sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Análise da conjuntura




A crise brasileira



Cada um analisa esta crise a partir de seus fundamentos metodológicos próprios. Nas ciências sociais o ponto de vista conta. Na vida cotidiana os critérios são os da economia capitalista, que chama esta“ ciência explicativa” de Economia, quando já a denominou de Economia Política.
Isto acontece porque o regime capitalista se tornou dominante e ,com o chicote debaixo do braço, estabelece as balizas da compreensão destes desequilíbrios recorrentes do sistema.
Contudo, não há razão para que a esquerda ,com toda  sua tradição, siga este caminho. Ela o segue por razões a que eu já me referi criticamente em outros artigos: no fundo ,no fundo ,a esquerda aceita, por individualismo e interesse pessoal, que ela identifica erradamente com o interesse de todos, o cientificismo das disciplinas especializadas ,vendidas como definitivas pelas universidades.
A esquerda sucumbiu ,eu já expliquei, aqui no Brasil, depois da anistia ,a este esquema que se cristaliza nas pós-graduações modernas,ultra-especializadas.
Mas o marxismo, ao investigar a causa do descalabro no monismo econômico ajuda. Toda  a discussão se faz em termos econômicos e não em termos políticos , como o próprio Marx ensinara no século XIX.
Mas a economia ainda é aquela: política . E dentro da política  estão as classes, as ideologias, os valores que jogam um papel decisivo, por debaixo dos acontecimentos que estamos observando.
A esquerda, importando de modo canhestro o modelo chinês, houve por “ bem” acreditar que só o consumo das classes ditas produtivas(os operários)sustentaria o sistema econômico ,de fomento da capacidade produtiva nacional. Então de modo vário criou oportunidades variadas para que as classes menos favorecidas consumissem.
Este esquema simplista tinha um limite, para quem conhece a economia capitalista, principalmente  esta,autárquica,do Brasil ,e certamente o PT sabia.
Uma hora o crédito não teria contrapartida na produção e o que  se deveria fazer era segurar o consumo com a  alta de juros ,mas por motivos...políticos  (demagógicos[de sustentação político partidária])tal não foi feito. O ano decisivo foi 2013,ainda com os gastos dos eventos esportivos.
As pedaladas fiscais, a incompetência de Dilma, sugaram  as reservas nacionais e dos estados, através da dívida pública e a emissão de moeda também teve um limite, obviamente.
Como eu já expliquei em outro artigo faltou o outro lado da questão, que é o investimento na produção e em todas as classes nacionais, inclusive a classe média, tida como inimiga dos operários, numa visão ultrapassada  do marxismo ortodoxo, seguida pela esquerda brasileira até hoje.
O resultado é que a classe média está achatada, sem condições de pagar mais impostos e em todo este esforço de recuperação econômica, esta impossibilidade tributária  jogou para a previdência a tarefa de compor os buracos fiscais do governo.
Não é verdade que foi por atuação de Temer que a inflação caiu. Ela caiu  por causa da recessão e agora, no inicio de 2017 será preciso  baixar os juros (além de outras medidas)para fomentar de novo o consumo. Mas esta situação é caudatária daquilo que o PT deixou desde o primeiro governo Lula:recessão.
O que a esquerda velha não consegue entender é que mudança estrutural depende do projeto de nação,depende muito mais do que de hegemonia,mas dos liames nacionais,dos elos de consciência,da homogeneidade de propósitos quanto a um determinado objetivo.
Só assim se pode carrear uma grande quantidade de pessoas para atingir o que se quer.Não uma classe só,não favorecendo um setor só de uma sociedade complexa.O orgulho desta esquerda era fazer o mesmo que os chineses supostamente(porque não é verdade também) estão fazendo:criar uma classe nova.O PT com este consumismo da classe c vendeu a falsa idéia de que uma nova classe surgiu,como se em 5 anos isto fosse possível.O mesmo se deve dizer dos chineses que não estão falando a verdade quanto à criarem uma classe média igual à de Nova York.O dia que isto acontecer é bem provável que o regime chinês caia.Isto é uma previsão de Trostski,um mentor indireto de Deng Xiaoping.O simples aparecimento em 89 de um pequeno setor médio já deu no que deu...
As classes altas,que já existem na China,se adaptam  a qualquer regime,masas  classes médias  precisam,até por necessidade,consumir e exigem direitos de fruição destes bens os quais  as levam a querer mais e mais benesses.Se esta classe tiver força,for numerosa,difícil não entrar,no mínimo,em acordo com ela.
Estas transposições são os vícios recorrentes da esquerda que não se volta para o seu país,não o estuda,não vê as suas especificidades.Analisando só a mediação produtiva,econômica, e identificando em outros lugares um maior avanço, querem aplicar os seus princípios sem  verificar que só pela imposição ilegítima é que isto se dará.
Nós vivemos num período  de amadurecimento da democracia,que não está acontecendo a partir de um centro dirigente,mas às cambulhadas,do jeito que dá.O perigo que eu vaticinara,já está aí:uma situação econômica que só vai ser resolvida em 10 anos.Mas o pior é que ela não amadureça.




terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O marisco III

Ou a PEC do teto



A realidade é dinâmica e  a forma deve atender ao conteúdo,isto é,os governos são a forma e a soberania popular,o conteúdo.Não há ,por isso,razão ou condição gnosiológica para se pensar que são necessários 20 anos de controle absoluto dos gastos públicos para sanar os problemas financeiros que a sociedade brasileira atravessa.Não é possível ,num país como o Brasil,estabelecer um limite de vinte anos para educação e saúde ,em nome de questões financeiras.
Lógico que as coisas estão más,por causa dos anos recessivos do lulismo,mas não há,como tomar uma atitude como esta sem levar em consideração as capacidades produtivas do povo brasileiro.
Neste debate,que opõe uma esquerda velha,que pensa que basta o assistencialismo,e uma direita que só vê cifrão,o povo é que se estrepa.
A esquerda que causou isso e a direita que aprofunda o problema,eis o quadro


domingo, 11 de dezembro de 2016

União nacional



Ou porque defendo o parlamentarismo



È preciso que as funções de governo continuem ,para além da crise.O que nós estamos vendo é que só se fala em crise,neste show que só serve aos políticos,mas é preciso atentar na necessidade de resolver o problema econômico que põe em risco a nação no seu elemento mais importante:o povo.
Por isso eu defendo o parlamentarismo,que permite nestas horas em que a crise põe em risco a nação,que se faça um governo não partidário,mas nacional,para defender os interesses coletivos que estão sendo ameaçados e piorados dia-a-dia.
O governo Temer,partícipe do governo lula/Dilma,vendeu a idéia de que a baixa da inflação já é sinal de crescimento e isto não é verdade.
A recuperação dos empregos é o elemento da crise mais difícil e demorado,porque até as empresas adquirirem condições de contratar novamente leva muito tempo.Elas precisam de caixa,de uma certa margem para atuar e crédito deriva destas relações de confiança.
Quem tem uma visão social,supostamente à esquerda, não deve priorizar o crescimento,mas a recuperação da  empregabilidade.Esta é a questão social.Lógico que sem crescimento não há esta possibilidade,mas é preciso forçar o movimento em direção ao problema social.
Mais importante é pois,um governo de união nacional agora,que priorize esta questão,porque senão mais do que a crescente crise institucional e política,que força até o exército a fazer desmentidos,nós teremos uma crise social sem precedentes.