domingo, 26 de dezembro de 2021

Não me agrada o novo modelo do futebol brasileiro

 

Depois de muito tempo sinto-me instado a falar sobre futebol,sabendo que isto aí vai ter repercussões...

Não me agrada de forma alguma que um clube de futebol pertença a pessoas individualizadas assim.Eu sei que não há muitos modelos alternativos e que as decisões atuais são feitas a toque de caixa para solucionar este problema de décadas ,das dívidas dos clubes,mas continuo tendo uma sensação de estranhamento diante da solução encontrada.

Ela se conecta com todo este processo de europeização do Brasil e de submissão da cultura brasileira aos imperativos do dinheiro e do capital,principalmente vindos do estrangeiro.

Não quero imaginar que de uma hora para outra um ricaço de passado duvidoso venha fazer aqui o que fez na Inglaterra,na França:lavar dinheiro.

Ninguém me tira da cabeça que estes estrangeiros vão agir do mesmo jeito que nestes clubes,trazendo para nosso país grandes jogadores.Da mesma forma que eles vêm aqui buscar nossos talentos,farão o mesmo com os grandes jogadores da Europa,ou seja,virão jogar aqui?Haverá pelo menos uma igualação em termos de grandeza entre o futebol brasileiro e o dos outros países,principalmente da Europa?

Eu desafio quem possa me provar que sim.Que o elemento interesse nacional,cultural e politico destes países vai ser posto de lado ,dentro de uma democracia do capital.

Por enquanto Ronaldo Nazário comprou um clube,o Cruzeiro,mas já se fala em estrangeiros no caso do Vasco e do Botafogo.

Talvez eu queime a minha língua e de repente interesses puramente nacionais,representados por outros jogadores abonados forme um grupo capaz de reerguer o futebol para além da questão econômica,mas tudo indica que este processo de sociedade anonima poderá no futuro solucionar o problema das dívidas,mas não o soerguimento do futebol brasileiro,como significado cultural,de produção cultural do povo brasileiro.E por falar nisso, isto aí vai aprofundar a exclusão do povo dos estádios porque até agora eu não vi nenhum caminho que possa diminuir o valor das entradas,permitindo que o povo mais humilde volte a acompanhar in loco as partidas.

Só vejo concentração,projeção de dinheiro,de lucro,de projetos pessoais ,com o Brasil no meio.

Eu entendo que o clube de futebol é uma entidade coletiva e impessoal,propriedade das torcidas.Estes clubes que cairam e permanecem na série B só voltarão como clubes grandes porque as torcidas estão lá no lugar de sempre.História só não basta,mas a s torcidas ,a presença de torcedores,com acréscimos, é que mantêem a cultura brasileira à espreita.


sábado, 18 de dezembro de 2021

Análise de conjuntura

 

Aproximando-se o ano de 2022,com a eleição presidencial.Uma eleição que esperamos redentora.E neste processo e neste momento começam a se formar os dois grupos principais para a luta contra Bolsonaro.

Muita gente continua falando em terceira via,mas a terceira via se define como uma alternativa viável entre Lula e Bolsonnaro.O resto não serve como alternativa.

Porque não é só ganhar a eleição presidencial,não é só tirar Bolsonnaro:é saber o que fazer com o Brasil depois dele e com o Brasil mesmo,na sua vocação democrática e de progresso.

Isto é importante porque se o Brasil conseguir se recuperar das circunstâncias de polarização que levaram a este descalabro,terá que ter um governo que embarreire de vez esta terrível possibilidade de retorno.

Com estas premissas fica claro que votar na coligação de Lula,que vai se formando,é um contra-senso.Formou-se sim uma terceira via em torno do grupo de Doria e do PSDB.Lula fez uma jogada de mestre ao atrair Alckmin para seu grupo,o que avança em constituir uma nova social-democracia a partir do PT(assunto mais para a frente).Quer dizer tomou um naco da social-democracia e da terceira via!A enfraqueceu antes de começar.

Mas ela ficou do lado de lá,com Doria.E seria o ideal que se consolidasse ,em volta de um programa que consagrasse os valores acima citados.

Aí é que está o problema:o grupo de Doria,que reúne o PMDB,o cidadania,podemos não tem nnenhum programa nacional moderno(embora esteja mais perto que o PT).E pior,não tem uma visão nacional pública:defendem a privatização da petrobrás.E não têm uma visão mais próxima das exigências do povo mais pobre e sofrido.

Lula lançou num discurso uma palavra de ordem que é decisiva nos dias atuais:fazer o povo brasileiro voltar a comer três vezes ao dia.Como seria bom se do outro lado houvesse esta preocupação!

Apesar das falcatruas do PT na Petrobrás,a solução não é vendê-la ,como valor estratégico que possui.

Então o passado condena.Assim como está acontecendo neste governo frustrante de Biden,algo semelhante vai se realizar aqui,porque todos os fatores que nos conduziram a esta encruzilhada vão prosseguir:um dos elementos da polarização continua forte,a oposição também tem um pezinho na direita,porque Doria se elegeu na onda bolsonarista(Eduardo Leite também)e não tem outra força politica para se constituir em mais uma alternativa.



sábado, 11 de dezembro de 2021

Marighella IV

 

Culto à personalidade

A razão principal porque a esquerda atual usa a figura de Marighella é por fazer a maior autocrítica que uma pessoa(principalmente um comunista) “pode” fazer em relação ao stalinismo e seu culto à personalidade:chorou no meio-fio sentindo-se enganado.Foi melhor do que relativizar o problema ,como muitos fizeram,jogando a culpa só na figura politica e individual de Stalin.

Contudo,assim como Lukacs houvera prevenido a todos de que o Stalinismo não era só Stalin(senão não seria stalinismo),mas um conjunto de práticas e uma psicologia,o puro e simples choro de criança não basta para “ desestalinizar” uma pessoa,que agiu sob as ordens do “titio” com tanto afinco e fanatismo.

Apresentar uma interpretação laudatória do personagem em questão,Marighella,não Stalin, é legitimo até ao ponto em que o lado dele deve ser conhecido,bem como o seu papel histórico.

No entanto,e como parte da democracia,analisar os fundamentos de sua atuação e sua atuação sem levar em conta o erro que ele cometeu,sem ver as suas opções confrontadas com as de outros ,é personalismo,culto à personalidade.

