quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Fluminense,clube correia de transmissão II

Diante das grandes vitórias do Flamengo,os outros clubes devem refletir sobre sua situação.Não que o Flamengo de uma hora para outra tenha se tornado livre dos problemas comuns aos outros times barsileiros;não é que tenha se tornado a utopia brasileira.Mas o caminho lógico é aquele:segurar um pouco as despesas,durante um certo tempo,para depois investir.Um plano ortodoxo simples,válido para todos os tempos.
Outros clubes,no entanto,não possuem condições idênticas para se segurar durante um certo tempo e depois investir e obter resultados tão imediatos como os do Flamengo,porque este clube possui uma torcida enorme,que garante os resultados desejados,de antemão.
Roberto Dinamite ,quando assuniu o poder no Vasco,em face da exigência angustiada da torcida,preferiu ignorar estes conselhos e investir de pronto num time que teve uma certa carreira positiva ,mas o que se seguiu é o que se vê hoje:um Vasco aos frangalhos.
O Fluminense ,como tantos outrso clubes,sem este mercado garantido,precisa ter um planejamento de longo prazo que não recue o futebol demasiado,de modo que ele fique esquecido ou amargando derrotas terríveis ,mas simultâneamente podendo fazer alguma coisa de boa qualidade.
Não que as torcidas não possam ajudar:ainda me lembro das faixas da torcida tricolor no tempo da máquina , “comprem que a torcida garante”.Embora ela não sido a única garantidora dos investimentos do Presidente Horta,cumpriu um papel importante.
Acabar com as dívidas,fazer o estádio,modernizar o ct,reiventar a relação coma torcida,incluindo-a sempre mais,com as festas no campo das laranjeiras e outras ideias,são bem vindas para tornar o Fluminense permanente e defintivamente um clube de primeira de divisão, incapaz de cair.
O que me impressiona nos dirigentes do Fluminese e que quando você os olha não há no rosto deles nenhuam angústia pela situação recorrente e atual do time e do clube.E pior ,nestas horas era mais que exigivel uma união dos dirigentes em torno daquilo que é mais transcendente,o próprio Fluminense.
Recordo-me de que no periodo da papai Joel,a primeira coisa que o presidente Marcio Braga fez foi deixar de lado todas as picuinhas politicas e chamar os grupos politicos do Flamengo para ajudar na luta daquele então contra o rebaixamento.
Quando os dirigentes se digladiam em público mostram que o Fluminense não é mais importante do que eles própios e que não é senão mero detalhe ou complemento das atividades pessoais deles.
Isto já tinha ficado claro para mim no episódio de Osvaldo de Oliveira e Ganso,que foi premiado pela estupidez que praticou contra o clube e a torcida.
Mas tudo isto revela que o Fluminense se tornou uma atividade meio e não finalidade,não um valor,uma grandeza,mas mera correia de transmissão de interesses inevitavelmente escusos.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Porque torci pelo Flamengo

