No último
domingo comemoramos os 115 anos da Revolta da Chibata,um episódio bem parecido
com aquele que ocorreu em 1905 na Rússia ,com a diferença de que no Brasil o
elemento racial se somava ao
problema social.
O motivo da
superação dos castigos físicos não deve nos enganar quanto ao
significado real deste extraordinário fato histórico.Este significado é importantíssimo e multi facético,porque
vai do já referido problema racial ao problema educacional.
Este último elemento é o mote deste meu artigo:porque chamar o chefe da revolta de Almirante?Porque fica
claro que a capacidade de aprender se faz na prática e a qualquer tempo por aquele que tem interesse em prender,mesmo
sendo do povo,ou seja,sem escola.
João Cândido
e seus seguidores foram capazes de
manobrar conscientemente navios
complexos,durante a revolta.Não importa
que a Marinha até hoje diga que isto não é justificativa para
considerar João Cândido um almirante pois
o que ressalta é que ele era
capaz de
aprender,de seguir na sua atividade
profissional,se não tivesse sido
impedido.
Como
dizia Anísio Teixeira,nosso maior educador:” O homem aprende na escola,fora
da escola e apesar da escola”.
E uma das maiores
contribuições da esquerda em todos os tempos foi demonstrar
que a
separação entre o trabalho intelectual(das classes altas)e o prático é uma invenção da sociedade de classes,com o fim óbvio de afastar as classes
subalternas do processo de conhecimento.
Até na
Inglaterra ,que deve muito à
Shakespeare,existe um resquício de preconceito,afirmando que o bardo
,para ser genial tinha que pertencer às classes
altas,como se nas classes menos favorecidas não aparecessem
super-dotados.
Em qualquer
lugar do mundo há diamantes a serem
lapidados e é só procurar.Seria um dever
do Estado achar,mas este ,preso à
hegemonia das classes altas não cumpre
com esta tarefa.
Não que João
Cândido seja um gênio(talvez),mas um líder e
alguém que demonstrou que poderia
crescer profissionalmente,não importando
a cor de sua pele.
João Cândido
e os seus seguidores procuraram a vida toda a
possibilidade de indenização,sem
conseguir,numa flagrante continuidade antropológica
e histórica com o posicionamento dos
governos de hoje quanto à
excludência dos tempos
passados(passados?).
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