terça-feira, 23 de abril de 2024

Duas ou três palavras(brutais) Sobre as organizações de esquerda III

 

Continuando com as consequencias  da “ desconfiança organizada”,nós podemos dizer que tais conceito e prática firmam uma natureza totalmente distorcida do processo revolucionário e da atitude revolucionária.

A politica revolucionária não é um jogo e não é uma aventura.Stalin vivia acusando os opositores de serem “ aventureiros”,mas ele (também)era.

O comportamento profissional da atividade revolucionária e do revolucionário é cabível sim na luta.É por isto que a direita acertadamente acusa a ideologia de “diletante”.

Nelson Rodrigues cansou de dizê-lo e estava certo.

A politica em geral,e não só ideológica,parece ter sido influenciada por estes comportamentos,que só vão acrescentando distorções à revolução:de prática politica baseada na justiça e na disciplina austera e republicana ,ela se torna uma aventura destinada  a tirar o revolucionário da mediocridade de sua vida.

O revolucionário entra no processo para fazer justiça,para lutar por justiça,não é para fazer algo que o torne conhecido.

E dentro desta perspectiva tudo é válido para se obter o que se quer.

A politica ideológica se transforma num jogo,num jogo de poker,em que tem que estar atento para não ser enganado.

A minha experiência pessoal indica exemplos disto aí.Eu entrei num setor cultural do partido comunista e o responsável lá me colocou numa fraude,que eu só percebi depois.

Depois,prosseguindo no jogo,me colocou diante de pessoas,sem dizer que precisava de um palestrante para chamar mais gente para esta área cultural(Instituto Astrojildo pereira).Como eu não sabia do que se tratava fiz um trabalho ruim e ele me escanteou para favorecer outro militante,que não sabia nada de marxismo.

Ele o fizera já com esta intenção.O comportamento profissional era dizer o que ele precisava e eu me preparava.

Existe politica ideológica profissional sim.

domingo, 21 de abril de 2024

Eu sou que nem Machiavel(KKKK)

 

Com este título eu já vou criar barreiras na apreciação do meu artigo e do meu trabalho.Borges disse uma vez:“talvez seja imprudente começar a escrever”.

Eu vivo numa época diferente daquela quando era criança:só se falava em  cientistas e criadores em geral.

Todo domingo no Fantástico ,aparecia sempre um intelectual,um cientista ,um criador em qualquer área.Não era como hoje em que os “ heróis” são Suzane Richthoffen ,Xampinha...

Após o fim da ditadura,novas manifestações culturais se fizeram presentes  e tudo estava bem.

Mas a partir do final dos anos 80 o fim da criação,o fastio com os intelectuais ,que caíram junto com o muro de Berlim e o fim da URSS,criou esta sociedade do espetáculo,do fake,destinada a reproduzir capital sem nada no meio.

O meu objetivo não compreendido aqui não é aparecer.Eu sei que há muitos invejosos que insistem em me tachar ,mas o que eu quero fazer aqui é aquilo que Darci Ribeiro(mal comparando)disse uma vez: “ficar na cacunda dos homens para poder instá-los a mudar o mundo para melhor”.Só isto.

O reconhecimento que eu peço não é para ser exaltado,participar de festas ,ser olhado por meninas e ter sucesso,como quem bebe champanhe no café da manhã.

Eu sempre quis contribuir para o meu páis e para a humanidade ,por mínimo que fosse esta contribuição.

Dizem que o “Principe” de Maquiavel é um pedido de emprego aos Medici ,para orientá-los a unificar a Itália ,tarefa histórica,que ele Machiavell desejava realizar.Para ele o inferno era “querer fazer as coisas e não poder,porque os outros põem barreiras irracionais ao seu ´direito´”.

Não pude fazer  politica,porque jamais aceitaria e compactuaria  com os modos de fazê-la hoje em dia:como um negócio,em que vale tudo,principalmente o que está errado.

Por isto eu escrevo.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

O que o Fluminense Precisa entender

 

A partir do momento em que o Fluminense ganhou a libertadores e tem um objetivo de se tornar um clube internacional,como exige a tendência moderna,a postura do clube tem que mudar.

Se nós observarmos a história do Fluminense,ele é um clube republicano típico ,influenciado pela República Velha:divisão estrita do poder,austeridade,um elitismo cultural até certo ponto legitimo.

O Fluminense é o clube da elite intelectual e criativa do Brasil.Nem sabia que Santos Dumont  era sócio ...