Aqueles que lêem os meus artigos há de se lembrar que falei sobre a tentativa tantas vezes recorrentes de São Paulo de tirar a CBF do Rio de Janeiro para levá-la para São Paulo e transformar este estado no centro do esporte nacional.
Eu disse e repito que isto não era só um fato do esporte e muito menos só do futebol,mas carregava um significado mais amplo de transferência do centro cultural que sempre foi o Rio de Janeiro,para São Paulo.
O Rio de Janeiro sempre foi a caixa de ressonância do Brasil,porque é um resumo do país e a sua base histórica e política.
Mas há alguns setores que afirmam que o Rio de Janeiro é passadiço,um estado não capitalista,não moderno,mas baseado em serviços públicos e que decaiu profundamente com a transferência da capital para Brasília.
A forma de São Paulo justificar a transferência cultural e esportiva é dizer que a torcida do Corinthians é maior do que a do Flamengo.Tal é dito recorrentemente,mas não corresponde à verdade.Eu afirmei que enquanto a torcida do Flamengo fosse a maior o Rio de Janeiro conitnuaria forte.Mas não só:o Brasil também ,porque a cultura brasileira em sua diversidade e expansão será preservada.
O futebol é forte não só por causa do Flamengo ,mas também por causa do Olaria e do Isabelense ,do interior do Amazonas(ou Pará não sei),mas a medida do crescimento é o Flamengo,então ,para além da paixão clubística,há que analisar as circunstâncias culturais e politicas do Brasil com sangue-frio.
É lógico que existe muito de populismo politico e econômico em toda esta agitação pelas vitórias do Flamengo,mas num aspecto eu acho bom aproveitá-la:tambem entendia que a centralização do Brasil em São Paulo implicava na substituição do capitalismo autárquico brasileiro,suspostamente representado pelo Rio de Janeiro,pelo capitalismo de fato,moderno,naturalmente por São Paulo.
O capitalismo brasileiro,atrasado assim,só investe quando tem certeza do retorno deste investimento e como a educação é um investimento que só tem resultados a longo prazo o nosso capitalismo não investe ou encontra sempre motivos para não investir.
Contudo vendo esta imensa força do Flamengo eu penso assim:ainda que haja muito objetivo demagógico nisto aí e financeiro ele será legitimo na medida em que reverter,financeiramente,para esta mesma força,que se dispõe a se movimentar e retonar financeiramente para quem investe.
Se esta força,de alguma forma, se movimentasse ,do mesmo jeito, no plano da educação e recebesse dos governos um retorno merecido,o problema nacional estaria solucionado.O Flamengo,como o povo,transcende,deste modo,o capital,comandando-o,não sucumbindo ao seu fetichismo.
Costuma-se dizer que se as torcidas fizessem o mesmo escarcéu quando um time perde,o fizessem nas escolas,o caminho estaria aberto para erguer o Brasil.Porque não agora?Porque não juntar este entusiasmo mui merecido com a responsabilidade?
Dois assuntos inter-relacionados quero tratar em outro artigo:apesar da exclusão do negro e do pobre nos estádios a vitória do Flamengo ressoa como uma doce vingança dos mesmos,ao virem à rua comemorar;os corifeus da esquerda e outros que tais menosprezam o futebol e o esporte como alienante,mas é na atividade livre dos povos que se obtém o material cultural da mudança.

sábado, 23 de novembro de 2019

A violência das torcidas no futebol brasileiro

Nos últimos meses o normal aconteceu:violência nas torcidas,agressões a pessoas inocentes ,gritos homofóbicos e racistas.
Aqui já repercuti a minha opinião,que é a de muitas pessoas:a violência das torcidas é culpa dos dirigentes que arregimentam estes valentões para interesses pessoais(politicos e eleitoreiros) ,mas também , e isto eu não tinha falado antes,para promover o futebol.
Neste último aspecto está o acréscimo nestas análises recorrentes:a promoção do espetáculo,cuja função é criar momentos extraordinários do esporte e arrecadar,se fazia no tempo em que eu era criança,pelas qualidades próprias do espetáculo.
Ia-se ao estádio para ver Pelé jogar(bem como Gérson,Rivelino,Tostão).Ver que surpresas estes jogadores reservavam aos assistentes.Todo mundo se concentrava no essencial.
As gerações atuais viveram esta experiência com um ou outro jogador,Romário,Bebeto,mas nada se compara com o que as gerações passadas,incluindo a minha,viveram.
Ademir Marques de Meneses conta que pouco antes da final de 50 um menino em estado terminal de câncer pediu para vê-lo pessoalmente antes de ir.Quando o “ queixada” viu o garoto,o mesmo ficou emocionadíssimo e logo faleceu,mas com um sorriso no rosto.O jogador revelou que pensou:” que é isso,eu sou um deus?”
Mas era assim que garotos(como eu)viam estes jogadores.Hoje não é assim.Na época do dinheiro e do show pura e simplesmente,substitutivos do mérito e da criatividade,não é assim.
Os jogadores do passado possuíam uma personalidade,dir-se-ia artística:Pelé,o completo:Rivelino e o chute:Gerson e o lançamento;Tostão a inteligência e etc.Hoje os jogadores apresentam apenas indices ,que os colocam na ponta ou em posições intermediárias.
Mas no passado,por causa disto,podia-se encher um estádio com 200 mil pessoas que não acontecia nada.Foi assim em 1969,contra O Paraguai.Hoje 10 mil pessoas já são um perigo...
Por mais que se critique,no entanto,a briga das torcidas e nas torcidas,se não houver esta agitação,se as torcidas não impulsionarem discussões dentro das rivalidades tradicionais,o futebol perde interesse porque não há jogadores como os de antes.
Então a legitimação do uso pelos dirigentes e politicos destes “ torcedores” profissionais se dá pela necessidade de manter este mercado funcionando,porque se deixar na mão dos atletas acabou.

