Amigos,acessem o meu scribd aqui do lado porque eu hoje coloquei um artigo sobre o Rei Lear de Shakespeare.Aproveitem a leitura.
sexta-feira, 29 de abril de 2016
domingo, 24 de abril de 2016
Rogério e Angélica
Este quadro do pintor francês Ingres expressa um das tantas
versões do mito grego de Perseu e Andrômeda ,mas num sentido mais ocidental
cristão,pois se trata de uma lenda medieval.O herói Rogério mata o dragão que ameaçava “ ficar” com Angélica.
Mas ao olharmos o rosto de Angélica :
Observaremos
que as coisas não estão nos conformes.Não é um herói em busca de sua amada
eterna,mas uma invenção possível do amor entre um homem e uma mulher.Nós o percebemos
pelo fato de que não é possível manter duas mãos presas assim.Ela poderia sair
correndo se quisesse.Mas talvez não tenha alternativa.
Quer dizer
que ela está realmente à espera do seu amado,do seu herói?Olhando a expressão
do rosto tudo indica que ela aceita esta encenação com uma certa dose de
contrariedade.Muitas possibilidades de interpretação se apresentam.
Nestes olhos
parece estar dito:
” este cara é
bom mesmo?”
O “herói”,
Rogério, cumpre sua tarefa muito zelosamente,acreditando ser esta uma prova de
que tem o direito de ganhar a sua
amada,ou seja,uma prova de que,por isso,ela o amará para sempre.
E de outro
lado Angélica não tem outro caminho senão utilizar este esquema machista típico
representado nesta pintura.É uma derivação do esquema montado pela aristocracia
e pelos poderes terrenos na idade média,junto com a religião,que cria toda esta
idealização.
Não há nesta
narrativa nada errado ou falho.Parece que há adequação entre o desejo e a realidade.Removido o dragão, o resto é “
felizes para sempre”,inclusive e principalmente no sentido político,pois o
poder do homem está sacramentado e a mulher,uma vez feita a prova, deve aceitar
o seu “ dono” daqui por diante.
O terrível em
toda esta idealização que está na cabeça média de todos os amantes ,pelo menos no
ocidente cristão e latino,é que a mulher introjeta e aceita muitas vezes este
esquema de poder e o usa,naquilo que se convencionou chamar de “ complexo de cinderella”,a manipulação de
dois pretendentes em torno da mulher.
Claro que o
complexo é uma interpretação defensiva da mulher,porque ela associa um outro participante,além do
dragão,mas dentro dos critérios do amor verdadeiro esta atitude já demonstra a aceitação
por parte da mulher dos discurso masculinos que a oprimem e reproduz os efeitos
que esta opressão causa milenarmente no gênero feminino:passividade(que gera um
infantilismo e uma egocentria
infantil[vários homens em volta]),falta de coragem para lutar pelo amor verdadeiro
e o referido caráter manipulatório,que faz da mulher um ser esvaziado de afeição,mas cheia de poder(
e de ressentimento[tristeza por não chegar ao amor verdadeiro]).
O quadro
acima,na intenção de Ingres já revela a problemática que existe por trás de
toda idealização:o sistema de poder e neste caso associado ao controle do sexo
e do Amor,que se tornam menos importantes do que direitos de propriedade,herança
e assim por diante.
Voltarei ao
tema.
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