O
futebol,que está em voga mais ainda com a copa do mundo na minha santa Rússia ,é
um paradigma da humanidade e da possibilidade de reunir em si mesmo tudo que é essencial na vida
humana.
Todos
dizem que o futebol arrasta multidões(apesar de tudo)por sua
imprevisibilidade.Isto é uma meia-verdade,por dois ângulos:não é só por isso e
também porque ele tem uma imprevisibilidade
relativa como a ciência moderna em geral demonstra ser o mundo.
Costuma-se
fazer um distinção entre a ciência e os mitos,mas o futebol desmente esta
separação.Os antigos deuses faziam o que
queriam,mas dentro de certos propósitos,de certos objetivos.Assim acontece com
o futebol:há uma previsibilidade,mas sempre a possibilidade,não raro,do
acaso.Há sempre um momento em que a vontade dos mitos prevalece por sobre a
racionalidade esperada da prática esportiva do futebol.O acaso e o imponderável.Então
o futebol une a verdade da probabilística como base das teorias,mas antes de
Einstein e da física quântica ele já tinha feito esta prova.Faltava a sua universalização ,com o futebol.
Do
primeiro ângulo podemos ver a
pluralidade de sentidos presente nos estádios e partidas:é ciência pelos
motivos supraditos e arte por conter infinitas narrativas de pessoas comuns,cuja
memória guardam para si ou os seus próximos.
Os
estádios são teatro,com as mesmas características do passado,exceto porque é
feito por pessoas comuns ,que constroem lá estas narrativas que participam da
formação do sujeito individual e do coletivo.
Há
muitos anos atrás,face a uma polêmica sobre o papel do futebol (e dos
estádios)para a compreensão do Brasil eu concordei com aqueles que não o viam
como a mediação decisiva deste entendimento,pois o Brasil foi em grande parte explicado
por seus pensadores,mas afirmei que no cotidiano a instância mais universal
pela qual o brasileiro conceituava era ela,ao lado da relação com o parceiro e
o motorista de táxi.Repito isto agora.
Eu
entrei no maracanã, a primeira vez,pensando ser torcedor do Flamengo,em
1970,num jogo entre Flamengo e Santos.Foi a única vez que vi Pelé jogar.
Mas
como tricolor foi com meu pai stalinista,na decisão do campeonato carioca de
1972,entre Flamengo e Fluminense.
Link do jogo de 1972
https://www.youtube.com/watch?v=sdwYJTh2Vs0
Lembro-me de muito pouca coisa.Eu me tornei tricolor no dia em que o Fluminense ganhou o campeonato carioca de 1971,com o gol de Lula(legítimo).
link do jogo de 1971
https://www.youtube.com/watch?v=PT_UhDM-GJ8
De 1970 até este dia,eu adorava as atitudes futebolísticas(narrativa)de Lula,o irreverente.Todo boleiro sabe que o que forma o torcedor,na sua decisão de permanecer a vida toda como tal,é o ídolo e o meu é este irreverente jogador,que uma vez jogou a bola em José Marçal Filho ,que perdeu o seu apito no meio do gramado do maracanã.Lula foi expulso.Eu rolava de rir e de admiração.Quando Lula fez o gol eu tomei a decisão.
Link do jogo de 1972
https://www.youtube.com/watch?v=sdwYJTh2Vs0
Lembro-me de muito pouca coisa.Eu me tornei tricolor no dia em que o Fluminense ganhou o campeonato carioca de 1971,com o gol de Lula(legítimo).
link do jogo de 1971
https://www.youtube.com/watch?v=PT_UhDM-GJ8
De 1970 até este dia,eu adorava as atitudes futebolísticas(narrativa)de Lula,o irreverente.Todo boleiro sabe que o que forma o torcedor,na sua decisão de permanecer a vida toda como tal,é o ídolo e o meu é este irreverente jogador,que uma vez jogou a bola em José Marçal Filho ,que perdeu o seu apito no meio do gramado do maracanã.Lula foi expulso.Eu rolava de rir e de admiração.Quando Lula fez o gol eu tomei a decisão.
Mas
esta decisão começou a me formar como ser humano,porque aí eu comecei a fazer
as minhas escolhas,contra a opinião de meu pai que não gostava ,diferentemente
de mim,da torcida e me levava para o alto do maracanã,na terra de ninguém.Nos
anos subseqüentes fui ganhando a confiança dele e nos estabelecemos em
definitivo perto dos túneis,vendo os jogadores entrarem e os torcedores
conceituarem,exigindo dos gladiadores competência e empenho.
No
final da Taça Guanabara de 1975 me vinguei das reclamações de papai,que queria
voltar à zona mista,mostrando-lhe uma briga que rolou antes do jogo se
iniciar.Isto sem falar na final de 1973,Fla-Flu de novo,em que eu e meu irmão
estávamos com ele e rolou uma briga que quase nos separou para sempre.
Meu
pai foi obrigado em casa a levar o meu irmão Flamenguista,que se sentia diminuído
e inferiorizado por não ir.Mas por causa do conflito ele nunca mais foi,para
contrariedade de minha mãe.
Como
se vê a narrativa de cada pessoa a ajuda a se entender e a se formar.Neste
período eu fui dos 8 anos para os
13 e a marca do significado do futebol
ficou indelével para mim(como num
pensamento kantiano)na minha consciência de brasileiro.
entrevista de Lula
https://www.youtube.com/watch?v=YjUIWKAm0p4
entrevista de Lula
https://www.youtube.com/watch?v=YjUIWKAm0p4
Nenhum comentário:
Postar um comentário