Mas como corolário desta origem tradicional o Fluminense nunca foi um clube de ambição propriamente.Com a exceção de alguns poucos momentos ,o conceito que sempre definiu o Fluminense era o de “ timinho campeão” da década de 50 principalmente.

Francisco Horta rompeu com isto,mas nem o sucesso de sua gestão o fez se reeleger.A pressão da torcida para que a aventura dele prosseguisse, ão refletiu no quadro de sócios.E a derrota foi e é definitiva.

Aquele sentimento de continuidade da ambição que s e rompeu se recoloca hoje.E os dirigentes,o técnico e os jogadores precisam entende-lo:o Fluminense tem que jogar como os grandes times de massa do Brasil,como se sofresse esta pressão comum ao Corinthians,ao Flamengo,ao Atlético,enfim.

Acabou a era do “ timinho campeão”,dos bons times que ganhavam,mas não encantavam.

Na terça-feira passada o Fluminense tinha o jogo contra o Bahia,à sua feição,mas recuou e deixou um time mediano vencer.Na primeira rodada foi algo parecido.

Amanhã,no jogo contra o Vasco,um time mediano também,vai ser a mesma coisa:vai ressuscitar o morto.E eu aposto que o Diniz não aprendeu com o último jogo contra o Vasco,porque ele já decidiu colocar o Marcelo na lateral esquerda e foi por ele que o Vasco quatro gols na partida do campeonato brasileiro do ano passado.O técnico do Vasco é o mesmo.Já vejo tudo...

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Recomendações a Diniz II

 

Continuando a ajudar o técnico Diniz(e ao Fluminense ora esta!),na construção de alternativas ao seu sistema tático,eu quero lembrar o jogo do Mundial,contra o city:o que mais me impressionou no time inglês foi que ele jogou o tempo todo(e jogaria na prorrogação)no campo do Fluminense,sem nenhuma quebra de continuidade.

Uma das posturas táticas que devem estar presentes no sistema do Diniz esta é uma delas:ter preparo físico,para poder,contra certos times ,usar, ainda que não o tempo todo o esforço físico continuado.

Contra times que não são muito fortes  esta atitude tática tem como resolver o jogo rapidamente,facilitando as coisas para o Fluminense,que aí então administra a sua vantagem,poupando as forças do time,para outros jogos,inclusive.

Não tem como não contribuir para a melhoria do Fluminense,que não está em ascensão ,mas tem chance de melhorar.

Dentro destas reflexões iniciais o Fluminense urgentemente tem que rejuvenescer.Se o Fluminense agora tem mais condições financeiras deve investir racionalmente em jogadores mais jovens porque os do ano passado,a espinha dorsal do ano passado, está envelhecendo e já demonstra dificuldades.

O Fluminense usou como justificativa de um certo desinteresse quanto ao campeonato estadual,o “bom” fastio da vitória na Recopa.E isto se casaria perfeitamente com o objetivo de internacionalização.

Só que nela,na internacionalização, entram também os campeonatos “ brasileiros”,entre os quais os estaduais estão.

Não venham com esta de se preocupar só com o que acontece no exterior.Não é isso não.É continuar um grande clube brasileiro e se atar definitivamente a uma carreira sólida lá fora.

domingo, 14 de abril de 2024

Duas ou três palavras(brutais) Sobre as organizações de esquerda II O truque

 

Todo o truque de máfia reside em você justificar certas violências corriqueiras,certas agressões,verbais inclusive,sob o argumento de que a luta eventual e futura exige que o militante esteja sempre atento e preparado para enfrentar estas coisas.

Na verdade,supostamente,todos se gostam,mas de fato este “ truque”  da “ desconfiança organizada”,revela que o amigo de hoje e de agora pode ser o seu inimigo e algoz desde sempre num processo de autofagia “ revolucionária”.

E sempre ocorre na suposição de que a qualquer momento o partido pode ter que pegar em armas e enfrentar coisas piores.É para saber se você aguenta pressão,como se você estivesse no Bope.

Contudo a esfera civil é diferente da esfera militar ou de guerrilha.A intersecção entre estes dois momentos nas organizações comunistas e radicais favorecem,no final,a interesses ditatoriais,principalmente porque fica longe ,no horizonte, a perspectiva de luta “ militar” e não tem sentido usar estes critérios na vida civil.

Mais do que isto o “ núcleo duro” da organização se sente dono dos “ idealistas” e “ incautos”,inclusive na esfera pessoal(tema que eu vou tratar no próximo artigo)e toma decisões ,em nome da “ segurança do grupo”,invadindo a sua vida de militante e pessoal.