As suas características pessoais passaram ilesas ao crivo crítico e axiológico da história do comunismo brasileiro:ele não é uma figura um tanto quanto imposta ao PCB como Prestes,nem um autoritário sádico,como Arruda(nas palavras de Jacob Gorender),muito pelo contrário.Veio da Bahia,um estado que rompeu certas barreiras dogmáticas do stalinismo incorporando a religião e a diversidade da cultura.

Mas não diluiu todos os aspectos ruins do cânon vindo da urss:não a precedência do povo(trabalhador),mas a conexão entre uma personalidade forte e este mesmo povo,não exatamente preparado;não ao fundamento teórico e sim a uma atividade prática voluntarista,que entende erradamente que a tomada do estado é suficiente para fazer o paraíso(ainda mais no estado ocidental);supostamente diluindo a vanguarda,mas criando outra mais perigosa e autoritária ,militar.

Neste artigo trato do personalismo que liga uma personalidade à retaguarda,o povo,e é uma base para um processo politico de mudança.Mas em qualquer processo há algo mais do que uma trilha de centelha emocional,uma confiança(fé),a ser trabalhada.E não é algo da noite para o dia.

E no pensamento marxista a condição teórica dos militantes é algo essencial.Marighella esperava o apoio próximo do povo(outro erro),mas sabia que tinha que ser por outra mediação a sua adesão.Então ,construindo esta vanguarda (embora dizendo que não)entendeu que certos setores estudantis(crianças)tinham este perfil teórico.

Aí começa um dos problemas:o revolucionário leninista segundo o que vem da urss é alguém preparado.Mesmo que com suas teorias Marighella tenha tentado se desligar disto aí,a sua formação o conecta e o obriga a entender esta preparação.

Além do mais, a relação da figura do lider com a retaguarda,no movimento social de massas,implica pelo menos num conhecimento prévio comum.Contudo em qualquer época ou lugar as circunstâncias politicas do real se impõem às balizas.O movimento,como o próprio Marighella queria,se impõe,mas sem este background perde todo o sentido.É um movimento natimorto.

Um outro aspecto quero ressaltar,embora não pretenda desenvolver agora:este tipo de problema que é muito comum em todos os lugares, adquire um aspecto dramático no marxismo por causa do nexo teoria/prática.Juntando o aspecto teórico com a fé do movimento criada pelo nexo liderança/povo e vendo no final como as coisas andam,favorecendo esta última dicotomia geralmente os aspectos emocionais e pessoais se sobrepõem aos critérios de conduta na politica.O monismo marxista ajuda nesta identificação que favorece à pessoalidade e destrói na prática as bases conceituais conduzindo sempre à derrota.

Neste sentido é que me refiro aqui ao culto à personalidade.No fundo esta decisão de Marighella é,contra ele,um fato tipico do culto à personalidade.À parte aqueles que vêem a sua luta final como politicamente corrreta e tendo em vista de que nada adiantou,as afirmações dos remanescentes de que pelo menos algumas pessoas se levantaram contra a ditadura ,não procede,antes confirma este personalismo stalinista do herói que chorou uma vez e confirma a linha do antigo pcb:Marighella se colocou como um espantalho para a direita,que aterrorizou o empresariado paulista e justificou a operação bandeirantes,um esquema de repressão e de obtenção de dinheiro.E prolongou a ditadura.


sábado, 4 de dezembro de 2021

O nacionalismo de Bolsonaro

 

Freud teria chamado o que Bolsonaro disse sobre o enem como ato falho,mas que expressa,como todo ato falho,uma verdade que se quer esconder.

O enem não tem que ter a “ cara do governo”,mas a da nação.O pensamento totalitário do Presidente(como de outros também )sempre identifica a si mesmo com o real todo,no caso da direita aí ,o Brasil,a nação toda.

Nada do que é comum à república e à nação pode ser aparelhado por um partido.Ao aparelhamento do chamado “ trabalhador organizado” da esquerda e do PT não deve corresponder o mesmo por parte de um governo que acha que a nação é dele.

O “raciocinio” é este:se tenho maioria no Brasil como cristão eu governo como tal,o que é absurdo.Muito embora no discurso,todo mundo se diga laico,na prática e nas mediações em que a midia não chega, estas identificações acontecem o tempo todo,a corroer o processo politico,em todas as suas instâncias.

Quero dizer:a republica, a conexão entre o cidadão e a coletividade,que deveria orientar a atividade individual simplesmente não existe,muito pelo contrário,se faz tudo para passar por cima dela e tratá-la como um bobo.
Mas é aí que está a causa de todos estes males que o Brasil enfrenta(e outros países similares).

Não é cara do governo,é a da pluralidade do país e esta firmação de Bolsonaro define como ele pensa a questão nacional.Já discuti isto,mas é sempre bom relembrar:se se tem a maioria então ela se impõe e o resto que espere a sua oportunidade,mas o Brasil,como qualquer nação,vai além das eleições,vai além dos partidos.

Parece um joguinho,parecido com o futebol,a politica no Brasil,mas com isto a sociedade perde o rumo e o sentido cada vez mais,em meio às disputas.

Um presidente da república deve sempre ensinar esta relação obrigatória que cada cidadão deve ter com este coletivo,mediatizado por normas,ainda que isto não o favoreça:quando um cidadão sai de sua missa,de seu culto e volta para o espaço público,seja para exercer um direito ou trabalhar,deve pensar sempre naquilo que é melhor para todos,ao menos tendencialmente.

A lei assegura que nada pode ser feito contra os valores inidividuais,as crenças e costumes,mas a definição desta proteção é muito difcil de fazer,porque os ódios e preconceitos não têm fundamento,regra geral.

Uma lei que permita casamento entre pessoas do mesmo sexo agride o costume católico,mas este,como tal, não é senão um conceito privado sobre o comportamento de outrem.Então ele não serve de base para a proibição da sua promulgação ou recusa.

Um caso mais recorrente e mais conhecido e que nos remete para a definição de laicismo é a da religião dos adventistas de sétimo dia que proibem transfusão de sangue.O que deve predominar?O principio republicano de que o estado deve preservar a todo o custo a vida ,ou o direito de não ser violentado na sua religião e morrer, se for o caso, por ela?

Pelos conceitos emitidos mais acima(supracitados)é lógico que a vida é axiologicamente prioritaria,mas se a consciência do adventista divergir,se instala uma divergência e esta priorização passa a ser vista pelo como uma imposição,quiçá uma ditadura.

