sábado, 28 de agosto de 2021

eu tenho direito à auto estima e à liberdade ou não tenho culpa nenhuma

Biden II

 

Como a politica parece fácil mas não é.

Mais do que os problemas que foram analisados no artigo anterior é ver como a atividade politica é complexa.Se Trump estivesse no poder nada disto estava acontecendo.As mulheres afegãs estariam protegidas.

Por isto não há como analisar a politica como pessoas,personalidades,mas como movimentos,que se superpõem e sobrepõem no plano social,no plano nacional e internacional.Talvez por isto seja tão dificil chegar à utopia...

Nos momentos em que escrevo estas linhas um atentado de um grupo terrorista até então desconhecido(nem sei ainda nomear)matou até quase 200 pessoas ,entre crianças ,idosos afegãos e militares americanos,que estavam de saída,no aeroporto de Cabul.

Como efeito deste atentado os EUA estão recebendo informações dos próprios talibãs,que combateram por vinte anos ,para achar estes criminosos.

Desde Kennedy e Carter os presidentes estadunidenses democratas sempre sofrem destas contradições da politica entendida como algo complexo, porque os EUA são um país conservador e voltado para si mesmo e mesmo aqueles politicos que se preocupam com a questão social têm que aceitar estes critérios médios americanos e ficar à mercê das exigências militaristas dos cartéis da guerra americanos e desta média ética.

Só que ,como nos outros casos,dos presidentes anteriores, o futuro é macabro para eles,quando cometem erros fatais,já que fica sempre a impressão de que agem com fraqueza,de forma hesitante,mostrando tibieza:Kennedy no caso da Baia dos Porcos;Carter no resgate no Irã e agora Biden com a saída do Afeganistão.

No final das contas a tentativa de inflexão para a direita,que eu entendi(como ainda entendo)como um jeito de esvaziar a direita,acabou por descontrole,a colocar Trump na briga pela próxima eleição(e a direita).

Aristóteles afirma que não se deve pecar nem por falta nem por excesso,o meio,o equilibrio é a virtude.Biden pecou por excesso,foi além do que deveria e só se pode especular porque cometeu este erro:na minha opinião teve que aceitar a pressão dos cartéis,o que prova a sua fraqueza.Outros poderão aventar outras hipóteses,como necessidade ainda de esvaziar a direita ou ganhar mais força interna;todas as especulações convergem,no entanto,para aquilo que é comum aos democratas diante destes fracassos:fraqueza ,que põe a direita no poder como sempre.

Biden vai ter que fazer um esforço imenso para diluir esta impressão,que é mais do que tudo verdade,a sua fraqueza.

Pelo menos,diferentemente de Kennedy,que viveu num contexto muito tumultuado e de Carter,que fez a lambança no final do seu mandato,Biden ainda tem esta chance e nós temos que apoiá-lo,mesmo tapando o nariz,para evitar que a direita que se foi,retorne.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Mas há perigos em Biden


artigo dedicado às mulheres afegãs

Eu fiz recentemente alguns elogios a Biden e os mantenho.Mas tenho que fazer necessários ajustes à minha avaliação anterior.

A minha apreensão dos democratas é sempre positiva ,levando em conta o partido republicano.Mas eu disse sempre que ,ao longo da história o sistema partidário americano funciona assim:nos tempos de paz os democratas são chamados.O presidente Delano Roosevelt não foi exceção.Ele ficou dois mandatos na segunda guerra por razões muito especiais.E os democratas,mesmo nos tempos de paz são secundados por um vice sempre conservador.

O próprio Roosevelt teve Truman que era ligado a interesses mafiosos...Kennedy que também os tinha ,possuia um vice igualmente conservador.

Este esquema só mudou com Clinton,depois do fim da guerra fria(supostamente) por causa dos impulsos humanitários que este fim propiciou.Aparentemente não havia mais porque colocar um democrata com preocupações sociais e um conservador capaz de se igualar aos republicanos dos tempos de guerra.

