sexta-feira, 24 de junho de 2016

A hora e a vez do judiciário

Ontem (ou anteontem)o Juiz do Supremo Luiz Roberto Barroso listou as atuais grandes conquistas do judiciário para a sociedade brasileira:não se admite mais corrupção na política;investimento privado nas campanhas;compadrio nos partidos,enfim um monte de mudanças reais,mas esqueceu de dizer que agora e já deveria há muito,há que começar a mexer na caixa-preta do Judiciário.Aliás,o Lula começou a ser pressionado e denunciado ,quando,no final do seu primeiro governo,falou em mexer nesta “ caixa-preta”.É muito fácil   falar dos outros,mas antes de fazê-lo há que olhar para si mesmo.
A corrupção do judiciário(existe e muito);conchavo;compadrio;estes palácios que são feitos sabe-se lá com que dinheiro e que afastam o Juiz da visão do povo,que é o seu patrão.As comarcas interioranas,onde se vê de tudo.O fato conhecido de todos de que pobre já está previamente julgado,principalmente na área do crime.Enfim uma pletora de traições,que ficam escondidas nesta” cientologia jurídica” inacessível à soberania popular,da qual emana.
E mesmo o pessoal da esquerda ,que se propõe a isto,a revelar  caixa-preta,prefere o crime porque dá mais ibope ,mais repercussão eleitoral,mas o fulcro é o cível,o trabalhista,que ficam mais escondidos e por isso possuem mais condições de metástase(câncer que se propaga).

sábado, 18 de junho de 2016

Cuidar de pessoas e não de negócios(KKKKK)



O programa do Pc do B último,com a  presença inarredável de Jandhira Feghali me trouxe lembranças de uma passado distante,que continua hoje,no PT,e que,a meu ver,causou esta bagunça econômica que estamos vendo aí.
A frase-síntese(dialética?)da fala da referida política foi “ cuidar de pessoas e não de negócios”,ou seja,voltar a Dilma e tirar Temer, o governo dos negócios.
É aquilo que tenho dito sempre aqui no meu blog:o marxismo se tornou como diz Jorge Mautner,uma religião atéia.Não é a preocupação cientifica de compreender o capital,os mecanismos da sociedade,para mudá-la.É a diabolização do dinheiro(religião) em favor das relações humanas entre os explorados,cuja união resolve ,por si só,o problema social.
O estado não deve ser um investidor,um fomentador,mas um assistente(como a igreja)destes “ excluídos”,que ,recebendo esta ajuda(desinteressada...)podem sobreviver.
Não há uma palavra da vanguarda quanto ao investimento no emprego,na formação destes excluídos,que,uma vez capazes,por si só,de trabalhar,não ficariam mais sob o cabresto da vanguarda,dos heróis e magnânimos militantes,os quais,desta forma,concedem o socialismo  às massas,usando este discurso falso e anti-dialético de contraposição entre as pessoas e os meios  de subsistência  reais,entre eles o dinheiro.O dinheiro é melhor do que a relação com a vanguarda:na relação homem/homem(grundrisse de Marx)não é certo que o equilíbrio democrático vai ser obtido,mas na relação com o dinheiro,embora solitária existe uma chance de você não ser dominado(pode ir para debaixo da ponte claro[se for pouco]{como é o caso agora do governo do PT}).
Ao diabolizar as condições reais e objetivas estes marxóides criam ,no espírito parmenídico e aristotélico de sua má filosofia,uma barreira total e absoluta,essencial,para se mudar o mundo. Porque valorizam a  sua rejeição(religiosa[weber]),em vez de adotar o (real[repito])conhecimento e,porque não?uso do mundo real.
Como se constituir uma sociedade moderna próspera (capitalista)sem investimento,sem capital?O problema destes resistentes do stalinismo,é que analisam a sociedade a partir de uma que nunca se constituiu.É o modelo maluco,deliróide:comparada com uma sociedade ideal(inexistente)a sociedade atual é horrível(argumento de servant-schreiber[a tentação totalitária]).
A crise atual é derivada deste tipo de “ método”,que não é senão uma idealização,coisa que não está nos fundamentos(reais)do materialismo histórico(que nada tem a ver com religião).Para favorecer os excluídos há que esquecer os exploradores,eu e você trabalhador de classe média que vivemos de negócios e que não somos pessoas.kkkkk.