Há uns dois anos ,em uma das eleições no Vasco da Gama certa candidata contou que um menino esportista,ainda dependente juridico dos pais,precisou amputar a perna para não morrer,ao que os pais não permitiram ,por razões estéticas ,causando o desenlace fatal.Não sei o que aconteceu com o menino,mas se morreu os pais devem processados e o estado deveria ter se imposto.

Mas não há ilusões da minha parte:não é só a direita ou a religião que pensam e agem assim,a esquerda tem este viés proto-religioso,a partir de outras justificativas.Ela também não compreende a nação,a conexão individual/coletivo e impõe um setor nacional como se fosse isto o trabalho de um governo.Só o trabalhador organizado e que se coloca sob sua hegemonia é prioritariamente representado,mais ainda porque comunga de ideologias e conceitos teóricos.

Mas não é só a cara do governo não.


sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Putin e o Brasil

 

Interligações geopoliticas

Inumeras vezes digo que na politica e na história certos atos e fatos não são fortuitos ou casuais,mas fazem parte de um projeto maior,potencial,que deve ser observado por quem tem interesse e busca ficar um pouco à frente dos acontecimentos.

Foi Putin quem eliminou o problema da fome na Venezuela,fome intencionalmente provocada para desarticular a oposição de classe média que se formou no país.Maduro fez o mesmo que Stalin com relação à Ucrânia.Matou parte da população de fome para quebrar as suas pernas politicas oposicionistas.Diante do desespero reforçou a sua aliança com a Rússia e recebeu mantimentos,mas visando,acima de tudo,dar uma cabeça de ponte para esta última nesta região fundamental.

Esta atitude dos russos,os colocou numa das áreas geopoliticas mais importantes dos anos vindouros:a Amazônia,com todo o seu cabedal de água.Mas não só ela:perto, da Bolivia também ,que possui no solo profundo um “ poço” de água maior que o país.

A doutrina militar brasileira reconhece que a Rússia passou a fazer parte do “ problema amzônico”,mas não só ela :a China já domina o nordeste e os Estados Unidos estão onde sempre estiveram,de butuca ligada.

Dentro deste painel prévio o fato de Putin chamar Bolsonaro para visitar seu país não tem como ser considerado algo desconectado de outras ações tomadas simultaneamente.

Putin está pronto para invadir de novo a Ucrânia.Nação fiel da balança do projeto recorrente,há mais de 150 anos, da “ grande Rússia”.

A grande Rússia sempre surge quando está com algum problema.Há anos atrás Putin tentou dominá-la novamente(como fizera Stalin de forma bem sucedida),mas gorou porque parte dos ucrânianos,sem ligação com os russos,não aceitou.Os protestos na Europa barraram a iniciativa.

Os anos passaram e através de cooptação e corrupção(duas coisas juntas)viabilizaram aparentemente uma nova ameaça.Em frente a ela,o democrata enfraquecido Biden ameaçou contra atacar e Putin resolve envolver o Brasil em suas confabulações.

Estes dois gestos não têm nada a ver?Pode ser,mas é muito dificil pensar assim.Pode não s er nada,mas eu insisto que a História já mostrou que certos sinais são importantes de se analisar para se prevenir.

Ao juntar estas duas intenções ,ainda que Putin não consiga invadir e tomar a Ucrânia ele isola os Estados Unidos,reforçando a sua posição.Como no mapa abaixo:



Fica claro que este quase triângulo cerca os Estados Unidos,pelo menos,”contesta” sua hegemonia.

A situação está ruim para Biden e para a esquerda.Além dos erros politicos a inflação está crescendo nos eua.O panorama é ruim para o futuro próximo.A pior direita tem como retornar ajudada por este fisiologismo agressivo da Rússia.




quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Marighella III

 

Ainda não tive tempo de achar uma brecha no meu ritmo de trabalho diário para assistir a este filme,mas,repito,com base em toda a minha experiência de vida acompanhando este episódio,inclusive em casa,posso sim emitir mais opiniões sobre a figura central do filme e o filme em si,com o todo seu significado atual:estamos diante da continuação da polarização que vem destruindo o Brasil,como destruiu outros países.

Tenho dito que a esquerda tem que se renovar,reconhecer os erros,mas como sempre ,insiste em enveredar pelos caminhos errados e tortuosos do passado.Há uma explicação complexa e psicológica para isto,mas eu vou tratar disto em outro artigo.Neste,alguns insights se apresentam,mas o que quero ressaltar é outra coisa.

O que me impressiona é que na hora H ,mesmo aquela esquerda que acertadamente considerou a atitude de Marighella como um erro histórico,que só ajudou a justificar a continuidade da ditadura,fique quietinha ,por um pragmatismo canhestro ,segundo o qual não é mau que um comunista(qualquer que seja ele)fique na crista da onda.

Este pragmatismo é uma das razões históricas do fracasso do movimento e que revela ,no final,o tipo de pessoa que o integrou e o fez:o oportunista universal.

Desde as dissensões entre China e URSS eu ouvia que no final estavam todos no mesmo barco,o que não era verdade(Ou seja :mentira).

Nunca,para um comunista,as questões de discernimento ou de valores,ou de adequação com a realidade,têm mais importância do que a prática de tomar o poder do estado,passar por cima dos outros e fundar a utopia finalmente.

Nem os comunistas italianos escapam deste pragamatismo boçal.

Só eu mantenho a necessidade de criticar e repudiar esta epifania em torno de Marighella.Não tem sentido,senão para fazer um culto à personalidade,que como o de Stálin,só visava esconder graves problemas(e crimes),produzir um filme que exalta um ato tresloucado que só forneceu a justificativa que a ditadura precisava para permanecer mais tempo.Mais do que isto este perigo vermelho que nunca existiu, passa a ser usado para conluios entre a pior burguesia e os órgãos de repressão,na operação bandeirantes por exemplo, e para matar,como pontuava Ferreira Gullar,pessoas ,comunistas,cidadãos inocentes que tinham uma visão diferente destes radicais.

Nâo há razão nenhuma para agora jogar para debaixo do tapete estas idiotices e criar um culto em torno de Marighella.

