quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Entrevista com o professor Nelson Domingos

Amigos  hoje  um  dia  muito  feliz  para   mim  porque   vou colocar  uma  entrevista  do  professor  Nelson Domingos  Antonio,  de Angola,ele  que foi  há  muitos   anos,meu aluno  na  univercidade  e hoje é um líder naquele país extraordinário.Vai  aí abaixo um resumo das  inúmeras qualificações  deste professor  e  asua entrevista  concedida a mim.


pergunta  1:

Como  está  o desenvolvimento  da  educação em Angola,tanto  no ensino básico,como  no universitário?
O ensino em Angola apresenta um conjunto de dificuldades em razão de uma série de fatores relacionados à exclusão imposta pelo regime colonial português (1482-1975) e à guerra fratricida que destruiu o país por 27 anos (1975-2002). Fruto deste processo, Angola  carece de professores qualificados e de infraestruturas adequadas necessárias à formação qualitativa e quantitativa de quadros.

Em relação às infraestruturas, encontram-se ainda em Angola crianças que estudam debaixo de árvores, bem como salas de aulas com mais de 50 crianças. A despeito de o Governo ter construído inúmeras escolas, a demanda continua a ser maior que a oferta. Existem, outrossim, inúmeras denúncias que apontam para a necessidade de desembolsar cerca de trezentos dólares americanos (USD 300,00) para assegurar o ingresso da criança em uma escola pública.

Para suprir a demanda de professores no ensino de base o Governo adotou a monodocência, em que um professor leciona mais de cinco disciplinas. Isto, por um lado, tem possibilitado  o acesso de um número maior de crianças à escola. Porém, tem tornado deficiente a formação dos estudantes em razão da incapacidade de um único docente dominar mais de cinco disciplinas diferentes.

Tais deficiências são repercutidas no ensino superior, em que grande parte dos estudantes são desprovidos da capacidade de leitura e interpretação de textos, bem como de produção científica característica da academia.

No ensino superior as infratestururas das universidades são aceitáveis, particularmente das privadas. Quanto ao quadro docente, em razão da escassez de profissionais, as universidades têm recorrido à professores Mestres e Doutores cubanos, portugueses, brasileiros e de outras nacionalidades para ajudar a suprir a demanda.


pergunta  2:Vc  ministra  aulas de ciência  política não  é?quais   os desafios  desta  sua atividade  no âmbito  do  progresso político  de Angola?
Sim, ministro aulas de Ciência Política. A atividade da docência e pesquisa exige um conjunto de fatores que ainda não dispomos efetivamente, tais como condições de trabalho e salariais dignas; livre acesso às fontes; liberdade expressão e publicação etc., que constituem o nosso grande desafio, assim como a melhora da qualidade de ensino desde a base. A despeito de tais dificuldades, estamos tentando criar a Associação Angolana de Ciência Política, a fim de conseguir realizar e difundir a Ciência Política.

pergunta   3:o  que vc  pode  falar  sobre  antureza  da  constituição  de Angola?
A Constituição angolana aprovada em 2010 é a terceira Constituição vigente no país. A primeira foi promulgada em 1975 após a indpendência,  na vigência do monopartidarismo, cuko carácter era manifestamente de orientação marxista-leninista. A segunda Constituição foi aprovada em 1992, com a abertura para a democracia multipartidária, ocasião em que os cidadãos elegeram pela primeira vez os Deputados a Assembleia Nacional. Os cidadãos voltaram a escolher os seus representantes apenas em 2008. Estes últimos foram os responsáveis pela aprovação em 2010 da vigente Lei Maior.

A Carta Magna angolana assegura um conjunto de direitos e liberdades civis e políticas à semelhança das Constituições promulgadas após a Segunda Guerra Mundial. Em relação ao desenho institucional, os partidos da oposição recusaram-se a aprovar a Constituição, tendo-se, inclusive, retirado-se do plenário. No entanto, como o partido que sustenta o Governo dispunha de mais de 80% de deputados na Assembleia Nacional, a Lei Maior foi aprovada sem grande resistência. A oposição para sua aprovação deveu-se, por oum lado, aos poderes excessivos outorgados ao Presidente da República, que figura como titular do Executivo, tendo os ministros como meros auxiliares. Por outro lado, a forma de eleição presidencial, em que o Presidente é eleito em uma lista de deputados mais votada, sendo o número um da lista eleito Presidente e o número dois o seu Vice, o que tem gerado as mais severas críticas, uma vez que com um único voto o cidadão elege o Presidente da República e os Deputados a Assembleia Nacional.    


pergunta  4:E  as perpectivas  constitucionais  para  Angola e  a África?o  que é  mais urgente  que as  consituições  africanas  consagrem  hoje nos seus  textos?

Em Angola e em grande parte dos Estados africanos, a Constituição assegura direitos e liberdades fundamentais à semelhança das constituições adotadas pelos países ocidentais. Entretanto, as práticas dos governantes têm sido diversas daquilo preceituado na Lei Maior. Do lado dos cidadãos, um conjunto de factores como o medo de represália, baixa escolaridade e outros, contribuem para a não observância da Constituição. Por estas razões, um dos aspectos fundamentais reside na urgência de estabelecer limitações de poderes dos governantes, sobretudo dos presidentes da república e efectivos mecanismos de prestação de contas e responsabilização dos mesmos.

Um comentário:

  1. Querido professor Ernesto, fico-lhe grato pela entrevista, sobretudo, por teres sido uma fonte de inspiração durante a minha formação. Um grande abraço. Nelson.

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