Uma
das coisas terríveis da história é que quando acontecem os cataclismos eles
ficam na mente das pessoas como um
trauma o qual não deve ser tratado, mas
evitado para que não volte.
Basta
um torcedor italiano ou alemão levantar o braço para o medo do nazismo retornar
e aí ninguém faz nada,para não mexer na ferida e ela explodir.
No
Brasil acontece a mesma coisa.É óbvio que o Congresso quer ouvir as ruas e tem
a precedência da iniciativa das mudanças exigidas,mas,como eu já disse em
artigo anterior, a questão é que a atitude dos políticos e dos partidos tem que mudar senão... a população quer,no
mínimo,tirá-los.Esta é a verdade das ruas e é a minha também que estava lá como
os outros,enquanto cidadão.
Agora
porque eu ,dentro desta baliza,apóio a constituinte e um plebiscito,sou
traidor,chavista,quero o golpe.Ora ,quando na Constituinte de 88 se colocou o
plebiscito isto era tido como um extraordinário mecanismo de democracia
direta.Agora só porque o plebiscito foi usado por Chávez ele é instrumento de golpe...O medo e o trauma
criam psicoses e amnésias nas pessoas,todo mundo perde o rumo na falta de
coerência,de lógica.
É
óbvio que o povo quer dirigir a reforma política,ele tem que ser consultado.Se
a presidente,a quem eu nunca considerei estadista,mas parte de um esquemão,e em
quem não votei(por isso eu tenho autoridade para criticá-la ou apoiá-la
eventualmente),convoca um plebiscito, é golpe.Se não convocasse era omissa.Que
garantias teremos de que o Congresso vai agir de acordo com as ruas,se
modificando?Tudo me parece o viver com medo,o uso do medo,o medo de ter medo,do
Presidente Roosevelt.O que o Congresso está dizendo é que todo mundo quer
passar por cima dele porque há interesses escusos por trás da senhora Dilma.O
PMDB é contra o plebiscito.Mas quem colocou a Dilma lá?Quem é o sustentáculo?O
Congresso está usando estes medos para chantagear a sociedade e não fazer nada.
Todo
mundo sabe que eu sou parlamentarista.Se isto
tivesse acontecido num país parlamentarista,como a Itália,o presidente
convocaria novas eleições e ninguém ia dizer que era golpe.Foi o que aconteceu
na Itália.O povo foi para a rua e o governo caiu.Houve golpe?
O
Brasil é diferente da Itália porque existe uma crise geral da
representação.Buscam-se os fundamentos da política na soberania popular.Só
isso.A culpa deste medo todo são 30 anos, no mínimo, de conchavo.Quando que o
Congresso pensou em fazer isto?Se tivesse feito as ruas não teriam ficado
cheias.O que o Congresso pretende fazer com esta chantagem é usar os mesmos
métodos para cooptar quem veio das ruas,quem quer entrar na política.Cabe a
quem esteve nas manifestações recusar este tipo de cooptação e manipulação.Atenção
ruas!
Com
este presidencialismo ultrapassado a substituição de um político parece um
drama de novela das oito,que termina com morte às vezes.Mas o político é só um servidor,é
só um funcionário,só isso.Se ele não faz o que a soberania popular manda é só
colocar outro,só isso.Vamos acabar com este salvacionismo,com este medo.É a
hora.Para haver progresso político,a partir da representação é preciso
alternância de poder em todos os níveis.Simples assim.Algus políticos já deram
o que tinham que dar.Vão para casa.
Mas
não,ficam aterrorizando a população.Lula mudou mas ele continua tendo razão e não me venham dizer que
as ruas não concordam com ele que há ainda 300 picaretas no Congresso.Quem anda
na rua sabe que o povo pensa assim há muitos anos.
Se
não houver o plebiscito prevejo uma situação que frustrará o povo brasileiro,com
consequencias imprevisíveis e mais:se isto acontecer aí sim haverá perigo de
golpe,porque o povo pedirá a um salvador,provavelmente Lula, que faça as mudanças sem o Congresso.
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