Meu pai comunista e stalinista,que totalitariamente,juntava a família com o partido tomou decisões atinentes a mim,inclusive ilegais,sem me contar e me dar satisfações.

No partido onde eu militava,o PCB ,houve uma reunião  sobre se eu deveria entrar ou não ,em que eu não fui chamado.Quando reclamei a “ comissão de ética” mandou eu relevar.

Eu fui nesta crescente de mau-caratismo até sair em 83 e até hoje  não consigo sair.Ninguém me larga.A minha vida pessoal continua deles.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

O significado da morte de Ziraldo

 

Eu não quero parecer moralista ou saudosista.No mundo em que nós vivemos há muitas coisas positivas:a juventude se tornou mais forte,no sentido de não cair no drama e entender mais e melhor o mercado.

Por outro lado a criança se tornou mais sexual:meninas grávidas aos treze anos são frequentes.`

Pensar numa figura de criança como o “Menino Maluquinho”,sem nenhum laivo de sexualidade marca um ponto para o passado,sem saudosismo,já disse.

E pensar nas preocupações culturais de Ziraldo e dos esforços que ele fazia  para associar a sua arte à educação.Embora não fosse acadêmico vivia brotando de sua cabeça do povo,do produtor cultural oriundo do povo, idéias e mais idéias ,para melhorar a condição de  aprendizado das crianças,antes de discutir questões propriamente sexuais,que hoje vêm antes da formação.

No passado estas coisas já existiam mas se tornaram dominantes em função de interesses midiológicos de poder e de dinheiro,que cultuam o corpo,inclusive e principalmente dos mais jovens,para reproduzir o capital e concentrá-lo na mão de poucos.

A morte de Ziraldo põe a questão de como fica a resistência cultural brasileira,que com a morte de outros,nos anos recentes,se vê seriamente comprometida.

A sua morte implica em mais dificuldades para os que permanecem aqui(por enquanto),vivendo neste “manicômio” dinheirista,que é o mundo atual das fake News.

Ele mesmo, Ziraldo sofreu,em plena democracia,censura e repressão quando publicou a verdade sobre o Brasil,na revista BUNDAS (a revista que é a cara do Brasil).

Era o sinal do que estamos presenciando hoje:o fim da resistência cultural e humana(?).

Lula e a democracia

 

A fala de Lula sobre a Venezuela não é suficiente.Em politica um elemento só do discurso não é capaz de dar prova das intenções do politico que o expressa.

Porque uma fala solitária pode ser usada para outros fins que não a construção da verdade e da democracia.

Ao longo da história nós vemos exemplos:quantas vezes no cinema americano as duas posições,democrata e republicana são reconhecidas nos filmes,num debate extra-partidário,mas cultural?

No tempo  de Brejnev e no rastro dos acordos de Helsinque o secretário-geral permitiu que fosse fundado um jornal underground e alternativo(como o Pasquim  aqui no Brasil)critico ao regime.

Conta-se uma anedota de que numa das edições,uma caricatura de Brejnev junto à sua mãe tinha os dizeres desta ultima: “Se eu soubesse que você chegaria aqui eu teria mandado você estudar”(kkkk).

Mas isto não significa democracia,que a democracia voltou na URSS,em 1978.Isto é democratismo como tantas vezes tenho falado aqui.E na verdade serve ao propósito de manutenção da ditadura.

Não estou dizendo que o Pasquim cumpria este papel ,mas no fundo a nossa ditadura alegava que a presença de críticos desta natureza só confirmava que não havia regime militar,mas uma...democracia mesmo...

Ao condenar a Venezuela, o caminho de compromisso real com a democracia,começou,mas não é suficiente.

Porque depois, fatos subsequentes justificam uma aliança com este país e seus rompantes e o que foi construído vai por agua abaixo.

E não s e deve depender  deste fatos subsequentes.Há que se adiantar e provar culturalmente o compromisso com a democracia e o estado de direito.

É pouco,ainda.

Pais e Filhos

 

Uma noticia dá conta de que pela primeira vez pais foram condenados por crimes dos filhos.Os detalhes estão aí nos jornais e eu não os reproduzirei aqui.Mas o mais importante é o fundamento para a condenação:que os pais foram negligentes na educação dos filhos.

No passado a culpabilização dos pais era muito evitada porque não havia “massa crítica” quanto à identificação desta negligência.

