domingo, 28 de outubro de 2018

Aquilo que nem Lacerda conseguiu


A vitória confirmada de Bolsonaro é um feito histórico ,uma vez que desde Nilo Peçanha,em 1909,nenhum político genuinamente do Rio de Janeiro,com vida política construída aqui,tinha chegado à Presidência da República,nem Carlos Lacerda.
Sonhei com a  oportunidade,durante minha vida,de que o Rio superasse esta barreira através da cultura,através do esporte,quando Romário se elegeu ,e talvez pela solução do problema da violência.
Ao invés, chegamos lá,cariocas e fluminenses,com um candidato representativo da ditadura militar,alguém revanchista pela direita,cujo ídolo é um torturador e expressão mental da bancada da bala.Isso sem falar das relações ilegítimas com a religião,que usa  a crença legítima para obter  dividendos políticos eleitorais  e financeiros,como já tenho explicado aqui sobejamente.
Todas as tendências retrógradas se uniram nesta candidatura vitoriosa.Mesmo no plano econômico,a economia de  mercado,que causou a crise do subprime em 2008,participa deste caldeirão horrendo,desta missa macabra.Nós ficamos no meio desta gangorra entre o mercado desbragado e o assistencialismo de esquerda.O marisco,o povo brasileiro,que cometeu este erro,fica,como sempre,no meio.
Há ainda um problema subjacente a esta vitória:determinados grupos em volta destas tendências politico-religiosas citadas e que,no meu entender,têm a ver com o atentado a Bolsonaro e à Marielle,estão criando falsas situações de conflito para percorrer caminho idêntico ao golpe de 1964.Muita gente está dizendo que estamos voltando a este ano,mas na minha opinião estamos em 67/68.64 foi um golpe latino-americano típico que recrudesceu em 68 não só pelos erros da esquerda,mas principalmente pelos interesses de baixo com a ditadura articulados que forçaram a linha dura a imperar.
Embora não haja golpe,agora(Bolsonaro foi eleito)uma situação semelhante a 67/68 é mais clara do que o período subsequente à subida do Marechal Castelo Branco.
Estes grupos referidos,as milícias,o bicho,a bancada da bala,estão forçando os militares,através de atitudes provocativas e desatinadas,a endurecer,no afã de garantir de plano e mais duradouramente os seus objetivos de lotear o Brasil.
Dependendo dele Bolsonaro pode se tonar um Castelo ou um Costa e Silva,mas ele é mais perigosamente 68 do que 64.
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