domingo, 17 de novembro de 2019

Elitismo e infantilismo vermelhos

Nos últimos anos tenho sido critico com o comunismo e o marxismo,mesmo tendo vindo destas duas partes do movimento social,mas existe ainda mais um foco que chama a minha atenção:o PT.
Na minha opinião toda aquela auto-reforma do socialismo,de que participei ,em intermináveis discussões,se esvaiu nas suas possibilidades porque a preocupação da militância em militar e em não desaparecer,a levou para este partido,criado na época da ditadura e que não tinha ligações com o passado e ,por isto,não projetava um futuro.Como aliás não projeta até hoje.
Mas o pior são os intelectuais:agora a culpa da eleição de Bolsonaro é deste povo brasileiro,de baixa consciência politica e incapaz de perceber que a única corrente a ser eleita é a do PT.
Nenhum intelectual de gabinete deste aí se lembra que este mesmo povo votou quatro mandatos para Lula e Dilma e recebeu de volta um dos maiores desvios de dinheiro público da História do Brasil ,bem como um desemprego e uma crise econômica enormes.
Na hora em que o socialismo vence é sempre por mérito dos militantes.Quando perde é porque os outros não deixaram.Parece aquela história do famoso livro de Michael Sayers “ A Grande Conspiração”,em que os problemas do socialismo na URSS eram por interferência do ocidente,porque afinal,o socialismo não erra.
E pior:me lembra a frase famosa de Hitler,derrotado em 1945,ao dizer “ o povo alemão não está à altura do que eu fiz por ele”.A culpa é dos outros.Eu não erro.(quando digo que existe uma similitude entre o totalitarismo de esquerda e de direita ninguém acredita...)
Isto tudo é uma manifestação de elitismo vermelho,acrescido de infantilismo:os outros têm que me reconhecer,porque eu tenho a ciência que explica tudo e se não me reconhecem eu bato pezinho.
A esquerda não sai destes exclusivismo e egocentria nunca.Não analisa o povo brasileiro(como dizia Nelson Rodrigues)só procura implementar modelos internacionalistas de outros países(autoritariamente).Eu vou explicar o porque disto no próximo artigo.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Evo Morales

Evo Morales se foi...não volta mais.O que fica destes “ novos” politicos da esquerda,que nasceram na rabeira de Chavez ,como alternativas ao fim do comunismo?Pouca coisa,nada de novo.
Agora existem na sua “defenestração” alguns precedentes importantes,porque ele renunciou para pacificar o país e evitar uma guerra civil que se está formando na Bolivia.
Lembro-me dos critérios usados pelo último Brizola para caracterizar a saída de Jango como renúncia,mas isto é bastante discutível.Mas a intenção de Brizola,se eu entendi bem,era associar Jango à pacificação do Brasil e deslegitimar o seu exilio,que talvez não tivesse sido necessário ou legitimo(certamente ,neste último caso).
É uma questão bizantina saber se o que ocorreu na Bolivia foi ou não golpe,mas,para evitar ser acusado de ficar em cima do muro,havendo renúncia e nenhuma imposição sobre o presidente de violência, não pode haver o carimbo de “golpe”.Foi na verdade uma transição,com a colaboração de Evo,para manter as instituições e a democracia,permitindo que a sua tendência partidária prossiga atuando politicamente.
Também me recordo de como aconteceu a “ transição” entre a antiga URSS e CEI,depois do “ Golpe Iannaiev”.Naquele então a primeira coisa que se fez,no afã de se criar um regime autoritário(continuando as instituições da URSS de certo modo)foi proscrever o partido comunista e este fato marcou este continuísmo autoritário de um ex-kgb que ainda está até hoje aí.
A atitude de Evo,por quem não nutro amores,garantiu,até ao momento,a possibilidade de uma tarnsição garantidora da democracia.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Análise de Conjuntura:depois de Lula