Hoje a situação mudou,porque os psicólogos cada vez mais podem fazer esta análise e destacar o problema e as suas consequencias (principalmente estas).

Há vários fatos ocorridos que poderiam sofrer uma abordagem deste tipo:no ano retrasado ,sob o governo Witzel,o rapaz que foi sacrificado quando ameaçava um ônibus;o documentário sobre Leonardo Pareja mostra que a sua mãe já tinha prevenido que se ele não fosse corrigido em suas ações degringolaria.

Em muitos momentos e em muitos crimes se pode analisar este fato:de que a criança é negligenciada e que há um nexo causal e cognitivo entre o descaso e os desvios dos filhos.

Com esta decisão chegou a hora de colocar esta questão e parar de criar intocabilidades,como as dos pais,num espirito muito católico/supersticioso e mágico que serve aos propósitos de manipulação religiosa e politica.

O progresso moral da humanidade parece ter sim relação com determinados conteúdos adquiridos pelo ego humano.Mas no processo de aquisição,por falta ou excesso(Aristóteles[ética nicomaquéia])sobrevêem distorções identificáveis.

Aí que entra uma mudança histórica fundamental a ser desenvolvida daqui por diante,entre outras coisas,porque este é um caminho de diminuição do crime ,que também nasce na Familia.

Ninguém está acima do bem e do mal,nem os pais.

Duas ou Três palavras(brutais) Sobre as organizações De esquerda

 

“A desconfiança organizada”

Volto a este tema depois de muitos anos.Mas é essencial que o faça em função das atualidades politicas.Na minha condição de militante sinto-me obrigado a dar um testemunho do que eu vi e de como entendo o que aconteceu.

Não sei porquê muita gente se ri desta minha preocupação,recomendando que eu esqueça isto.

Já expliquei inúmeras vezes  como funciona,para mim,a questão da memória destes fatos do século passado,eivados de violência ,sangue e culpa.

A memória no cotidiano é discutível porque ela acaba por valorizar estes erros.Hoje em dia há uma discussão sobre isto:falar muito no nazismo acaba induzindo à sua aceitação ainda que inconscientemente.E como existe muito desconhecimento dos fatos e interesses políticos  e econômicos nesta rememoração está criado o problema da reprodução deste passado que ser quer repelir.

A memória deve ser deixada aos historiadores.A rememoração fora desta área tem que ser entendida da melhor maneira possível,para que o passado não retorne.Mas isto é uma outra discussão.Embora tenha a ver(por isto pus esta premissa).

A romantização das organizações obscurece seus aspectos horrendos.O problema mais “ complicado” no caso da esquerda é a chamada “ desconfiança organizada”,conceito legado por Stalin ,mas que já se apresentava antes de sua ascensão ao poder,nos 20.

Isto é importante dizer porque não é uma criação de Stalin,mas uma consequencia dos vícios de origem da revolução russa.A “desconfiança organizada”é só o reconhecimento do que já havia se tornado o partido bolchevique:uma máfia,uma organização criminosa.

E um dos elementos decisivos desta distorção é a sua base igualitária.

A “ desconfiança organizada” e as organizações criminosas se estruturam  igualando falsamente as pessoas que participam desta ação  entre “ amigos”,numa assertiva cínica,que denota repressão e manipulação de um grupo que se destaca nesta ação sobre aqueles ingênuos e idealistas que entram no movimento de boa-fé.

Mas é comportamento idêntico ao das organizações criminosas:se você agir contrariamente e este “ núcleo duro” você será atingido,mas ninguém sabe os critérios deste “ núcleo”.

Voltarei ao tema.


 


segunda-feira, 8 de abril de 2024

Recomendações a Diniz Para fins ambiciosos Meios ambiciosos correspondem

 

Num momento em que o Fluminense parece fraquejar novamente,como torcedor e razoável analista,que acompanha futebol desde 1971,com aqueles radinhos de pilha pretos que o Médici gostava,desejo fazer umas recomendações ao técnico Diniz.

Não vou repetir a recomendação de outros planos de jogo alternativos,que foi tomada aí por um pessoal de rádio (sem me citar),mas alguns comentários são necessários.

Quem assistiu ao jogo contra o City viu que o primeiro gol nasceu de uma tentativa do Marcelo de fazer uma ligação direta entre ele e os jogadores de frente.Como o “ tiro” foi fraco,caiu no pé do adversário que fez o gol.