A minha visão de Biden desde que se tornou vice de Obama parecia confirmar esta análise e a sua eleição,tão comemorada por setores radicais do movimento social também indicava este caminho.

E desde o inicio do governo,as medidas sociais de ajuda em meio à pandemia e até uma certa inflexão de direita pareceiam confirmá-lo.Esta inflexão eu explicava como tática de Biden para esvaziar a direita ,que tinha feito aquele furdunço antes da posse.

Mas tudo desandou com esta decisão iniqua de deixar os afegãos à própria sorte depois de 20 anos.

Vinte anos lutando contra o terrorismo para deixar ele voltar.Este é o escândalo que salta aos olhos e certamente há razões de todos os lados para justificar.Biden afirma que não há como formar um país,mas há setores democráticos afegãos que o querem e precisam de ajuda;Biden afirma que não há como lutar se os afegãos não o querem,mas hoje mesmo os jornais mostram que o exército afegão lutou até ao final pela democracia;Biden e o exército americano dizem que não se podia imaginar que o colapso fosse tão rápido,mas hoje o Wall Street Journal revela que os Estados Unidos foram avisados desde o inicio do ano desta realidade,não possbilidade,mas realidade.

Isso tudo me lembra as mentiras ditas desde o inicio das intervenções dos EUA no pós-segunda guerra,no sudeste asiático,de Truman(democrata com jeito de republicano),Eisenhoweer e Kennedy e Lindon Johnson,chegando a Nixon.

Os famosos “Pentagon Papers” revelaram que de Truman em diante era possível evitar a guerra com o Vietnam,que vivia pedindo ajuda aos Estados Unidos para se libertar do jugo francês.

Neste papéis fica claro que a guerra na Àsia foi fomentada pelo que o Presidente Eisenhower chamou de complexo industrial-militar, americano,antes de deixar o governo para Kennedy,em 1960.

E agora “valores” idênticos são usados para deixar o Afeganistão e as mulheres daquele país à própria sorte.

Ora vamos raciocinar:não quer dizer que um país deva impor democracia e liberdade a outro povo.Cada povo tem suas características e deve ser ajudado para construir a sua se quiser.Os afegãos o querem e o talebã não é a única força representativa do país e ademais é uma força ditatorial .

Os países da comunidade internacional signatários da carta da ONU podem manter seus regimes mas são comprometidos com certos direitos humanos universais e esta busca é o que movia a sociedade afegã.

Não há justificativa para que os Estados Unidos deixem o povo afegão(e as mulheres) neste abandono.Tudo bem ,se os Estados Unidos não querem mais ser a policia do mundo,ótimo,mas as tropas internacionais, da comunidade internacional ,da ONU,deveriam ficar e ajudar o povo afegão(e as mulheres).

Cometeu-se o mesmo desatino no tempo da guerra civil Síria,em que a ausência dos Estados Unidos facilitou o “ trabalho” do terror.

No passado ,os desatinos intervencionistas de Nixon,no sudeste asiático, permitiram a dominação improvável em condições normais ,do Khmer Vermelho com as consequencias sabidas.

O espraiamento da guerra no Cambodja ,no entanto,favoreceu aos cartéis da guerra e a continuidade do terror talebã também ocupa o mesmo papel histórico.

Há muitos anos assiti a um filme com Tom Hanks representando um lobista do congresso americano que atua no Afeganistão para afastar os soviéticos,mas na hora em que isto é obtido ,ninguém mais se preocupa em ajudar o país ,por um valor financeiro bem menor para abrir escolas ou hospitais.

É a mesma coisa que eu disse com relação à Cuba dias atrás:politicos americanos constróem carreiras financeiramente bem sucedidas às custas de outros países,mas quando estes países resolvem os seus problemas a razão de ser destes oportunistas acaba e quando podem prolongar a situação que os beneficie,a continuidade é o que ocorre.

