custo juntar os dois,numa ideologia científica,uma verdade dogmática que é mais afeita à religião.
È a visão passional do militante que acha que o “ que eu quero deve ser”.
Estas visões já tinham sido denunciadas nos anos trinta por Marcuse,que afirmou que o marxismo se tornou uma ritualística na URSS e que servia a uma nova inquisição,detentora da verdade.
Como disse em outro lugar é importante estudar os erros do marxismo para dar continuidade ao processo de transformação,que não depende dele,pois o marxismo não é o único movimento que transforma.

terça-feira, 21 de maio de 2013

O 56 da Igreja



Embora tenha deixado o comunismo de lado e já ter afirmado que na nossa época não é mais possível pensar numa solução para a questão social  passando pela mediação da ideologia,é preciso ressaltar,que,salvo engano meu,somente o comunismo admitiu erros garves e crimes,como aconteceu,em 56,com o relatório Kruschev .Realmente não me lembro de nenhum movimento que,como  odos comunistas  ,tenha tomado uma atitude deste tipo e depois ter decretado o  seu próprio fim,com o “fim do comunismo”,de Achille Ochetto em 89.
Não quero aqui discutir estes fatos.O que eu quero é pensar como seria bom se todos os movimentos e poderes deste mundo tivessem a capacidade de identificar os seus erros a tempo de evitar as suas terríveis consequências(no caso do stalinismo não foi.no caso de 89 talvez...).
Dois casos me chamam a atenção:o do ocidente,democrático”,no caso da “coletivização forçada” de Stalin e a Igreja Católica.
A filha de Stalin,uma vez, afirmou,de forma irônica,que o seu pai realizou a industrialização da Rússia,vendendo o trigo da Ucrânia à Europa Ocidental,o qual foi obtido à força dos camponeses,que morreram de fome aos milhões.Ora, tal afirmação encerra uma crítica ao ocidente democrático,que poderia,se não o tivesse comprado,ter destruido o sistema stalinista,que só se consolidou com a “coletivização forçada”.Todos sabiam e quando o ocidente democrático acusa Stalin,usa-o,o diabo vermelho,para esconder a sua responsabilidade,por omissão.
Como seria olhar a religião católica constituida de santos como Francisco de Assis ou Clara,claus ou Rita de Cássia e não São Domingos,Torquemada e Júlio II.Em que medida se pode juntar pessoas tão díspares e dizer que a Igreja  é bondosa e piedosa?O que tem a ver o primeiro grupo com o segundo?Assim como as contradições corroeram movimentos,como o comunismo,isto não poderá ocorrer com a Igreja?
O que eu proponho é um 56 da Igreja.Que venha a público um Papa e faça como Kruschev,repudiando o segundo grupo e deixando,para sempre,o primeiro.




