quarta-feira, 28 de junho de 2017

Mais petição de princípio




O que um Jovem pode fazer?


Novamente eu preciso vir até aqui para explicar o tipo de trabalho que eu faço nestes meus escritos,nestes meus blogs e livros.Estou tentando escrever um livro sobre este tema,que nasceu desde minha tenra idade,uma vez que todo comunista já nasce como tal,já vem do útero assim.
Hobsbawn já se considerava comunista antes dos 10 anos,embora nesta idade a maior preocupação do ser humano seja tomar sorvete e andar de bicicleta.
Mas se observarmos o comitê central da ALN e das organizações comunistas que se opuseram de forma armada à ditadura brasileira,veremos experientes quadros do movimento desde a década de 30 ao lado de militantes de ,no máximo,15 anos.
Isto acontece porque o marxismo ,o comunismo é baseado numa teoria posta à disposição de todos,e desde a infância no caso de “famílias militantes”,que é o meu caso.
Muitas vezes eu tinha que parar de jogar o meu botão no chão da sala para ler textos marxistas.Isto desde 1971 quando eu possuía 9 anos.
É possível adquirir um conhecimento teórico deste tipo,de modo a ser teoricamente criativo também,até aos 15 anos ou razoavelmente até aos 20,sem ser superdotado,mas pelo esforço?Esta questão pode ser colocada diante do conhecimento em geral?
Dentro de uma visão reformista,a questão geracional impõe a solução destas perguntas,porque duas gerações altamente capazes podem mudar uma sociedade rapidamente,como ocorreu na Alemanha da unificação,no Japão da Era Meiji e mesmo nos Estados Unidos de depois da Guerra de Secessão.
Ate aos 20 anos mais ou menos ,na formação do adulto não se exije necessariamente conexão com a responsabilidade social in totum,mas até aos 30 isto já é exigivel.Tirada a superdotação e considerado o esforço,que mesmo ela joga um papel pesado na atividade do superdotado,o esforço é capaz de produzir conhecimento,não só no sentido de victa passiva de Santo Agostinho,mas victa activa,do mesmo?
Em primeiro lugar porque coloco estas questões e porque são importantes aqui nesta minha atividade?Esta última pergunta  eu respondo no final,mas observem estas duas figuras abaixo:





Sempre,muitos dos meus artigos saem da observação de imagens conhecidas na História humana.Sou de uma geração muito mais imagética do que dos livros,ou pelo menos,estas duas mediações convivem.
Na primeira figura está retratado o garoto comunista,Alvinho,série de artigos no jornal do Brasil,na década de 70,de Luiz Fernando Guimarães,que mostra exatamente o que eu disse acima sobre filhos de comunistas.Alvinho é um garoto de berço que já discute as questões da humanidade.
A segunda imagem é uma pintura conhecida sobre o inicio da Batalha de Iena,em que Napoleão,revisando as tropas ,ouve de um menino(lado direito de quem vê)dizer(segundo a tradição):”Avance Imperador”.Napoleão teria respondido,segundo a tradição:”Não tenho que ouvir conselhos de um jovem imberbe”.Mas o jovem imberbe viabiliza as conquistas do senhor da guerra e morre por ele.
Sempre me horrorizou a posição passiva dos jovens,como eu fui(jovem),mesmo que jogando um papel,como o soldado de infantaria ou como comunista.
A postura do neném comunista parece ser um passo à frente em relação ao menino comandado(para a morte)por Napoleão I e o movimento comunista(mas não só ele[os totalitarismos]),ao fundar uma juventude parece endossar isto,esta passagem, este avanço.Mas repito:é possível?
A aienação:
Mais do que isto,o conceito de alienação parece justificar este movimento de mudança ética na História,em relação aos jovens,aos filhos.Sendo atingidos,tanto quanto os adultos,pelos fatos da História e da produção do conhecimento,o homem,já dotado de condições de sobrevivência,pode e deve tomar consciência do peso que se solta sobre ele  e realizar uma prática libertadora?
Os psicólogos afirmam que aos 7 ou 8 anos estas condições de sobrevivência já estão dadas ao filho da espécie humana,à criança.Estão dadas as condições para aqueles objetivos supraditos?
Nós vemos,nos filmes aí sobre a realidade brasileira do tráfico, crianças que já desenvolvem até um senso de liderança.
Eu penso que se considerarmos que o esforço é que leva ao conhecimento que a resposta a estas perguntas é positiva,mas não só por causa dele.Qual a bagagem cultural,de leitura,que um jovem de inteligência normal(de que tratamos aqui o tempo todo)precisa ter para atingir esta capacidade?
È necessário ler uma quantidade imensa de livros?O Renascimento pode produzir conhecimento porque as travas que o impedem,travas políticas,ideológicas,foram afrouxadas na Europa,antes da Reforma e da Contra-Reforma(luta interna do cristiansmo que levou a uma racionalização e controle do conhecimento na História subsequente[Max Weber])e porque os os seus grandes criadores se debruçaram sobre os gregos,os quais produziram conhecimento por causa do “ Otium cum dignitate”,que uma sociedade escravista permite e também pelo mesmo afrouxamento,na época jônica.
Num livro famoso,” A querela dos antigos e dos modernos” ,de Perrault(destinado a dizer qual geração era a melhor)este autor mostra as condições  básicas para conhecer,entre as quais não está a leitura da Biblioteca do Congresso Americano(eu estou dizendo naturalmente).
O esforço associado aos livros básicos de uma época(não a dos gregos e dos renascentistas)pode gerar,na juventude os meios para esta capacitação.
Muitos dirão ,lendo este artigo,que a resistência da manipulação já existia em e´pocas passadas,mas se dava nos extratos sociais engajados,daí a personagem clássica de “ Os Miseráveis” de Vitor Hugo,Gavroche,um infante consciente,rebelado.Poderia o Gavroche ser um teórico aos 20 ou ao 30?Deveria?
Acho que é uma necessidade.

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