A esquerda,ao invés de propor soluções para o Brasil,se utiliza de certos dados de sua biografia,bem como da de outros radicais, para criar uma imagem que encobre o seu desinteresse em relação ao nosso país e os seus erros do passado e do presente:porque Marighella sentou-se ao meio-fio e chorou por ter sido enganado por Stalin fica provado o seu anti-estalinismo.Contudo,como óbvio,não é suficiente garantir a saída do stalinismo por algumas lágrimas.O radicalismo de Marighella É stalinismo sim,É falta de espirito democrático e o filme em questão é parte do(seu) culto à personalidade.


domingo, 28 de novembro de 2021

Lula daria um bom ditador não?E um entreguista.

 

Vendo Lula de mãos dadas com Macron e reverberando as suas declarações ,comparando o governo de Merkel ao de Daniel Ortega,me vejo obrigado a fazer uma análise das características pessoais e politicas do ex-presidente Lula.

Não se há de negar as suas qualidades:um homem que saiu da condição de bóia-fria,numa família grande que passava fome,para chegar à Presidência ,não pode ser desconsiderado.

Contudo,nesta trajetória , Lula,que nunca foi comunista,absorveu e absorve,sem deixar de repetir,impasses desta tradição:uma incompreensão absoluta do significado real da democracia,quero dizer,a necessidade de respeito às suas formas,mas também aos seus fundamentos;uma incapacidade de sair deste personalismo,que caracteriza o culto à personalidade;e correspondentemente a isto falta de referências intelectuais.

Marta Suplicy,ao sair da luta pelo Governo de São Paulo,fez uma análise de Lula e usou uma imagem interessante que resume uma das habilidades que todos os bons politicos possuem:ele é uma antena,que absorve tudo que está em volta dele.Todos os bons politicos são assim.

Contudo ,para mim,um politico de esquerda,comprometido,por isto mesmo ,com a questão social,não pode se reduzir a estas aptidões.Isto eu já falei em outras ocasiões.

Hoje me detenho exatamente neste comportamento personalista e nesta falta de compreensão da formalidade democrática.Por um principio de vingança pessoal,Lula passa por cima das conveniências da diplomacia,indo à Europa e sendo recebido como o verdadeiro presidente da república.Ele já o era de fato com Dilma no Poder,agora ele pretende sê-lo de novo,fora do governo.

Quer dizer Lula se tornou uma espécie de Ayatolah,de pai da pátria turco ,além e acima da república.

Eu simplesmente detesto Bolsonnaro e o seu governo,mas é preciso ter cuidado com o enfraquecimento de um presidente em exercicio.Com um governo já fraco ,este enfraquecimento ajuda a que todas as piores tendências predominem,inclusive as de golpe.

Bolsonnaro jogou com o óbvio:considerou o aperto de mão com Macron uma provocação,afirmação que o auxilia no projeto de golpe.Como na época da ditadura e da redemocratização ,o radicalismo de Lula favorece a direita.E Lula enfraquece a cadeira de Presidente ao escolher Dilma e ao fazer isto agora.

Mas não para por aí não.Macron é a ponta de lança dos interesses do primeiro mundo sobre a Amazônia.Ao fazer isto, Lula deu força a ele e aos objetivos escusos dos mais ricos,seguindo este internacionalismo passadiço que ele deve ter lido em orelha de livro de Karl Marx,que só contempla o lado dele.

Deste jeito se amanhã Lula se eleger ,Macron e o G-8 se sentirão responsáveis ,mais até do que o processo politico interno do Brasil.O Brasil que já é tão dependente economicamente,se torna politicamente mais fraco ainda.

Do lado direito e do lado esquerdo,o Brasil no meio,o resultado é a situação mais desastrosa de nosso país.À acefalia sobrevém o personalismo.Só uma terceira via pode evitar isto aí.

Lula,da boca para fora vive falando em lei e em democracia,mas toda a hora elogia projetos ditatoriais,como o Maduro,de Evo Morales.A daquele chapelão bigodudo de Honduras.Agora Daniel Ortega.Todo nicaraguense entende o seu governo como ditatorial.Até hoje não se formou um exército nacional.Neste caso os comunistas não têm culpa porque desde a primeira eleição ,logo após a vitória da FLN,não apoiaram Ortega.

Cuba é o de sempre,nem se fala.E neste caso também os comunistas não têm culpa,porque eles não apoiaram Fidel Castro em 59.


segunda-feira, 22 de novembro de 2021

mais um trecho d e meu livro sobre demiurgia

 

O sofrimento de Cristo não é diferente do de ninguém.Uma religião que se fundamenta no sofrimento não tem o direito de se considerar,de principio,como especial,porque o sofrimento permeia a todos os homens.

Mas o que distingue esta religião para nós é o fato de ela ser a origem da comunidade universal.Por intermédio do 11 º mandamento constrói-se a regra de ouro do cristianismo e da sociedade ,perpassando as épocas até a ONU.Até aos direitos humanos.

Então haveria um ponto de intersecção entre a racionalidade do homem de vitruvio e o cristo,um tanto quanto óbvia,mas e na questão da gnosiologia,a distinção entre o conhecimento e os valores,não haveria uma integração dialética(dir-se-ia)entre o conhecimento e a axiologia?


domingo, 21 de novembro de 2021

Lula:a esquerda deve analisar o que fez de errado

 

O presidente Lula e a esquerda em torno dele estão na crista da onda.Também é fácil com este jumento no poder,que ele e a Dilma puseram no poder.Mas depois dos inumeros quiproquos causados pela esquerda,o desejo de vingança s e sobrepõe à verdade dos fatos:agora Lula é perfeito,estava certo,não foi Dilma que causou o desemprego,mas Bolsonnaro ,etc,etc.

Pessoas sensatas,como eu,com memória e sabendo que esta memória é importante para não repetir os erros do passado,não vou permitir que se construa agora uma história maravilhosa ,uma redenção do PT.

Para construir uma politica que afinal coloque o Brasil no proscênio há que ter esta coragem de lembrar os problemas do passado.

Há muito tempo eu tinha preconizado que o PT e a esquerda reconhecessem os seus erros e apontassem para uma visão mais de centro,que viabilizaria um programa capaz de superar a polarização prejudicial ao Brasil que vemos hoje. E Lula tem jogado com isto,até buscando apoio de setores tradicionais no Brasil.

Mas eu não me engano:é a continuidade do que o partido fez nos 14 anos de poder.O desenho de sempre ,que conduziu ao que vemos hoje.

E ainda mais,ouvir do ex-presidente recentemente que o PT deve fazer aquilo que deixou de fazer quando esteve no poder,traz péssimos augúrios.

