Um dos
problemas a que eu já aludi aqui
nestes artigos sobre nós vivermos ainda na guerra –fria é a
questão das forças armadas.Toda esta discussão da Comissão da Verdade é
acompanhada também por transformações no plano da administração das Força
Armadas e isto me preocupa na medida em que,subliminarmente possa estar havendo
um revanchismo por parte da esquerda,justificado pela necessidade de mudar a cabeça dos militares de
modo a que não venham a fazer o que fizeram
de 64 a 85.
Os curriculuns parece que melhoraram,inclusive
com a inclusão de disciplinas sociais.Para mim o que sobrou de ensino de excelência no Brasil são os cursos do seminário e das
forças armadas,mas estas eram mais afeitas ao ensino técnico de qualidade.Agora parece que o ensino técnico
está junto com o ensino de ciências
humanas.Isto me parece muito bom.
O que não é
muito bom,para mim,é criar as condições
para que só a classe média ascenda a
este ensino.Isto me parece uma contradição e uma forma de elitismo vermelho,quando na verdade,as
violências cometidas pelas forças armadas o foram por critérios semelhantes a estes usados agora supostamente.Tirando o
exército,que sempre admitiu
pobres,mulatos e negros ,as outras duas armas sempre se orgulharam de sua matriz
“aristocrática’,identificada sim com uma elite branca,cuja característica é a renitência
até hoje em mudar este quadro.Vide a
situação de João Cândido.
Eu fico
preocupado porque a matriz do pensamento
de esquerda é internacionalista e as
forças armadas têm um significado nacional.Não sei porque o Brasil precisa comprar tantas armas.Isto me cheira a uma
perversão deste princípio de internacionalismo,muito comum na esquerda,que acredita nos trabalhadores todos irmanados,por sua condição mesma de explorados.Mas se nós
observarmos na História,nos livros de Hobsbawn ,por exemplo,nós vemos,que os
trabalhadores sempre foram cooptados
por seus governos,inclusive quando estes
exploraram países como o nosso,no tempo do neocolonialismo,pois as exigências nacionais se sobrepuseram ao internacionalismo.
Esta visão idealizada
e abstrata da esquerda,de humanismo
socialista,que procura ajudar a um outro país como Cuba,me parece prejudicar um
pouco o Brasil;me parece que as
esquerdas brasileiras não gostam de tratar da questão nacional e diante do problema das reparações isto fica
pior,mas o Brasil precisa olhar para si mesmo.Se nós somos internacionalistas
os outros países devem sê-lo em relação a nós.
Ainda me
lembro de Brizola,no fim da
vida,alertando para o perigo de tantos estrangeiros na Amazônia.Esta “
ingenuidade” da esquerda me parece perigosa.
Todas as
classes devem entrar no serviço militar ,para reforçar o caráter nacional das
forças armadas,que nenhum problema passado deve destruir,sob o perigo de o
Brasil ficar desprotegido.
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