domingo, 26 de fevereiro de 2023

marighella viii

 

Após ver o filme marighella posso retomar os meus artigos sobre esta figura histórica que adquiriu no Brasil idêntico significado ao de Guevara para o mundo todo.

O filme tem um discurso direto,mas a história pega devido aos fatos que são muito dramáticos.Contudo, alguns dramas são um pouco fabricados,como o momento egoistico passional depois dos créditos.Não nos adiantemos porém.

As questões que giram em torno da figura politica e histórica de Marighella estão demonstradas no filme:a sua caracterização como terrorista,o problema da estratégia e da tática;o problema de quem atingir,o papel da violência e o sentido da morte como auto-sacrificio entre outros.

E aqui procuro analisar cada um destes temas,como vinha fazendo antes.

Inicialmente a figura do terrorista carimbada pela ditadura.Na verdade do ponto de vista da ciência politica não se há de falar de terrorismo.O terrorismo se define como uma atitude destinada a causar medo em opositores politicos,da maneira que puder ser,sem considerações de qualquer natureza,principalmente éticas.

Independentemente das críticas que se tem que fazer às concepções totalitárias de Marighella enquanto cidadão brasileiro era um direito dele fazer politica.

No momento em que os militares usurpam o direito da cidadania de escolher os seus dirigentes e proibem qualquer cidadão de participar da politica,no que é uma ditadura,ele tem o direito de se rebelar.

Eu discordo da forma de luta ,mas não caracterizo Marighella como terrorista e no filme quando ele diz que vai se comportar como,acho uma bobagem,porque este tipo de ódio,de passionalidade,não ajuda na politica e muito menos na luta contra a ditadura e as suas injustiças.

No filme há toda uma exacerbação emocional quanto à figura mitica de Marighella.Isto chama atenção das pessoas menos afeitas ao episódio histórico,mas não deve impressionar a figura do pesquisador,que o conhece mais profundamente.

Nas análises subsequentes esta constatação deve ser levada sempre em consideração,porque logo no inicio dos meus artigos eu caracaterizei Marighella como alguém descontrolado,que não sabe que dificilmente o revolucionário vê a terra prometida,a menos que ele visse aquilo que Stalin criou como tal.


o problema da herança no capitalismo

Lula e a herança

A questão dos bens herdados sempre foi um cavalo de batalha em todos os modos de produção,mas principalmente na luta do capitalismo contra o feudalismo e do socialismo contra o capitalismo.

Nas últimas semanas uma polêmica atingiu o governo Lula,porque o Presidente conversando com Leonardo Boff afirmou não aceitar a presença de pessoas que vivem a vida toda parasitando heranças deixadas notadamente pelos pais.

Este problema já é conhecido desde a época de Marx e Engels e sempre foi um diferencial bastante destacado do socialismo real na sua luta contra o capitalismo.

Na URSS quando morre um casal ou uma pessoa os bens que ela construiu passavam para o estado,que os distribuia para quem tivesse eventual necessidade.

É aquilo que Nelson Rodrigues coloca na boca de um dos seus personagens de “Vestido de Noiva”: “Meu pai deixou tudo funcionando direitinho para mim,eis que eu posso viver a minha vida fazendo o que mais gosto, pela ordem:mulher,chope e sinuca.”

Este item de programa acompanha a esquerda desde sempre e é uma questão realmente importante,que revela que a utopia é essencialmente paideia,educação,um novo homem,uma demiurgia.

Isto porque forçar um herdeiro a trabalhar fere um principio de liberdade.

Se assim for a sociedade se contamina com um processo cotidiano de ditadura,que é a pior forma de ditadura.Alceu Amoros Lima,na famosa entrevista ao Pasquim em 1983,pouco antes de morrer,afirmava que a ditadura que vem de cima para baixo,dos Stalins e Hitlers são fáceis,modus in rebus,de superar,mas aquelas pequenas imposições do cotidiano são mais dificeis,porque mais resistentes.