Penso que no problema afegão está valendo este principio de oportunismo tipico de carreiras associadas aos cartéis da guerra.

Infelizmente foi um democrata que mais parece republicano que o fez.


sexta-feira, 20 de agosto de 2021

outro aviso

 amigos sofri agora há pouco uma ameaça de morte aqui na freguesia.estou investigando e não descarto a possibilidade de ter alguma coisa com estes meus artigos.por isto vou dar uma parada .quem puder me ajudar me procure em privado.

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Jean Wyllis

 

Algumas observações de Jean Willys feitas no dia 9 de agosto na folha de São Pauulo parecem se reportar a coisas que eu disse aqui.Muito embora eu não saiba se foram ditas para mim,que o assunto que eu tratei é o mesmo,isto é verdade.

E também eu me sinto no direito de responder ou de comentar as figuras públicas,porque (eu vou explicar de novo):eu sou cidadão trabalhador ,eu voto e pago impostos e tenho o direito de fazê-lo.Ponto.

Sei que muitos politicos(não sei se Jean Wyllis)entendem que é certo não se comunicar com pessoas anônimas como eu,para não conceder um nome,coisa,que segundo eles,seria injusto com outros pessoas.Tal conceito é parcialmente verdade,porque é um direito do cidadão anônimo se habilitar a participar do jeito que quiser na politica,no nivel que possua,havendo eventualmente razão para o politico reconhecer esta fala como digna de visibilidade.E o meu nível é bem alto.

Mas ,como eu já expliquei inúmeras vezes,eu não forço nada,reinvindico mas não obrigo evidentemente ,confiando que este reconhecimento deve vir por desejo livre da pessoa.Pelo menos liberdade se constitui numa relação com comigo.Se eu influenciasse pessoas eu teria reconhecimento,mas o meu caminho é um pouco crítico demais e eu não quero envolver ninguém nos meus problemas,que estão crescendo quanto mais crítico eu sou e como serei mais ainda,já viu...

Então,entrando no assunto propriamente, eu quero dizer o seguinte:em momento nenhum eu disse que não deveria haver discurso de confrontação contra as acusações que os pastores dziem contra o movimento lgbtqa+.Se eu estivesse aí no lugar do movimento eu me sentiria no direito pleno de contestar.

Mas ,Jean Wyllis,como ensina Gramsci,uma coisa é o momento individual,de grupo,outra é o movimento de massa ,a significação dele no âmbito social.Gramsci afirma que quando você se mantém no plano individual ou o junta com o coletivo,padece de “ egoismo-passional” vendo só o seu lado,o que não é admissivel,porque o movimento lgbtqa+(um dia eu aprendo)é um movimento social,que encontra a sua explicação no plano social e as suas possibilidades politicas de crescimento neste plano.

Certamente eu sei que as minhas teses aqui de associação dos movimentos lgbtqa+,feminista,ecológico e negro com a questão social não são aceitos por eles integralmente e penso que também por Jean Wyllis,mas o problema homoafetivo e de sexualidade é social também não é isso?Perpassa por ele o elemento complicador da miséria.

Nos comentários de Jean Wyllis ele põe outras mediações,como a da raça e a de classe,coisa de que eu trato aqui frequentemente.

Na ocasião em que tratei da classe disse que a visão de luta classes era limitada e que era uma datação na obra de Marx:a sociologia ensina que tanto quanto a luta classes,a colaboração entre as mesmas provocava também desenvolvimento e progresso,de uma modo mais pacifico.

A História já provou que confrontar a religião só a foratalece,até porque sem um bom motivo não é justo atacar o direito de crença.É ignorância da história ignorar isto aí.