O PT deve entender sim que a esquerda tem que mudar o seu pensamento e já dentro desta nova perspectiva se colocar abaixo do Brasil:só mais um mandato para Lula e depois deixar que a alternância de poder prossiga como regra.Nada de querer transformar o Brasil num México ou num regime legitimado de partido único.

Ao se jogar na cara do PT e dos seus militantes que a ideia de partido único nada tem de democrática e macaqueia o leste europeu,eles respondem que há um regime monopartidário legitimo,que é o do Mèxico.Sem falar no de Cuba.Ambos legitimos.

Mas no primeiro caso a continuidade expressa a falta de vigor politico do país que aceita a situação por osmose.E no caso de Cuba é o mesmo...

Realmente, o Presidente,como venho dizendo,esteve e está bem abaixo dos desafios históricos do Brasil.Também o PT e os militantes,ao ouvir esta diatribe,reagem afirmando que o povo brasileiro não tem interesse em projetos nacionais ,uma mudança radical e é verdade.Contudo,a nação,fato histórico,geopolitico e social exige mais do que três refeições por dia ou várias formas de assistencialismo:exige propostas para que uma pessoa tenha emprego e não precise do governo para almoçar;exige propostas para proteger o Brasil dos interesses escusos que o cercam;exige propostas para acabar de fato com a miséria e não viver ás custas dela.


sábado, 20 de novembro de 2021

Marighella II

 

Quando Marighella e Lamarca morreram a luta armada foi dizimada facilmente.Os quadros mais experientes deste grupo que intentou derrubar a ditadura pelas armas,eram estes dois.

Não quer dizer que a luta armada e a luta dos comunistas brasileiros no século passado tenha sido estritamente profissional e bem fundamentada.

Quando eu era militante não sabia que em 1903 Lênin criara uma verdadeira faculdade de revolucionáiros,na qual se ensinava desde a teoria até como fazer bombas.Em principio este seria o começo certo,mas na prática,pelo menos aqui,as coisas se desenvolveram muito improvisadamente,a partir da adesão/imposição(pela III internacional) de Prestes em 1930/35.

Razão porque erros graves cometidos suscitaram repetidas autocriticas ,que resultaram no descrédito do movimento e na sua diluição completa.

Apesar de ser um personagem extraordinário, a ser lembrado e cantado como um mito,Marighella faz parte desta debacle.Talvez ele tenha lugar como uma lembrança de quanto ainda é importante lutar para superar os imensos problemas derivados da miséria em nosso país e em nosso mundo.Ele é no Brasil,o que é Guevara para o mundo.

Mas há que separar este mito,que se sustenta pelo seu auto-sacrificio(cristão?),das circuntâncias que lhe permitiram se formar.É muito importante para o futuro das esquerdas e da luta social que não se caia no argumento simples e fácil de que s e Marighella era assim ,seu projeto estava certo.

O movimento social e o comunista em particular orginam-se do cristianismo e desde os dois primeiros séculos da era cristã este diáologo e rompimento entre as lutas do cristianismo e as lutas sociais s e fazem presentes.

Agora há um diálogo,uma simbiose emocional entre a luta social e uma figura desta luta,numa clara cópia da hagiografia cristã.

Mas o movimento social não é igual à religião.Não basta simplesmente seguir os valores e os simbolos ,mas é preciso pensar,estudar,compreender a realidade que se quer mudar.A emocionalidade vem depois,mas não deve ocupar o espaço do pensamento permanente na busca da utopia.Ainda não vi o filme,mas vou vê-lo com estes paradigmas.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Sobre o filme de Marighella

 

Não assisti ao filme sobre Marighella ainda,mas acompanho esta figura histórica desde pequeno.Lembro-me de meu pai com expressão contrariada ouvindo o irmão dele tecendo elogios ao personagem.Meu pai seguia a linha do partido, contrária à Marighella.

Até hoje,embora com divergências figadais com meu pai,que cresceram ao longo do tempo e com o Partido ,o qual deixei há muito tempo,mantenho as análises feitas por eles no passado e as aplico nos tempos atuais.

Longe de mim pensar em proibir uma obra histórica,sobre um personagem que tem legitimidade histórica,mas ,levando em conta este tempo todo de análises pessoais devo dizer que o modo como Marighella é abordado é altamente prejudicial,à história,à politica e ao Brasil,porque sacraliza o erro que ele cometeu na época,que só ajudou a prolongar no tempo algo que não era desejado nem por quem se dizia anti-comunista.

Marighella e outros ofereceram uma justificativa para a ditadura apertar os cravelhos.Sem apoio do povo,sem armas e em total divisão era impossivel ganhar a parada e a criação de uma ambiente de confrontação,ainda que irreal,permitiu aos militares emitir o AI-5 e depois justificar a operação bandeirantes,jogando ao público e na cara dos empresários a falácia do perigo comunista.

Dilma já foi uma repetição deste erro.Ela dizer pura e simplesmente que defende a democracia não obscurece o fato de que sua cabeça tem uma “estrutura” igual àquela de quando militava na Polop.

Além do mais ,não analisando todas as faces do percurso de Marighella, o que fica é o culto à personalidade,evidente em todo este propósito claro de puxar o interesse de todos para a esquerda através dele.

Puxar o interesse acriticamente,para confrontar a direita no poder.Confrontando não com argumentos,mas com a mesma vacuidade do oponente:mera exaltação de uma figura politica,assim como é feito com Lula.

Não se trata de estudar a história ,mas de se chocar com a coxa do ex-presidente.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

trecho de meu livro sobre o manifesto comunista

 

Tomei a decisão de fazer este texto que inaugura um projeto ainda maior ,quando cheguei a certas conclusões sobre o marxismo.E estas conclusões começam com a análise do Manifesto Comunista,que não é o único livro fundante do marxismo,mas o é na intersecção necessária entre a teoria e a prática.

Pelo menos ele é o mais chamativo,o que trouxe mais discussões,mais até do que O Capital,até porque é fácil de entender.

Por causa destas coisas todas escolhi o Manifesto para dar inicio a um grande projeto que inclui outras ideias em marxismo e em outros temas.


domingo, 14 de novembro de 2021

Porque o ortodoxo de esquerda não me entende

 

A questão é filosófica e tem a ver com o problema do monismo.Como sempre todo materialista é monista e entende que existe uma adequação absoluta entre a linguagem a realidade e nesse sentido ele só vê o seu lado como aquele capaz de superar os problemas que a sociedade apresenta.Outro pensamento é sempre um risco e não uma contribuição ou um acréscimo e só o é neste último caso se confirmar aquilo que já está fundamentalmente no modelo presente na cabeça dele. É aquela visão que eu já demonstrei usando a Revolução Francesa e seus descaminhos.Com a derrota da Revolução,em termos, todos os movimentos sociais procuraram o modelo que fosse capaz de superar o vazio subsequente ao terror e à reação termidoriana.

