segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A Democracia é altamente revolucionária

Quando a esquerda mundial compreendeu que a democracia podia ser um meio para fazer também as mudanças revolucionárias que ela preconizava,a atitude desta foi mudando paulatinamente,mas a verdade é que no inicio esta concepção consagrava uma idéia  de que a democracia(como o direito)era um instrumento para se atingir os objetivos da revolução.Com o tempo esta perspectiva mudou e quanto mais se trabalhou com a democracia,quero dizer,os círculos ditos revolucionários,mais e mais se perdeu a perspectiva de virar a mesa num determinado momento ,em que o inimigo piscava.Quanto mais se trabalha com a democracia,quanto mais se evolui no processo político de mudança, mais fica difícil perder tudo num ato de vontade tresloucado,que é no que se transformou o princípio da revolução.
As recentes manifestações no Brasil,deram a muita gente a impressão de que estávamos na mesma situação dos bolcheviques entre fevereiro e outubro de 1917,com o povo na rua enfrentando a polícia.Parecia que a hegemonia estava sendo conquistada ou perdida ali,quando se quebrava as agências bancárias.
Ledo engano.Numa sociedade complexa como a nossa,diriamos com gramsci,ocidental,o poder não está nas ruas ou num lugar específico,mas em outros,em muitos,nos agentes da sociedade civil,nas estruturas ideológicas de legitimação,os famosos aprelhos ideológicos do Estado,nos espaços de poder cotidianos ,que devem também ser conquistados daqui por diante.
É preciso informar a muitos que quem criou o termo social-democracia foi Marx ,no século XIX,para designar um partido,que ,durante anos deveria preparar a revolução na Alemanha,ganhando as massas,lhes dando formação  e entendimento do que deveria ser uma revolução.
Marx nunca abandonou esta idéia de " virar a mesa" que Lênin ampliou naquele livro que citamos em outro artigo,mas ,contra ele,que não é um guru intocável,a realidade demonstrou que,apesar de não ser mais necessário e bom " virar a mesa",as conquistas e avanços da luta não se perdem,principalmente quando bem fundamentadas,bem estruturadas e respeitando a democracia(e o direito).A credibilidade daquele que quer,de fato ,abnegadamente,o progresso,não se destrói quando o revolucionário não muda de atitude por conveniências políticas,mas quando vê mais à frente os benefícios das contribuições bem discutidas,levando mais e mais pessoas a fazer parte do processo geral de mudança.
Mas não se pode ,ao final,jogar fora este campo democrático que ajudou a mudar a sociedade,porque a democracia não é uma mediação oportunista,passageira ,ela é ,também,parte do processo de mudança,ela faz parte,como possibilidade  cada vez maior  de  participação,da revolução,da mudança.
A democracia não é o pior dos regimes,tirando todos os outros,como dizia Churchill,ela é o único regime que se une ao desejo existencial de todos de participação plena,é a única que põe uma possibilidade sempre presente de crescimento,coisa que os outros regimes não oferecem.A democracia é fim e meio,como o homem.
A perda do objetivo deixou muita gente órfã da liberação,do triunfo,daquele momento supremo,que superará todas as angústias,mas ficou,em compensação ,a ideía,de que a democracia começa sempre,está sempre no agora,é sempre a atualidade,nasceu há 40 minutos antes do nada,como o fla-flu.E está em todos os lugares,neste momento em que eu escrevo e em que vc lê.


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