sábado, 26 de janeiro de 2019

O significado da Banalidade do Mal no Brasil.

Para Hanahh Arendt a banalidade do Mal ocorre no âbito do nazismo,dos crimes do nazismo.Mas se
ela tivesse desejado poderia ter retirado desta definição uma tipologia de banalidades do mal,de acordo com cada país ou região.

Aqui em nosso país a medida e a prova da banalidade é o descaso uns com outros,mesmo que reiteradamente.Aliás,obviamente esta última característica é própria de toda a banalização,mas no Brasil ela é acrescida de avisos constantes de perigos que não são considerados.O Brasil não é só parecido com  a Alemanha Nazista não,ele é um país suicidário.

O que atinge o Brasil nestes dias é uma desgraça.No artigo seguinte eu falarei mais sobre este estado de coisas.Agora me refiro à desgraça que é nós termos acidentes décadas a fio e não fazer nada,sabendo que outras vão ocorrer,com montanhas de mortos.Isto não tem a ver com o Marquês de Sade,com a Alemanha de Hitler,a reiteração despreocupada de horrores?

Nem bem acabou uma tragédia(entre tantas)sem resultado investigativo e de punição,outra,com o mesmo provável destino, aparece.

E o que dizer desta tragédia atual?O de sempre:podia ter sido evitada,quem é o culpado.Mas a verdade e que há algo mais sério por trás disto tudo:o Brasil está naufragando,entrando por um túnel que vai ser dificil sair.

Já nem se trata de discutir as questões  nacionais,refundar o país,reduzir o desemprego,mas de salvá-lo da completa ruína moral,que é uma das mediações essenciais de uma nação.A mediação da confiança,a mediação da homogeneidade de propósitos ,decisiva para que as decisões fundamentais do progresso tenham efetividade.

Mas mais  sério do que isto é a indiferença do povo coma nação.Do individuo,do cidadão e do trabalhador ,alienado de si mesmo.Ele não vê na nação ele mesmo,muito pelo contrário,a entende como óbice de seu progresso,que só é individual não importando os outros.

Nunca se viu tanto esgarçamento das instituições como hoje,apontando para o futuro,uma tarefa hercúlea de reconstrução.


domingo, 20 de janeiro de 2019

Novo Artigo


Se não tivesse havido Revolução Russa
Não teria havido fascismo
E sem fascismo o socialismo estaria na ordem do dia.


Sobral Pinto fez,certa vez,uma observação sobre as diferenças,pelo menos jurídicas(que são fundamentais),entre o mundo antes da 1ª Guerra e o de depois:para ele o mundo era organizado e se tornou caótico.É verdade:no passado um acordo de  cavalheiros valia,hoje quilos de contratos em papel não adiantam nada.
Mas uma consequência ainda pior da 1ª Guerra  merece atenção:a precipitação(ou “forçação de barra”)da Revolução Russa.Volto a este assunto mais uma vez.Como já escrevi, a Revolução Russa foi resultado de um desvio da tradição socialista por parte dos comunistas russos,ou mais precisamente dos bolcheviques,que entendeu que o clima revolucionário na Rússia,desde o século XVII(Stenka Rasin,Pugatchev)podia ser transformado no sentido de uma revolução comunista,segundo os ensinamentos de Marx e Engels,os quais nunca aprovaram de fato esta idéia.
A teoria do  “elo mais fraco” de Lenin ,centro do “ marxismo-leninismo”,nunca foi provada e causou os desatinos posteriores da URSS até ao Campuchea.Ainda que muitos partidos comunistas não tenham ligação nenhuma com estes desatinos(e crimes acima de tudo)forçoso é reconhecer que eles se atam à precipitação de Lênin.
Tudo o que veio no revérbero do erro matou de vez o socialismo,que vinha crescendo a olhos vistos na passagem do século XIX para o XX.Sem a Revolução Russa não haveria o fascismo,criado para contê-la e sem fascismo a 2ª Guerra não ocorreria.
 A explicação tradicional dos comunistas,constante dos manuais da URSS,dá conta de que o fascismo fez a guerra para tirá-los do poder na Rússia.Então é legítimo pensar que se não estivessem lá,seria praticamente impossível para os nazistas encontrar justificação para a invasão.E se hoje nós concluímos pela ilegitimidade total da Revolução,podemos igualmente pensar no que o século XX teria sido sem ela.
Já me referi ao socialismo,que teria avançado muito,como avançou onde pode.Mas quem estuda a arte em geral,a literatura,o cinema europeus percebe claramente que o século passado chegaria bem próximo do renascimento.
Artistas foram mortos por estas guerras e pelos fatos do entre guerras ,e todo o esforço de aprendizado,de produção cultural, teve que ser estancado pelas exigências dos conflitos e estes  conflitos passaram a ser a preocupação e o tema central,quase únicos,da cultura.
A rigor isto é assim nos dias de hoje.Libertar-se deste passado é uma condição,a meu ver,de recuperar este impulso do socialismo e bem como da cultura.Hobsbawn também se precipitou,como Lênin(mas em outro caso),ao decretar o fim do século XX.Com o atentado às Torres Gêmeas tudo voltou e a década de 90 foi uma esperançada transição para um outro mundo,um outro tempo,que simplesmente desandou.
Mas esta transição é uma condição para ,talvez retomar o caminho de onde paramos.





quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Não sou covarde.

Minha ética.

