quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Esquerda e moradia II



Dentro dos “festejos” da Revolução Russa é preciso citar que um dos elementos de legitimação do poder bolchevique que foi,como eu disse no artigo anterior, a desapropriação  de moradias,luxuosas,para dá-las aos pobres.
Isto se vê naquele filme  “ Doutor Jivago” e o teórico do teatro Stanislavski(que admirava Stálin)teve problemas com isso,pois sua casa familiar serviu a este escopo bolchevique.
Eu trago novamente esta questão porque ela é o microcosmo do problema macrocósmico do socialismo e do capitalismo.
Neste último caso ,todas as crises do capitalismo,inclusive a de 1929,surgem e se reproduzem na perda da moradia.Em 29 o Hyde Park ficou repleto de casas móveis,casas de acampamento,porque a maioria perdeu as suas casas.O Hyde Park era chamado de “ Hoover ville”’ em “ homenagem” ao então Presidente dos Estados Unidos Herbert Hoover.
Nas regiões agrícolas dos Estados Unidos  ficou famoso o fato das fazendas terem sido adjudicadas pelos bancos,no que é base do romance e do filme “ Vinhas da Ira”.
E quando o presidente Roosevelt assumiu o poder lançou uma campanha para a valorização da casa,que ficou cristalizada na estória dos três porquinhos.” Quem tem medo do lobo mau?”
O mesmo problema  se vê na crise do subprime em 2008,que está na raiz do “ ressurgimento” do marxismo e do interesse pela Revolução Russa.Cinqüenta milhões de pessoas foram para a rua e muitas ainda continuam lá.
Inicialmente entregar moradias de pessoas ricas  para as pobres representa uma forma política conhecida de ganhar a adesão das massas culpabilizando as primeiras por tudo o que acontece de ruim.Os nazistas roubaram moradias judaicas a partir deste princípio,que passa por cima do direito e da verdade de que a propriedade é fruto do esforço das pessoas,principalmente as de classe média.è possível questionar as aquisições das classes altas,mas o mesmo não vale para as classes médias.
Depois nós podemos extrair do problema da moradia o conceito segundo o qual a questão da miséria é solucionável abordando-o como uma questão em si mesma,não necessariamente liga ao modo-de-produção capitalista,mas às realidades próprias,históricas inclusive,da cada país.Isto permitiria diminuir o impacto real(político) do problema e apresentaria condições de solução mais rápidas.
E dentro deste conceito e associado ao controle populacional,é admissível que a riqueza seja distribuída por todos os extratos da população,em qualquer lugar,a partir da moradia.Com bons empregos consegue-se boas casas,as quais são um patrimônio que pode ser sempre acrescido de valor.

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