Tudo isto tem que ser treinado Diniz.Se o adversário fecha a porta dos toques,como fez duas vezes Mano Menezes com o Internacional ,a ligação direta,o lançamento, tem que ser treinado,já que não tem nenhum Gerson por aí.

E na busca da alternativas como esta tem que ficar claro o conceito de que se você buscar uma finalidade elevada os meios de seu alcance  devem sê-lo igualmente.

Adoro inovadores:eles são fundamentais para o progresso da humanidade,mas aquele que assim age corre certos riscos,se não se prevenir,se não se adiantar,como todo jogador de xadrez faz.

Pensei que Diniz o previra,mas aparentemente está trocando o pneu com o carro andando ,o que está deixando o Fluminense numa instabilidade perigosa:deveria ter vencido aquele fraquíssimo time do Alianza de Lima e agora enfrentará outro time não muito forte,mas que tem tradição.O Fluminense e o Diniz tomem a continuidade do caminho da inovação.


 

domingo, 31 de março de 2024

Marielle II Marielle continuará lutando

 

O segredo de polichinelo que Marielle revelou é que a policia é mais perigosa do que o tráfico,que o povo tem mais medo da policia do que do tráfico,embora este último não fique muito atrás.

Nós,o povo,estamos cercados de iniquidades,facilitadas pela “ omissão” das autoridades.Não é omissão,por isto pus a palavra em aspas:é comprometimento sim com o crime,para obter vantagens politicas e eleitorais e financeiras e de poder mesmo.Faz parte do “ segredo”.

Em que,no entanto,o sacrifício de Marielle nos ajudará?É que ficou em definitivo(assim espero),exposto ao público como o povo é tratado diretamente por autoridades que são pagas pelo suor do seu rosto.

Ninguém deve perder a oportunidade de usar(no bom sentido)este auto-sacrificio desta nova heroína do país(deve ser colocada no panteão da pátria)para expor em todo o lugar esta verdade.

Eu mesmo,que já enfrento problemas pessoais e sofro como idoso,com os contatos cínicos e desinteressados da polícia,já tenho posto Marielle,como exemplo e estímulo a uma luta que adquire uma nova qualidade.

Já se vê no rosto destas autoridades uma paralisia diante do que ficou claro quanto ao papel vergonhoso do delegado.

É só um começo ,mas é um começo,e vai continuar,se soubermos tirar as lições da vida e da morte da militante e levar o seu legado adiante.

Eu preferia que ela estivesse aí viva,mas todo militante da verdade sabe que o risco é sempre permanente,como a Revolução, e que levar o legado de alguém que se imola adiante é algo que o herói admite e preconiza ,porque revela que a luta não foi e não é em vão.

Conclamo,pois,que como eu,todos façam a continuidade da luta de Marielle,para transformar a realidade do Rio de Janeiro,das grandes cidades e,porque não,do mundo?

 

 

sábado, 30 de março de 2024

O fim do modelo sueco Que eu defendi?

 

Noticias vindas da Suécia dão conta de que a criminalidade aumentou terrivelmente  e que isto desfaz os meus argumentos em defesa dos  países nórdicos,como modelo.

Em primeiro lugar,nunca me referi a modelos.Modelo é uma coisa muito perigosa porque embota.Nos estudos que faço sobre a utopia entendo eu há certas experiências ou realizações que estão mais perto da utopia do que outros.

Nunca vendi a idéia de que tudo nestes lugares é perfeito:existe uma pobreza nestes países,que não tem nada a ver com a pobreza e a miséria de outros locais.Nunca neguei que houvesse crime  nestes países:na ocasião em que eu tratei destes problemas eu ressaltei a existência de crimes,a questão do suicídio e apontei lá soluções eventuais,especialmente no caso da Suíça,em que este índice especifico é muito alto.

Estes estudos me fizeram entender(mas antes o filme de Kubrick “ Laranja Mecânica”)que embora exista uma relação sim entre crime e miséria ,esta não se reduz a isto.

Eu pensava como o Stalin(e os nazistas)e que não havia uma natureza humana,só vontade,mas existe sim(virei um pouquinho tomista).

Há crimes,fenômenos  de crime,que dizem respeito a esta natureza humana e aí eu meu lembro de um dos poucos conceitos de Calvino(o ditador de Genebra)que fazem sentido para mim: “cabeça vazia...oficina de ...Satanás).

É um problema geral da utopia a questão de como usar o tempo e de como o seu mau uso repercute na humanidade.

