domingo, 2 de dezembro de 2012

Critérios políticos ou a Dignidade de Cuba

Todo mundo sabe que eu faço muitas críticas aos descaminhos do socialismo que eu defendi ao longo da vida,principalmente os exemplos que restaram,como China e Cuba,que é mais importante aqui na América Latina,porque fundamenta os nossos militantes de esquerda,que defendem uma democracia burguesa aqui,mas uma democracia definitiva ,a de Fidel Castro,50 anos no poder,e a de Chávez que quer isto aí também.
Contudo aprendi a analisar os fenômenos históricos e os fatos políticos(que se tornam história)sem ódios desnecessários.Só quando isto é absolutamente inelutável,como acontece com o nazismo;mas mesmo neste último caso uso um critério de  análise dos fatos subjacentes aos grandes acontecimentos,que privilegia esta frieza,de modo a não obscurecer lutas legitimas,causas que devem ser conhecidas,responsabilidades individuais e coletivas,variáveis complexas,ocorridas no campo social das nações e das regionalidades,onde os fatos históricos de fato acontecem e têm o seu fundamento.Uso um critério sociológico e nacional e regional.
A história ocorre nas nações e no seu entorno,nos processos associativos abordados pela sociologia.
Neste sentido existe um acontecimento extraordinário na Revolução Cubana,de tamanha grandeza,que até mesmo os seus maiors inimigos(entre os quais não me incluo),reconhecem,que é a Operação Carlota,a ajuda que Cuba deu à libertação de Angola,o último prego no caixão do colonialismo.
Não me extenderei no relato dos fatos,só os mais importantes,que remontam à necessidade de Angola,ou mais precisamente,o MPLA de   Agostinho Neto,de tomar a capital Luanda,antes que os outros pretendentes financiados por outros países e pelo imperialismo estadunidense,chegassem lá primeiro.
A ajuda inicial de Cuba permitiu que o MPLA chegasse antes e proclamasse a independência em Novembro de 1975.Pouca gente se dá conta do contexto em que esta independência ocorreu.
O colonialismo queria se renovar através do apartheid,que continuava na África do Sul,e tinha um anteparo num país fantoche,ao norte deste país,a Rodésia.A questão era manter os diamantes,os recursos naturais,nas mãos dos interesses que ainda estão até hoje aí causando prejuízos e fazendo fortunas em detrimento da população local(como é o caso dos diamantes de sangue).
Com a eclosão por parte dos outros pretendentes de uma guerra civil angolana ,Cuba permaneceu neste país  e o ajudou a se manter e a se fixar.
As duas coisas que devem ser retiradas como lição desta atiude internacionalista de Cuba é que não procuraram recursos naturais ou de outra natureza,o fizeram por internacionalismo.E a segunda coisa ,pouca gente sabe disto:foi essa ação de Cuba que permitiu desmontar o apartheid,pois nas negociações de paz,os cubanos,que tiveram um papel decisivo,pediram a libertação dos presos  da África do Sul,entre eles Mandela.
A Rodésia foi desmontada e o regime do apartheid,cujo líder diz até hoje,falsamente, que foi ele quem fez a transição,acabou.
Embora,pois,eu seja crítico em relação a Cuba e defenda uma transição para uma sociedade democrática,quero que nada aconteça a este país,que deve resolver seus problemas sozinho,sem ninguém em volta e muito menos com a presença dos Estados Unidos,que nada têm a fazer lá,nem têm nenhum direito.Entre cubanos,no plano sociológico da nação,da sua regionalidade,porque Cuba contribuiu de maneira digna para o fim do colonialismo.Temos que reconhecer.
O Barão do Rio Branco foi convidado no inicio do século passado para se candidatar à presidência do Brasil,mas recusou porque era monarquista.Contudo,recebeu do Imperador Pedro II uma lição,segundo a  qual os regimes passam,mas o país fica.Este é o meu critério.Que Cuba e os países ,apesar dos erros do passado,melhorem e não piorem.Quero que Cuba evolua para uma democracia moderna,preservando as conquistas sociais.Não quero que aconteça lá o que aconteceu na URSS,em nome deste grande momento histórico que foi a operação carlota.
Eu costumo dizer:nunca quis participar de guerras,mas se eu tivesse idade e tivesse condições políticas,teria participado da frente russa na segunda guerra e da operação carlota.

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