A religião ,ao
longo da História,monopolizou o
direito de determinar o que
é sagrado,intocável.Mas ao
longo dela também
muitos outros poderes,movimentos,legítimos ou
não,tentaram rivalizar com ela,como
os poderes do Estado
romano,como determinadas
revoluções(as guerras camponesas na
Alemanha de Lutero)e também a
república moderna(olha ela aí).A república antiga
também buscou trazer
para si alguns
destes sagrados,que eram
da religião,mas que
ela rivalizou.
Principalmente nas
cidades gregas e romanas
muitos princípios foram se
distanciando da religião e adquiriram um caráter sagrado dentro da mediação específica da polis.
Os
modernos,principalmente depois do
século XVIII,costumam
interpretar sob os
seus olhos o que acontecia
em Grécia e Roma,mas Fustel
de Coulanges demonstra que a
cidadania nestes povos
só era reconhecida
,de fato,quando o
cidadão livre participava
diuturnamente dos ritos
relgiosos e sacrificiais da
cidade.Quer dizer não
era a participação na política
primeiro que determinava
o seu reconhecimento como cidadão livre.
Com o tempo,já
disse,esta realidade concreta
se modificou para valorizar mais a cidadania,notadamente quando
o regime deliberativo da
democracia foi criado
em Atenas e depois,em Roma as coisas
também evoluíram,digamos assim.
Nos nossos
dias atuais a separação
entre religião e estado é
algo tão comum
como a soberania popular
a que eu me referi
nos últimos artigos,com aquelas exceções a que eu aludi
também.
Assim sendo o critério religioso não é
mais válido na esfera
pública; e na esfera privada esta
situação também se reflete no direito
de escolher a religião a seguir
sem,em princípio, formas de proselitismo,pressionando.
A separação
entre público e privado
se imbrica com a da
religião e a do estado
para determinar o
direito absoluto de escolher livremente
uma religião,sem interferências,mesmo de família.Mas não
só o
de escolher,o de igualmente considerar esta
escolha tão sagrada e intocável
como aquelas da religião.
O direito
à crença é um direito intimo como o
de não-crer.O dever de
considerar a crença como
intimidade intocável é igual ao dever de aceitar as críticas
da cidadania quanto
aos valores que
fundamentam a religião e o sagrado.
Antigamente criticar a religião em qualquer
coisa dava cadeia;hoje
é possível criticar seus
valores,como inviolabilidade do
casamento,aborto,controle
populacional sem acontecer algo
assim.Por influência da religão
muitos paises da Europa
prenderam
homoafetivos(parágrafo 71 do Código Penal
Alemão do século XIX,Oscar Wilde na Inglaterra).
Contudo hoje
a questão é outra,é
o direito do cidadão
comum estabelecer os seus sagrados,como
o direito à felicidade,o
direito de anonimato,o direito de
ser esquecido,o direito de casar e não
casar,o direito de ser ateu,o
direito de criticar os valores
religiosos sem ser acusado de
ferir o sentimento religioso,uma
linha tênue,que as relgiões,com propósitos de poder,exploram,para evitar
criticas,como é o caso da pedofilia.
A ser
continuado...
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