terça-feira, 14 de junho de 2016

O atentado(de novo)



O maior atentado já registrado na História aconteceu,depois de tantos outros.Fica difícil não banalizar estes atos,uma vez que se repetem demais.Não é culpa nossa Hannah Arendt!Mas para lutar contra esta(inevitável)banalização do mal,nós devemos analisá-lo e tirar as conseqüências.
Em primeiro lugar nós vivemos numa época em que as coisas acontecem e ninguém busca a profilaxia,sugerindo até uma simbiose entre a “ boa sociedade” e os crimes.É porque não pensamos mais,não buscamos as causas(cientificas) do que acontece para mudar.Parafraseando Nietszche ,com relação aos alemães ,que pararam de pensar para fazer política e viver no cotidiano,em relação à humanidade, hoje, o mesmo ocorre,numa desolação descompromissada total ,que escandaliza aqueles,que,como eu,viveram numa época passada de extrema  militância.Parece que está tudo resolvido!
Em segundo lugar  este caçador de Gays cristaliza nos seus atos e na sua personalidade uma verdade que sintetiza as causas para esta desolação.Todo o movimento radical de busca de mudança sempre caiu nesta armadilha de individualismo heróico salvacionista que procura não o coletivo ,mas a solução imediata(por falta de conhecimento da realidade),mas uma atitude direta que atende mais às necessidades pessoais próprias de quem busca compensações para carências individuais  afetivas e eróticas,do que as de cunho social.
Dentro ainda deste contexto há que ressaltar como o pensamento radical sempre desdenhou a lei,a norma,o limite,como um elemento do progresso social,como algo que supostamente o atrasaria.O atirador era filho de um ativista simpatizante do talibã e viu nesta militância uma justificativa para agir deste modo,relembrando Raskolnikov em “ Crime e Castigo de Dostoievski:se todos admiram Napoleão,mesmo tendo ele cometido crimes,porque eu não posso cometer também,com muitos mais motivos?
Em terceiro lugar o fato é que este atentado homofóbico revela uma motivação pessoal recorrente neste tipo de pessoa:o sentimento de inveja em relação à  pessoa que faz a escolha radical ,no seu elemento intimo mais próprio,que é a sexualidade.O atirador é alguém atroz,que não consegue se relacionar,que não consegue admitir as suas tendências,que não consegue usar um conhecimento para se reconstruir e por isso quer marcar o seu nome,como todo radical,com um ato deste tipo e  a vida é um valor menos importante do que “ entrar na História”.

sábado, 4 de junho de 2016

VIVA MUHAMAD ALI!



