sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A revolução brasileira



Até a década de 70  se esperava a vinda  da  chamada  “Revolução  Brasileira” e   Caio Prado Júnior  participou  do debate junto com outros grandes intelectuais e historiadores marxistas.Mas o ponto crucial,no  Brasil,deste debate,foi em 1972,mais  ou menos na mesma época em que ele  publicou a   sua interpretação e junto  com o movimento de luta armada  que pregava  que a sua luta era a ”revolução   brasileira”.
Depois de tantos   anos  e  tantas  discussões o meu pensamento  sobre esta matéria   remonta  a este  ano de  72 em que foi publicado  o   livro de  Leandro Konder  sobre    O Conceito de  Fascismo”,que  visava  atacar  o  pessoal   da luta  armada   e  resumia  o  pensamento   marxista  brasileiro,que,na verdade,refletia  a discussão sobre o que era  de fato  o marxismo,o qual não  era  aquele da interpretação dogmática  e cientificista  do stalinismo.
Em linhas  gerais ,podemos dizer que este livro   afirmava  que  as  condições objetivas(desenvolvimento  do capitalismo brasileiro,notadamente autárquico)e subjetivas(preparação  ideológica da classe operária),não estavam dadas e     por  isto   os militantes deviam lutar por uma  democracia burguesa,no âmbito do desenvolvimento  do capitalismo  moderno no  Brasil,para,a  partir daí , operar,no sentido do socialismo , as  mudanças  que visassem acabar com  a ditadura  e criar aquelas  condições,e num passo seguinte, fazer a  revolução.
Como sabemos agora,nada aconteceu  e os paradigmas  desta revolução não são mais pensados.Contudo,o progresso  nacional    do Brasil ainda é  necessário  para resolver  a questão social.Muito embora o PT diga que ela está acabando(a miséria e a questão social)as pessoas sensatas sabem que não,estando,inclusive,muito longe de solucionar.
Mas estes paradigmas  servem  para analisar como as nações buscam o seu desenvolvimento,acrescentando ou não a questão social.
No âmbito do marxismo    ficou  claro  que  o cerco ao capitalismo,a hegemonia  da  esquerda para fazer   a  revolução democrática não deu certo,em função  do poder  da burguesia,quanto inclusive,à capacidade  de cooptação das classe médias.
Foi    o  que   se   viu  na  época  do   compromisso  histórico,na Itália.O simples   recrudescimento   do  terror,provocado pela direita,inviabilizou  a ascensão dos comunistas  italianos.
Guardadas   as  devidas proporções  o mesmo  se viu   no Chile.
Aqueles que defenderam  a luta armada continuam a  defendendo,nos seus pequenos nichos(muito pequenos mesmo,do tamanho  de uma Kombi do América Futebol Clube ),mas ,de novo,as pessoas  sensatas,sabem que não está na ordem  do dia  uma revolução que acabe com as classes,a partir  de uma hegemonia  de uma   suposta     maioria de trabalhadores(quais?)
A  insistência nesta impossibilidade  pode fechar os   caminhos para  um  desenvolvimento   social,que  é uma via capaz de superar  sim  a pobreza e  a miséria,não com empréstimos,mas com reformas estruturais  de fato,como a universalização   da  educação.
O  padrão de desenvolvimento dos países  ao   longo  da história   indica   que  senão houver   uma homogeneidade  de interesses  nacionais,um projeto nacional desejado por todos não há  como desenvolver  uma sociedade capitalista  moderna,que,ainda que dividida em classes,termine com  as carências básicas  do ser humano.
Isto,esta homogeneidade ,não  será possível,se não  admitirmos   uma aliança,como foi dito em  72,com  a burguesia.Não  será possível,principalmente,num país  tão dependente  como o Brasil,pois  o cerco  à burguesia  brasileira,a obrigará  a fazer uma aliança com as burguesias imperialistas  do primeiro mundo ,coisa que aconteceu  com Getúlio em  45 e  em 54.
Então  a  Revolução  brasileira  não é bem revolução,mas  desenvolvimento  em torno  de um projeto nacional.

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