Há uma pintura de Bruegel,o Velho,um dos meus pintores preferidos, sobre a utopia do “ Pais de Cocagne”,onde tudo nasce em árvores:almoços,jantas,sempre opulentos.É só colher.


Como se vê no quadro as pessoas beneficiadas pelo “país de cocagne” ficam de boca aberta,deitadas,sem fazer nada.

Numa sociedade totalmente ideal e perfeita só tem duas atitudes possíveis :ou aceita-la ou pela educação coletiva encontrar finalidade na vida.Desde já tal já me coloca a certeza de que não existe este ideal e que portanto nunca elaborei um modelo.

A URSS e o a socialismo que se pretendiam uma forma de “país de cocagne” apresentaram distorções e recuos ainda mais horrorosos.

A biblioteca da URSS que meu pai tinha aqui em casa ficou comigo e eu achei lá um livro de um jurista soviético tentando compreender porque num país “ sem problemas”(o estado dava tudo)ainda se via incidência de crimes graves(além de suicídio).Estou preparando um texto sobre este livro.

Modelar uma utopia não só não a garante como a desarrazoa ,mais cedo ou mais tarde.Desde Platão.

Retornando,na hora de concluir,ao adágio protestante/calvinista ,eu aconselhei sobre estes países uma força /tarefa de psicólogos para evitar suicídios.Crime é um problema mais complexo e que me reporta para uma questão que ainda espero discutir aqui:a finalidade da vida é produzir coisas,criar coisas,ocupar o tempo com coisas elevadas e de escolha livre dos homens.Este era o objetivo final do comunismo de Marx,criar tempo livre para permiti-lo.Permitir a todos o que só a s classes tiveram até hoje.


Esclarecimentos sobre o meu artigo Sobre a decisão de Lula

 

Houve alguma incompreensão sobre aquilo que eu disse a respeito da decisão de Lula de não comemorar 64.Notem bem:eu disse apenas que o momento não era ideal,pois deveria ter sido tomada há muito tempo.

Nas circunstâncias atuais em que a direita ainda tem força pode sair pela culatra o tiro.

Mas esta decisão é perfeita no sentido de começar a deixar para trás algo que está nos paralisando,como inúmeras vezes explico.

E ela vem seguida de medidas que aconselho já há anos,nos meus textos:procurar militares mais afinados com a  democracia,romper com a Venezuela.

Mas falta uma outra importantíssima:um projeto nacional ,que só vai começar se Lula (e o PT)entender que só se constrói a partir da cooptação da classe média,como classe produtiva também e não exploradora.

Se não deixar muita bagagem mofada do marxismo para trás,não vai ser possível.

Em momentos históricos precisos só foi possível emplacar mudanças sociais profundas com a aliança da classe média e a classe operária.Pode-se até pensar numa ampliação deste pacto,como aconteceu em outros lugares.

Deste modo há como fazer mudanças porque ,se este pacto vige,a desconfiança  do outro desaparece e aí fica mais fácil legislar num sentido progressista.

Uma vez ,para justificar porque o plano real fora aceito,Malan,então ministro da fazenda, explicou que diante do problema inflacionário,que ninguém suportava mais e depois de Collor,foi relativamente fácil convencer os políticos a apoiar o seu plano ,que era bem fundamentado.

Há muitas formas de se obter um grande pacto social e nacional(e talvez universal algum dia),mas  a melhor forma é o entendimento,é o pacto.

Falta-o para que Lula embase uma renovação do PT e da esquerda.Hozana!Oxalá possa ele ouvir os meu pedidos(se é que já não ouve).

 

A democracia contra A exploração

 

Na minha procura ávida de livros e pdfs pela internet,(todos legais e em domínio publico[kkk])achei um extraordinário de uma senhora Ellen Wood.

O fato de ser uma mulher confirmou aquilo que eu venho dizendo há muitos anos:se houvesse mais filósofas,cientistas politicas mulheres e todo mundo as seguisse,uma boa parte dos problemas acabava e quilos de livros de homens não seriam tão necessários(meu momento de demagogia com o movimento feminista).

A única intelectual que eu concordo de cabo a rabo é Hannah Arendt.Tem um significado premonitório o livro sobre Frankenstein de Mary Shelley,cujas previsões sobre a ciência foram totais e perfeitas,já no inicio do século XIX.Agora aparece outra senhora que resume bem a discussão de uma época.

Eu já tratei deste assunto em outro artigo,mas aqui eu retorno para começar a aprofundar o seu livro.

