segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Atenção:elegemos lula não o centrão

 
Agora decorridas duas semanas da eleição de Lula podemos fazer uma primeira análise de conjuntura ,a primeira do terceiro governo Lula,ainda mais que houve um salto de qualidade,decisivo,nesta última semana.
Lula jogou contra o centrão e contra os seus apoiadores liberais ao falar sobre a “estabilidade fiscal”.E ele o fez muito acertadamente: não tem como governar como um conservador,que só se preocupa com despesa e receita.
Como disse Mantega, se Lula não interagir com os anseios das populações mais pobres o governo vai por água abaixo e ele ,Lula,desparece de vez.
E não é como afirmou Meirelles que Lula Dilmou.Lula e Dilma são coisas diferentes:o que os separa não é a questão dos investimentos sociais,não é a sua rebeldia contra o orçamento,mas o grau de radicalismo.Lula é mais nacional realmente,enquanto que Dilma é mais “ internacionalista”.
Mas em toda esta crise o que se depreende são fatos importantíssimos para os próximos quatro anos.Era óbvio que os apoiadores liberais e conservadores iriam fazer uma pressão para “controlar” o Presidente.E esta pressão não vai parar nunca ,a não ser que o governo Lula dê tão certo que não adiante,mas a tendência é esta pressão.A fala de Meirelles indica uma justificativa para esta pressão(ou despeito do próprio que perdeu espaço com o conceito social de Lula,a fundamentar o seu governo).
Contudo o povo brasileiro votou em Lula,não no centrão.O que há no Brasil é um presidencialismo.Muitas das tentativas frustradas de mudar o sistema de governo (para o parlamentarismo por exemplo,acabam( e isto é intencional naturalmente)por ficar reféns de interesses politicos e para desgastar a figura do presidente da república,que aqui no Brasil é o responsável pelo governo e não pode ser diminuido segundo interesses mesquinhos e imediatistas.
O falecido Tancredo Neves discerniu; “Presidente formula,ministro executa”.
Evidente que esta regra tem variações:o Presidente ouve propostas de ministros e de outras pessoas,mas no final é ele quem discerne,conceitua e define os critérios finais que dão direção ao governo.
O problema mais grave associado a isto tudo é que se o centrão se sobrepõe ao governo ,facilita as coisas para a direita que já detém a maioria.
Nos Estados Unidos a expectativa era de que a direita,que Trump, continuassem fortes,mas as eleições intermediárias dando a vitória aos democratas está no caminho da sua diluição.
Biden fez uma inflexão à direita para tomar o eleitorado de Trump e dos republicanos.Exagerou como eu disse,no caso do Afeganistão,mas parece que sua estratégia está resultando.
Aqui as coisas estão perigando:talvez o centrão esteja ameaçando Lula com esta história de “dilmou”,mas o mais terrivel é que ele quer se preservar intacto ,o que oferece oportunidade em futuro próximo da direita se colar com o centrão.
Muita gente vai rir desta minha observação dizendo que o centrão é o bolsonarismo,mas não é bem assim não.
No centrão predominam conservadores,liberais e fisiológicos.A ultra-direita é pequena(ainda) e o caminho para a sua diluição é extamente torná-la de pequena para inexistente.Tal só se conseguirá com o equilibrio entre a visão social de Lula e as “necessidades”(quais?)do centrão,mas há a preeminência do Presidente que carrega em si a responsabilidade do programa,então o centrão vem depois de Lula,conforme a decisão do povo.

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