Foi
um sufoco este jogo contra a “ poderosa” Costa-Rica.E como eu conceituei,o
brasileiro conceitua muito vendo os seus ídolos do futebol ,nas suas
atitudes.Só se ouve durante este dia do jogo as pessoas refletirem sobre as ações
de Neymar nele(no jogo) e até agora,na vida.
Todo
profissional deve saber que ele tem que entender tudo o que está em torno da
sua atividade.Eu aprendi isto com Shakespeare.O que me fascina em Shakespeare é
exatamente o fato dele ser homem completo de teatro e ter jogado com todos os
seus elementos.
Eu
disse uma vez que Shakespeare atuava num teatro que buscava a reunião de todas
as classes do reino inglês,do peixeiro à Rainha.Os seus textos,muito complexos,
poderiam afastar os mais simples,mas ele organizava a ação teatral de forma a
interessar a todos.
É
neste contexto que a aparição dos
fantasmas shakespereanos se faz presente:quando uma peça era muita cheia de
aventuras,como Ricardo III,o fantasma aparecia no final(o fantasma de
César);quando o texto era muito complexo ele era distribuído pela peça,como em
Hamlet.E quando as próprias figuras eram fantasmáticas,fantasmas não
apareciam,como em Rei Lear.Isto sem falar em Macbeth.
O
que o Neymar precisa saber é que ele tem que se importar menos com o que dizem
dele e com a sua imagem e focar na sua profissão,como Shakespeare.
Um
outro exemplo pode lhe servir de base para uma reflexão profissional a ser
aplicada no próximo jogo:Sócrates e o conhecimento.Sócrates,nos albores da
filosofia,mostra que o conhecimento não é quantitativo,mas
qualitativo,discernidor.Não é saber muito,mas bem,identificando o essencial no
emaranhado de coisas que a vida apresenta e que ,às vezes,nos confunde.
Neymar
já tem maturidade, e vivência para
entender certas coisas,mas parece se fechar em si mesmo e não aprender com a
sua atividade.
Não
é o caso de driblar ou não driblar:é saber quando fazer isto e quando
não.Hoje,diante de um time fraco é que era a hora de driblar,partir para dentro.A
defesa costa-riquenha mostrava falhas e possibilidades.
Os
times europeus,melhores,têm bons sistemas táticos,mas também jogadores mais
escolados,capazes de evitar o drible.Neste momento é hora de passar,de
lançar,de jogar coletivo,mas diante do mais fraco não tem esta de humildade.Há que reconhecer o próprio valor como legítimo e
ir fundo.Mas isto só faz quem pensa constantemente na sua profissão e não no
cabelo.
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