Na URSS e no socialismo real esta verdade se confirmou.Quando um bem passava para o estado este o usava em termos de conveniência politica,para obtenção de apoio para o estado,não havendo preocupação prioritária de justiça social.Os bolcheviques ganharam muito apoio,no inicio,quando não tinham,nem dos pobres,expropriando mansões e a entregando a trabalhadores,bem como a escroques e vagabundos.

No filme de Costa Gavras “ A Prova” fica evidenciado isto quando o personagem de Yves Montand,um comunista reconhecido até então,cai em desgraça e tem a sua casa tomada pelo estado e sua familia é jogada num cortiço(região pobre que existia sim no socialismo real).Nem havia a questão da herança.

Além do mais, aquele que não se encaixa no socialismo e recebe uma casa de presente também é um “ parasita”.Eventualmente uma pessoa assim poderia estar trabalhando e outra não fazendo nada,mas o problema é o mesmo:como incluir todo mundo e como caracterizar isonomicamente um “parasita”.

Aqui no capitalismo,vamos supor que um herdeiro trabalhe.Basta taxar a sua herança como já é feito.Mas para aquele que não trabalha incidiria crime de vadiagem.No entanto,para manter a isonomia,os mais pobres ,que não trabalham não por sua decisão,mas por falta de emprego,teriam que ser penalizados também.

Visto isto este problema está já no fulcro da utopia e a utopia é paideia,educação,um novo homem,porque é difcil de resolver se não for por consenso,se não houver compreensão humana do tema.

A aristocracia inglesa percebeu no século XVIII que mesmo não precisando trabalhar trabalhou,fez benfeitorias e se garantiu até aos dias de hoje.

Enquanto a utopia não vem a solução é esta aí.Não tem como penalizar parasitagem dos ricos sem atingir os que trabalham e dos pobres sem oferecer pleno emprego,que são os pilares da utopia(entre outros,segurança,ninguém na rua,etc.).

A tendência nas sociedades que não procuram melhorar é decair.No século XVIII a Espanha tinha 30% de pessoas pobres parasitando e vivendo da caridade pública e do estado; e nas classes altas,os mesmos 30% de aristocratas viviam com pensões do estado.

No século seguinte a potência espanhola acabou e junto foi esta aristocracia.Num país como o Brasil quem sustenta tudo são a classe média e a classe operária.O resto faz o quê?Parasita?O lumpesinato pobre vive para si mesmo para evitar a explosão da questão social,no subemprego,na venda de drogas ou em outras atividades;o lumpesinato rico o máximo que ajuda é pagando impostos,para não fazer nada.

A questão se resume em incluir os de baixo e fazer os de cima trabalhar.Enquanto a utopia não vem.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Alguns aspectos éticos da minha atividade

 

Vira e mexe venho aqui expor as balizas éticas do meu trabalho porque sou achacado ou por uma falsa indiferença(conspiração do silêncio)ou agressão direta e/ou indireta.

Como eu temia, algumas pessoas têm utilizado idéias ,minhas idéias para o seu trabalho.O meu artigo sobre o Diniz e o fato de de outros técnicos estarem olhando e se prevenindo foi usado aí por uma radio,para pautar um de seus programas.

A lei brasileira não reconhece o registro de idéias,mas do ponto de vista moral,um profissional de alto nivel tem que reconhecer de onde ele roubou uma idéia que ele não foi capaz de ter.É uma questão de hombridade pessoal.

Eu sempre enfrento esta arraia miuda que vem aqui questionar indiretamente o meu trabalho.A minha vida toda tive problemas com ressentidos e recalcados.Em nossa época este tipo de gente tomou o proscênio.Nelson Rodrigues já o havia notado.A aurora da besta triunfante.