A semana começa com os efeitos da soltura de Lula.Naturalmente ,por motivos pessoais e politicos,ele teve que ser agressivo,mas ainda não sabemos se haverá uma repercussão,um revérbero ,no povo,do que ele pretende fazer:influenciar na eleição de presidente de 2022.
Sim,porque ele não é ainda ficha limpa e portanto não pode se candidatar,mas semelhantemente a Getúlio em 1945 e a Benedito Valadares ,por mais de vinte anos,se habilitou a ser o fiel da balança da politica brasileira.
Mas isto depende dos ecos no povo e a maneira como ele vai aceitar esta proposta de Lula e a resposta dada marcará não só a política,mas a história do Brasil.
Se o povo acorrer para o ex-metalúrgico,ficará provado que ele (o povo) não se importa com a questão da corrupção,sendo conivente,no cotidiano,com ela.Esta prática que joga na miséria a maior parte do povo brasileiro,não é só coisa dos politicos e partidos,mas também do povo.
Amigos,a minha análise se baseia em elementos bem simples:desde 1930,não só no Brasil,mas em muitos lugares,nós vemos uma contraposição entre uma direita tradicional e uma esquerda que oscila entre o centrismo e o radicalismo de esquerda,não raro comunista,tocado pelo maior dos radicalismos,com quem frequentemente faz aliança.
Em muitos lugares a média ética da sociedade acaba se virando para a direita quando a esquerda,quase sempre, a ataca,por algum motivo.Mesmo que a esquerda não faça nada,a direita sempre expõe o espantalho do perigo à vista,associando o inimigo com outras “ ameaças”:ideologia de gênero;os japoneses;os chineses.
A esquerda faz o mesmo,com as suas características:a culpa da miséria é do tradicionalismo,da igreja,do atraso,da classe média,assim por diante.
No meio desta besteira geral,o marisco,o povo.
Lula não tem demonstrado ser diferente desta esquerda que eu critico e que esperava que ele superasse logo na sua primeira eleição.
Tenho dito que a tarefa dele era mudar a esquerda,reconhecendo os seus erros.Não vejo nos seus movimentos e falas algo diverso disto,logo depois da soltura.
O projeto nacional da esquerda implica em unificar o país, através da união da classe média com a classe operária e incorporar à nação a ideologia(ou o oposto),abandonando esquemas velhos de compreensão da sociedade.
Como Allende ,que deveria ter ampliado o arco de alianças e repudiar os radicais,Lula não está parecendo compreender este fato:eleitoralmente vai buscar apoios em gente que o apóia em público,mas nas redes detona o seu programa(PSOL).
Se Lula não entender a necessidade de acoplar a sua estratégia a este objetivo nacional e não se colocar no centro,repudiando a direita e os radicais à esquerda,partindo para o confronto,como tem feito,só açulará de novo as mesmas reações que a roda da história já mostrou aonde leva.

sábado, 9 de novembro de 2019

O STF e o golpe

A decisão do STF sobre a prisão em segunda instância aprofunda o descalabro politico brasileiro.Aprofunda a divisão profunda do país e ninguém me tira da cabeça de que isto tudo não é de caso pensado.Só pode ser,porque não tem sentido o STF decidir uma coisa um tempo atrás e depois mudar.Só faria isto para politizar de vez a sua posição entre os poderes da república.
O direito é conservador.Tem que ser,porque só assim,na permanência, ele oferece a garantia psicológica de segurança que o estado de direito é obrigado a mostrar à sociedade.O estado de direito não pode ficar ao sabor das ventanias.
A mudança constante e contraditória como foi esta do STF marca ,quer o órgão admitir ou não ,a sua politização,a sua partidarização definitiva,fato que tem consequencias inevitáveis e graves para o futuro próximo.
Lula fora da cadeia,nestas circunstâncias favorece a impunidade e incrementa o ódio no Brasil:a polarização atingiu niveis de vingança e o discurso de campanha de Lula o prova.
O problema não é uma candidatura renovadora, alternância de poder,a discussão dos problemas nacionais,mas o desejo irrefreável de Lula de provar,às custas do país,que ele estava certo.É a privatização e personalização da vida republicana brasileira.
Esta radicalização,como já demonstrei,não vai favorecer a esquerda,muito pelo contrário,porque a insistência no retorno de Lula cristalizará ainda mais a unidade da classe média brasileira e da média ética brasileira,muito maiores do que o abc paulista ou o nordeste.
E se houver,dentro deste contexto,uma confrontação,as condições para um golpe estarão dadas.
Moro,como já disse,saiu desmoralizado,como a Globo,a sua patrocinadora.Era importante a esquerda,ao fazer politica,ver que a Globo está,agora,no campo democratico,contra o golpe,mas ,em seu dogmatismo e esquerdismo,comete os mesmos erros de 64.
Eu disse há muitos anos que viviamos um período de farsa e muitos radicais me disseram que desta vez a esquerda venceria,acabando com a farsa.Duvido muito.O marisco(o povo)vai perder.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Ciro Gomes IV