Mas isto acontece por causa da defasagem de alguns políticos da esquerda quanto às mudanças ocorridas nos últimos 50 anos na teoria social.O paradigma ultrapassado rupturista das classes ainda embasa a atividade destes politicos,num país atrasado como sempre.Eu vou desenhar:


Observe bem Jean Wyllis(et al).O circulo em geral é a sociedade e os dois setores destacados são sociedade também ,mas qualificados por conceitos e valores confrontados.Pela visão rupturista da luta de classes a luta se resolverá por esta confrontação,mas se olharmos bem esta só resultará em progresso se a sociedade como um todo aceitar o direito de homoafetividade,coisa que quem é contra provavelmente não o será.Como o movimento homoafetivo não vai matar os seus oponentes,só um processo educacional,conjuminado com a média ética da sociedade,no tempo ,poderá diluir esta triste situação.

Ao invés de confrontar ,a busca desta média ética ,num contexto de não-rupturismo de classes,oferece idêntica condição de deslinde do problema e de quebra,solucionará esta terrível estatística de matanças de homoafetivos,algo que o lgbtqa+ ainda não conseguiu equacionar.Só existe esta matança porque a média ética está silenciosa.Há que fazê-la gritar.

O paradigma tradicional de luta de classes não serve para a questão étnica ou racial e muito menos para a luta homoafetiva e se a questão é a prova politica da capacidade homoafetiva de lutar,de ter coragem de lutar ,tal estratégia não vai contra esta exigência muito justa,porque a luta social,de massa e homoafetiva ,de caráter emocional,de caráter íntimo e privado,de busca da felicidade se dá no cotidiano.A prova se dá em todos os momentos da vida.O fato de a média ética aceitar o critério homoafetivo de felicidade é prova de coragem e da justeza da luta.

O paradigma de confrontação assim entendido é uma extensão do patriarcado,da guerra como entidade fálica,masculina,que deixa de lado a feminilidade e a homoafetividade.

Eu sempre tive como certo que a distinção nesta questão da coragem se dá na oposição entre Aquiles e Odisseus ou Ulysses.A coragem fálica se revela no uso da espada de Aquiles como instrumento de destruição ,confrontado pela inteligência de Ulysses,que introduz o Cavalo de Tróia na cidade.

Napoleão dizia que a maior qualidade do soldado não é a coragem,mas a capacidade de trabalho e eu digo que a coragem deriva desta aptidão.

Olha,eu não sei se estas afirmações de Jean Wyllis sobre Cuba me têm como referência,mas casam direitinho.

Mas se estes paradigmas de luta continuam, no fundo os mesmos valores que levaram à revolução cubana e à sua atual derrota predominam no Brasil.Não tem saída a luta é social democrática.Num sentido novo,mas é.

A pura confrontação ,egoista,pessoal,passional,levou à divisão do Brasil;o reiterado erro da esquerda em insistir num internacionalismo ultrapassado favoreceu a direita;e o governo desastroso de Dona Dilma pôs este jumento no poder.2016 foi a repetição de 1968:a esquerda radical precipitou as coisas,deu pretexto aos militares para fechar o regime e exilar a todos,deixando o povo brasileiro sob pressão.

Só que alguns exilados viveram bem no exterior,como agora,em que viajam pela Europa,visitam monumentos de Karl Marx,enquanto que pessoas como eu já encontram imensas difculdades de expressão,correndo o risco de não ter dinheiro para se exilar eventualmente.

Uma vez Frei Betto disse que,para o cristão o antídoto do medo não é a coragem,mas a fé.Para o cidadão é o trabalho consciente na democracia.

A vanguarda de esquerda é diferente da vanguarda de direita:ela se constitui para solucionar a questão social.Neste sentido ela põe,de inicio,as condições e exigências de sua auto-dissolução.Como diz Trotsky e mutantis mutandi ,se a busca é por uma sociedade igualitária,sem classes ,se faz uma revolução não para manter a hegemonia de uma classe sobre outra(como aconteceu no socialismo real),mas para acabar com todas as classes e...com a sua vanguarda .Do jeito que os próceres do movimento lgbtqa+ agem (e de outros movimentos também )tem-se a impressão(não digo que o seja)de que eles se beneficiam individualmente da continuidade do problema,no que seria uma simbiose perversa e cinica.