domingo, 19 de maio de 2013

Conhecer sem preocupações



Um dos maiores desserviços de nossa época,pelos quais todos são culpados,ideologia,política,partidos é separar a cultura deste mundo de barbárie,de miséria.
Os arautos da continuidade desta situação repetem o pacto colonial,quando afirmam esta vergonha,pois é justamente nos momentos de sofrimento e miséria que a cultura tem um papel decisivo.
È preciso lembrar que o último colonialismo a cair foi o português e a sua tática foi não abrir escolas em lugar nenhum,não apostar na cultura em lugar nenhum.
A colônia acabou,mas os seus resultados estão ai e isto não é desconhecido ,pelo menos,pelas pessoas de bem.Este artigo é para acusar a falsidade dos poderes do país,que,mesmo sabendo desta realidade,não só não fazem nada como,pior,atacam a cultura.
Lembro-me bem do escândalo que foi quando o Presidente Costa e Silva se orgulhava de não ler mais livros.Hoje ninguém tem coragem de reptir isto,mas de vez em quando,por ato  falho,alguém revela as suas verdadeiras intenções.
Quem não se lembra do Presidente Lula afirmando que as professoras não precisavam de leitura de jornais?Quem não vê que os partidos de esquerda têm absoluta ojeriza dos intelectuais,escolhendo candidatos que nem sabem falar?
Substituiu o pacto colonial,repressivo,o pacto demagógico,que falseia a exploração e cria um outro  tipo de repressão,consentida pelos reprimidos.É normal na História da humanidade haver momentos de conciliação de classe.Nas termas de Caracala ,patricios e plebeus usufruiam das benesses da riqueza.No teatro shakespereano a Rainha e os peixeiros de Londres dividiam a cena.Estes pactos momentosos(porque dava a hora os ricos iam para os palácios e os pobres para a escassez),davam certos resultados,mas este esquema,que é ainda usado nos estádios hoje,nos carnavais,adquiriu proporções delirantes de puro cinismo,principalmente na política.
A política hoje é feita segundo este esquema,mas em vez de se discutir idéias,programas e valores,a população vota nos políticos lhes dando um ótimo emprego e não recebem nada,a não ser a continuidade da sua miséria.Pelo menos nas termas o plebeu podia eventualmente,segurar uma ...patricia e na  época de Shakespeare o peixeiro tinha contato com a cultura...
Não que ele a usasse...Num período como o nosso em que há uma consciência social o momento decisivo é exatamente este, o da possibilidade de obter um retorno dos de cima,da parte de cima do pacto demagógico.E hoje é realmente,dentro de nosso republicanismo,muito mais fácil adquirir conhecimento e cultura para inviabilizar o esquema e os beneficiários.
À república moderna clássica nunca foi estranha  a idéia da associação necessária da cidadania com o conhecimento e a cultura.mas por razões históricas  isto se diluiu.O cidadão repubicano pleno é o que detém cultura e conhecimento.
O embrutecimento do povo é usado como argumento de que ele não deve ter acesso,mas é óbvio que ele se embrutece por não o ter.Os que lideram não o querem.
Nós vemos que as grandes nações do mundo de hoje,as anglo-saxônicas,tiveram o seu desenvolvimento industrial impulsionada por homens semi ou analfabetos.O filme “Lincoln”  que está em cartaz não fala que o presidente americano foi analfabeto até aos 14 anos.Thomas Edison também e ambos aprenderam a ler sozinhos,mas isto acontecia porque a cultura era algo que todos buscavam,estando à disposição de quem quisesse lutar.
O povo brasileiro introjetou a sua exploração ,pela rejeição da cultura(cultura como erudição eu estou dizendo aqui)do conhecimento,acreditando que com ela não é possível obter empregos,já que a miséria é um problema imediato,mas a verdade é que no Brasil vai ser preciso ultrapassar esta barreira.Proponho que o povo brasileiro seja convencido a buscar o conhcimento erudito e a ciência e o conhecimento como expressão de sua liberdade e de seu direito,sem preocupações.Se a nova geração,quer dizer,quem está hoje com 12 anos ,fizer um esforço neste sentido não tenho dúvida de que em 10 ou quinze anos agitações vão irromper neste mundo desolado em que tudo parece estar resolvido.
Não sou contra a cultura popular,musical.A longo prazo ela vai mudar a sociedade,mas o que eu quero é agitar agora,já,como na época das diretas em que achávamos poder mudar o Brasil,fazendo uma ponte com o que acontecia antes de 64.


domingo, 12 de maio de 2013

O Caso Feliciano


A esquerda saiu da “ ditadura do proletariado”para aceitar as regras da democracia.A democracia implica em vitórias e derrotas,mas parece que a esquerda não convive bem ,ainda ,com estas ultimas.O caso feliciano o prova.
Normalmente a esquerda afirma que a democracia é boa para que ela possa colocar as suas propostas e mostrar ao povo o caráter de sua exploração e o modo de sair dela,guiado pela esquerda.Ela sempre afirma que a verdadeira democracia é aquela que consagra os direitos da maioria do povo.Mas quem é povo?Quem é cidadão,dentro do princípio de isonomia que anima a constituição?Só o povo trabalhador,o povo pobre(categoria difpicil de definir)?Pelo conceito de cidadania,a burguesia e os conservadores(outra categoria difícil)também fazem parte do povo.
A esquerda ainda se mantém presa ao esquema de Lênin em seu texto “ A doença infantil do esquerdismo no comunismo”,no qual o chefe da revolução russa,para atacar os radicais do ocidente ,que não queriam participar dos parlamentos,ditos “burgueses”,afirma ser esta atitude “ uma doença infantil”.Lênin preconizava a participação dos comunistas e da esquerda consequente em geral nestes parlamentos,para ,nas palavras dele “ jogar os churchills contra os lloyd georges “e enfraquecer a burguesia e preparar o terreno para a revolução.
A esquerda que está aí ainda pensa deste jeito.ela não encara a democracia como um fim em si mesmo,mas como um meio para não impor uma “ ditadura”,mas fazer uma revolução,que acabará com este parlamentos.
É lógico que a figura reacionária de Feliciano deve ser repudiada,mas ele obteve a relatoria da cpi democraticamente,por erros das alianças feitas pelo PT.Feliciano representa o pensamento da média do brasileiro ,que é um povo conservador.
Quando a esquerda,diante da derrota,esbraveja,tenta impedir,por diversos meios,a continuidade da CPI,e depois faz reuniões afirmando estar com o povo,ela repete a falência do esquema leninista acima,que não ajuda a esquerda na tarefa de convencer o povo brasileiro.Não há como convencê-lo se na hora da derrota ela não se reconhece derrotada.Não há como mudar o Brasil se não se fizer uma análise realista do povo brasileiro,erro que a esquerda sempre cometeu,vendo com óculos vermelhos um povo branco.
È uma atitude egocêntrica,infantil(aí sim),cínica,porque,na medida em que a esquerda não cresce,aqueles que a lideram não asumem a responsabilidade pessoal da derrota,em sua atividade partidária,parlamentar,reconhecendo a necessidade de renovação teórica e de quadros,temas que deviam ser discutidos internamente,por ela.
O certo é que,como sempre,a esquerda não convence porque vê a democracia como instrumento e não como finalidade e ninguém acredita em quem entra nos parlamentos para destrui-los,como queria Lênin.