Antes de outros artigos  eu devo contextualizar porque penso assim sobre este livro:

Ao longo da minha vida de militante,que começou como a de  muitos ,entre o stalinismo e o jovem Marx ,a crítica demolidora da linha leninista foi sendo substituída pelo marxismo ocidental com sua “ concepção ampliada do estado”.

Por ela a democracia passa a ser o campo d e batalha da luta pela  utopia.Quantas vezes ouvi Carlos Nelson Coutinho se referir a uma frase contida em “O 18 Brumário de Luis Bonaparte”,a respeito de um politico francês de 1848,Odilon Barrot ,que teria dito: “la legalité nos tue”, “a legalidade nos mata”,quer  dizer “a nós burgueses”.

A democracia é  a favor do trabalhador e contra o criador de riquezas ,a classe que se pretender hegemônica,contra a maioria.

Tais assertivas desmentem a visão de Lênin de que a democracia(e o direito)são mero instrumento da tomada de poder revolucionária.E também desmente Marx quanto a considerar estas mediações como mera forma de falsear a exploração e instrumentalizá-la.

A retomada do processo revolucionário se dá por esta constatação:de que a democracia não é contra ele,mas  a favor dele.Se não houver relativismo por parte dos militantes.

sexta-feira, 29 de março de 2024

Da egocentria E egoísmo dos comunistas

 

Sempre ressaltando que eu me refiro aos comunistas que aderiram ao socialismo real de maneira fanática,devo dizer que a minha experiência com eles (e fui um deles)me mostrou algo que é próprio da ideologia.

Ao iniciar este meu trabalho de investigador e de escritor eu coloquei os elementos básicos que me orientavam e citei um filósofo muito bom,Ernst Cassirer,que escreveu um livro seminal para mim “O Mito do Estado”,o qual estava muito consentâneo com as minhas reflexões daquela época e ainda está,homessa!

Nele fica explicado que após a Revolução Francesa fracassar no seu intento de levar os direitos do homem para a Europa inteira(e daí para o mundo),correntes de pensamento elaboraram modelos alternativos que pudessem unificar movimentos de transformação  e dessem respostas fáceis aos anseios políticos e sociais,frustrados.

Assim nasceu o nacionalismo alemão;o racismo moderno deu as caras,pela primeira vez;a direita ,que vinha da crítica à revolução;mas o socialismo faz parte do processo.

À proposta de direitos do homem e do cidadão sobrevieram estas correntes proto-totalitárias,que achavam(e acham)que só elas possuem a resposta definitiva de todos os males,sem o diálogo subliminar e  potencial que os direitos humanos defendiam.

É dentro deste contexto que eu ponho os comunistas e a sua egocentria infantil  e egoísmo adulto:falam em solidariedade,mas sob o controle deles ,que propuseram o “modelo definitivo” .

Tantas vezes me refiro aqui à Platão que demonstrou na “ República”,que quando todos são igualados um grupo sempre se locupleta.

O modelo comunista que ,à moda da religião ,exige um armazém comum a todos  e uma postura igualitária de todos tem alguém que controla o lugar onde fica o que é comum,que,por sua vez,facilita obviamente o “ controle” e o “domínio” de todos.

 

 

quinta-feira, 28 de março de 2024

As forças do centro

 

Continuando as análises feitas por mim no artigo anterior sobre a fala do Ministro do Supremo Tribunal Militar,que seguem a minha orientação aqui de muitos anos,mais uma vez oriento:é hora de usar esta fala para aglutinar o centro,como eu disse ontem.

Se outros militares e figuras puderem ser sensatos e entender a situação politica do e no Brasil,estarão em condições de fazer um esforço inicial (que é sempre o mais difícil)para mudar esta realidade.

Esperava que de dentro do PT e por iniciativa do Presidente Lula esta inflexão para a social-democracia,que já é potencial crescesse.

No tempo em que o presidente Lula ficou fora da presidência eu o orientei no sentido de buscar mudanças ideológicas e programáticas no partido,mas até hoje ele não fez nada disso.

Permanece na politica pragmática tomando decisões ao sabor dos acontecimentos como no caso da Venezuela ,em que ele só se manifesta no frigir dos ovos ,sob pressão,o que um primeiro mandatário não devia deixar.

Mas era hora dele puxar uma discussão como esta que coloco há 11 anos ,de aglutinar os setores centristas da sociedade brasileira ,que eu pensei que só estivessem  na área civil,mas ,felizmente, há também na área militar.

