sábado, 1 de dezembro de 2018

Quem primeiro pediu comissão da verdade para crimes comunistas fui eu


Aqui no Brasil,fui eu.As comissões da verdade no Brasil não foram instituídas senão para reparar crimes,mas por trás dos crimes existe toda uma ambiência ideológica justificadora dos desatinos,a ser prescrutada .E aí não só  os problemas das perversões da ditadura são importantes de analisar ,mas igualmente os do outro lado.
Como comunista na juventude(nunca vou esconder)eu fui muito prejudicado pelos erros e crimes do comunismo.Quando Lênin,na fundação da III Internacional, mandou que os partidos  socialistas se denominassem comunistas e propagassem a “ palavra”,deveria entender,bem como os seus seguidores na Rússia e na URSS,que o que eles fizessem na matriz,na “ meca” do socialismo, repercutiria bem ou mal nos outros lugares,conforme a natureza boa ou ruim dos seus atos.
Como militante ,foi sempre difícil para mim explicar os crimes do Stálin.Mas pelo menos houve a auto-crítica do XX Congresso.Só que esta auto-crítica foi por água  abaixo com a Invasão da Tchecoeslováquia.Certo.Cada país tem o seu caminho e a sua responsabilidade,mas ainda se conecta com a URSS.Então a invasão do Afeganistão ,o problema da Polônia em 81, reverberaram negativamente na atividade dos comunistas brasileiros.
O caminho para chegar a uma ruptura com o comunismo eu explicarei em outro artigo.Mas basta simplesmente ter um senso de justiça normal para entender,depois destes descaminhos reiterados do movimento,  que os crimes de qualquer ditadura  de direita não podem servir de biombo para os de esquerda.
Não há porque aqui no Brasil não discutir esta ambiência justificadora dos crimes,ou seja,manter-se só no direito,porque inevitavelmente os problemas culturais,ideológicos,históricos e políticos próprios de seu desencadeamento(dos crimes)surgem.E se esta ambiência aparece, a que fundamenta as ações da esquerda precisam ser esclarecida também.E eu  como militante e pessoa de bem entendo que é obrigatório obter respostas para dúvidas minhas:João Amazonas,quais os seus objetivos ao realizar a Guerrilha do Araguaia? Porque ele não foi atingido? E o massacre da Lapa? Qual o seu papel? E a questão dos infiltrados? E dos traidores ? Porque isto não é abordado?
Vou tratar disto tudo em outro artigo,mas por agora o que eu quero dizer é que a verdade dve ser exposta toda,para cauterizar as feridas e fui eu o primeiro a ,como pessoa de esquerda,ex-comunista,a expor este problema,a expor esta necessidade,nos meus artigos.
Existe um movimento de reparação entre os judeus da Alemanha.Entre os filhos de nazistas na Alemanha.Na Rússia,a Pocuradoria geral .Mas deve ser feito na Armênia,na Sérvia,em qualquer lugar.Tem um filósofo aí auto-arrogado  na internet que lê os meus artigos e diz que foi ele que pensou no que eu disse antes,mas na verdade,pessoa de esquerda,que continua com tal,somente eu tomei a decisão de defender a condenação de criminosos comunistas,como Stalin e Mao-Tse-Tung(entre outros).
E eu vou propor outra idéia.Se alguém aí ler este e quiser encampar esta minha idéia eu aceito conversar.
Na verdade esta idéia não é minha ,é de Arthur Koestler.Em um artigo muito antigo sobre o Poderoso Chefão III eu fixei um comentário sobre a sequencia que mais me impressionou no filme:conversando com um personagem que encarnava o futuro Papa João Paulo I,Michael(Al pacino)o vê tirar um pedrinha de um lago e quebrá-la ao meio.Albino Luciani mostra o conteúdo interior da pedra e diz ao padrinho
que aquela secura era igual ao dos corações dos líderes europeus.” O sofrimento de Cristo não entrou no coração deles” .Se eu estivesse lá eu diria que isto é a regra da humanidade e que uma das possíveis soluções para partir este muro de gelo  é encampar a idéia do referido Koestler de espalhar pequenos cineminhas gratuitos,ou melhor,cineramas de parque com cenas de tortura,de diversos lugares,dos campos de extermínio,dos gulags,dos japoneses na China.A pessoa ,se tivesse consciência,quisesse tê-la,entraria para assistir e isto certamente a modificaria e a mobilizaria  e muitas outras.Fica dada a dica.

Se falo em Karl Marx,sou comunista


Pequeno tratado da burrice na internet

O fato de eu falar em Karl Marx me torna comunista? Eu queria que estes idiotas da internet me respondessem isto,porque é duro você se esforçar para explicar os fundamentos da sua ação,das suas convicções e as pessoas embaralham tudo por idéias pré-concebidas,falat de cultura,de conhecimento.
As pessoas,principalmente no Brasil,falam de coisas supostamente já estabelecidas como ciência,como verdade.O indefectível Karl Marx é o exemplo maior disto aí.Ninguém passou da orelha de livro de Marx,muito menos de “ O Capital” e fala sobre isto aí como se não houvesse nenhum nexo entre teoria e prática,coisa que é colocada desde sempre.
O ativismo é separado abstrusamente  do fundamento intelectual ,que não é buscado nem lido.Então a atividade política é mera tomada do poder de estado para implementação de algo que a maioria não sabe.Mas no final,na prática(sem fundamento)é só a imposição de um modelo(sobre os outros) supostamente adequado para a sociedade.Como ele não encaixa de fato,a ideologia como consciência falsa ,predomina em forma de propaganda cínica de êxitos duvidosos.
O fundamento do ativismo comunista e de esquerda,pressupõe certos limites a serem respeitados,como decorrência dos textos,das propostas.Falar em massa para quem é gramsciano é um absurdo;estabelecer uma exigência de escolaridade para a leitura do “Capital”,também,na medida em que ele foi escrito  para a classe operária.Eu me lembro de ter esta atitude de leitura do “Capital” no Instituto Astrojildo Pereira nos anos 80 do século passado(evidentemente)e um jumento teve quase um ataque;pessoa de esquerda vive em função da emancipação do povo explorado ,então não pode desviar dinheiro.
Mas na internet a coisa se complica porque se amplifica a ignorância.A sua influência se reproduz como rato.Esta conexão  teoria e prática é uma premissa lógica.Ela pode ser contestada e deixada de lado,mas se a militância faz a sua prática baseada na teoria tem que conhecer,o que não acontece.
Por isto são gerados comentários a meu respeito totalmente infundados de que eu não tenho identidade.Eu separei certos assuntos por blog para não embaralhar,mas a pessoa que os lê diuturnamente vê o encaixe perfeito dos meus fundamentos com a minha análise do cotidiano.
As pessoas agem comigo como agem com Karl Marx:não lêem e aí dizem que sou uma esfinge,um camaleão sem fundamento,mas os outros é que ficam com esta estupidez ideológica de escolher um lado.
Eu já expliquei há muitos anos que este história de lado é só imposição de modelo sobre a realidade,sobre os outros,citando Ernst Cassirer.O mundo real nos passa pela sociologia e pela nação.Não há teoria capaz de oferecer um modelo explicativo para o mundo todo,por isto precisamos ver as regiões ,as nações e as suas relações, para poder nos aproximar de uma apreensão a mais adequada do real.
Eu falo em Marx para criticá-lo,não  para segui-lo.Estas coisas não estão nele,provavelmente ele recusaria,se ressuscitasse(um fato importantíssimo e muito útil para o destino da humanidade...),mas não estou nem aí.