A partir desse momento todos pensaram que um modelo único, só uma causa única encontrada pelo pensamento e pela ciência pudesse dar essa resposta definitiva,mas isto tudo são ilusões.

O marxismo,como o racismo e todos estes ismos dos últimos duzentos anos não foram capazes de dizer como a sociedade funciona e mudá-la para melhor.Esta luta,esta procura,prossegue e eu,aqui , dou a minha contribuição.

No meu modo de entender o que explica a sociedade é a sociologia,não o marxismo.

Eu não estou repetindo o erro dos meus críticos aí:eu não estou dizendo que o modelo explicativo da vez é a sociologia,mas que ela se formou como ciência,indo além da condição de teoria.

E no caso especifico da filosofia,de dizer que Marx não entendia muito bem de filosofia(seguindo Edmund Wilson e outros),não estou,com isto,dizendo que deve se colocar Heidegger no lugar de Marx.Estou dizendo que isto traz consequencias para o pensamento de Marx e o inviabiliza em grande parte.Ele pode ser recolocado,em outras bases,como propôs Habermas,mas tem estragos sim.

Os meus críticos não conseguem sair disto aí:não existe dialética objetiva,do Ser,não existe.Isto põe o Capital em xeque,a verdade é esta e o marxismo,de Marx e dos seus seguidores,está em dificuldades,no minimo.

É incrivel que no Brasil ainda não se tenha esta atualização.Estas coisas,estas discussões estão ultrapassadas na Europa há décadas.Se eu conseguisse atualizar o Brasil eu já ficaria feliz,mas pelo que vejo,vai demorar.


sexta-feira, 12 de novembro de 2021

trecho de meu livro sobre freud

 

Realmente ,verifica-se nas narrativas de casos de Freud uma certa exigência de solução rápida e efetiva das doenças.Ainda há em Freud uma proximidade com “ ciência” médica(se medicina o é[me parece mais definivel como “ tecné” no conceito de Aristóteles]).

Mas como na medicina na psicanálise as soluções são extensas e temporais,nunca imediatas.José Guilherme Merquior gostava de comparar este desejo de solução,como pensamento máico,o que depunha abaixo o sonho de Freud de se tornar um Galileu.

Mas esta deposição não é total.Freud tem ilusões,mas a psicanálise adquiriu outros significados e possibilidades de utilização efetiva,se deixar de lado estes desejos e pretensões iniciais,tipicos de uma época ainda bastante cientificista.

Os aconselhamentos no cotidiano ,acompanhados por outras medidas diárias no tempo,ainda mantêem uma certa efetividade terapêutica de Freud .

É verdade que Freud é presa do senso comum,deste cotidiano não raro vulgar e vulgarizador,mas depurando e condicionando a prática há resultados.

Elizabeth Roudinesco e outros freudianos diluem totalmente a prática e o caracterizam como um “descritor da natureza humana” porque o terapeuta aparentemente perdeu lugar neste senso comum cotidiano.


quinta-feira, 11 de novembro de 2021

debate mario soares e alvaro cunhal 1

passo a mostrar no meu site o debate entre mario soares e alvaro cunhal,que serve para entender as diferenças os social-democratas e os comunistas

um trecho de meu livro sobre demiurgia

 

Como limpar os estábulos de augias da ciência?Se no passado a identificação entre ética e ciência a legitimava ,hoje não é mais possível pensar pelo que falamos acima.

Na demiurgia,quer dizer,na construção do homem não há comos separar vitruvio de cristo,todos nós sabemos,mas não há como evitar o risco s empre existente do fazer a ciência,porque este fazer pode trazer descobertas e realizações perigosas para a humanidade.

Além das minhas conclusões sobre o caráter às vezes ideológico da ciência ela constitui sempre um perigo para os homens e isto pode ser extendido ao saber em geral.

Quer dizer o conhecimento é sempre um problema para a teoria dos valores porque ele se impõe como verdade a ser seguida,contra a inocuidade do valor,como algo individual/individualista ,a sacrificar diante das necessidades coletivas,que supostamente se identificam com a verdade.

A verdade individual parece ser só da individualidade,mas como diz Cristo,o isolamento grita às vezes.


sábado, 6 de novembro de 2021

Euzinho,direitos autorais e outros assuntos

 

Quanto mais o meu trabalho cresce mais é imitado e não recebe crédito.Chato isto.Mas eu preciso falar algumas coisas sobre direitos autorais que não me são pagos por ideias e realizações e explicar mais uma vez o “euzinho”.

Uma das razões ela quais abandonei certas formas politicas de coletivismo é exatamente por diluir a individualidade.Há um marxista polonês que eu gosto muito,Adam Shaft,que trata deste problema no marxismo.

O coletivismo nada mais é do que uma abstração:o indivíduo é real.Sociedade,nação,estado tudo são abstrações.Contudo a abstração serve para extrair,desvelar os elementos concretos próprios às coisas.

Então quando se diz humanidade ,coletivo,o que se está fazendo é se referir à caracteristicas de uma espécie constituida de indivíduos concretos vivos.

Mas a abstração,ao fazer isto,nos remete,por princípio,a estas características reais das coisas.A abstração não existe objetivamente sem isso.Ao não se provar esta conexão a abstração é vazia,não tendo correspondente no real.

É como neste exemplo clássico:o leitor nunca verá por aí uma árvore de fruta ou um pé de fruta,mas verá maçã,banana etc.

O mesmo ocorre com a humanidade:nunca ninguém viu a humanidade,porque o que existe são os indivíduos.

As propostas coletivistas ,todas elas, impõem um ideal geral sobre estes indivíduos,vendendo uam ideia rousseauista de que a pessoa individual só encontra a sua realização neste coletivo.Um resquicio da concepção cristã de comunhão universal,transmudada em democracia direta ,que é a única(para ele) capaz de não distorcer ou embarreirar a vontade dos cidadãos.

Num certo aspecto esta visão tem valor enquanto reconhece a condição de cidadania a todos os indivíduos,em principio.Mas por outro lado não entrevê as diferenças entre eles.

