Quando se fala no Brasil de Mussolini o horror fica estampado no rosto de quem ouve,porque uma série de fatos nem
sempre relacionados com esta figura vêm
à mente.Mas se formos à Itália isto já não é assim,porque outros
aspectos,dir-se-iam positivos do personagem ,são ressaltados,porque lá ainda
existem pessoas que o apoiaram.
O mesmo deve acontecer se um italiano observar a figura de Getúlio
Vargas,que não será da mesma forma que um brasileiro.
Os povos não têm muita facilidade de olhar o lado ruim
de seus lideres,a não ser na perspectiva
do tempo,exatamente porque vê-lo é ver
os seus próprios defeitos e problemas,uma vez
que até o próprio povo cometeu o erro de apoiá-lo.
Mas isto nem sempre é assim,no nível da “ingenuidade” da
média ética social,pois ,principalmente
da parte de governos posteriores,em nome da nação e das razões de estado,ocultam-se fatos desabonadores dos governos
anteriores com líderes problemáticos.
É assim com Hitler.Ao longo da vida eu nunca vi um
documentário que mostrasse que a ditadura de Hitler ,instalada completamente em
1934 na “ Noite dos Longos Punhais”,foi sustentada claramente pelo exército(instituição
nacional).
Na descrição deste referido episódio não se relata que com
os excessos cada vez maiores das Tropas de Assalto(S/A)que tanto ajudaram
Hitler a chegar ao poder,as classes altas da Alemanha pediram a ele que
cessasse a agitação,em troca de um apoio ao seu governo (ditatorial).
Hitler decidiu
massacrar estas tropas numa reunião com a
cúpula do exército no navio Kaiser Guilherme.Junto com Goering e com
outros representantes da sociedade civil alemã eles selaram o pacto que
permitiu a Hitler continuar no poder ,agora de modo absoluto.
No dia anterior ao massacre este cidadão aí embaixo ,um dos
lideres das tropas de assalto,Karl Ernst (ao lado da noiva),se casou.
Hermann Goering foi seu padrinho.
Pois bem ,o Padrinho fez as listas de assassinatos e colocou o nome de seu afilhado na cabeça,após a reunião no Kaiser Guilherme.
Com a extinção ou redução das tropas de Assalto, o exército
aceitou prestar um juramento ilegal e inconstitucional em relação ao fuhrer
,sacramentando a sua ditadura.
Ao dizer isto eu estou novamente tentando demonstrar que
naquilo que é essencial os governos não analisam,isto é,nos crimes cometidos
por seus antecessores e na responsabilidade neles de instituições fundamentais.
É muito bonito falar no povo alemão,em que parte dele não lutou
na guerra senão por seu país,que a Alemanha sofreu,mas que o povo se
reergueu(numa democracia)sem falar no comprometimento real de determinados
setores da sociedade(que ainda estão aí de butuca)nos desatinos que deram
origem a estas autocríticas.
Mas isto é essencial ,para evitar que de uma hora para outra
esta inconsciência(?) em relação ao passado não confirme o vaticínio do
filósofo George Santayanna ,segundo o qual ,quem não conhece o passado
,repete-o.