domingo, 5 de maio de 2013

Sobre o movimento negro



A polêmica de sexta-feira última entre Lobão e Mano Brown sobre os conteúdos das canções feitas por determinados grupos,nos faz refletir sobre o que está acontecendo no Brasil em termos de preconceito.
Costuma-se pensar que o preconceito só se refere ao racial,ao étnico(anti-semitismo)ou de sexo;ao contrário,por trás destes preconceitos mais conhecidos existem os preconceitos contra a pessoa e o de classe.Este último ,aliás,é tido pela teoria marxista como o causador dos demais.Este tema ,da causa,não abordarei aqui,pelo menos agora.
O que quero abordar é que a luta de determinados grupos,especialmente do movimento negro,que se articulou muito nos últimos anos,tem como paradigma a questão da luta de classes.Para a tradição de esquerda,com base naquela que citamos acima,os trabalhadores devem conquistar os seus direitos por eles mesmos,sem ajuda de ninguém.
Muitos exemplos desta ética aparecem em todos os lugares e épocas.Se lenbrarmos ,no filme “ Gandhi”,num certo momento,Gandhi pede que o seu amigo,pastor anglicano ,se retirasse da luta,porque,segundo ele “ os indianos,agora,deviam saber se eram capazes de se tonar independentes”.Igualmente ,no filme “ Malcolm X”,o personagem central diz a uma moça(loura),de forma um tanto agressiva,que os brancos não podiam fazer nada para ajudar a luta dos negros.
À parte o direito que os movimentos têm de estabelecer critérios para os seus partícipes legítimos,é preciso repensar este particularismo.
Em primeiro lugar já passou o tempo de considerar um dogma a chamada “ luta de classes”.A História não é como está no “ Manifesto Comunista”.Também a colaboração de classes é “ motor da História” e ela é mais interessante se se quiser garantir um desenvolvimento político e social pacifico.Eu,pelo menos,defendo isto,porque toda a violência sempre prejudicou o mais fraco,aquele que eu,como militante,sempre quis defender.O dogma de Engels,” a violência é a parteira da história”é só isto,um dogma,e eu acredito que dizer isto,para um militante que sempre esteve longe de toda a violência ,tem um significação de afirmação de masculinidade.Também a criação de violência serve a interesses escusos,autoritários.
Lobão citou uma letra que diz”branquinho otário,eu vou tomar o seu lugar” e eu concordo com ele que tal atitude é fomentar violência,sem necessidade,sem uma finalidade bem definida.
O paradigma de luta de classes mudou,mas talvez seja justo que os movimentos étnicos e raciais busquem os seus caminhos por si mesmos,salvo ,por esta atitude,de correr-se o risco de fomentar violência contra quem nada tem a ver com a criação  e  reprodução do preconceito racial.Como branco me sinto atingido por uma letra desta ,porque me encontro no campo democrático.Se,como tal,não posso e não devo participar do movimento negro,não quero e não admito ser igualado à supremacia branca e nem quero violência na minha porta.