Se de um lado a cidadania é generosa,por por a todos sob suas asas,por outro tem que ir além deste reconhecimento.

Um indivíduo não é melhor do que outro por que é proletário ou porque é mulher ou porque pertence a um país.São cidadãos.Mas evidentemente a situação deles não é a mesma,não sendo o reconhecimento da cidadania suficiente para garantir justiça e bem-estar.

A solução da direita é dizer:”É assim mesmo”.A da esquerda é impor um coletivo.Mas eu penso que a resposta é a passagem entre este coletivo e a individualidade e kantianamente falando,com a preeminência (formal e axiológica)do indivíduo ,do sujeito(muito embora a autonomia do sujeito tenha sido adquirida no processo histórico-temporal coletivo).

Este equilibrio é que busco mostrar ao me denominar “ euzinho”,manifestando um protestto contra o totalitarismo e o indiferentismo do capitalismo.

E entendo que se usam este termo,este meu modo de escrever,este bordão deveriam me dar direitos autorais:vinte reais.


quarta-feira, 3 de novembro de 2021

O novo e único internacionalismo

 

Ao longo da História sempre foram feitas propostas de internacionalismo.A bem verdade ,com o cristianismo e a sua comunidade universal o problema do internacionalismo se coloca e se mantém até hoje.È um elemento,inlcusive,da Utopia e se pode explicar a história da humanidade por este conceito universalista.

A preocupação “ internacionalista” seguiu a humanidade cristã do fim do império romano(que era uma forma de internacionalismo)até ao advento do estado nação.

No entanto,mesmo com a construção do estado nação se procurou uni-las num conceito de universalismo cristão,o qual não foi mais possível de manter:a nação ,por razões práticas e ideológicas exigiu mais e mais prioridade para si.Quando o cardeal Richelieu ,católico,esqueceu a comunidade universal para defender a França somente a nação venceu.

As razões de estado ocuparam cada vez mais lugar.No fundo a reforma protestante,de Lutero,já punha em xeque o universalismo cristão católico,mas progressivamente a nação abriu espaço no universalismo,que deixou de ser só cristão,mas humano,geral ,republicano.

Uma das mediações que opunham,no passado,a monarquia à república era o tipo de humanidade que se pretendia edificar.Com exceções,as monarquias mantinham a utopia cristã,mas com o passar do tempo e especificamente com a revolução francesa e os direitos do homem do cidadão, ganhou esta visão geral a-religiosa que nós vemos predominar hoje na ONU.

Contudo há uma dissidência nesta hegemonia republicana geral:o marxismo que ignorou a realidade nacional,opondo a ela a do internacionalismo proletário,que repete um pouco(sem admitir)a visão cristã de outrora.

Nos dias atuais a esquerda não consegue sair deste impasse,de considerar a nação como um instrumento burguês de dominação de classe.

Todos os desmentidos da história não servem para convencê-la de que a nação vai ter que ser considerada e a visão de classes de Marx superada.

E o que é pior: este não reconhecimento cria distorções que prejudicam ela própria,com contradições que já lhe causaram inúmeros estragos e que são responsáveis pelo estado em que se encontra.

A progressive internacional tece loas à onu e à democracia,mas inclui a Venezuela e Evo Morales,cujos governos reproduzem estratégias da esquerda identificada com o socialismo real.O que Maduro fez e faz no seu páis é mutatis mutandi o que Stalin fez na Ucrânia,Mao na China e Pol Pot no Cambodja:para garantir apoio de uma parte da população culpa a classe média.Dependendo da força desta última a reação contém diversos graus de violência:Stalin matou de fome a Ucrânia;Maduro matou de fome a classe média;Mao matou,torturou e prendeu artistas tradicionais e Pol Pot praticou o que vinha sendo preparado:um democidio geral,que devia ter o mesmo clamor dos genocidios étnicos ou raciais.

No Brasil nós tivemos um exemplo pálido ,mas de se considerar,por perigoso ,numa escala histórica geral: o rolezinho opôs as classes menos favorecidas à classe média e eu nunca tinha visto tanta manifestação de preconceito contra profissões de classe média como no Governo da senhora Dilma,principalmente quando ela largou de mão o problema profissional dos médicos brasileiros,para cuidar do dos médicos cubanos.

Em minha rede as médicas brasileiras foram chamadas de barbies,de se comportarem como garotas de programa,enfim,fiquei chocado.

E para reiterar(até a esquerda entender)já mostrei que a história desmentiu Marx,quando este disse:”proletário não tem pátria”.Não ficou claro que tem,na Polônia,na Hungria e em outros lugares?A China,dita comunista,não vive exaltando o seu país,acima de tudo?Nós não vimos exaltação deste tipo nos países do leste?Em Cuba?

Então não me venham repetir o que Stalin disse,seguindo Marx,que a nação é um conceito burguês.Algumas leis nacionais são feitas pela classe operária e é por aí que a luta continua.

O internacionalismo representado pela ONU inclui as nações e é ele que serve de local no qual se vai construir a utopia.

A única coisa que falta(ab initio)é construir uma cidadania universal,que não necessariamente dilui a das nações,mas que vai ser importante no futuro.

sábado, 30 de outubro de 2021

Desdobramentos de Biden e o Afeganistão

 

Algumas questões ainda ficaram para analisar da lambança de Biden.Relembrando o que eu disse:Biden fez uma inflexão à direita para esvaziá-la um pouco.Mas acabou indo com muita sede ao pote.

Ao fazer o artigo anterior sobre este tema ficou um vazio a ser preenchido por questões derivadas do fato e que eu não encaixei no artigo.

O problema do Afeganistão é o das armas e da relação dos países centrais com países do terceiro mundo.Acrescentaria a guerra-fria,mesmo que muita gente me ridicularize por insistir na sua permanência.

Mas o Afeganistão é uma prova de sua continuidade,apesar de ser um resto,um resquicio.Mas um resquicio decisivo e que não rompe com a realidade da politica.Desde que o mundo é mundo e desde o colonialismo as armas permeiam e dão suporte aos projetos hegemônicos do primeiro mundo.Que continuam.

A contradição essencial de Biden e dos democratas é que apesar de serem evidentemente à esquerda são nacionais,americanos e não têm como sair disto.

Devido ao radicalismo da direita que acabou de sair do Capitólio os processos politicos americanos se desbarataram ,mas o que ficou como influência até agora foi a visão nacional que permitiu a Trump ganhar a eleição.