Morreu um dos meus formadores morais.Morreu um dos nomes da Utopia.Morreu um dos nomes do meu Panteão dos heróis da humanidade.
Um dos meus sonhos como intelectual é construir um pensamento que destrua a idéia tão tenazmente repetida ao longo do tempo e da História,segundo a qual “ Se Vis Pacem,Para Bellum”,” Se queres  paz,prepara a Guerra”.
Se vis pacem,Para pacem
O meu desejo era mostrar como era possível (como é)criar um discurso e uma prática que conduzissem a humanidade da relativa paz do cotidiano até a paz verdadeira.Relativa paz do cotidiano porque esta mediação oculta muitas violências,as quais devemos combater inclusive com o próprio corpo,com o boxe.A vida exige esta preparação na qual Ali era ( e é)um mestre.
Quem me chamou a  atenção para esta possibilidade foi exatamente esta  figura extraordinária,Muhamad Ali.
Ele que sabia lutar,na nobre arte,o pugilismo,e era um exemplo de luta no cotidiano,revelou-se também grande ,como tal,no plano geral da história ,e é  aí que ele me inspira ,para sempre.
Numa sociedade que glorifica a guerra,especialmente naquele momento,Ali se  recusou a matar pessoas inocentes .Ele poderia ganhar muito mais ,em termos materiais ,se associasse a sua atividade a este plano de agressão geral que muitos dizem ser geneticamente próprio da humanidade;mas não ,ele se colocou contra isto,arriscando a si mesmo,em nome de algo que é utópico e que se resume na frase acima,”Se queres  a paz,a prepare”.
A atitude de Ali pode não ser esta filosofia,esta ciência capaz de acabar com todas as guerras,mas ela é ,ad aeternitatem,uma condição imprescindível,mesmo para o homem que  ganha a vida brigando:começando ou terminado,esta nova “ ciência” da paz se mede,se fixa,com esta ação simples de recusa.
Num filme documentário da década de 80 “ Conta Comigo”,Ali é mostrado num momento sublime que cristaliza o seu pensamento ( socrático[simples]{discernidor}).Ele diz algumas frases,que para mim,têm o mesmo valor da estela de Epicuro:”Não vou matar pessoas de um povo que não está nos incomodando e que pertencem a uma raça tão explorada quanto à nossa”.
Para mim esta frase deveria ser colocada em algum lugar  do mundo considerado como representativo do que é a humanidade,talvez em algum da África,berço da espécie.Um homem brigador se negou a fazer guerra.Esta é a mediação essencial da futura(quem sabe)filosofia da paz,ciência da paz.
De cristão imposto a muçulmano livre                  
Muitos na época, e isto continua a ter relação com o assunto anterior,achavam que a conversão de Ali ao Islam era só uma jogada política.Diziam que como Ali,um atleta negro ,tinha ganho o seu primeiro titulo ,o stablishment estadunidense o obrigaria a ir à guerra para manipulá-lo e fazer a sua imagem jogar a seu favor,a favor do poder estabelecido estadunidense.Isto é parcialmente verdade,porque foi feito com figuras como Elvis Presley e Jimmy Hendrix.
Era preciso,segundo este stablishment ,mostrar a todos que eles ganhavam dinheiro,tinham sucesso por causa da sociedade americana e por isto,num momento em que esta estava supostamente ameaçada,era preciso devolver em termos de sacrifício pessoal a sua “ ajuda”.Era um pacto da “ liberdade”,às custas do camponês vietnamita.
Este tipo de raciocínio também foi muitas vezes feito em relação à Gandhi.Atribuía-se às suas atitudes religiosas de recusa e abstinência um propósito meramente político,não havendo base religiosa em sua caminhada.Mas tudo isto é falso,porque ambos comungavam de valores pacíficos que podem ser construídos no âmbito de qualquer religião,já que a religião é um produto humano.
Não há na posição de Ali qualquer forma de cinismo,mas afirmação verdadeira da sua humanidade e tal se prova pelo sacrifício que fez e pelo perigo que correu.Em outras épocas ele poderia ter enfrentado corte marcial,com grande chance de ser executado.Na segunda Guerra por exemplo.
O pensamento liberal americano admitia a recusa de participação em guerras,por motivo de fé religiosa.Os quakers nunca foram para a guerra,mas isto mudou na primeira guerra,no caso famoso do soldado York(tema de filme hollywoodiano,com Gary Cooper),em que este foi convencido a mudar a sua posição religiosa em nome da defesa,por parte dos Estados Unidos,da democracia e da civilização,que “afundava” na Europa.
Ali dialogou com as concepções liberais dos Estados Unidos.Ele não é um radical destrutivo,pois argumenta com ela ,usando os próprios fundamentos da nação que escravizou os seus antepassados,mas lhe permitiu ter dinheiro,fama e sucesso.
Ele usou dos mesmos fundamentos para a  independência dos Estados Unidos e da Índia :discordamos dos nosso dominadores ,mas não  queremos  ser seus inimigos.O que queremos é dar um exemplo axiológico transcendente,humano –universal,de que a guerra não era justa e de modo geral sempre atinge inocentes.A guerra por mais justa que seja tem a medida da sua irracionalidade nos prejuízos freqüentes que causa a pessoas inocentes,direta ou indiretamente.
Em Ali não há mediação política,mas humana e é ele e a humanidade,a utopia,que estão juntos.Da Paz para a Paz.
Um herói socrático
Com aquelas palavras supraditas ele repetiu a caminhada de Sócrates,mas num sentido ainda mais universal e melhor porque deixou uma mensagem de que não se tem o direito de matar pessoas inocentes e que o fato de ele ser um guerreiro cotidiano não autoriza a fundamentar a atividade profissional,a violência controlada,  para objetivos ilegítimos e que a recusa  vale a carreira,o sucesso,o dinheiro, a fama e a  si próprio.
MUHAMAD ALI HERÓI DE NOSSA GENTE!


Bem entendido,não só a nossa  gente  do Brasil,mas a do mundo todo da Humanidade.