Para muitos homoafetivos( e eu já disse isto para amigos meus)o ódio da repressão heterossexual não elimina o desejo do fallus,porque o militante age da mesma forma que o opressor.Um tipo de sindrome de estocolmo erótica.

P.S:Folha de São Paulo retorna com a revista de história!Deixa eu publicar um artigo aí.



domingo, 8 de agosto de 2021

Ainda não vou cantar para subir não.Torce

 

Petição de principio

Quando comecei a realizar o meu sonho de escrever e produzir um trabalho cultural,um sonho de criança,eu sabia que,sendo eu praticamente auto-didata,não receberia reconhecimento da academia,contra a qual tenho profundas críticas.Recebi até propostas de intelectuais acadêmicos e alguns continuam ligados a mim aqui nas minhas redes,mas estou de fora

Eu esperava que muito desqualificado,muito doidão, viria até mim,mas tinha confiança de que era algo passageiro.Sabia que se discordasse um pouquinho de Marx viria muita gente dizer que eu era de direita,fascista e tal,porque a vida toda eu convivi com este tipo de “ pessoa” que pensa deste jeito:”se não está a meu favor,está contra mim”.

Mas me surpreende que estas “ pessoas” não entendam que não é obrigatório me ler não.Eu já expliquei que o mercado é de todos ,segundo um critério que não é comunista,mas capitalista mesmo.Eu tenho o direito de entrar,de vender o meu peixe e não há razão para que a minha entrada e a busca do meu lugar cause sofrimento ou nervoso a quem não concorda comigo e por isto não gosta de mim.

Esta história de mercado capitalista livre é balela,mentira.Sempre foi necessário que o estado interviesse para evitar que o pequeno trabalhador como eu não fosse massacrado por quem já tem um lugar.

O que eu acho é que estas pessoas que querem que “ cante pra subir”(lindo)estão encontrando dificuldades para me diabolizar,para encontrar um meio de suprimir o meu direito de expressão e aí ficam sonhando com uma velhice curta para mim.

Ninguém é dono de nada não.Eu não tenho que dar satisfações a ninguém,mas o fato de eu falar de comunismo não significa que eu seja contra a religião,ataque a propriedade e tenha algum crime nas costas.

Para falar a verdade,vou repetir uma coisa que eu disse num outro artigo passado:eu tenho muito mais condição de entrar em qualquer religião aí do que muita gente que já está lá.

É uma lástima que nós tenhamos voltado a 1968 e 69 por causa de dona Dilma,que ofereceu as condições para um sujeito pior do que os militares chegar ao poder.A situação piorou em termos de preconceito ,de confiança na democracia e quem não tem nada a ver com isto(como eu) é que paga.

Mas eu espero me fazer entender em definitivo:companheiro, se você não quer ler os meus artigos ,acompanhar o trabalho,saí,vai para outro lugar,lê outra coisa,acompanhe outro trabalho.Não tem sentido desejar a minha morte porque não comunga das minhas ideias e tal.Ficar nervoso,botar as mãos no rosto,para quê?

Mas se houver um atentado à minha liberdade eu reajo,porque o que eu faço é manifestação do pensamento e trabalho e não é contra as pessoas,mas a favor.

Por mais que o homem seja o que é,a filosofia me ensinou que a morte é um momento singular e o mais privado da pessoa,de qualquer pessoa.Não há justificativa querer macular este momento de pressão ,de ataque,nem contra o pior dos criminosos,porque se uma pessoa tida como de bem fizer isto ela estará se igualando àquele que ela detesta e que já vai desaparecer.

