Refletindo sobre o episódio
trágico do ônibus 174 com a repercussão em
muitos documentários e debates,há uma passagem do futuro
ministro de Direitos Humanos,Luiz Eduardo Greenhalg,que eu quero comentar e
analisar aqui.
Ele expressa um
discurso comum aos defensores de Direitos Humanos no
Brasil,segundo o qual as pessoas como Sandro são invisíveis
para a maioria da população,nos sinais,debaixo das pontes e nos
manicômios e hospitais.Isto é uma meia-verdade.Analisando
o discurso e a realidade com o rigor próprio do saber filosófico,que busca os
fundamentos dos conceitos e os toma como verdade,podemos dizer que
não é bem assim.
Uma parte expressiva
da sociedade quer que estas pessoas sejam invisíveis
definitivamente,porque defendem o seu extermínio.Uma outra é
indiferente e se enquadra na crítica do ministro.
Uma terceira,na qual me
incluo,vê estas pessoas e se angustia de não poder fazer nada e
levar uma culpa igual a que levam estes dois primeiros grupos.
Ora ,de que adianta
votar em políticos pelo Brasil todo se eles,sabendo do que
acontece,não fazem nada há anos?O sistema político brasileiro não é
representativo?Em que medida o cidadão,como eu,pode deixar a sua
labuta diária para tentar resolver um problema que os políticos e os
partidos não resolvem?Tirar do próprio bolso os recursos para
ajudar,é isso?Isto nós já fazemos,pagando os impostos.
Depois que os
pagamos anos a fio,os sinais de melhora são visíveis?
Será que o cidadão
deve entrar nos partidos?É fácil fazer isto sem dinheiro?Eu
mesmo tentei várias vezes e sofri até preconceito por
ser de classe média...
A verdade é que
,diferentemente do que diz o discurso do ministro a
invisibilidade é por parte daqueles que têm a responsabilidade de
resolver o problema.Não é que me sinta irresponsável diante de tudo
isto,mas dentro desta nossa democracia pobre existem os mecanismos
definidos para achar o caminho.Nos sinais eu me sinto como que
agredido ,não pelo menino que vende limões,mas pelo político e pelo
Estado,que me pedem votos em certas ocasiões e depois não me vêem
também.Eu também sou invisível.
Nestas horas eu
gostaria de ter mecanismos constitucionais para tirar o
meu representante e colocar outro no lugar ou então pedir de volta
o dinheiro dos impostos.Talvez eu mesmo devesse dizer
onde alocar o meu dinheiro,não o Estado.Em escolas e hospitais.
Quando vemos este episódio do Maranhão
e ficamos sabendo que desde 2008,pessoas, que não
se sabe que crimes cometeram,morriam com
uma semana de entrada no presídio e que
mulheres deviam já se prostituir para
que seus parceiros não fossem barbarizados nós vemos que vivemos numa
sociedade fascista que admite a morte dos invisíveis e só se escandaliza quando o fato dá
manchete ou quando oferece alternativa política para quem quer se opor ao governador do
Estado(que também deixou acontecer...).
Só se
fala em tolerância zero em pequenos furtos ou com os adeptos do “ tapinha”,mas este princípio
deveria valer para todo excluído em
qualquer momento que ficasse na
rua ou entrasse num presídio.
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