terça-feira, 9 de junho de 2015

A questão nacional V



Se  o  Brasil,como  conseqüência   do  seu  passado  não  tem  um  sociedade  civil  organizada para  realizar  a  interlocução  democrática, é  preciso um  centro  do  qual  se  possa  irradiar  a  construção desta  mediação  das  mediações.O  estado  é  um  perigo,ele    pode  ser  um  fomentador  econômico e  de ajuda  social  dos  cidadãos,mas  para  esta  construção    os 
partidos  efetivamente  representativos  podem  ocupar  este espaço.Certamente  muita  gente  vai dizer  que   juntar  a  sociedade  civil com  os  partidos é  um  passo para  juntá-lo com  o  estado  ,revivendo  totalitarismos.
Em  primeiro  lugar  não há  como  evitar  riscos  deste  tipo uma  vez  que nós  não  temos,como  disse,uma  sociedade  civil.Isto  quer  dizer  que  o  processo  pode  desandar e  causar  formas  autoritárias  de  resolução  de  crises.
Os  de  baixo  não  estão  organizados,numa  versão  esmaecida  da  "  via  prussiana",como é,mutatis  mutandi,  o  nosso  capitalismo autárquico.
Em  segundo  lugar,como  disse  no  artigo  anterior,o  momento  melhor  de  nossa democracia  foi  quando  a  constituição de  46 consagrou   a  representação  política real  dos  trabalhadores,de  classe  média e  operários(trabalhadores  da  indústria).
A representação  real  da  política   garante  minimamente  estes  fundamentos  para  tentar
evitar o  risco  que  toda  via  prussiana  contém.
" Via  prussiana” ,como  todos sabemos  se  refere  àqueles  processos  de  formação  nacional  a  partir  do  estado,quando  o  estado  mediatiza  a  sociedade  civil,se  intromete  nela  para  constituí-la  e  mantê-la.
Num  país  de  capitalismo  autárquico  como  o nosso é natural  ter  este  medo.Contudo,sem  uma  sociedade  civil clássica não existe  outra  alternativa senão  correr  este    risco.Mas  existe  outro.
Voltar  atrás  na  história,é  um  risco  por  não  considerar  esta  atitude como  causadora  de  efeitos deletérios,os  quais  se  não  considerarmos  podem atrapalhar o  processo.Quero  dizer,  ficar  tentando  revirar a  memória,sem  considerar  as  exigências do  presente,é  um  problema ,que  ocorre  hoje  no  Brasil. Política  é  futuro.
Se  considerarmos  o  uso político que  se  faz  hoje  no  Brasil  deste  entulho  da  ditadura(o  problema  das  reparações,medidas  provisórias)  pode  ter  novas ,más,  conseqüências.
O  retorno  a balizas  históricas,no  entanto,é  importante.Para  mim  ,temos  que  fazer  uma  ligação  com  aquele  momento,a  que já  me referi , em  que  o  mundo do trabalho  estava  unido,o  período do Governo JK(evidente ,com atualização  necessária  e  com ,sempre,uma  perspectiva  crítica).
Barbosa  lima  sobrinho
Em  seu  livro  sobre  o  Japão(“ O Capital se  faz  em  casa”) este  autor  afirma  que  o  estado  japonês conduziu  todo  o  processo  de  crescimento  econômico  industrial,em  30  anos,sem  cataclismos,mas   é  preciso ver  que,embora  sem uma  sociedade civil  burguesa   clássica,tinha  uma  homogeneidade  social própria  de um  país milenar,mesmo  que  feudal,no  que  é  comum  aos países asiáticos.
De  modo  geral,a  relação  entre  democracia  e  homogeneidade  começa  na  citada representação  política efetiva,  de  partidos  efetivos,  e  eles  são  o fiel  da balança  entre  a  uniformização e  o pensamento  distinto,característica  essencial  do  processo  democrático.
To  be  continued.

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