E quando se trata de uma pessoa de bem como eu ,faço questão de que a minha morte seja minha mesmo.Além do mais eu acho falta de conteúdo,falta do que fazer ,alguém que não concorda comigo e que não tem condições intelectuais de me rebater ficar escondendo a covardia me atribuindo desimportância.Então porque me considera?Porque vem aqui?




sexta-feira, 6 de agosto de 2021

De novo a Fundação Palmares

 

Alguns esclarecimentos

À propósito do Presidente da Fundação Palmares ,que veio agora com a ideia do Museu da Vergonha,eu preciso fazer algumas reflexões para esclarecer a minha posição que não foi muito bem compreendida quando tratei dela a última vez.

Naquele artigo eu dizia que eu,como pessoa de esquerda, lia a direita e não proibia autores de direita numa fundação como a Palmares.E não volto atrás.Muita gente não gostou.Muita gente de esquerda.

Seria para muita gente de esquerda,um escândalo colocar um livro contestatório ,de direita,nas discussões sobre o negro,mas eu penso que exatamente por isso deveria haver lá na biblioteca.Muitos me chamam de ingênuo,liberal,por acreditar na pluralidade formal como algo essencial do progresso.Uma pluralidade formal que só existe com a democracia formal e que a esquerda não consegue incorporar de vez.

Para ela, permear a democracia,através de suas instituições ,de uma visão de esquerda é a democracia ,mas eu não penso assim.

Não é ser ingênuo acreditar que o socialismo cresce preservando aquele que é contra ele.Mantendo a mediação das condições materiais de existência eu penso que o mais importante é realmente democratizar a sociedade nos seus interstícios.

O acento de esquerda se dá com a conexão essencial com a questão social.A única luta que admito é esta.Quero dizer,a luta contra a direita é esta.Mas de resto a democracia e sua ampliação é o suficiente,com o adjetivo social ligado.

Tudo isto para acrescentar alguns conceitos àqueles que eu já emiti sobre esta situação toda:a esquerda tem que apresentar propostas para o país,não tendo o direito de usar artificios para chegar ao poder,como as comissões da verdade ou vitimizar o Presidente Lula.Eu não vou repetir isto aqui:não é que eu seja contra as comissões da verdade.Eu sou favorável às comissões na antiga URSS,no Camboja,em Guantánamo,contra os Estados Unidos ,contra o rei Leopoldo e assim sucessivamente.Mas isto não pode ser trampolim para ganhar poder,venha de onde vier esta intenção.

Sou favorável a que nos organismos da sociedade civil todo o arco de pensamento do país seja representado e que a questão do Brasil,dos seus problemas pode e deve ser abordado por quem quer que se interesse por isto e seja tocado pelo problema,como é o caso do negro.

Lá nestas organizações ,analisadas por Gramsci, podem e devem estar pessoas de partidos politicos de esquerda como os comunistas,mas eles devem subsumir a sua condição partidária na de cidadania ,não usando os sucessos para promoção pessoal ou partidária,muito embora,neste último caso seja quase impossivel separar.Ademais,o povo saberá.

Já que o Presidente da Fundação Palmares pretende fazer um museu da vergonha para expor os crimes dos comunistas,porque não o faz em relação aos crimes dos negros?Dos católicos na Inquisição e os problemas dos crimes de pedofilia?Dos evangélicos,os crimes financeiros,que assolam a África precisamente neste momento e os casos de pedofilia também?E os da ditadura também ,dentro do espirito plural que os organismos da sociedade civil devem ter?

A esquerda devia permitir que a contestação da direita fizesse parte da biblioteca da fundação porque ficaria claro a médio prazo o seu ridículo.Como ela(a esquerda) pensa partidariamente e monoliticamente acaba por favorecer a vitimologia da direita que quando toma poder faz este escarcéu.

O modo como a questão social é resolvida através das organizações sociais,respeitando a república e a pluralidade democrática é o meio moderno da esquerda atuar,não repetindo os erros do passado ,pela identificação do estado com a sociedade e com o(s) partido(s)