Eu não sou covarde e não tenho medo de debater com ninguém desde o meu tempo de estudante.Contudo,ao longo da vida,percebi claramente alguns problemas atinentes ao direito incontrastável de manifestação do pensamento,que,no meu caso,são acrescidos de outros,em face da minha postura ,que não é,reconheço,muito comum.
Não quero me repetir ,mas decidi ser pesquisador ,investigador, e escrever, porque nenhuma instância superior,em que busquei formação para tal ,apresentou lisura na medição e perscrutação das minhas habilidades.
Então fiz como Lutero diante da Igreja Católica:não há mediação legítima entre mim e Deus,entre mim e a minha realização,a minha obra.É claro que só isto não é suficiente para produzir algo válido,mas o esforço continuado, e isto eu tenho a vida toda.
E este esforço,além das minhas vocações,se alia à minha liberdade,a qual só se completa pelo ato de escrever e produzir.É um erro recorrente pensar que o simples ato de manifestação do pensamento se mantém inscrito no território do senso-comum,sem serventia maior que a que conduz o eleitor às urnas.
O desforço inevitavelmente produz algo mais e quando se aduz elementos e mediações intelectuais e científicas o conhecimento nasce naturalmente e tem importância acadêmica,eventualmente.
Tanto a direita como a esquerda ,como tenho  dito frequentemente e não vou me cansar de repetir,estabelecem uma barreira intransponível entre este senso-comum, a experiência cotidiana do cidadão comum e  o trabalho intelectual,quando a  diferença é só o desforço,como  a motivação do “ muro” o poder.
Não há diferença entre elitismo vermelho e branco e vice-versa ao contrário(dialeticamente):ambos são esquemas de poder que pensam abarcar o mundo.Ao pífio “ la história es nuestra” de Allende(se fosse dele, não estava naquela situação)corresponde o tradicionalismo cristão católico e evangélico,que pensa se identificar com a nação.
Estes vitupérios que vêm dos Estados Unidos ( e de outros lugares)dando conta de que Darwin estava errado,Einstein também e que o mundo todo está errado;de que o problema do Brasil é o analfabetismo funcional, têm uma função de desqualificar o povo para dirigir os destinos do país,muito conveniente para quem defende  há anos a hegemonia pura e simples dos Estados Unidos,o que é  a intenção deste governo.
Da mesma forma que não reconheço a universidade como mediação formadora,não reconheço esta direita,financiada por interesses cínicos  escusos,como superior a ela e muito menos como profissionalmente afirmativa,produtiva.Se alguns ,como Marx, não servem para nada,esta direita  distorce a realidade de modo destrutivo e irresponsável,porque ela só tem nome enquanto espiroqueteia o fantasma do comunismo e de Marx.Do mesmo modo que Marx critica o capitalismo e obtém um nome duvidoso,já que a sua teoria não se comprova,esta direita só tem mérito na medida em que a ameaça comunista se apresenta de formas igualmente fantasmagóricas e falsas(como todo fantasma,um delírio de mentes psicóticas).
Quando o Muro caiu em 90,os Estados Unidos inventaram o perigo japonês.Agora é o Chinês,bem como o mexicano, e macaqueando a sede esta catrefa brasileira põe no lugar de Marx,a ideologia de gênero,Paulo Freire e a Venezuela.
Stalin costumava dizer que “ a filosofia propõe e a política dispõe”,mas para ele Filosofia era só o materialismo dialético,que nunca existiu.Para diluir este dogmatismo tão letal quanto o da direita(no lugar da metafísica marxista , a metafísica tomista)Kant,o indefectível,é recomendado:a experiência dos povos inclui a filosofia ,mas ela pode influir nas questões políticas se os povos assim o decidirem,mas para que a liberdade seja um traço de continuidade a partir dela para a vida prática,o pensamento tem que ser livre,puro,não condicionado por interesses políticos corporativos.
Eu já citei Nietzsche a respeito disto:” os alemães pararam de pensar,agora tudo é política e o pensamento se submete a ela”.Após a unificação alemã Nietzsche notou esta tendência e vaticinou cataclismos próximos futuros.
O Brasil,que em um artigo de muitos anos atrás ,disse ser o país mais parecido com a Alemanha nazista, está precisamente nesta situação.Todo o pensamento de esquerda ou de direita serve a propósitos mesquinhos de pequenos grupos.Não há traço de união entre Nelson Rodrigues ,Gustavo Corção,Gustavo Barroso e estes jumentos atuais.
Eu não costumo e não defendo o uso destes termos agressivos,mas neste caso,tenho que usar,porque isto me tem sido lançado aqui,de forma covarde(aí sim) e indireta.A consequência lógica da falta de argumento e fundamento e desta dependência da politica,da direita hodierna,é a técnica de repressão,de agressão,de ameaça,que se sobrepõe ao debate civilizado.
O que Nietzsche quer dizer é que um país civilizado é aquele que pensa sem preocupação quanto à sua conveniência.É uma confirmação(inconsciente talvez)do anti-relativismo moral de Kant,para quem a ação incondicionada,isto é,realizada pelo senso de dever,e não pelos frutos a se  colher,é a base da atividade humana consciente e civilizada.
Ao loteamento de esquerda,temos agora o de direita,que destrói do mesmo jeito, e uma medida desta destruição,além do espiroqueteio,é carimbar as pessoas disto ou daquilo antes de começar o debate.Isto é a mesma coisa do conceito de “ desconfiança organizada”de Stalin:o debate já é  feito condicionado antecipadamente(contra Kant)e nem começa se o modelo tirânico de plantão não permite.
Por isto eu sou o único essencial no Brasil de hoje:a liberdade de pensamento.Quem tem que ser reconhecido sou eu não eu reconhecer os outros.Mas também não sou eu,é o meu esforço de pensamento.Quem quiser discutir comigo,estou aqui,o Brasil está aqui.