quinta-feira, 4 de julho de 2013

Viver com medo



Uma das coisas terríveis da história é que quando acontecem os cataclismos eles ficam na   mente das pessoas como um trauma o qual não deve  ser tratado, mas evitado para que não volte.
Basta um torcedor italiano ou alemão levantar o braço para o medo do nazismo retornar e aí ninguém faz nada,para não mexer na ferida e ela explodir.
No Brasil acontece a mesma coisa.É óbvio que o Congresso quer ouvir as ruas e tem a precedência da iniciativa das mudanças exigidas,mas,como eu já disse em artigo anterior, a questão é que a atitude dos  políticos e dos partidos tem que  mudar senão... a população quer,no mínimo,tirá-los.Esta é a verdade das ruas e é a minha também que estava lá como os outros,enquanto cidadão.
Agora porque eu ,dentro desta baliza,apóio a constituinte e um plebiscito,sou traidor,chavista,quero o golpe.Ora ,quando na Constituinte de 88 se colocou o plebiscito isto era tido como um extraordinário mecanismo de democracia direta.Agora só porque o plebiscito foi usado por Chávez  ele é instrumento de golpe...O medo e o trauma criam psicoses e amnésias nas pessoas,todo mundo perde o rumo na falta de coerência,de lógica.
É óbvio que o povo quer dirigir a reforma política,ele tem que ser consultado.Se a presidente,a quem eu nunca considerei estadista,mas parte de um esquemão,e em quem não votei(por isso eu tenho autoridade para criticá-la ou apoiá-la eventualmente),convoca um plebiscito, é golpe.Se não convocasse era omissa.Que garantias teremos de que o Congresso vai agir de acordo com as ruas,se modificando?Tudo me parece o viver com medo,o uso do medo,o medo de ter medo,do Presidente Roosevelt.O que o Congresso está dizendo é que todo mundo quer passar por cima dele porque há interesses escusos por trás da senhora Dilma.O PMDB é contra o plebiscito.Mas quem colocou a Dilma lá?Quem é o sustentáculo?O Congresso está usando estes medos para chantagear a sociedade e não fazer nada.
Todo mundo sabe que eu sou parlamentarista.Se isto  tivesse acontecido num país parlamentarista,como a Itália,o presidente convocaria novas eleições e ninguém ia dizer que era golpe.Foi o que aconteceu na Itália.O povo foi para a rua e o governo caiu.Houve golpe?
O Brasil é diferente da Itália porque existe uma crise geral da representação.Buscam-se os fundamentos da política na soberania popular.Só isso.A culpa deste medo todo são 30 anos, no mínimo, de conchavo.Quando que o Congresso pensou em fazer isto?Se tivesse feito as ruas não teriam ficado cheias.O que o Congresso pretende fazer com esta chantagem é usar os mesmos métodos para cooptar quem veio das ruas,quem quer entrar na política.Cabe a quem esteve nas manifestações recusar este tipo de cooptação e manipulação.Atenção ruas!
Com este presidencialismo ultrapassado a substituição de um político parece um drama de novela das oito,que termina com morte às vezes.Mas o político é só um servidor,é só um funcionário,só isso.Se ele não faz o que a soberania popular manda é só colocar outro,só isso.Vamos acabar com este salvacionismo,com este medo.É a hora.Para haver progresso político,a partir da representação é preciso alternância de poder em todos os níveis.Simples assim.Algus políticos já deram o que tinham que dar.Vão para casa.
Mas não,ficam aterrorizando a população.Lula mudou mas ele  continua tendo razão e não me venham dizer que as ruas não concordam com ele que há ainda 300 picaretas no Congresso.Quem anda na rua sabe que o povo pensa assim há muitos anos.
Se não houver o plebiscito prevejo uma situação que frustrará o povo brasileiro,com consequencias imprevisíveis e mais:se isto acontecer aí sim haverá perigo de golpe,porque o povo pedirá a um salvador,provavelmente Lula,  que faça as mudanças sem o Congresso.


Nenhum comentário:

Postar um comentário