Este seria o caminho da nova doutrina das forças armadas:nem à esquerda,nem a direita.

Havia sim uma pressão na esquerda,que ainda não se diluiu,para partidarizar o exército e esta pressão parece ter o elitizado.

Mas as forças armadas devem defender o Brasil como um todo,favorecendo aqueles que estão excluídos e que têm nas suas hostes chance de ascensão.

Com o aparecimento de um centro nas forças armadas o Presidente Lula e o povo brasileiro podem trabalhar num caminho diferente e melhor,sem pragmatismo.

 

Não entrei no movimento comunista Pra virar bandido,ladrão e criminoso

 

Quando fui cooptado por meu pai stalinista ,há muitos e muitos anos, para participar do movimento comunista,ainda que não tivesse naturalmente aos 11 anos condição teórica para dizer que era e porque,abracei-o emocionalmente até hoje.

Como se depreende dos meus textos ainda mantenho um pezinho lá,mas de uma forma diferente daquela que eu aprendi.

Naquele tempo inicial ouvi coisas que não condizem com o que vejo atualmente na atuação daqueles que ainda persistem no movimento comunista,na sua versão dominante ,confundida com o socialismo real.

Honestidade,heroísmo,companheirismo,tudo isto eu ouvi de meu paizinho:diversas vezes eu parei de jogar botão no chão da sala para ouvi-lo explicar o marxismo,com o Capital de Marx na mão e terminar a sua peroração tecendo loas às virtudes da vanguarda revolucionária.

Naturalmente o tempo dilui um pouco o idealismo.Dom Quixote nos ensinou não é?

Mas inverter tudo é outra coisa.Se fosse só a capitulação tudo bem,mas crime de corrupção,desvio de mais-valia de trabalhador(mais-valia sagrada e intocável nos dizeres de meu pai),inimizades escondidas(o amigo de hoje é o inimigo de amanhã[ou seja foi sempre inimigo...]),traições,um partido que é mais semelhante à máfia do que dum partido humanista,aí não,ai não dá.

Tal é o retrato da esquerda radical hoje.Mas ela o é agora porque foi sempre,escondendo estas potenciais vergonheiras e horrores.

Quando me refiro a estes radicais,aos comunistas,estou me referindo àqueles que se associaram fanaticamente aos desvios inevitáveis do socialismo real.E ainda insistem.

Experiências como a dos comunistas austríacos ,holandeses e italianos e quiçá outras de que não lembro agora ,são ainda de se considerar.

Assim como na Igreja católica há criminosos há pessoas de bem.No movimento comunista é assim também.


 

quarta-feira, 27 de março de 2024

A omissão do centro II

 

Algumas falas dos políticos e militares envolvidos neste imbróglio nacional,remetem àquilo que eu tenho dito frequentemente aqui:estou orientando a republica e já deveria ter sido reconhecido.

Senão vejamos:o presidente do Supremo Tribunal Militar hoje na Folha de São Paulo falou o que venho dizendo há anos:que não há comunismo no Brasil e que existe um outro propósito na esquerda atual,que podia se renovar bem mais.

Lula não tem nada de comunista,nem sabe o que é.É bem verdade que ele fica tuteando comunistas,marxistas e ele podia ser mais crítico.Mas não tem como ser assim,porque não tem referência nestas concepções e teorias.

Não raro  absorve certas idéias que parecem não ser dele e isto é um perigo.Ele deveria ser mais ele mesmo,como sempre foi(isto é um handicap a favor dele).O seu encontro com Piketty ,que escreveu um livro sobre O Capital no século XXI é elucidativo...Mas duvido que  o leu...

A fala do militar é uma porta aberta para uma proposta de politica renovadora que já fiz e faço há anos:deixando de lado estes extremos o Brasil tem como abordar seus problemas candentes( que se avolumam) e se transformar num país nórdico nos trópicos.

Se esta tendência se firmasse entre os militares não os temeríamos mais e eles seriam base desta transformação(entre outros naturalmente),sem risco nenhum.

Eu balizei isto aí:a chance de sair da guerra-fria e desta confrontação velha é esta manifestação do ministro que o centro deve incorporar.Mas onde estão os trabalhistas,social-democratas e outras pessoas de esquerda?Não era hora de aglutinar?

Se no futuro os povos quiserem a utopia ,eles decidem.Nós hoje temos que deixar as condições para isto.

Trato da questão da Venezuela e a fala de Lula no próximo artigo.