A análise política não é igual à análise
historiográfica.Nesta última a prova concreta das assertivas é mais do que
exigível.Na análise da política,na análise de conjuntura,o termo de
responsabilidade se adequa a eventuais hipóteses,notadamente quando o cidadão
se vê diante de problemas com os quais tem um contato apenas superficial.Toda a
sua investigação se dá pelo que ele tem à disposição pela mídia em geral.
Sem querer fazer nenhum tipo de consideração ética
sobre esta mídia(não adiantaria nada),e se mantendo no nível dos dados ,tomar
uma decisão sobre fatos é muito difícil para um cidadão ,como eu,que tem o
direito de participar e opinar sobre os acontecimentos políticos.Porque o
cidadão(eu) vota(-o) e paga(-o) imposto.
Em um livro
famoso,”Parlamento e governo numa Alemanha reconstruída”,Max Weber mostra como
os discursos políticos obedecem a determinados objetivos e interesses e como
devem ter uma lógica,para possuírem,pelo menos,um laivo de legitimidade e
autenticidade.Esta autencidade é suficiente para considerar os discursos políticos
,as linhas políticas que jogam um papel,ainda que hipotético, no campo dinâmico
da sociedade política,porque elas ,no mínimo,têm o potencial de intervenção
social,ainda que no plano de poucas consciências e grupos.Muitos dos meus
leitores deviam ler isto quinhentas vezes antes de me criticar...
Pois.Percebi desde o inicio do avanço da
direita(muito antes de Safatle)que ela era e é um arquipélago de intenções não
necessariamente articuladas,harmonizadas.Não sei se esta afirmação é verdadeira
,mas como eu disse antes,tem um certo peso na conjuntura.
O exemplo disto aí é a relação da Rede Globo com o
Presidente eleito,que se dá na escolha do ex-Juiz Sérgio Moro para super-ministro da justiça.É notório que a Rede
Globo lança todas as suas fichas no ex-juiz.Há meses atrás a cerimônia de
concessão de título de doutor Honoris Causa ,nos Estados Unidos,mereceu extensa
promoção na programação.Levando em conta que é muito dificil de acreditar que
uma emissora com tantos compromissos vá promover uma pessoa só por suas
qualidades(conduta que não tem guarida na vida pública brasileira),estas
homenagens não podem deixar de ter um propósito.
Ora ,se o Presidente eleito escolheu o ex-juiz
livremente,como é de seu direito e da necessidade do país,a Globo não interfere
no seu governo,que aparentemente,sofre,por parte dela ,uma já oposição
cerrada(diferentemente do que aconteceu com Collor,apoiado de inicio,mas depois
rejeitado).Mas se a Globo se beneficiou desta escolha,das duas uma:ou ela a
impôs ao futuro Presidente ou ambos,de comum acordo,decidiram.
Lógico que isto tem consequências evidentes:se ela
impôs o Presidente já vem enfraquecido por um poder privado;se foi comum acordo
existe uma articulação e uma ocultação cínica de interesses coligados,para
jogar areia nos olhos do povo brasileiro(eu também),que põe em risco a
democracia e as instituições nacionais.Quero respostas para estas perguntas.
Como eu me referira aos governos de Getúlio( o
segundo) e João Goulart,a falta de autoridade do chefe do executivo,que se
manifesta no questionamento de suas escolhas ministeriais,é antecâmara de
soluções de força.
Daqui por diante tudo o que eu dissesse seria ,aí
sim,mera especulação:muita gente diz que o atentado ao candidato vitorioso foi
armado e eu não acolho esta “tese”.Mas existem pessoas que popularizam teorias
conspiratórias e vendem idéias de uma articulação ampla ,fundada em ocultações
propositais para ludibriar o povo brasileiro.E eu só dou seguimento a isto para
mostrar os impasses de um tipo de política que ,sem programa,acaba por por em
perigo o próprio país,como já o fizera no primeiro governo Lula,que usava
subterfúgios na elaboração dos ministérios,coisa que escondia ,sob suposta
habilidade,a falta de propostas.
A especulação de que os super-ministérios é uma
solução autoritária de quem não tem muitos conhecimentos específicos e vai
atuar como um magistrado/presidente,um orientador,mais que um chefe de
executivo,também cresce por aí,nas redes.Assume,neste caso,importância o modo
como Paulo Guedes pretendeu “ negociar” as primeiras medidas do inicio do
governo,no plano da economia,sem dizer nada ,fazendo só um apelo emocionado...
Enfim este artigo é uma grande hipótese,que tem
efetividade ,ao menos,como pressão para que as coisas não sejam assim.
Perfeito, Ernesto. Parabéns!
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