Nem bem a “ tinta” do meu último artigo sobre Ciro Gomes secou e ele já concedeu outra entrevista à Folha de São Paulo,batendo e batendo em Lula.
Repito o que disse antes:esta estratégia só fará crescer o petista.O ideal é buscar uma alternativa.O que o povo mais quer ouvir é um discurso nacional efetivo e não ficar na cola de Lula e do PT.
O “ Lula livre” arrefeceu claramente diante dos problemas nacionais,mas isto não autoriza bater nele para ganhar parte das hostes petistas.Estas hostes não vão se dispersar por causa deste arrefecimento.Não há prova de numa eleição,diante da ventania que o PT pode provocar que a figura do “ maior lider trabalhista brasileiro do século XX”((Dilma)[maior que Getúlio...])não ressurja.
Eu faço estes artigos,porque acredito que o centrismo pode colocar o Brasil novamente nos trilhos.A verdade histórica e politica é esta:que a transição,em 1985,não se completou,porque os problemas que não foram resolvidos naquele tempo,em relação ao passado,continuam aí e uma candidatura centrista,nacional,poderia ,com apoio firme da maioria do povo brasileiro,desatar este nó de décadas ,e fazer o povo brasileiro se preocupar com o presente e o futuro.
Além do mais,isto evitaria que carreiras inócuas,à direita e à esquerda,se fizessem, pela espiroqueteação deste passado(64) e dos mortos e desaparecidos.
Mas ,como eu disse,Ciro Gomes é ao simultâneamente arcaico e moderno:às vezes trata do Brasil,às vezes,não raro,age impulsivamente.Porque foi rejeitado lá no PT,quer se vingar(parece)e o justifica querendo “ tomar” os eleitores do PT.
Como no passado age aos trancos:se candidata,faz campanha,para depois reconhecer que não tinha condições de se candidatar...Uma espécie de Brizola:incendeia para depois reconhecer que era inexperiente,depois da tranca da porta arrombada.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

O imposto sobre os ricos

Na eleição passada falei muito sobre os erros de Boulos especialmente no que tange ao seu mote de taxar os ricos,sonho que é acalentado pela humanidade há séculos e que ainda hoje não se realizou completamente.
O grande humanista Erasmo de Roterdam,em um determinado período de sua vida,foi lecionar em Oxford,Inglaterra,a convite de seu amigo e outro grande humanista Thomas More.Neste país Erasmo escreveu o seu grande livro “Encomium Moriae”,”O Elogio da Loucura”,cujo titulo em Latim é uma brincadeira com o nome de seu amigo inglês,depois decapitado pelo Rei Henrique VIII.
Uma das coisas que Erasmo queria era juntar dinheiro para voltar seguro,na velhice,ao seu país natal,a Holanda.Ao reunir um numerário condizente com este propósito o humanista quis voltar para o continente,mas na hora de pegar o navio e atravessar o Canal da Mancha,foi impedido de levar as suas economias.
Era a época áurea do Mercantilismo,associado ao absolutismo monárquico,o hipermetalismo,doutrina econômica segundo a qual todo país tinha o direito de acumular pura e simplesmente toda a quantidade de ouro e prata possível para garantir o erário públicoe manter as condições de sobrevivência econômica do reino.
No tempo de Henrique VIII era esta a prática,consentânea com os outros absolutismos continentais.Depois,no reinado de Elizabeth I isto mudou,mas não cabe aqui discutir isto.
O que quero discutir é que esta postura nacional de garantir as condições de acumulação capitalista,prosperou nos países com um projeto nacional forte e homogêneo(ainda que conseguido às custas de muita violência,como na Espanha)e os manteve destacados durante séculos,muito embora nações como a Espanha e Portugal tenham decaído.
Até aos dias de hoje taxar os ricos é um problema não resolvido,mesmo em países com uma certa distribuição de renda,como nos Estados Unidos.Lá também as condições de taxação dos ricos são muito precárias e aqui no Brasil ocorre uma situação oposta àquela de Erasmo de Roterdam:taxar os ricos vai fazê-los emigrar e enviar as suas posses para o exterior.As classes altas não investem no seu país.
Esta é uma diefernça essencial que que queria fixar aqui neste meu artigo:as classes altas dos países centrais da Europa sempre tiveram uma preocupação de investir no seu próprio local,até para se prevenir.
A competição entre as nações da Europa,as fez exclusivistas,mas isto não é mau,porque o esforço de contrução de riqueza,a partir de um critério autóctone, não as enfraqueceu,antes as fortaleceu e de quebra à Europa.Vou voltar ao tema no próximo artigo.