Então,contra,às vezes,conselhos de amigos meus,prefiro encarar de frente quando um falhado destes me confronta,do que deixar passar,porque senão eu fico cercado deles.

E ninguém me cita diretamanente.Um articulista da Folha de São Paulo me citou indiretamente e fez a acusação que eu esperava há muito tempo:o fato de eu bater na esquerda favorecerá a direita.E este articulista cita “ A Ideologia Alemã” de Marx.

Eu já contestei isto aí,mas vou reiterar para ver se estes desatentos entendem de uma vez:em primeiro lugar eu não bato na esquerda,eu argumento,critico,ofereço idéias e assim sucessivamente.E faço isto para que a esquerda não cometa os erros de sempre e favoreça com esta reiteração a direita.

A minha análise deriva de discussões de décadas sobre o papel da esquerda no Brasil e a sua relação com a democracia e com o país e neste aspecto a esquerda tem tanta tentação autoritária quanto a direita,mas esta tem mais raízes no Brasil do que a esquerda e quando o povo se sente ameaçado recorre a ela.

O recalcado,o ressentido ,tem baixa-autoestima ,mas não se esforça, não busca fazer alguma coisa,porque ele teme a reprovação dos outros.Para a pessoa normal a vida é feita de acertos e erros e há que se conviver com estes últimos.O recalcado não erra,porque,como todo psicopata,não consegue lidar com eles e foge para um mundo sempiterno em que ele se vê como um Deus,melhor que todos.

São estes pequenos hitlers ,stalins, reis leopoldos,do dia-a-dia que sustentam estas figuras históricas execráveis.

Quando alguém demonstra capacidade o recalcado tenta diminuí-lo,fazendo algo igual,inventando vitórias relativas,para não reconhecer o trabalho do outro.

É uma forma de hobbesianismo em que este homunculo se dependura no outro para crescer,se exalta para parecer algo e se extrema para destruir o outro.


terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

A crueldade fraternal o choro de Lula cinderelismo vermelho

 

Ainda sobre a posse de Lula e dialogando com o presidente preconizo uma postura diferente diante da questão social:proponho acabar com este cinderellismo vermelho que associa a miséria sempre aos setores bem sucedidos da sociedade,como fez Lula no discurso de posse.

Já lá vai algum tempo,mas faço questão de retornar a este momento oportuno pelo qual e com o qual esclareço algumas das minhas visões sobre a esquerda.

A esquerda, para mim,com exceção do próprio PT,sempre associa a vitoria do socialismo e a chegada na terra prometida ao aniquilamento das classes altas,como Marx dissera.

Tanto Marx como a esquerda em geral continua sem entender o caráter falacioso deste conceito,que foi desmentido diante do nariz do próprio Marx.

Desde o final da vida de Marx e Engels,que tal proposta foi progressivamente desmentida e o que ficou é que a esquerda deve se preocupar em solucionar o problema da miséria primeiro para depois pensar na terra prometida.

Bernstein foi o primeiro a afirmar que o comunismo virá por outras razões e não necessariamente pelas crises do capitalismo.E é o que já devia predominar na esquerda radical há muito tempo.

Se encaixa bem nas crianças,nas meninas ,a idéia de um cinderelismo vermelho ,uma versão adocicada do hobesianismo básico:femina lupus homini,ou femina lupus femina.

Por este cinderelismo é sempre necessário pensar que a condição de solução da miséria e das injustiças só se dará com a extinção das classes altas e é por isto que na hora de chorar pela situação calamitosa dos pobres,desde o governo de dona Dilma,há que culpar a burguesia.A culpa é dos outros.Este tipo de cinderelismo justifica a preguiça de solucionar os problemas,esconde a falta de de estudo para diluí-los e acaba com a mudança e estabelece a resignação.

Na minha opinião a vanguarda de esquerda não avança nada proque tem este tipo de pensamento:nós não fazemos nada porque os principes não deixam,porque os outros não deixam.

Mentira .