Dentro de uma escala de possibilidades o peso deste “novo” nacionalismo americano pode ter impusionado Biden para uma situação inevitável, a comprometer os compromissos dos democratas com os itens programáticos universais,os direitos humanos universais.

O revérbero disto vai continuar e as noticias dos eua não são nada boas,porque na última semana Biden teve que recuar no plano de apoio financeiro à sociedade,pós -pandemia(?) para que ele possa passar.A força dos conservadores cresceu ou continuou, já manietando o novo presidente.Mau sinal.

Mas existe um outro item de programa democrata tanto ou mais grave do que este:a questão das armas,que já é dificil de passar e vai ficar ainda mais:e este item atinge a comunidade universal toda porque os Estados Unidos são os maiores produtores de armas e as armas viabilizam tudo o que está errado em termos de segurança ,que atinge também a questão social e a aprofunda nas suas condições e consequencias perversas.

A politica é como se fosse um jogo com uma atividade estratégica e em toda atividade deste tipo é no miolo,no meio-de-campo, que tudo se decide.

Então,nas minhas abordagens da politica,que,no meu entender se resumem na busca de solução para a questão social ,achar um miolo ,um meio,no qual se possa solucionar os problemas de maneira mais rápida(se possivel)é imprescindivel.

Nem sempre uma mudança rápida é boa ou possível,mas se o for,é de se fazer porque geralmente o sofrimento está presente nas questões politicas e sociais e toda a retardação é cruel.

A forma mais imediata de se solucionar o problema mundial da droga é retirar das mãos dos cartéis as armas.

Muitos pensam que a pura e simpels liberação da droga o conseguiria e eu penso que ajudaria,mas a verdade é que levaria muito tempo,enquanto que a supressão das armas poderia ser controlada e permitir uma previsão do momento no qual esta chaga moderna acabaria,procurando substituir este crime por uma proteção social de quem vive em torno da droga e sob o seu tacão.

Muitos anos atrás ,antes da Copa e das Olimpiadas,com a implementação das upas ,eu disse que na hora em que estes eventos acabassem tudo voltaria ao “normal” e este perigo há ainda.Mas as upas ficaram, esperando implementação das medidas sociais.Estas podem ser feitas ,mas a causa social que fomenta o crime do tráfico é algo que vai exigir outras medidas e portanto também será um processo mais lento.

A progressiva destruição das armas é que permitirá o guiar-se pela estrada da segurança.

Com o afeganistão “recuperado” para o terror ,as chances desta decisão ser tomada são nulas e com o recuo que haverá nos Estados Unidos chegaremos a uma paralisia.E se a direita voltar depois de Biden será o pior dos cenários.Com reflexos no Brasil.


segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Petição de Principio

 

Vira e mexe venho expressar e aprofundar os meus critérios de trabalho.Muitos criticam esta minha mania de responder.Por elas deveria deixar passar.Contudo eu digo que nestas ocasiões se me oferece uma oportunidade de mostrar o quanto tenho de conteúdo para mostrar,reforçando que não sou superficial,antes faço as coisas com conhecimento e bagagem.E com muito trabalho,crítica e autocritica.

Pela enésima vez digo que um dos desafios da minha escrita é adaptá-la à cabeça da pessoa comum,sem vulgarizar ,sem desbaratar os fundamentos e mesmo exigindo um pouco do leitor não treinado.

Acrescente-se que sou interdisciplinar e para cada assunto de que trato impõe-se um estilo,uma maneira:para os estudos do marxismo,um estilo estrutural/estruturalista;para os temas mais comuns a todos,um estilo mais popular e para a filosofia,a preocupação em ser claro,já que uma das coisas que mais me impressionam na filosofia é como ela é distorcida quando passa para o senso-comum.E como esta passagem tem eficácia na fundamentação de movimentos que,não raro,causam cataclismos na sociedade.No fundo isto prova a força da filosofia e sua atração pelo povo,mas isto deveria ocorrer não pela distorção,mas por seu rigor mesmo,o que a tornaria mais útil e progressista.

Aquilo que é variação na minha forma de escrever se explica pelos objetivos de meu trabalho,agora listados.Mas eu reconheço que eventualmente e principalmente na relação com o senso-comum,pode haver derrapagens e alguma coisa que não soa bem.

Outras que não soam bem ,no entanto,são meramente propositais.Aprendi que no discurso politico,uma das técnicas mais eficazes é a repetição.Napoleão dizia que o único método eficaz de discursar é repetir certas palavras,que se tornam meio mágicas e se fixam na mente da assistência.

Quem aplicou estes principios com maestria,aqui no Brasil,foi Lacerda,nosso maior orador:sempre que terminava uma frase a repetia .”Eu luto contra a venalidade e a corrupção” e aí:”a venalidade e a corrupção”.Em cada lugar da frase ou em cada momento do discurso,relacionando-a com certos conceitos ,a repetição acaba por ser um meio de conduzir a cabeça das pessoas.Dependendo de todo este contexto,de toda a técnica,constrói-se um mito.Na verdade,este processo de realização do discurso,é,no microcosmos,a formação do mito na história humana(macrocosmos).Abordarei este tema depois.Esta técnica é usada no senso-comum,pelos silvio santos aí:”vai para o trono ou não vai?!É ou não é?!!”(só uma observação...).

Pois bem,eu uso a repetição propositalmente para causar impacto na cabeça dos meus leitores.Uso eu constantemente para chatear a esquerda e os comunistas(nem sempre são idênticos).Uso expressões populares no lugar de expresões rigorosas para facilitar a aproximação da pessoa comum,mas não vulgarizo e sempre coloco o termo próprio no texto,é só olhar.

Erros são cometidos por todos em suas atividades profissionais(a minha é[não dou palpite não]).Mal comparando muitos críticos entrevêem problemas no estilo de Euclides da Cunha.Para eles ainda era um autor em formação que guardava contradições e dificuldades no modo de virgular,por exemplo.

Igual ataque sofreram Lima Barreto e Machado de Assis.Para José Veríssimo este último escrevia como gago(Machado era gago).Mas com ou sem nome o crítico só o é pelo criador.Sem ele o parasita morre.

Eu(olha aí...)procuro os critérios de prudência de Aristóteles para não ser totalmente erudito(só alguns textos) e nem excessivamente popular(no sentido de ruim).